terça-feira, 31 de maio de 2016

PORTO, GAIA E GONDOMAR RECUSAM ASSINAR CONTRATO PARA FUNDOS COMUNITÁRIOS


 
O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira
O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira
As três autarquias do Norte recusam assinar contratos para fundos comunitários, que estavam agendados para a tarde desta terça-feira.
As câmaras do Porto, Gaia e Gondomar recusam assinar os contratos de financiamento comunitário relativos aos Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano (PEDU) propostos pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N), agendados pelo Governo para esta terça-feira.
A informação foi avançada à agência Lusa por fontes das três autarquias, cerca de uma hora antes do início da cerimónia de assinatura, marcada para o Europarque de Santa Maria da Feira.
No caso do Porto, o presidente da autarquia, Rui Moreira, justifica a decisão com o facto de o contrato proposto pela CCDR-N, no valor de 26,5 milhões de euros, não contemplar a majoração de 20% prometida pelo ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques.
“A Câmara Municipal do Porto não irá assinar hoje esse documento, porque estamos à espera que saia um aviso que nos foi confirmado pelo senhor ministro, mas que a CCDRN ainda não publicou. Enquanto esse aviso não for publicado, não estamos em condições de assinar um pacto onde não estão consagrados aquilo que são os nossos legítimos direitos“, explicou na página da autarquia.
“O senhor ministro disse-me que há uma verba de 20 milhões que será lançada noutro aviso, onde o Porto será contemplado”, lembrou o autarca, acrescentando que acredita que será apenas uma“questão de tempo” para que a situação seja refletida no documento.
“Após as negociações com o ministro Pedro Marques ficou a promessa de um acréscimo da verba de 5,7 milhões de euros, uma majoração na ordem dos 20%, destinada à área social. Rui Moreira aceitou este valor. Só que o documento que estava pronto para ser assinado, esta tarde, no Europarque, não correspondia à nova verba de 32,2 milhões de euros“.
Segundo o Diário de Notícias, fonte da Câmara de Matosinhos revelou que também não vai assinar os contratos nem vai estar presente na cerimónia devido a “uma questão de agenda”.
ZAP / Lusa

CINEASTA DENUNCIA CENSURA NO PORTUGAL DOS PEQUENITOS COM “VÍDEO CEGO”


 
O artista Vasco Araújo alega que foi proibido de filmar no Portugal dos Pequenitos, no âmbito de um documentário crítico do colonialismo português, e como forma de protesto criou um vídeo sem imagens.
Vasco Araújo inaugura, esta terça-feira, no Laboratório de Curadoria do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, uma exposição intitulada “E daqueles que não queremos saber”, em que vai apresentar a peça inédita “Parque Temático”.
Neste documentário, o artista procura criar um diálogo entre as esculturas de africanos, que se encontram à entrada dos pavilhões das antigas colónias portuguesas no Portugal dos Pequenitos.
Face à recusa da Fundação Bissaya Barreto (FBB), gestora do espaço, a que o artista filmasse o parque temático, o vídeo de oito minutos é exibido apenas com um fundo preto, sem qualquer imagem do recinto, enquanto se ouve uma voz a ler o texto previamente criado.
Vasco Araújo disse ainda à Agência Lusa que as cartas que enviou à FBB e a resposta que recebeu da Fundação serão também exibidas como peças expositivas.
“Parque Temático” surgiu depois de várias visitas do artista ao Portugal dos Pequenitos, em que Vasco Araújo pretendia filmar as estátuas de “negros com beiças pintadas de vermelho, que lembram o Tintin no Congo”, a questionarem-se “sobre quem as levou para ali e o que estavam ali a fazer”.

Requalificação do parque

No entanto, quando contactou a FBB para receber a autorização, explicando o trabalho que pretendia fazer, não lhe foi dada nenhuma resposta. Posteriormente, foi mandada nova carta, através do mestrado em estudos curatoriais da Universidade de Coimbra, em que a FBB recusou a autorização para a captação de imagens.
“A resposta foi feita sem qualquer justificação e isso mostra que a fundação lida mal com o conteúdo do parque temático e, nomeadamente, quando é posto em causa o seu conteúdo”, sublinha Vasco Araújo, considerando que o discurso presente no Portugal dos Pequenitos “é basicamente o mesmo” desde 1940.
Questionada pela agência Lusa, a FBB confirma o indeferimento do pedido do artista, sublinhando que está prevista uma expansão e requalificação do parque, em que serão introduzidos novos conteúdos sobre o património edificado, nomeadamente nos pavilhões das ex-colónias, Madeira e Açores, informa.
Como justificação da recusa, a fundação argumenta que “decidiu suspender até ao final do ano o atendimento de pedidos externos, visando quaisquer produções de exploração temática sobre o parque atual, para concentrar a estratégia de comunicação, em exclusivo, na divulgação da nova imagem e do projeto de expansão do Portugal dos Pequenitos”.
Entretanto, a FBB continua a aceitar reportagens no local, como é visível na sua página de Facebook, onde partilhou uma imagem, a 18 de maio, em que anuncia que uma reportagem da ESEC TV no parque temático será exibida “brevemente”.

