Os preços das casas no Porto, na Baixa, e em algumas zonas de luxo de Lisboa, como a Expo, cresceram de forma expressiva desde o ano passado e continuaram a valorizar até agora.
Os estrangeiros vieram revitalizar o negócio, mas, fora das grandes cidades, o mercado permanece estagnado.
"Este ano, em algumas zonas do Porto e Lisboa, a valorização das casas foi até excessiva", diz Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP).
"Na Baixa do Porto, os preços são tão elevados que até é perigoso para o mercado. A zona da Expo, em Lisboa, foi muito valorizada pela grande procura de estrangeiros, essencialmente chineses", reforça Luís Lima.
O diretor-geral da Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães, frisa que, "na Baixa do Porto, graças à reabilitação urbana, a valorização tem vindo a ocorrer desde 2009, na ordem dos 60%". E, em algumas zonas da capital, "já se regressou os preços pré-crise, com o preço do metro quadrado acima dos seis mil euros", e, mais uma vez, influenciada pela procura externa.
Vendas em alta
Os dois responsáveis dão nota também do aumento da venda de casas desde 2014, bem como a subida de preços, sobretudo no Algarve, "especialmente para ingleses, graças aos incentivos fiscais".
Para quem está no mercado, as imobiliárias, a recuperação começou em 2013, intensificou-se em 2014 e continuou este ano. Ricardo Sousa, presidente da Century 21, recorda que, nos anos 2010 e 2011, "grande parte do mercado estava na banca, com as casas que tinham sido devolvidas aos bancos. E eram de um segmento médio e médio baixo. Algumas casas que seriam vendidas por 140 mil euros, foram-no por 90 mil". A dinâmica alterou-se nos dois anos seguintes, "com a procura estrangeira, que contaminou também o mercado nacional, valorizando as casas para venda".
Manuel Alvarez, presidente da Remax Portugal, salienta "o papel exportador" do mercado imobiliário, ou seja, se as casas vendidas a estrangeiros contassem como exportação, admite que o setor imobiliário estaria "em terceiro lugar".
O diretor-geral da Era, Miguel Poisson, fala também da recuperação, mas revela outro facto: "Enquanto que, em 2005 (um dos melhores anos para o mercado), foram vendidos em Portugal 230.925 prédios urbanos, em 2012, foram 90.809". Por outro lado, a construção parou.
Excesso de terrenos
Luís Lima, da APEMIP, chama a atenção para outra realidade: "Tirando as grandes cidades, as periferias não viram valorizar os preços das suas casas. Mais, nessas zonas geográficas, continua a existir uma oferta muito superior à procura".
Além disso, devido à existência de um "excesso de stock" de terrenos à venda, Luís Lima defende que seja repensada a sua utilização: "Não pode ser tudo urbanizado, como se pensava antes da crise. E muitos prédios já concluídos serão demolidos".
Para o próximo ano, todos os agentes envolvidos estão esperançosos na continuação da valorização do preço das casas, bem como no aumento da procura.
Ricardo Sousa é favorável à "continuação, por parte da banca, de uma política expansionista de crédito à habitação", e acredita que a "reabilitação terá um papel fundamental". Miguel Poisson estima que o mercado vai continuar a crescer: "As famílias estão a voltar a comprar, porque os preços estão interessantes, a Euribor está baixa, há mais confiança e crédito na banca".
"No próximo ano, vai continuar a aposta pelas famílias de classe média, na aquisição de casas para arrendar, com uma rentabilidade de 4 a 5%", diz Manuel Alvarez. De acordo com estes responsáveis, "é preciso perceber que a procura é maior que a oferta nas cidades de Lisboa e Porto. No resto do país, o mercado está estabilizado, não há grande variação de preços nem de vendas, exceto no Algarve".
Fonte JN
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