quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Imagens de satélite confirmam. Há uma década que Portugal não ardia tanto

160 mil hectares. Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais revela que em 2016 Portugal registou metade da área ardida na Europa. O Norte foi, de longe, a região do país mais afetada.
Há uma década que Portugal não registava tanta área ardida como em 2016. As contas são do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) que, numa estimativa com base em imagens de satélite contou, até agora, 160 mil hectares ardidos em Portugal em 2016, o equivalente a cerca de 160 mil campos de futebol ou perto de 16 cidades de Lisboa.
Na base de dados do EFFIS, que começa em 1980, é preciso recuar a 2005 para encontrar um ano com tantos fogos em Portugal. Mais do que em 2016, só em 2005, 2003, 1995 e 1991.
Um dos cientistas responsáveis pela recolha dos dados, Jesus San Miguel, explica à TSF que este sistema europeu deteta, por norma, 85% da área ardida, pois baseia-se em imagens satélite que não apanham os pequenos fogos. Os dados exatos têm de ser confirmados, no terreno, pelas autoridades de cada país.
Contudo, é claro que 2016 foi um ano "muito, muito mau em Portugal". 2013 e 2010 estiveram próximos no território queimado, mas todos os outros anos da última década ficaram bastante abaixo.
Apesar dos números negativos, em 2005 e 2003 a área ardida foi mais do dobro da registada em 2016.
Jesus San Miguel acrescenta que este ano, em apenas duas semanas, entre 5 e 19 de agosto, arderam mais de 100 mil hectares em Portugal, o que associa às condições climatéricas, muito quentes, que se registaram nesses dias e que dificultaram muito o trabalho nos bombeiros.
Foi, aliás, no início de agosto que, como se vê pelo gráfico que se segue, a área ardida em Portugal disparou e ultrapassou a média da última década.
Na divisão por regiões, a região Norte foi claramente a mais afetada pelos fogos este ano, com cerca de 60% da área ardida em Portugal. Segue-se a região Centro com 30%, o Algarve com 4% e a Madeira com 3,3%.
Os dados agora divulgados à TSF pelo EFFIS confirmam uma tendência já registada em agosto, quando o país contava uma área ardida que rondava os 90 mil hectares.
Recorde-se que terça-feira o governo anunciou que, por causa das condições climatéricas, estendeu ontem o chamado período crítico de incêndios de 30 de setembro para 15 de outubro.
Até esse dia continuam, por exemplo, as proibições de fumar ou de fazer lume e fogueiras em espaços florestais e agrícolas.
Para as próximas semanas, as condições meteorológicas previstas apontam para tempo seco, quente e com ventos, ou seja, a conjugação de fatores amigos do fogo.
TSF
Foto: Nasa


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