Passado colonialista

Para o artista, o parque representa ainda uma “relação eurocêntrica e autoritária”, num olhar “para os outros como inferiores e exóticos”, alimentando a ideia do ‘lusotropicalismo‘ (ideia de um colonialismo português benigno).
Segundo Vasco Araújo, a recusa da FBB é “um reflexo” da forma como Portugal se relaciona com o seu passado colonialista.
Na exposição vão estar também presentes as peças “O Morto”, de 2010, e “O Jardim”, de 2005, vídeo onde o artista também problematiza questões relacionadas com o colonialismo, com filmagens no Jardim Tropical, em Lisboa.
Vasco Araújo nasceu em 1975, em Lisboa, recebeu o Prémio Novos Artistas EDP em 2002, após a formação na Maumaus - Escola de Artes Plásticas e Fotografia e a licenciatura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
A reflexão sobre o colonialismo está patente noutros trabalhos, como os recentes “Demasiado pouco, demasiado tarde”, “É nos sonhos que tudo começa” e “O inferno não são os outros”, em que apela a obras de autores como Pepetela (“Yaka”) e Isabella Figueiredo (“Cadernos de Memórias Coloniais”).
A exposição em Coimbra, que encerra o ciclo “Corpo Cinemático”, do Laboratório de Curadoria do Colégio das Artes, vai decorrer até 1 de julho.
ZAP / Lusa

O QUE SNOWDEN FEZ FOI “SERVIÇO PÚBLICO”, DIZ EX-PROCURADOR-GERAL DOS EUA

O QUE SNOWDEN FEZ FOI “SERVIÇO PÚBLICO”, DIZ EX-PROCURADOR-GERAL DOS EUA

 
Laura Poitras / Wikimedia
O ex-procurador-geral de Justiça norte-americano Eric Holder afirmou que “Snowden fez um favor à sociedade americana” com as suas revelações.
Eric Holder, que ocupou o cargo de 2009 a 2015, afirmou esta segunda-feira que Edward Snowden, ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA) fez “serviço público” ao revelar informação confidencial, levantando “uma onda de debate que levou às mudanças que foram feitas”.
“Podemos certamente discutir a forma como Snowden o fez, mas acho que, no fundo, fez um serviço público ao levantar uma onda de debate que levou às mudanças que foram feitas” após a revelação, disse Holder a David Axelrod, analista político do Instituto de Política da Universidade de Chicago.
Numa entrevista transmitida em podcast, o ex-procurador-geral sublinhou, no entanto, que o ex-agente da NSA deve ser julgado nos EUA por ter colocado em risco a segurança nacional dos EUA.
“Eu diria que fazer o que ele fez – e da maneira como o fez – foi inapropriado e ilegal. Prejudicou os interesses norte-americanos. Eu sei de certos agentes que foram colocados em risco, relações com outros países foram prejudicadas, a nossa capacidade de manter o povo norte-americano em segurança foi comprometida. O que fez não foi sem consequências”, ressaltou o advogado.
Eric Holder, o primeiro procurador-geral negro dos EUA e indicado para o cargo por Barack Obama, também acredita que Snowden, atualmente em exílio na Rússia, deveria voltar para o país e enfrentar um julgamento – mas que, para decidir uma sentença adequada para o ex-agente, o juiz responsável deveria ter em conta a “utilidade do debate nacional” que as ações de Snowden provocaram.
Snowden, por seu lado, ironizou as declarações de Holder. “2013: é traição; 2014: talvez não [tenha sido], mas foi inconsequente; 2015: tecnicamente, ainda foi ilegal; 2016: foi um serviço público, mas…; 2017:…”, escreveu no Twitter.
Em junho de 2013, Edward Snowden entregou aos jornais Washington Post e The Guardian uma série de documentos secretos sobre os programas de vigilância dos EUA e os serviços secretos do Reino Unido na Internet.
Segundo estes dados, os serviços secretos norte-americanos gravam não apenas potenciais terroristas e criminosos, mas também dirigentes de diferentes países.
Temendo represálias dos serviços secretos dos EUA, o americano fugiu para Hong Kong e, em seguida, para Moscovo, onde passou várias semanas na zona de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, até que em agosto de 2013 recebeu asilo do governo russo.
O ex-agente da NSA tinha dito no início deste mês em videoconferência com o Instituto de Política da Universidade de Chicago que estaria disposto a regressar se recebesse um julgamento justo.
ZAP / SN

