360º
Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia...
... no início da próxima madrugada (ooh30) vai acontecer uma cimeira histórica entre as duas Coreias. Kim Jong-un vai atravessar a fronteira do Norte e encontrar-se com Moon Jae-in a Sul: é a primeira vez desde o fim da guerra na península, em 1953, que o líder norte-coreano pisa território 'inimigo'. Em 2007, os líderes da Coreia do Norte e do Sul reuniram-se, mas foi o Presidente Roh Moo-hyun quem visitou Pyongyang para conversações com Kim Jong-il.
Mas a abertura da Coreia do Norte e a diplomacia em curso são mesmo para valer? Segundo Hyeonseo Lee não, são puro engano. Em entrevista à Marta Leite Ferreira, a desertora que fugiu quase por acaso pela fronteira norte-coreana gelada, caiu na prostituição na China e agora vive na Coreia do Sul diz que "as negociações com os EUA são uma fachada". Mas garante que sabe como combater o regime.
A torre de 17 andares que está a ser construída em Picoas, no eixo central de Lisboa, vai estar pronta em junho. O polémico edifício já foi o cenário para a apresentação do programa da Trienal de Arquitetura de Lisboa 2019 e o Bruno Horta falou com a sua arquitecta.
Apesar do escândalo, os lucros do Facebook dispararam. As receitas subiram quase 50% face aos primeiros três meses de 2017 e até o número de utilizadores cresceu, aumentando 70 milhões.
Na Liga dos Campeões, o Real Madrid foi ganhar à Alemanha por 2-1 e deixar o Bayern em situação complicada para chegar à final. O jogo da primeira mão da segunda meia-final teve heróis improváveis, como conta o Bruno Roseiro na crónica. Já Ronaldo viu um golo anulado, ficou em branco e quebrou uma série de 11 jogos sempre a marcar na Champions. Mas, mesmo assim, bateu mais um recorde.
Na véspera, o Liverpool-Roma (5-2) tinha confirmado que há nova estrela para fazer sombra a Ronaldo e Messi. O egípcio Mohamed Salah não só joga e marca que se farta, como tem uma história de vida é inspiradora. Já o resultado, depois do que os romanos fizeram ao Barcelona, pode ser enganador.
Outra informação relevante
Nas cerimónias dos 44 anos do 25 de Abril, Marcelo agradeceu aos militares e deu umas bicadas na atualidade, Ferro pediu a renovação do sistema político e os partidos deixaram várias críticas. A Rita Tavares e o Rui Pedro Antunes ouviram os discursos e decidiram desmontá-los: porque houve muito para interpretar entre o que os políticos disseram e o que queriam de facto dizer.
- Uma das bancadas do Parlamento estava especialmente vazia no início dos discursos. Dos 89 deputados do PSD, só se contavam 56 mais o convidado Rui Rio. Um boicote à nova liderança social-democrata? Segundo a justificações oficiais não. Apenas atrasos por causa do trânsito, problemas de estacionamento e doenças. Tanto que depois se notaram mais as faltas socialistas.
- Boicote a sério e assumido aconteceu por parte dos juízes do Tribunal Constitucional. Como consideram que foram "desgraduados" pelo protocolo, pelo segundo ano consecutivo que os juizes-conselheiros faltam em bloco. Só o presidente comparece.
- A festa deste ano incluiu o tradicional desfile pela Avenida da Liberdade, onde Varoufakis foi a estrela. Em entrevistas ao Público e ao i, o ex-ministro das Finanças grego lamenta que a ida de Centeno para o Eurorupo não tenha mudado "nada" na política da UE.
- Houve igualmente homenagem a Mário Soares, com a inauguração do seu jardim. E muitas, muitas selfies na Assembleia. Mas, passados 44 anos, será que já sabemos discutir?
Tema que pareceu um elefante na sala foi o do caso do deputado Matos Rosa, revelado pelo Rui Pedro Antunes. O social-democrata vive em Lisboa há anos, mas recebe subsídios e apoios como se morasse em Portalegre, a 152km.
Quem vai mesmo ter de mudar de casa é António Costa.
Como São Bento vai entrar em obras nos próximos meses por motivos de segurança, o primeiro-ministro irá temporariamente para o Terreiro do Paço.
Mas as moradas também estão a causar polémica na Educação. As famílias contestam não poderem usar a residência dos avós quando fazem as matrículas dos filhos.
Os problemas das filas no aeroporto de Lisboa voltaram. O DN escreve que já há esperas de mais de duas horas. Há um ano que SEF e ANA falham em encontrar uma solução e, com o verão à porta, os operadores turísticos estão alarmados.
Na Justiça, a nova lei evita a cadeia para 211 condenados, que vão poder cumprir pena em casa, com pulseira eletrónica. As contas são do JN.
