Na Cultura, nem com a troika a contestação foi tão forte

David Dinis, Director

Bom dia! Chegámos a quarta-feira

e estas são as últimas notícias:  

Um tiroteio perto da sede do YouTube fez três feridos. A alegada autora do ataque, uma mulher cuja identidade não foi ainda confirmada, acabou por se suicidar. Ainda ninguém sabe porque tudo isto aconteceu.

O Facebook começou a apagar contas russas. Foram 270 da mesma fábrica de perfis falsos, conta o Quartz.

Trump diz que vai mandar tropas para a fronteira com o México. "É um grande passo em frente", disse ele, com uma história muito mal contada. Logo depois, a Casa Branca deu outro passo em frente noutro conflito, publicando uma lista de 1300 produtos tecnológicos chineses que vão para a lista vermelha americana.

O exército brasileiro também pressiona a prisão de Lula. O chefe das forças armadas lançou mensagens "contra a impunidade", horas antes da decisão do Supremo, reporta o El Pais.

Ronaldo fez mais um monumento. Quantas noites de glória já teve Cristiano Ronaldo? Muitas, mas a de ontem entrou para o top: no terreno da Juventus, o Real Madrid venceu por 0-3, com o português a encantar todos com um golo do outro mundo. Se ainda não viu, não deixe de o fazer. É tão bonito que até os adeptos da Juve aplaudiram de pé a “bicicleta” de CR7. "Assim na área como no céu", escreve hoje o El Pais. Ámen.

O que marca o dia

C'est fini: acabou o 'estado de graça' na Cultura. Mais de uma centena de companhias e artistas de todo o país assinaram uma carta aberta a António Costa na qual afirmam que a política cultural deste Governo “falhou por completo e de forma transversal”. No Porto, Rui Moreira lidera a contestação das estruturas culturais da cidade aos resultados dos concursos da DGArtes. As Associações representativas falam de “descalabro” e marcam acções de protesto em várias cidades. O PCP e o BE exigem ouvir o ministro no Parlamento com carácter de urgência. Tudo somado, nem os titulares da Cultura nos anos da troika terão gerado uma tão unânime contestação do sector como a dupla Castro Mendes/Miguel Honrado conseguiu agora provocar, explica o Luís Miguel Queirós.

Em plena guerra aberta, o Augusto M. Seabra tira já uma conclusão, que é também um conselho: "Miguel Honrado não tem condições para continuar no cargo". E se António Costa mostra "surpresa" com tanta contestação, eu contesto no Editorial de hoje: “Uma surpresa” é um desplante.  

A propósito de desplante...

Rui Rio promete fazer oposição sobre fogos, saúde e, sim, o Montepio.No Conselho Nacional de ontem o líder do PSD respondeu aos críticos e à manchete do PÚBLICO de ontem, dizendo que qualquer “analfabeto” sabe a diferença entre dez mil euros (o investimento previsto da SCMP) e 200 milhões de euros (valor inicial que seria pago pela Santa Casa de Lisboa). Já Santana Lopes, discordou. A Sofia Rodrigues descreve o ambiente pesado da noite passada, que não é só sobre o caso Tavares, mas também sobre o Governo-sombra que se vai conhecendo do PSD.

Entretanto, já há um acordo iminente entre Governo e PSD. Conta a São José Almeida na nossa manchete que hoje há encontro decisivo sobre descentralização - e que dará às câmaras mais 1,2 mil milhões de euros por ano. O ministro Eduardo Cabrita está "optimista".

Falando em partidos, era bom que eles ouvissem o aviso do TC: se “há um problema de transparência”, há outro de falta de meios para fiscalizar políticos.

Para o Governo, chegou outro alerta na Saúde: o INEM demorou o dobro do tempo a atender chamadas em 2017.

A DGS já prepara solução para outro problema: a vacina para o sarampo pode vir a ter um reforço.

Na educação, há um diagnóstico de resolução difícil: quase 30% dos estudantes abandonam o ensino superior.

Nas cidades, há um diagnóstico que parece irreversível: Lisboa e Porto têm mais turistas por residente do que Londres e Barcelona, diz hoje o JN.

Ler devagar

1. Falamos de comércio, quando se fala de uma guerra comercial. Roberto Azevêdo, o brasileiro que lidera a Organização Mundial do Comércio desde 2013, diz que "não tem medo" de uma guerra comercial entre EUA e China, mas admite que tem uma preocupação: “Evitar uma dinâmica que pode levar a uma escalada de medidas restritivas”. “Estamos vendo as primeiras peças do dominó a tombar”, diz Azevêdo, nesta entrevista ao PÚBLICO. 

2. Falamos da América Latina, enquanto esperamos a decisão sobre Lula. Em ano de presidenciais no México, Venezuela, Colômbia e Brasil, e com perspectivas de alterações significativas no mapa político da região, Michael Coppedge - investigador na Universidade norte-americana de Notre Dame (Indiana) - explica o que une e o que afasta os sistemas políticos dos países latino-americanos. Diagnóstico? “Os populistas latino-americanos comprometem a qualidade das democracias”.

3. Falamos da nossa mente - quando só se fala de inteligência artificial.Ela acredita que a mente é o limite, apresenta uma lista de “ingredientes” que diz serem capazes de nos tornar mais criativos e tirarmos o maior proveito das nossas capacidades cognitivas. Desde o café, espinafres e chocolate à prática de exercício físico, meditação e estimulação cerebral. Lorenza Colzato “falou” com o PÚBLICO numa entrevista, por email, dias antes de chegar ao Porto, onde fará a conferência inaugural do 12º Simpósio da Fundação Bial com o tema “Potenciar a mente”. E avisa logo à partida para a conversa: “Não acredito num comprimido mágico que sirva para todos”.

A agenda de hoje

No Parlamento os deputados voltam a discutir a próxima época de incêndios, desta vez a pedido do CDS. Sendo que, antes disso, vai ser ouvido o provedor da Santa Casa (a propósito da entrada no capital do Montepio).

No Brasil há decisão do Supremo sobre a prisão de Lula (lá para o final da tarde). Enquanto, na Turquia, Putin, Erdogan e Rouhani sentam-se à mesa para decidir o rumo da guerra na Síria. 

No mundo do futebol, a noite é de um Barcelona-Roma e de outro Liverpool-Manchester City, nos outros jogos dos quartos-de-final da Champions.

Será, portanto, mais uma noite de estrelas, mas nenhuma tão distante como esta que o Hubble agora encontrou. Seguramente não tão brilhante como a que Ronaldo ontem nos entregou. Ámen.

Que seja mais um dia produtivo e feliz.

Até amanhã!