CASAL MCCANN RECORRE AO SUPREMO CONTRA GONÇALO AMARAL


 
Mario Cruz / EPA
Kate e Gerry McCann, os pais de Maddie
Kate e Gerry McCann, os pais de Maddie
Os pais de Maddie recorreram ao Supremo Tribunal de Justiça, numa última tentativa para contrariar a decisão que, em abril passado, absolveu o ex-inspetor de indemnizar o casal.
Segundo o Diário de Notícias, que cita a imprensa britânica, o recurso para o Supremo Tribunal de Justiça foi apresentado esta segunda-feira.
No entanto, a intenção de avançar contra Gonçalo Amaral foi conhecida exatamente no mesmo dia em que o ex-inspetor da PJ foi absolvido de pagar uma indemnização ao casal.
Em causa estava o pagamento de 500 mil euros aos pais de Maddie, por causa da publicação do livro “A Verdade da Mentira”, que levantou suspeitas em como estes seriam responsáveis pelo desaparecimento da menina.
Na altura, o Tribunal da Relação considerou que a ação movida pelo casal era “totalmente improcedente” porque o ex-inspetor tinha o “direito constitucional a exprimir a sua opinião”.
Além disso, o livro em questão voltou a ser colocado à venda, uma decisão que não agradou ao casal McCann.
Maddie foi dada como desaparecida, no dia 3 de maio de 2007, depois de ter sido deixada sozinha, juntamente com os dois irmãos, no apartamento algarvio onde a família passava férias.
Quase dez anos depois, ainda não é conhecido o paradeiro da criança que, na altura do desaparecimento, tinha apenas três anos.
ZAP

CRIANÇAS SÍRIAS APEDREJAM ATÉ À MORTE CASAL ACUSADO DE ADULTÉRIO


 
(dr) Xinhua
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Crianças sírias incentivadas por combatentes do grupo extremista Estado Islâmico mataram esta terça-feira à pedrada um homem e uma mulher acusados de cometerem adultério, na província de Deir al Zur (nordeste), indicou a organização não-governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
As vítimas foram apedrejadas até à morte na praça Al Yaradeq, na cidade de Deir al Zue, capital da província homónima.
A maioria das crianças presentes no local respondeu a um apelo do EI para juntar pedras e apedrejar o casal, de acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Em fevereiro, o EI apedrejou até à morte duas mulheres acusadas de adultério, numa praça da mesma cidade.
A cidade está dividida em zonas dominadas pelo EI e outras sob o poder das forças do regime sírio.
Nas zonas que controlam, os extremistas aplicam uma visão radical da lei islâmica, a “sharia”, e impõem castigos severos – decapitação, lapidação ou crucificação – a quem não respeitar as normas.
Na Síria, 4.225 pessoas foram executados pelo EI desde que o grupo declarou o seu califado em junho de 2014, em zonas sob o seu controlo em território sírio e iraquiano.
/Lusa

Koreia do Norte falla lansa foun ba míssil balístiku - Koreia do Sul

Koreia do Norte iha ohin tenta fila halo lansamentu, maibé lasusesu, míssil balístiku foun ida ho médiu alkanse, ne’ebé   viola resolusaun ONU nian, hatete  Ministériu Defeza Koreia do Sul.

Lansamentu ho utilizasaun iha teknolojia mísseis balístiku hanesan infrasaun ba rezolusaun Konsellu Seguransa Nasoins Unidas nian.

Tensaun aumenta maka’as iha península koreanu dezde teste nuklear dahaat Koreia do Norte ne’ebé hala’o iha janeiru, tuir kedas ho lansamentu iha 'rocket'ida longu alkanse iha fulan tuir mai.

Ministériu Defeza Seul hatete katak  teste  ba míssil hala’o iha ohin tuku 05:20, iha  largo rejiaun Wonsan, kosta leste nian.

Tentativa iha lansamentu míssil (Koreia do Norte nian)... parese falla", haktuir portavóz ida hosi Ministériu Defeza sul-koreanu nian.

Ministériu ne’e lapresiza tipu míssil hanesan ne’e, maibé ajénsia notísia sul-koreanu Yonhap sita hosi  fonte  military nian, afirma katak iha estimava míssil ne’e ho médiu alkanse Musudan.

Iha  abril, Koreia do Norte  falla ba datoluk tentativa ba lansamentu iha Musudan, ne’ebé  ho alkanse ida  tuir estimava entre kilómetru 2.500 no 4.000 (entre 1.550 no 2.500 milla).

SAPO TL ho Lusa
Publicada por TIMOR AGORA

NB: Enviem-nos as notícias das vossas localidades, os vossos eventos, com textos em Word e imagens em JPG para editorlitoralcentro@gmail.com serão de imediato divulgadas.

J. Carlos


NÚMERU PASIENTE HIV/SIDA ÁS IHA DILI

Númeru Pasiente HIV/SIDA Ás Iha Díli Impaktu Ransu Livre, Seksu Livre ba Transmisaun HIV, Isin Rua Sedu, Soe Oan & Para Eskola
 
Seminar Ne’e Hala’o Iha Escola Secundária Católica São José Balide-Díli

Díli - Sekretariu Ezekutivu Komisaun Nasional Kombate HIV/SIDA Timor-Leste Daniel Marçal informa númeru pasiente 570 ne’ebé afeita ba moras HIV/SIDA maioria iha Munisipiu Díli, Bobonaro, Suai, Baucau, no Ermera.

“Tuir dadus ne’ebé iha hatudu katak, númeru pasiente HIV/SIDA ne’ebé ás primeiru maka Díli, segundu Bobonaro, terseiru Baucau no kuatru Ermera, “informa Daniel, ba Jornalista sira iha Escola Secundária Católica São José Operário Balide, Segunda (30/05/2016).

Daniel haktuir, maske nune’e, maibé ba dadaun ne’e iha ema barak maka iha ona konsensia hodi ba halo testu raan, no ema barak maka agora la tauk ona atu ba koko raan, tanba relasiona ho aktividade sosializasaun ne’ebé mak durante ne’e halao husi Governu no Komisaun Nasional Kombate HIV/SIDA.

