terça-feira, 13 de junho de 2017

ADASCA comemora o Dia Mundial do Dador de Sangue dia 14 de Junho com sentimento de indignação

Caros colegas dadores de sangue,

Dia 14 de Junho comemora-se o Dia Mundial do Dador de Sangue, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o propósito de prestar homenagem pública aos dadores e ex-dadores de sangue.

Em Portugal esta data pouca atenção tem merecido da parte das entidades que deviam dar a dignidade que lhe é devida. Se nesta área estamos mal, pior acontece em relação aos dadores de sangue pela forma como são tratados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), pois estes começaram a ser vistos como um produto comercial lucrativo, só assim se compreende a causa da redução de brigadas que passaram a registar um decréscimo de adesão de dadores e com base naquela lógica deixaram de ser feitas.

Aconteceu com a ADASCA na localidade de Cacia onde vinham sendo realizadas três sessões de colheitas anuais, onde fomos obrigados a reduzir para duas, tendo em conta o custo benefício financeiro das mesmas, justificação adiantada na altura. Provavelmente em muitas localidades do País aconteceu o mesmo.

A inversão de certos valores sociais e morais nesta área deixam-nos numa situação profundamente desconfortável. Quando nos é dado ouvir frases como: “os dadores são dignos do nosso respeito”, “os dadores são merecedores de mais e melhor”, “os dadores são uns heróis”, “não podemos passar sem os dadores”, além de outras elaboradas conforme as circunstâncias e o ambiente de natureza política envolvente.

Verdade seja dita e assumida, fico incomodado, porque na prática, e no dia-a-dia não passam de frases sem substancia, esfumam-se. Em tempos não muito longínquos, alguma imprensa avalizou declarações expressas publicamente pelo então Hélder Trindade (ex-presidente do Conselho Directivo do IPST) quando nos apelidou de terroristas de sangue, de sindicalistas, esquecendo-se que todos os dirigentes associativos (salvo alguns donos disto tudo) são voluntários, muitos deles assumindo despesas do seu bolso para a realização de iniciativas para que os jovens venham a aderir à dádiva. Sim, neste campo há de tudo para todos os gostos, quem não alinhar passa a ser visto e tratado como arruaceiro, incomodativo senão mesmo a abater.

Apesar da notória desconsideração para com a Associação de Dadores de Sangue do Concelho de Aveiro – ADASCA vinda de certas instituições e entidades aveirenses, esta continua com a sua missão em prol não só dos dadores seus associados (cerca de 4 mil sócios), como ainda da comunidade doente, nomeadamente os concidadãos que dependem de componentes sanguíneos.

Assim, para o dia 14 de Junho a ADASCA elaborou um singelo programa (indicado no cartaz), que visa proporcionar aos dadores seus associados um convívio mais salutar possível, com o apoio do IPST. Sem o apoio deste, cujo valor de cada ano fica sempre aquém para fazer face às necessidades, ficaríamos pela vontade de fazer algo diferente, não passaríamos das boas intenções.

Os dadores que efectuaram a sua dádiva nas sessões anteriores e aos que puderem comparecer naquela data, são bem-vindos até ao nosso meio.

Vamos dignificar ao máximo o Dia Mundial do Dador de Sangue, mais próximos uns dos outros.

Por fim convém lembrar aos que se movimentam pela política dizendo-se representantes dos dadores e de algumas associações que para nós “A política é arte de impedir as pessoas de se meterem naquilo que lhes diz respeito” Paul Valéry. Aos tais temos a dizer que não adianta erguer muralhas, elas serão escaladas com coragem, determinação e sem medo das artimanhas subterrâneas.

Quanto às notícias relativas à “Máfia do Sangue” no jornal CM datado do dia 7, no jornal de notícias “Médicos arguidos por favorecer Octapharma” publicado na mesma data, e por fim “A guerra milionária do negócio do sangue” suplemento da Revista Visão edição de 8/6 a 14/6 deixa-nos profundamente envergonhados e indignados. Quem tem autoridade moral para atacar os dadores e as suas associações? Nós que contribuímos para a manutenção de milhares de postos de trabalho e sustento de milhares de famílias reclamamos o que nos é devido: RESPEITO.

Ninguém com responsabilidades acrescidas do ministério da saúde ou do IPST vem dar explicações à sociedade, aos dadores, às associações de dadores sobre o que vem acontecendo? O silêncio vale ouro, temos disso noção. Sentimos que estamos a remar contra uma poderosa corrente.

Podem dizer-nos que a justiça está a funcionar, contudo, nós antevemos quais são as consequências finais. Estamos perante uma montanha que vai parir um ratinho sem pêlo, e os caixotes que a PJ arrecadou nas buscas vão a seu tempo ser reciclados. Basta o ratinho dar uma trinca num dos dedos do juiz responsável pelo processo.

Pedimos RESPEITO por quem é solidário sem nada receber em troca, a não ser ingratidão, porque nem sequer a isenção das taxas moderadoras funcionam em condições!


Joaquim Carlos
Presidente da Direcção da ADASCA
Aveiro, 13 de Junho de 2017


NB: este artigo não vincula a opinião dos restantes elementos que integram os órgãos sociais da ADASCA.

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