3 Março, 2016
EU Council Eurozone / Flickr
A Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque
Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças, acaba de ser nomeada para diretora não executiva do Arrow Global, grupo britânico de gestão de crédito que tem em Portugal clientes como o Banif, o BCP ou o Montepio.
Num comunicado publicado na sua página oficial, o grupo Arrow Global informa que indicou a atual deputada do PSD como diretora não executiva com efeitos a partir de segunda-feira, para integrar o Comité de Auditoria e Risco da líder europeia de aquisição e gestão de portefólios de crédito.
O presidente do conselho de administração do grupo, Jonathan Bloomer, afirma estar “encantado” com a nomeação da ex-ministra das Finanças de Passos Coelho para o conselho de administração, destacando os cargos públicos desempenhados por Maria Luís Albuquerque.
Jonathan Bloomer considera que a experiência de Maria Luís Albuquerque como governante e na Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) “vai enriquecer” o grupo, que prevê “expandir-se a novas geografias e novas classes de ativos”.
A notícia da contratação já foi comentada por Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda, que denuncia os “lucros recorde” da Global Arrow em 2015, “graças a negócios em Portugal e na Holanda”. “Comprou duas empresas do setor em Portugal, Whitestar e Gesphone, que sabemos estar envolvidas na compra de ativos do Banif“, escreve a líder do BE.
Maria Luís Albuquerque já veio a público assegurar que “a função de administradora não executiva não tem nenhuma incompatibilidade ou impedimento legal pelo facto de ter sido ministra de Estado e das Finanças e de ser deputada”.
“As funções que vou desempenhar são de natureza estritamente não executiva, isto é, sem participação nas decisões sobre negócios em concreto em Portugal ou noutros países”, lê-se no comunicado distribuído esta tarde pela ex-ministra.
No que toca ao seu papel durante o período enquanto ministra das Finanças – em que tutelava o sector da banca, nomeadamente em 2014, quando a Arrow comprou créditos do Banif -, a atual parlamentar do PSD garante que “nenhuma decisão tomada pela empresa no passado foi condicionada ou influenciada por qualquer tipo de decisão que eu tenha tomado”.
“Qualquer outra leitura que possa ser feita desta nomeação só pode ser entendida como mero aproveitamento politico partidário”, defende Maria Luís Albuquerque.
Crédito malparado do Banif
No portal esquerda.net, ligado ao Bloco de Esquerda, é referido que o grupo Arrow Global, sediado em Londres, “tornou-se líder da gestão de crédito malparado em Portugal, ao adquirir no ano passado a Whitestar e a Gesphone, duas empresas do mesmo ramo. A Whitestar está também envolvida na gestão de crédito malparado do Banif”.
No ano passado, a Arrow Global adquiriu a Whitestar por 48 milhões de euros à Carval Investors, que tinha cerca de 300 colaboradores em Portugal. A Whitestar, que operava no mercado nacional desde 2007, pertenceu ao falido Lehman Brothers e esteve depois sob gestão da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) até 2014, quando foi vendida à Carval.
Segundo uma apresentação a investidores do verão em 2015, publicada no site do grupo, a Arrow Global gere em Portugal uma carteira de crédito de 5,5 mil milhões de euros, tendo entre os clientes os bancos Santander, Banif, Millennium BCP, Banco Popular, Montepio, Finibanco, Crédito Agrícola, Cofidis, entre outras empresas de renome do setor financeiro.
No setor não financeiro, entre os clientes da Arrow Global estão as companhias de seguros Açoreana e AXA e ainda a Vodafone.
ZAP
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