Nia dehan, husi númeru 570 ne’e barak liu joven sira ho idade 25 to’o 30 no kazu segundu maka idade 15 to’o 25 ne’e maka maka’as liu tanba moras ne’e barak liu daet husi relasaun seksual, ne’e signigika ameasa bo’ot ba nasaun ne’e.

Tanba tuir nia, ba da-daun ne’e, populasaun barak mak laiha koñesimentu no la rona maibé komisaun kontinua halo servisu maka’as liu husi media atu nune’e komunidade sira bele hatene.

“Inan aman tenke fó atensaun maka’as ba oan sira kuandu sira maka la fó atensaun ba oan sira, oan sira bele sai a’at hotu tanba joven uluk la hanesan joven ida agora, tanba uluk joven barak maka ladun hatene kona-bá internet no kaer telefone diak no mós Facebook tanba laiha, i agora ne’e buat hotu livre no joven barak uza dereitu ba modern i dala barak joven sira hare’e filmazen at ne’e husi média sosiál tanba ema balun hatama buat iha ne’ebá, tanba ne’e mak inan aman tenke halo kontrolu maka’as ba oan sira,” Tenik Daniel. (van)

Timor Post, Loron Tersa, 31 Maiu 2016 - Fotografia: Jornál Timor Post, Edisaun Loron Tersa, 31 Maiu 2016, no Facebook CNCS-TL

Publicada por TIMOR AGORA

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J. Carlos

Governo timorense assina na sexta-feira primeiro grande projeto de PPP para Porto de Tibar

Díli, 31 mai (Lusa) - O Governo timorense anunciou hoje que assina na sexta-feira o contrato para a construção e gestão do Porto de Tibar, avaliado em 400 milhões de dólares e que constitui a primeira parceria público-privada (PPP) de grande dimensão do país.

Segundo informou o gabinete do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Gastão da Silva, o contrato com a francesa Bolloré Consortium vai ser assinado na sexta-feira em Díli.

Dados do contrato foram analisados em novembro do ano passado pelo executivo que aprovou o decreto-lei que define as condições do contrato que funcionará em modelo de parceria público-privada, como explicou na altura aos jornalistas o primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo.

O concurso para a construção do Porto de Tibar foi ganho pela empresa francesa Bolloré Consortium, que ficou mais bem classificada do que a única outra concorrente, a inglesa Peninsular & Oriental Steam Navigation Company (POSNCO), subsidiária da DP World, do Dubai.

Esta primeira parceria público-privada (PPP) timorense prevê a construção e gestão durante 30 anos do Porto de Tibar, orçado em 400 milhões de dólares (344 milhões de euros), e inclui a construção de uma estrada entre Díli e Tibar, de um molhe, de instalações em terra e de sistemas de drenagem.

Segundo o executivo, o novo porto terá capacidade para um milhão de toneladas por ano e com possibilidade de receber embarcações comerciais e de passageiros.

O projeto é polémico não apenas pelo custo, mas também pela localização, uma baía a oeste da capital timorense, com os críticos a defenderem que a alternativa ao congestionado Porto de Díli deveria ser o Porto de Hera, atualmente usado pelo componente naval das Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL).

O executivo considera o projeto "uma prioridade para a futura prosperidade económica de Timor-Leste" e um dos "maiores projetos de investimento do país com uma parte significativa investida pela empresa vencedora".

O Porto da Baía de Tibar será "financiado em parte através do Fundo de Infraestruturas e em parte através de empréstimos concessionais a conceder pelo Banco Mundial, Banco Europeu de Investimento, Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) e outros parceiros multilaterais".

Futuras PPP estão pensadas para o Sistema de Abastecimento de Água em Díli - o Conselho de Ministros já analisou um estudo final de pré-viabilidade e o estudo de viabilidade está previsto para o início de 2016.

O projeto estreia em Timor-Leste o modelo de PPP, que será alargado progressivamente aos setores de transportes, energia, saúde e água, como nota a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano.

O Governo está também a avaliar uma eventual PPP para a gestão, operação e manutenção das duas centrais elétricas construídas em Hera e Betano. Por outro lado, está a analisar "possíveis parcerias com o setor privado na área da saúde", referem os textos orçamentais de 2016.

ASP // VM
Publicada por TIMOR AGORA

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J. Carlos

Angola. BICESSE 25 ANOS DEPOIS

Jornal de Angola, editorial

Os Acordos de Bicesse, assinados num dia como hoje do ano de 1991, pelo Governo da República de Angola e a UNITA, sob a mediação do Governo português, marcaram definitivamente a vida do país. Tratou-se da primeira experiência formal, testemunhada pela comunidade internacional, por via do qual representantes do Governo angolano se sentaram  à mesma mesa com a delegação da rebelião armada  para a busca da paz em Angola.

Em nenhum momento, o Governo de Angola, liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, emperrou os esforços para a busca de paz na medida em que demonstrou sempre sentido de Estado, de compromisso e de colocação dos interesses do país acima dos de natureza partidária. Não se pode dizer o mesmo da rebelião armada liderada por Jonas Savimbi cuja estratégia visava ir a Bicesse apenas como um passo táctico na busca do seu maior sonho, ser Presidente de Angola a qualquer preço.  