Por falar em justiça, em Espanha, a presidente da Comunidade de Madrid, Cristina Cifuentes, foi mesmo obrigada a demitir-se. Depois de ter resistido a toda polémica sobre as irregularidades do seu mestrado (sim, por lá também há casos destes), não aguentou a divulgação de um vídeo em que é apanhada a roubar cremes num supermercado. E arranjou mais um problema ao PP. Rajoy ainda não indicou quem a substituirá.
Emmanuel Macron discursou no Congresso norte-americano no final da visita oficial aos EUA. Reclamou para si a “relação especial” com os Estados Unidos, mas também deixou críticas ao populismo de Trump.
Entre os feridos do atropelamento em Toronto (que fez dez mortos), há um lusodescendente.
O inventor dinamarquês que assassinou a jornalista sueca no submarino que ele próprio construiu foi condenado a prisão perpétua. Ficou provado que premeditou o crime nos seus mais sórdidos detalhes.
Os nossos Especiais
Há cada vez mais portugueses a endividarem-se para comprar carro novo. O David Almas foi a vários concessionários perceber porquê. Descobriu que quase todos estão a promover financiamentos, entre créditos a 10 anos e empréstimos para pagar todos encargos. Ou seja, se quisesse podia ter trazido um bólide sem despesas e pagá-lo até 2028.
António Vaz Carneiro criou há quase 20 anos o Centro de Investigação de Medicina Baseada na Evidência. Em entrevista à Vera Novais, o cientista diz que “nenhuma terapia alternativa tem qualquer base científica, com exceção da acupuntura médica". E desafia os opositores da ciência a provarem que está errado.
A nossa opinião
- Helena Garrido escreve sobre o défice: "Todos, em especial os socialistas, devem estar gratos a Costa e Centeno pelo controlo das contas públicas. Em 2017 foi por um triz que não nos vimos embrulhados no procedimento por défices excessivos".
- Paulo Tunhas escreve sobre a liberdade: "A nossa tradição, a nossa casinha, é pequenina e esperanças sanguíneas não são recomendáveis: temos de andar sempre um bocado curvados. Se fosse preciso prova disso, os discursos de ontem mostraram-no".
- Eu escrevo sobre porque é difícil um estrangeiro investir em Portugal: "Um ex-ministro que recebia de um banco. Um primeiro-ministro e o maior banqueiro acusados de corrupção. Deputados envolvidos em esquemas. E até o futebol investigado. Quem é que quer investir por cá?".
- José Milhazes escreve sobre a Arménia: "A crise política na Arménia está longe do fim, mas já se pode tirar uma conclusão: os cidadãos desse país da Transcaucásia disseram não à rotatividade política copiada da Rússia pelos seus dirigentes".
- Luís Aguiar-Conraria escreve sobre o esbulho fiscal: "Se é verdade que a nossa carga fiscal está ligeiramente abaixo da média da União Europeia, também é verdade que o nosso esforço fiscal está muito acima da média. Está, por exemplo, 37% acima do alemão".
- Maria João Marques escreve sobre a nova reforma da habitação: "Não se percebe bem se é um grande amor socialista pela homeopatia – vamos lá provocar a escassez de casas para combater a escassez de casas – se é mesmo uma reforma agrária agora em versão urbana".
Notícias surpreendentes
Este ano pode não haver entrega do prémio Nobel da Literatura. Abalada pelo escândalo que envolveu fugas de informação e abusos sexuais que fez sair cinco dos seus membros membros, a Academia Sueca está a ponderar não atribuir o prémio.
Simone Rocha, a designer de que todos falam, veio finalmente conhecer Portugal. Neta de um português, falou sobre as suas inspirações e sobre a herança portuguesa ao Mauro Gonçalves.
No cinema estreou já "A Morte de Estaline". O Eurico de Barros fala de uma arrasadora sátira política, bem negra e grotesca, e dá-lhe 5 estrelas. Mas há mais filmes novos para ver esta semana. E ainda 14 sugestões (e uma série de televisão) para quem for ao Indie Lisboa.
J. Cole é uma voz cada vez mais ouvida no mundo e tem um novo álbum. A propósito de KOD, o Gonçalo Correia conta o percurso do rapper que trocou as mulheres e os carros pela família - e que fala agora dos perigos da auto-medicação.
E se acha que já viu tudo, prepare-se: há uma sósia de Trump. É uma agricultora galega com semelhanças visíveis com o presidente norte-americano, cuja foto se tornou viral no Instagram.
Espero que lhe tenha posto um sorriso no rosto com esta curiosidade e esteja pronto para o resto da semana. Já sabe que tem no Observador toda a informação que precisa, hoje com destaque para a cimeira histórica entre as Coreias.
Boa quinta-feira (apesar do regresso da chuva)
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