terça-feira, 22 de março de 2022

Como dar a volta à sub-representação da mulher no mutualismo?


A sub-representação feminina na liderança e na administração das mutualidades, muito por causa da diversidade de papéis da mulher na sociedade moderna foi o ponto de partida para o III Encontro Nacional de Mulheres Mutualistas, que decorreu, esta manhã de segunda-feira, na Universidade Aveiro.
Organizado pela União das Mutualidades Portuguesas, o evento pretende colocar a temática da igualdade de género na agenda do mutualismo. O Presidente da União das Mutualidades Portuguesas, Luís Alberto Silva, socorreu-se dos números do Instituto Nacional de Estatística para sublinhar que apesar de o espaço público estar mais sensível para esta causa civilizacional e do caminho percorrido nas últimas décadas, “apenas 6,7 por cento dos líderes das associações mutualistas são mulheres e nos órgãos executivos das mutualidades a participação feminina anda na casa dos 20 por cento, quando 61 por cento do universo dos trabalhadores do setor é do género feminino”.

“É fundamental que as mulheres tenham voz no rejuvenescimento do próprio movimento mutualista, aportando novas mundividências e novas temáticas no quotidiano da gestão das mutualidades”, afirmou Luís Alberto Silva, na sessão de abertura do evento, que contou com a participação de Teresa Granjo, vereadora do Município de Aveiro, e do Vice-Reitor da Universidade de Aveiro, Luís Castro.

Num painel moderado pela investigadora da Universidade de Aveiro Teresa Carvalho, as deputadas Carla Madureira (PSD) e Cláudia Santos (PS) sublinharam as dificuldades que as mulheres sentem para se afirmarem num Parlamento maioritariamente constituído por homens e onde impera uma certa masculinidade no discurso. Admitindo uma discordância em tese com a Lei da Paridade numa sociedade do século XXI, não deixam de considerar que será um mal necessário para reduzir a sub-representação da mulher nos órgãos políticos. Mesmo com a maior exigência introduzida naquela lei, a representação das mulheres no próximo parlamento será inferior à legislatura anterior.

A Presidente da Glória Portuguesa, Isabel Silva, assumiu recentemente a liderança da instituição, explicando que aceitou o desafio por ter uma família que lhe permite conciliar o emprego com a atividade associativa, e razões sentimentais, uma vez que o seu progenitor fora também líder da associação.

O Presidente d’A Beneficência Familiar, Carlos Jorge Silva, sublinhou a necessidade de mudanças na sociedade que permitam à mulher ter disponibilidade para exercer cargos associativos e políticos. Reconhecendo que a participação das mulheres faz falta na gestão das mutualidades, até admitira, caso fosse possível, estabelecer “uma lei da paridade para as mutualidades”, assim como acontece em determinados órgãos do poder político.

Aliás, a história do mutualismo, como lembrou a investigadora da Universidade Nova de Lisboa Virgínia Baptista, também é feita de movimentos de afirmação da mulher, nomeadamente no século XIX, que criaram associações mutualistas exclusivamente femininas, para responder às suas necessidades específicas a que as associações apenas constituídas por homens não atendiam.

Numa emotiva intervenção que marcou a sessão de encerramento, Carla Silva, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da União das Mutualidades Portuguesas, lembrou o drama que atinge as mulheres ucranianas, na proteção dos filhos e das famílias, em face da invasão russa.

Fonte: União das Mutualidades Portuguesas
publicado em 21-03-2022 | 18:03

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