Um quarto de século depois, Bicesse continua como referência no que ao entendimento e paz entre os angolanos, a aceitação do repto do multipartidarismo e a retomada do conflito militar dizem respeito. 

Continua também como exemplo para todas as gerações no sentido de que o entendimento é sempre possível quando as partes estão comprometidas e desprovidas de agendas paralelas. Tratou-se de um ponto de partida histórico através do qual os angolanos abraçaram, com empenho e dedicação, um processo que, não fosse a intransigência e obstinação de uma das partes, dava ao país mais de 20 anos de prática democrática ininterrupta. 

Os Acordos de Bicesse tinham como espinha dorsal os Princípios Fundamentais para o estabelecimento da paz em Angola, Conceitos para a resolução de questões pendentes entre o Governo da então República Popular de Angola e a UNITA e o Protocolo do Estoril, que essencialmente visavam a paz e a democracia multipartidária. 

Tal como sucedera em Junho de 1989, na primeira grande iniciativa africana para a paz em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos aceitou o desafio, um ano depois, para estar em Bicesse.  Mais uma vez e curiosamente nada estranho, o líder  da antiga rebelião armada tinha dado “o dito por não dito”, expressão usada amplamente pela comunicação social nacional e estrangeira para descrever a actuação de Jonas Savimbi. Mais de 20 anos depois e numa altura em que numerosas evidências atestam  o papel que cada parte teve, podemos retirar ilações certas a respeito de quem mais se esforçou para que o processo não descarrilasse e quem fez o contrário. 

E não precisamos de recorrer a testemunhos de protagonistas, mas de uma das partes directas do processo, nomeadamente a antiga Representante Especial do Secretário-Geral e Chefe da Missão de Verificação das Nações Unidas (UNAVEM II), cujas recordações sobre o que se passou prevalece como um testemunho histórico. Não tinha sido um processo perfeito, mas todas as condições tinham sido criadas para que os partidos políticos partissem em igualdade de circunstâncias e meios. E numa altura em que o processo não tinha sido conclusivo, todo o mundo esperava que as partes recarregassem as suas baterias para a segunda volta das eleições multipartidárias em Angola.

“Na verdade, houve necessidade de uma segunda volta mas Savimbi, quando viu que não ia ganhar, começou a acusar todo o mundo dizendo que tinha havido fraude, uma fraude por parte do Governo, etc, etc, etc… Eu penso que ele não conseguia perceber que não ia ser presidente porque queria ser presidente a todo o custo. Foi uma surpresa muito desagradável para ele descobrir que não o seria”, disse Margareth Anstee, numa entrevista dada em tempos a um órgão de comunicação social.

Podemos dizer que da parte do Governo angolano, da missão da ONU e de toda a comunidade angolana, houve paciência suficiente para acomodar as “queixas e reivindicações” de Jonas Savimbi, o que de nada valeu. 

Na verdade, como a História demonstra, a UNITA de Jonas Savimbi nem acreditava no processo democrático e tinha uma estratégia bem montada no sentido da tomada do poder pela força.

Com a paz e o início do processo de democratização, sem a interrupção que sucedeu, Angola daria passos céleres em todos os aspectos, sem a perda de uma década inteira com o cortejo de mortes e destruição. 

Felizmente, os esforços para a busca da paz efectivaram-se em Abril de 2002, uma realidade que as várias rondas de conversações pós Bicesse nunca tiveram o sucesso esperado por razões óbvias. A ambição desmedida de Jonas Savimbi tornaram Bicesse e todas as outras iniciativas inúteis, independentemente do benefício da dúvida do Governo angolano que em nome da paz fez tudo o que pôde. 

Hoje, olhamos todos para Bicesse como um marco importante  enquanto meio por via do qual os angolanos se podem entender, reforçado pela realidade trazida pelo Memorando de Entendimento do Luena. 

Os Acordos de Bicesse ficam assim na História recente de Angola e deve constituir matéria para a compreensão do passado, para estudos e reforço do nosso processo de consolidação da paz e democracia.

Angola. PAULO CADI

Martinho Júnior, Luanda 

O Movimento de Libertação em África e nele o MPLA, tornaram-se nas décadas de 70 e 80 do século passado mobilizadores das aspirações mais legítimas dos africanos, conseguindo naturalmente, no caso de Angola, a aderência incondicional de várias gerações de quadros e militantes, a todos os níveis e em todas as latitudes e longitudes nacionais.

Quando ocorreu a saga da independência, na altura da consumação do Programa Mínimo do MPLA, por todo o país se sentiu a efervescência da juventude, que a quente viveu um momento ímpar: pela primeira vez os angolanos eram chamados a optar com vontade própria, assumindo-se; por isso uma parte substancial das crianças e dos jovens perceberam o seu papel e do que deles se esperava em termos de luta e em particular no âmbito dos anseios mais progressistas de então.

Dos jovens era o futuro e o MPLA comportava a doutrina e a ideologia capaz de lançar os alicerces desse futuro, apontando o rumo socialista do Programa Maior, pelo que não foi de estranhar a mobilização massiva da juventude dessa época telúrica e decisiva, que punha fim a séculos de injustiça histórica de tão má memória e de tão perversa manipulação.

