Avença mensal de 15 mil euros ia para a sociedade offshore Tartaruga Foundation. Ex-ministro diz ter pedido a Ricardo Salgado para parar com as transferências.
O ex-ministro Manuel Pinho terá confessado que usou “de uma habilidade” para não revelar o seu património quando foi para o Governo, continuando deste modo a receber uma avença mensal de cerca de 15 mil euros do “saco azul” do GES. De acordo com o Observador (acesso pago), em causa está uma explicação por escrito apreendida pelo Ministério Público no final de fevereiro.
Terão sido três os documentos apreendidos pelo Ministério Público, que revelam uma confissão sobre a avença do saco azul do GES. Num deles, lê-se: “Assumo que usei de uma ‘habilidade’ para não revelar totalmente o meu património quando entrei para o Governo. Não o devia ter feito, mas a contrapartida teria sido continuar a gozar de um lugar tremendamente bem pago e em que fazia pouco, usufruir de férias de luxo e viajar em classe negócios.”
Esse “lugar tremendamente bem pago” era o cargo de administrador executivo do Banco Espírito Santo e de outras sociedades do GES em Portugal e no estrangeiro. Pinho declarou ter recebido em 2004 e em 2005 cerca de 490 mil euros anuais, segundo a CNN Portugal. “Era mais importante servir o meu país e não tive alternativa”, escreveu. Ou seja, optou por ocultar o seu património no momento em que se tornou ministro da Economia, em 2005.
Assim, “antes de entrar no Governo”, criou “uma fundação, a Tartaruga, porque era uma forma ‘habilidosa’ de não ter de declarar as minhas poupanças no exterior, caso contrário não teria integrado o Governo”, escreveu Manuel Pinho. Essa para essa sociedade offshore, a Tartaruga Foundation, que iam as transferências mensais de cerca de 15 mil euros, cuja maioria Pinho diz desconhecer. “Não recebia extratos bancários”, justifica, afirmando mesmo que pediu a Ricardo Salgado para parar depois de ter assumido a pasta de Economia.
ECO
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