terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Município elabora Carta Gastronómica do Concelho de Proença-a-Nova


O Município de Proença-a-Nova vai realizar a Carta Gastronómica do Concelho em 2021, no âmbito do Ano Municipal dos Sabores Tradicionais. Para concretizar este projeto, qualquer pessoa pode contribuir disponibilizando as suas receitas tradicionais. Também as associações do concelho foram desafiadas, durante o VI Encontro, a fazer essa recolha nas suas comunidades através do preenchimento de um formulário específico onde são solicitados dados como a história da receita, em que altura do ano era confecionada, a fonte e a aldeia da recolha, para além dos ingredientes e modo de confeção. Adicionalmente, caso a receita esteja manuscrita, seria interessante haver o registo fotográfico da mesma. “Não se pode falar de Carta Gastronómica sem falar com as pessoas e sem a recolha das receitas mais tradicionais que fazem parte da nossa tradição”, referiu o Vice-presidente da Câmara Municipal, João Manso. “Ainda que as receitas possam ser muito semelhantes, há especificidades de cada aldeia que queremos que fiquem espelhadas nesta Carta Gastronómica. No final teremos um documento que abordará a parte histórica do nosso concelho e das nossas gentes”. 

O Município irá convidar vários especialistas que possam contribuir para o estudo das questões associadas a um documento desta natureza, nas vertentes da gastronomia, da história, da sociedade e do território. Serão eles a fazer a seleção final do receituário mais representativo do concelho. “Sempre utilizámos o território e o espaço que ele ocupa e os seus elementos como fontes naturais de alimento”, referiu Rui Lopes, chef e nutricionista, no seu testemunho sobre o Ano Municipal dos Sabores Tradicionais que foi partilhado durante o Encontro de Associações do Concelho de Proença-a-Nova. “A nossa região sempre se relacionou com uma gastronomia e uma alimentação muito frugal que se baseia e baseava desde sempre naquilo que a terra dava, no que as pessoas produziam e cultivavam e que faziam desse o seu modo de sustento alimentar. Nós continuamos a ver essa marca muito presente nas nossas aldeias e nas nossas vivências, desde logo com a matança do porco e todos os produtos que conhecemos que derivam do porco, mas também pela proximidade às ribeiras e à utilização do peixe do rio”, exemplificou. 

Por sua vez, João Branco, chef e sócio nos restaurantes Tascá e Famado, falou sobre a importância da gastronomia na fidelização de turistas, enquanto uma das componentes chave da oferta do concelho, aliada à natureza e ao silêncio. Apelou a uma maior união entre os agentes da restauração e alertou que todos podem dinamizar a gastronomia proencense, por exemplo quando recebem pessoas de outras zonas do país e podem incluir nas refeições alguns elementos tradicionais como o maranho. “Quanto mais qualidade tivermos todos juntos, mais probabilidade de sermos bons a nível gastronómico e mais frutos colheremos no futuro”, referiu. No terceiro testemunho apresentado, Manuel Pinheiro, um entusiasta da gastronomia do concelho, do restaurante de Matosinhos “O Gaveto”, falou precisamente da necessidade de haver cooperação entre os diversos agentes ligados à gastronomia e não só, incluindo as autarquias e as associações. “A gastronomia tem um grande papel no país e tem que se afirmar localmente pois é fonte de grande sustentabilidade para o turismo de Portugal”.

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