quarta-feira, 4 de maio de 2016

Política à volta da calculadora. As reações aos números de Bruxelas

Como era esperado, as reações aos números da Comissão Europeia foram diferentes.

© Getty Images
A última terça-feira foi dia de Bruxelas dar a conhecer as suas previsões de Primavera para as economias europeias. Portugal não foi exceção e os números trouxeram uma diferença: Bruxelas estima que o défice orçamental de Portugal seja de 2,7% este ano, acima dos 2,2% previstos pelo Governo. E salientou que há riscos. As reações não se fizeram esperar.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, focou-se nos 2,7% de défice previstos por Bruxelas para afirmar que "é uma boa notícia. Se for 2,7%, é um número de que não me recordo há muito tempo em Portugal". Já Assunção Cristas, líder do CDS, insistiu que "as contas" do Governo "não batem certo". "Infelizmente não há uma semana que passe que não haja o alerta de uma entidade independente, seja nacional, seja internacional", afirmou.
O deputado comunista Paulo Sá, no Parlamento, foi também duro no tom mas o alvo era outro. "O PCP rejeita liminarmente esta política de ingerências, pressões, chantagem que a Comissão Europeia exerce sobre o nosso país", referindo ainda, com o Governo como destinatário, que "é preciso muita firmeza no prosseguimento da política iniciada há uns meses, de devolver salários, pensões".
Já o Bloco de Esquerda falou em "chantagem de quem quer sempre impor a austeridade como uma política única". Bruxelas era o alvo das críticas, cujos números "demonstram é que começarmos a reverter a austeridade, esse sim, é um passo de consolidação das contas públicas", defendeu a líder do partido, Catarina Martins.
Da parte do PSD, as críticas ao Executivo de António Costa chegaram via Maria Luís Albuquerque, a antiga ministra das Finanças. E foi taxativa: "é de esperar que haja medidas adicionais algures ao longo deste ano", previu.
Mais à noite, na antena da SIC, um antigo líder do PSD tinha outra perspetiva. “Por enquanto não há razões para alarme e esperemos que não venha a haver”, afirmou Santana Lopes, que foi secundado pelo socialista António Vitorino, que afirmou que, na verdade, não houve “grande motivo de surpresa” com os números de Bruxelas. As últimas previsões têm cerca de um mês e “não era de esperar que a Comissão Europeia fizesse grandes alterações”.
Igualmente à noite, e já na antena da RTP 3, um outro social-democrata, que nos últimos anos se tem distinguido pelas críticas às escolhas de Passos Coelho, defendeu que há, de facto, riscos. Mas o défice não era a sua preocupação imediata quando o tema é a Comissão Europeia.
"Nós temos um Parlamento que, sem nenhum de nós perceber, perdeu o poder de votar os Orçamentos, porque ele têm de ir a Bruxelas. Nós estamos a aceitar uma força burocrática, que corresponde a poderes políticos europeus, onde nos estão a impor um modelo que é um modelo que, inevitavelmente, entrará em conflito com este Governo. É só esperar”, afirmou Pacheco Pereira.

Fonte:noticiasaominuto

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