Cientistas estão estudando as propriedades de um misterioso fenômeno nomeado “Steve” – esse apelido, dado por observadores do evento, é também uma abreviação de “Strong Thermal Emission Velocity Enhancement”.
Semelhante a uma aurora, tem sido documentado no céu do Canadá, geralmente como um fio vertical de luz roxa com tons esverdeados.
De acordo com Elizabeth MacDonald, pesquisadora da NASA que tem estudado o fenômeno, ele pode ocorrer em latitudes mais baixas do que as auroras normais, oferecendo aos cientistas um vislumbre das interações do campo magnético e da atmosfera superior da Terra.
As descobertas de sua equipe foram publicadas na revista científica Science Advances.
Mais ao sul
Os pesquisadores ficaram sabendo sobre o fenômeno quando membros de um grupo do Facebook chamado “Alberta Aurora Chasers” (que reúne pessoas da província de Alberta, no oeste do Canadá, que gostam de observar auroras) começaram a publicar fotos de observações incomuns, como fios roxos esverdeados orientados quase verticalmente no céu.
Uma vez que aparece em áreas mais populosas mais ao sul do país, esta pode ser uma espécie de aurora que mais pessoas podem ver do que qualquer outro tipo.
Cientificamente, “nos diz que os processos que criam auroras estão penetrando todo o caminho até a magnetosfera interna”, disse MacDonald, o que é um novo aspecto desse fenômeno.
Pesquisadores coordenaram as informações desses “caçadores de aurora” com dados dos satélites Swarm, da Agência Espacial Europeia (ESA), que medem precisamente a variação no campo magnético da Terra, para descobrir quais condições causaram o fenômeno.
Auroras x Steves
As auroras mais conhecidas – também chamadas de luzes do norte – formam-se quando partículas carregadas impulsionadas pelo sol são guiadas em direção à atmosfera superior dos polos do nosso planeta pelo campo magnético da Terra.
Essas partículas solares atingem partículas neutras na atmosfera superior, produzindo luz e cor visíveis no céu noturno.
Steves, por outro lado, parecem se formar de maneira diferente. Nas regiões onde aparecem, há um campo elétrico que aponta para o polo e um campo magnético que aponta para baixo. Os dois juntos criam essa emissão orientada para oeste.
O fluxo na ionosfera terrestre puxa as partículas solares carregadas para o oeste, onde elas atingem partículas neutras ao longo do caminho e as aquecem, produzindo luzes termais ascendentes.
Observações terrestres
Steve é o primeiro indicador visível de tal “movimentação” de partículas carregadas, que os pesquisadores investigam via satélite há cerca de 40 anos.
Como o fenômeno estava ocorrendo fora do intervalo geográfico usual de auroras frequentes, os cidadãos desempenharam um papel particularmente valioso na sua compreensão.
É difícil obter uma visão geral das auroras com nossos satélites atuais, porque eles não podem ver todo um hemisfério ao mesmo tempo ou observar cada ponto com bastante frequência enquanto orbitam a Terra uma vez a cada 90 minutos, a fim de rastrear como elas evoluem a curto prazo. As pessoas no chão podem fornecer uma visão mais matizada.
De acordo com MacDonald, a melhoria na tecnologia de câmeras disponíveis para o público significa que tais registros são cada vez mais valiosos para os cientistas.
“Todas essas observações em conjunto nos ajudam a construir melhores modelos de auroras”, acrescentou. “Isso é útil para pessoas que querem vê-las, e também é útil para pessoas preocupadas com os efeitos do clima e das correntes espaciais da atmosfera superior sobre sistemas de comunicações e outras coisas”. [Space]
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