terça-feira, 14 de abril de 2020

Na véspera do arranque do 3.º período, professores lamentam desconhecer conteúdos da telescola para organizar aulas

Covid-19: Docentes desconhecem conteúdos da telescola para ...
Os conteúdos programáticos das aulas transmitidas pela televisão para os alunos do ensino básico continuam desconhecidos dos professores, lamentaram hoje os diretores escolares, na véspera do arranque do 3.º período.
O 3.º período começa na terça-feira com ensino à distância para os alunos que, desde 16 de março, deixaram de ter aulas presenciais por decisão do Governo como forma de conter a disseminação do novo coronavírus, que já provocou mais de 500 mortos e quase 17 mil infetados.
Durante as férias da Páscoa, os professores realizaram reuniões de avaliação para atribuir as notas aos alunos, que chegaram por e-mail ou correio, mas também estiveram a preparar o novo período que contará com o apoio de matérias transmitidas diariamente pela RTP Memória.
“Para os professores poderem organizar melhor as aulas, era importante que soubéssemos quais os conteúdos programáticos que serão exibidos na televisão” a partir de 20 de abril, sublinhou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), em declarações à Lusa.
Filinto Lima lembrou que até ao momento o Ministério da Educação divulgou apenas a grelha e o calendário das aulas que a RTP Memória vai transmitir para os alunos do 1.º ao 9.º anos.
Os diretores escolares acreditam que a maioria dos docentes vai utilizar esta ferramenta de apoio, que terá maior impacto junto dos cerca de 50 mil alunos que não têm internet ou equipamentos para poder assistir às aulas à distância.
Filinto Lima saudou também o recente anúncio feito pelo primeiro-ministro de lançar um novo programa digital para os estudantes.
Até lá, famílias e alunos têm contado com o trabalho realizado pelas escolas mas também por outras entidades públicas e privadas, como as empresas de informática que já distribuíram computadores ou ‘tablets’. “Muitas juntas de freguesia também têm feito chegar a casa das famílias os exercícios dados pelos professores em formato papel”, lembrou Filinto Lima.
O representante dos diretores escolares acredita que o 3.º período vai correr melhor do que o final do 2.º período, em que escolas e famílias começaram a tentar adaptar-se à nova realidade imposta pela propagação da covid-109.
Também Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), acredita que o 3.º período vai correr melhor, lembrando que neste momento os professores estão novamente a entrar em contacto com as famílias e alunos.
“Esta primeira semana de aulas será essencialmente de planificação do trabalho do 3.º período. Serão precisos alguns dias para acertar agulhas”, contou à Lusa Manuel Pereira, explicando que os docentes terão de definir estratégias e planos de trabalho com os alunos.
Para Manuel Pereira, este novo período de aulas não poderá ter um ritmo de trabalho tão intenso como foram as aulas antes da Páscoa: “Estamos todos a trabalhar em maratona, estamos todos a trabalhar em articulação e com muita tolerância”.
Nestas novas tarefas das escolas está também a missão de encontrar os alunos que não respondem às tentativas de contacto dos professores.
“É um processo complicado, mas estamos a trabalhar para que nenhum aluno fique para trás. Temos todos os casos perfeitamente identificados e estamos a tentar encontrar solução para todos. Caso a caso”, garantiu Manuel Pereira.
O presidente da ANDE reconhece que no final do 2.º período também aconteceram situações de famílias que não foram contactadas pelos seus professores.
“Há um conjunto de alunos que não foi contactado e nestes casos pedimos aos pais que contactem as escolas, que estão abertas e preparadas para tentar perceber o que se passa e resolver os casos. Estamos a tentar fazer o nosso melhor, mas é preciso perceber que estes são problemas que se resolvem caso a caso”, contou Manuel Pereira.
Na terça-feira recomeçam as aulas dos alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade, que representam a maioria dos mais de dois milhões de crianças e jovens que estão em casa desde 16 de março, dia decretado pelo Governo para encerrar todos os estabelecimentos de ensino desde creches a universidades e politécnicos.
Lusa

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