À data da independência o camarada Paulo Cadi era uma criança de 11 anos de idade (nascido a 18 de Dezembro de 1964), de origem camponesa (filho de Paulo Cadi e Madalena Cololo), natural de Quimabaluquidi, área municipal de Quimbele na Província do Uíge e como muitos angolanos, ainda que habitantes das imensas extensões rurais, não deve ter ficado desapercebido dos expressivos acontecimentos que afectaram então todo o país.

Angola independente e soberana nascia dum parto sangrento, mas pujante nas suas forças para encarar os desafios futuros.

O que é facto é que já em 1977 com as mesmas motivações de milhões e milhões de outros jovens, ingressava na Organização dos Pioneiros Angolanos e dois anos depois, a 17 de Agosto de 1979, tornava-se membro da Juventude do MPLA, com o cartão nº 021710.

Lembre-se o que dizia na altura o camarada Presidente Agostinho Neto: “nós somos milhões e contra milhões ninguém combate”!... e mesmo que não fôssemos esses milhões, que dúvidas havia que o parecíamos efectivamente ser?

Nos primeiros anos da independência o MPLA levou muito a sério a necessidade de luta contra o analfabetismo e a JMPLA trabalhava com afinco integrando o pelotão daqueles que, onde quer que fosse, levavam a cabo as ingentes tarefas nesse sentido.

Coerente com o rumo que protagonizava, o MPLA foi também o rumo e a universidade para as crianças e a juventude, inspirando na essência da sua formação as realizações pessoais e estrutura ética e moral de cada um e do seu colectivo.

Tudo isso foi realizado num amplo resgate de direitos humanos que os poderosos da Terra tendem deliberadamente a olvidar: o próprio Movimento de Libertação comportava direitos humanos que até então jamais haviam sido alcançados pelos africanos, outrossim pelos angolanos, abrindo ao futuro da modernidade e do progresso o futuro de várias gerações, num longo processo de luta que se tornava cultura.

O camarada Paulo Cadi foi mobilizado no quadro do 1º contingente das Brigadas de ensino Comandante Dangereux, partindo como alfabetizador para a Província do Cunene, precisamente no lado oposto à sua Província de origem.

Em 1981, no rescaldo dessa patriótica tarefa, instalou-se no Huambo, onde assumiu um cargo no secretariado municipal da JMPLA, continuando ligado à Juventude do Partido em 1982, quando trabalhou na Empresa Agro-Pecuária da Quissala.

Por efeitos da Lei 12/82 sobre o Serviço Militar Obrigatório, é recrutado no Huambo em 1983, ingressando no Batalhão nº 536 da Luta Contra Bandidos da Segurança do Estado, numa altura em que as Províncias do Bié e do Huambo levaram a cabo mobilizações geo estratégicas contra os dipositivos de infiltração sustentados pelas South Africa Defence Forces, no âmbito de sua “guerra de fronteiras” que em 1975 se havia iniciado sintomaticamente com a Operação Savanah, na profundidade do território e na ânsia de tomar Luanda em sincronização com a Operação Iafeaure da CIA contra Angola.

Dadas as suas capacidades, o camarada Paulo Cadi frequentou no Huambo o curso de Contra Inteligência, sendo colocado sucessivamente ao longo de vários anos de convulsão armada como chefe do grupo de informação e análise do Sector Provincial de Operações Especiais, chefe da Secção Municipal de Operações Especiais do Bailundo e da Caála, chefe de Sector de Protecção Física e Segredo Estatal do Aeroporto Albano Machado (ENANA-Huambo), chefe da Delegação Provincial dos Transportes e Comunicações e por fim oficial de informação e análise da divisão AY na Delegação Provincial do SINFO em Luanda.

No Huambo o camarada Paulo Cadi participou nos expedientes de contramedidas como quadro da Segurança do Estado numa altura em que a cidade enfrentou uma onda sem precedentes de atentados e acções terroristas, algo que haveria de anteceder em Angola o futuro processo“somalizador” da década de 90 (que também outros “freedom fighters” tinham já levado a paragens como o Afeganistão)…

Chegou a ser subordinado do camarada capitão António Carlos, Delegado Provincial da Segurança do Estado, que faleceu em combate no Huambo no dia 9 de Julho de 1984…

Entre 1985 e 1992, em resultado do seu empenho, foi sendo sucessivamente patenteado, grau a grau, de Aspirante a 1º Tenente (Ordem Militar nº 45/CMD/FC/92 para este último).

Atravessou o camarada Paulo Cadi o período crítico de 1992 e 1993 alternando entre o serviço activo e a desmobilização, o que o motivou a corresponder à campanha de crescimento do MPLA no Huambo, passando a integrar a célula do MINTEC em 1995.

O camarada Paulo Cadi havia regressado depois da retomada da cidade capital da Província ao Huambo, integrando a Delegação do MINTEC, vocacionado justamente a dar a sua contribuição e empenho na reconstrução do que a guerra havia destruído.

