domingo, 15 de abril de 2018

Entre quem é: Epur, Shiko e os sons do Algarve

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Fugas
  Sandra Silva Costa  
Há uma notícia saborosa para quem está em Lisboa. Vincent Farges, o cheffrancês que esteve vários anos à frente da cozinha da Fortaleza do Guincho, está de volta. Saiu de Cascais, andou por Barbados e agora instalou-se no Largo da Academia Nacional de Belas Artes, num espaço luminoso com uma vista extraordinária. O restaurante chama-se Epur e traz um Vincent concentrado “no essencial”: o chef promete uma “elevação sensorial” que passa por todos os sentidos. A Alexandra Prado Coelho (quem mais?) já lá foi e explica-nos a filosofia do Epur em cinco palavras.
Para arrumarmos já os assuntos da mesa (ou talvez não…), outra boa notícia para quem vive no Porto. O Shiko, irmão mais novo da Shika, uma mini-roulotte com comida de rua montada num triciclo motorizado, instalou-se na zona da Batalha, mesmo em frente ao palacete onde em tempos funcionaram o Governo Civil e o comando da Polícia de Segurança Pública. Não é mais um restaurante de sushi: tem, sim, um conceito mais despretensioso e básico, à imagem das pequenas tascas japonesas, e “é mesmo fixe”, revela-nos o José Augusto Moreira.Há peixinhos da horta à japonesa, kimchi de peixe, panko frito, panqueca com bacon e marisco, beringela frita e outras delícias convidativas. Vamos?
Ou vamos antes a Montalegre, na companhia da Renata Monteiro? Ela estreou-se por lá e voltou feliz da vida, entre histórias de bruxas, aldeias comunitárias e montes nevados. E, claro, depois há a comida: cabrito das serras assado no forno, leitão bísaro, posta barrosã, omelete de chouriça… E mais não se diz, para não estragar a surpresa. Entre quem é!
Fica ainda a faltar falar de Carlos Norton, o protagonista da semana, que há vários anos anda a recolher o património sonoro do Algarve. Dos ritmos do mar ao afã das cidades. O que nasceu para matar saudades de casa pretende agora registar a evolução de toda uma região. O projecto que "nunca vai acabar" já soma três mil minutos, captados em 200 locais diferentes. No fim-de-semana da Páscoa, a Mara Gonçalves, também ela algarvia, andou à caça de sons na praia do Burgau.
É também som que nos traz o André Vieira, embora de outra natureza.Ele foi à festa de inauguração do Barracuda, um Clube de Roque (assim mesmo) que abriu no Porto, na Rua da Madeira. Não é preciso explicar muito mais, pois não? É seguir para aqui e ouvir o disco completo.
Para o fim, uma sugestão de leitura mais longa. Já ouviu falar do istmo da Curlândia? É uma língua de 98 quilómetros, uma parte dos quais no enclave russo de Kaliningrado, que aos poucos revela dunas, praias solitárias, lugares tão inspiradores e tão desconcertantes como o Vale do Silêncio e o Vale da Morte, de uma beleza que facilmente seduziu Thomas Mann. O Sousa Ribeiro partiu de Klaipeda, na Lituânia, para desvendar alguns dos seus segredos.
Hoje fico-me por aqui, mas volto para a semana, à mesma hora, com mais sugestões para o seu fim-de-semana. Boas viagens!

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