Autoridades revelaram estar a documentar as evidências dos alegados crimes de guerra.
As tropas da Ucrânia encontraram corpos com sinais de tortura, mãos atadas e ferimentos de bala, após os soldados russos terem saído dos arredores de Kiev, indicaram este domingo as autoridades.
Citadas pela agência Associated Press (AP), as autoridades revelaram estar a documentar as evidências dos alegados crimes de guerra.
A lifeless body of a man with his hands tied behind his back lies on the ground in Bucha, Ukraine, Sunday, April 3, 2022. Associated Press journalists in Bucha, a small city northwest of Kyiv, saw the bodies of at least nine people in civilian clothes who appeared to have been killed at close range. At least two had their hands tied behind their backs. (AP Photo/Vadim Ghirda)
DEZENAS DE MORADORES ENCONTRADOS MORTOS NAS RUAS
O conselheiro do Presidente ucraniano Oleksiy Arestovych disse que dezenas de moradores foram encontrados mortos nas ruas de Bucha e nos subúrbios de Kiev, no que classificou como uma “cena de um filme de terror”.
Algumas pessoas foram amarradas e baleadas na cabeça e os corpos mostram sinais de tortura, referiu Arestovych, notando que existem relatos de violações.
O que aconteceu em Bucha e noutros subúrbios de Kiev só pode ser descrito como um genocídio”, considerou o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, em declarações ao jornal alemão Bild, apelando ao fim das importações de gás russo.
Para o governante, “nem um centavo” deveria ser dado à Rússia, uma vez que esse dinheiro servirá para financiar um massacre.
REAÇÕES AO “MASSACRE EM BUCHA”
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, por sua vez, já tinha pedido o reforço das sanções contra Moscovo, como o fim da importação de energia.
O massacre em Bucha foi deliberado […]. Os russos pretendem eliminar o maior número possível de ucranianos”, apontou, através de uma publicação na rede social Twitter.
No mesmo sentido, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenou “as atrocidades cometidas pelo exército russo” e prometeu que a União Europeia (UE) vai aplicar mais sanções àquele país.
Os ministros das Relações Externas da França, Alemanha, Itália e Reino Unido também se insurgiram contra os ataques, garantindo que a Rússia vai ser responsabilizada.
Não vamos permitir que a Rússia encubra o seu envolvimento nessas atrocidades, através da desinformação, e garantimos que essa realidade vai ser exposta”, disse a secretária das Relações Externas do Reino Unido, Liz Truss.
100 MIL CIVIS PRESOS EM MARIUPOL
Em Mariupol, cidade portuária localizada junto ao Mar de Azov, que se tornou alvo das tropas russas na Ucrânia devido à sua posição estratégica, estima-se que cerca de 100 mil civis estejam presos e com acesso limitado aos cuidados básicos.
A Cruz Vermelha disse esperar que uma equipa de nove funcionários e três veículos cheguem este domingo a Mariupol, ressalvando que “a situação no terreno é muito volátil”.
De acordo com as autoridades, a Rússia concordou com a criação de corredores seguros na cidade, embora já tenha quebrado acordos semelhantes.
DESTRUIÇÃO NA CIDADE DE CHERNIHIV
O presidente da Câmara de Chernihiv, Vladyslav Atroshenko, precisou que os ataques da Rússia já destruíram 70% da cidade.
As pessoas pensam em como podem sobreviver até ao dia seguinte”, notou.
ATAQUES AO TERRITÓRIO UCRANIANO
Na manhã deste domingo, as forças russas lançaram mísseis no porto de Odessa, Sul da Ucrânia, em direção a uma unidade de processamento de petróleo e a depósitos de combustíveis.
Por sua vez, o governador regional de Kharkiv referiu este domingo que a artilharia e os tanques russos já efetuaram, nas últimas 24 horas, mais de 20 ataques a esta cidade.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o seu homólogo russo de cometer “um genocídio” com a invasão da Ucrânia.
Sim, é um genocídio. A eliminação de toda a nação. Nós temos mais de 100 nacionalidades. Trata-se de destruir e exterminar todas essas nacionalidades”, afirmou Zelensky, em declarações ao canal americano CBS.
A Ucrânia já tinha acusado a Rússia de cometer um “massacre deliberado” em Busha, uma cidade no noroeste de Kiev, e outros “horrores” nas regiões que, entretanto, foram libertadas.
Isto está a acontecer na Europa e no século XXI”, reiterou, sublinhando que “toda a nação está a ser torturada”.
SIC Notícias/Lusa
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