Em 1996 no âmbito de VIª Conferência Provincial do MPLA o camarada Paulo Cadi e correspondendo aos seus méritos, tornou-se membro do Comité Provincial do Partido, com o cartão de responsável como o nº 694/99 e de militante nº 20791/97.

Aproveitando as oportunidades que o ensino foi concedendo no Huambo à medida do crescimento de estruturas de Educação do Estado Angolano, o camarada Paulo Cadi em 1999 conclui o curso pré-universitário na área de Ciências Sociais e em 2010, o curso de Geografia no Instituto Superior de Ciências de Educação.

Com a constituição da Acção Social Para Apoio e Reinserção, ASPAR, o camarada Paulo Cadi, conhecedor do Huambo e da comunidade de membros da ex-Segurança do Estado naquela Província, é nomeado Delegado Provincial da ASPAR, cargo que desempenhava com mérito e abnegação à hora de seu desaparecimento físico.

O camarada Paulo Cadi estava levando a cabo a construção da primeira Delegação Provincial da ASPAR no país, enquanto com toda a dignidade continuava a defender os interesses da comunidade, por muitos votada irresponsável e deliberadamente ao esquecimento e ao abandono.

Um acidente rodoviário no trajecto entre Luanda e o Huambo feriu gravemente o camarada Paulo Cadi a 17 de Novembro de 2015, que ainda resistiu seis meses ao infortúnio vindo a falecer no Huambo aos 17 de Maio de 2016.

Entre tantos e tantos milhares de patriotas, este é apenas um exemplo do muito que trouxe o MPLA ao rumo de Angola: atravessando décadas de guerra e beneficiando finalmente da paz, enquanto jovem absorveu a cultura da libertação, enquanto mancebo ingressou resolutamente nas fileiras que garantiam a independência e a soberania nacional e enquanto adulto trabalhou como um executivo provincial, estudou e foi sempre adquirindo conhecimentos, sem se inibir de dar o seu contributo em benefício de seus camaradas, qualquer que fosse o seu estatuto de existência.

A sua trajectória em vida, uma trajectória de luta e de sacrifícios, mas também de incalculáveis avanços em relação ao passado de trevas, marca, como tantos outros milhões e milhões de patriotas, a militância que o MPLA soube tornar extensiva cultura.

Para os outros camaradas militantes foi dignificante conhecê-lo, por que também com seu exemplo percebe-se além do mais que o rumo de Angola tem vitalidade humana intrínseca ao seu projecto de futuro, para além das contingências e vicissitudes que se atravessaram e se vão ter de atravessar.

Milhões e milhões de fios de vida patriótica como a do camarada Paulo Cadi sustentam humanamente a fibra da angolanidade, uma fibra cuja militância é historicamente impossível de subverter… e é isso que muitos desconhecem, ou propositadamente tentam fazer por não conhecer, confundidos na mistificação duma globalização que está longe, muito longe de ser uma escola de luta, de coerência, de amor colectivo pela liberdade e pela vida, de virtude solidária e de respeito para com a Mãe Terra.

Camarada Paulo Cadi, com o exemplo de tua trajectória humana, sabemos que Angola poderá continuar a aspirar em ir longe nos imensos resgates que ainda há que realizar! 

Fotos:
- Assembleia Provincial da ASPAR no Huambo, a 17 de Junho de 2011, presidida pelo camarada Brigadeiro Sacha, Presidente da ASPAR, com o camarada Paulo Cadi Delegado Provincial da ASPAR em primeiro-plano e ao fundo o camarada Muana Mundele, zeloso Vogal da ASPAR;
- O camarada Paulo Cadi no dia 20 de Novembro de 2011, durante o Conselho Consultivo Alargado da ASPAR em Luanda;
- Camarada capitão António Carlos herói do Huambo, que chegou a ser chefe do camarada Paulo Cadi, falecido em combate em 9 de Julho de 1984.

Roma: Condutores viram mulher a ser queimada viva e não pararam

Uma estudante italiana de 22 anos foi queimada viva pelo ex-namorado, em Roma, depois de terminar o namoro.
A estudante italiana Sara Di Pietrantonio morreu no domingo, em Roma, depois de ser atacada pelo namorado, contou a procuradora Maria Monteleone aos jornalistas. O corpo da jovem foi encontrado junto ao carro numa estrada na periferia da capital italiana.
Uma câmara de segurança na área capturou alguns dos momentos, incluindo carros a passar enquanto a jovem pedia ajuda. Para a procuradora Monteleone, se alguns desses carros tivessem parado a estudante ainda poderia estar viva.
Paduano, um segurança que namorava com a vítima há dois anos, perseguiu a vítima. Quando a alcançou regou-a com álcool e ateou o fogo com um isqueiro. As chamas acabaram por destruir o carro.
"Posso dizer que ao fim de 25 anos neste trabalho, nunca assisti a uma coisa tão atroz", disse Luigi Silipo, um polícia envolvido no caso ao portal informativo ITV.
De acordo com a equipa de investigação a trabalhar no caso, Paduano não conseguiu suportar o fim da relação, matando a ex-namorada. Depois de detido, acabou por confessar o crime.
Fonte: JN
Foto: EPA

Macroscópio – Uma obra-prima para distrair um pouco da actualidade

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

Hoje esta newsletter vai começar de uma forma pouco comum. O tema do dia, a que já iremos, foi a divulgação dos números do INE sobre o crescimento e o investimento, mas de temas por vezes “irritantes” – decidam os leitores pelo optimismo ou pelo pessimismo – temos aberto demasiadas vezes estas mensagens diárias. Por isso vou até ao sul de Itália, até Reggio Calabria, para vos dar conta do tesouro que aí guarda o seu Museu Arqueológico.

Há coincidências, e foi uma coincidência que me convenceu a fazer esta opção. E essa coincidência foi ter sido comentado num jantar com amigos o indispensável que era ver um dia os dois bronzes de Riace, as duas famosas estátuas gregas descobertas em 1972 por um mergulhador amador na baía dessa povoação italiana. Essa descoberta permitiu trazer à superfície duas magníficas esculturas, naquilo que muitos consideram ter sido um dos mais importantes achados arqueológicos do século XX. Poucas horas depois desta conversa encontrei no Wall Street Journal desse mesmo dia uma reportagem, The Riace Bronzes: Warriors Rescued From the Sea. Se antes de ler este artigo – e daquela conversa – já tinha aqueles dois bronzes no topo da lista das obras de arte que um dia gostaria de ver ao vivo, depois ainda fiquei com mais vontade de no futuro o poder fazer. Por isso aqui fica um pouco desse artigo, sublinhando as subtis diferenças entre as duas estátuas:
Warrior A looks off to his right—on the alert, ready for battle, his anatomy taut, breath retracted. The emphatic line running between his pectoral and abdominal muscles and down to the navel, an enduring vestige of archaic linear technique, is thus vertical, while there is a slight convexity to the abdomen’s profile. B, who some consider a later work, represents a counterpoint—and not just in terms of the much simpler treatment of his beard and hair. He reads as a commander after a battle. His body is relaxed as he exhales: hence the conspicuous curve to his pectoral-abdominal line, and the concavity in his abdomen. His head, tilted slightly downward and to his right, indicates a pensive mood, perhaps even weariness, rather than military readiness.

Feita esta espécie de interlúdio, temos de descer à terra e, nesta, aos números hoje revelados pelo Instituto Nacional de Estatística sobre o crescimento e o investimento em Portugal no primeiro trimestre. Houve uma pequena correcção em alta, de uma décima, da medida do crescimento face à anterior estimativa, mas os números mais detalhados revelam uma realidade mais preocupante, que este título sintetiza: INE. Afinal a economia cresceu 0,2% no primeiro trimestre, investimento cai pela primeira vez desde junho de 2013

É com estes números como pano de fundo que recomendo a leitura de alguns dos textos que o Jornal de Negócios reuniu na sua edição de hoje, comemorativa do 13º aniversário do jornal – aproveitando para dar os parabéns a esse jornal, que nasceu no online ainda no final da década de 1990 e só depois evoluiu para o papel. Dos muitos textos desta edição – que procuravam responder à questão O que é que Portugal tem de fazer para não depender da sorte? –, aqui ficam algumas passagens que me pareceram mais merecedoras de uma reflexão:
  • Portugal precisa de não contar com a sorte, de Teodora Cardoso: “Em Portugal, temos oscilado entre as duas posições, mas sempre na fase errada do ciclo: somos otimistas – mais exatamente despreocupados – enquanto tudo corre bem; analisamos riscos e somos obrigados a combatê-los quando o ciclo se inverte. Nessa altura, agravamos o clima depressivo e a ansiedade pelo regresso à anterior despreocupação. Deste modo acentuamos os arranques e as travagens em vez de os suavizar e, se é certo que temos podido contar com uma extraordinária capacidade de adaptação do país a estes solavancos, é já mais do que tempo de reconhecermos que essa escolha política é um tremendo fator de atraso que o país não merece”.
  • Um consenso político que assuma as dificuldades, de João César das Neves “A esmagadora dívida pública e privada actual traça-nos um percurso que pouco depende da sorte. Nos próximos anos é certo e seguro que vamos viver em austeridade e venda de património, até conseguirmos recuperar a nossa independência. A alternativa de revolta e calote, que alguns recomendam, resultaria numa situação com ainda menos sorte, no isolamento, descrédito e caos. Nos próximos anos, portanto, dependeremos pouco da sorte.”
  • O desafio de Portugal no pós-crise, de Subir Lall, que foi chefe da missão do FMI: “A recente dinâmica do crescimento e do desemprego servem para lembrar que continua a ser extremamente importante elevar o potencial de crescimento da economia no longo prazo. E isso só é alcançável com a implementação de reformas estruturais perfeitamente focalizadas na melhoria da competitividade externa da economia e na flexibilidade necessária em todos os membros de uma união monetária. Este é o melhor caminho para o sucesso de Portugal não depender da sorte”.
  • Portugueses têm de sentir que é possível fazer mais e melhor, de António Horta Osório: “Temos de ter como objetivo prioritário crescer mais e subir  significativamente o nível de vida dos portugueses, como fez, por exemplo, a Irlanda. Para isso, é necessário trabalhar mais ou trabalhar melhor (aumentar a produtividade). Costumo dizer à minha equipa que o único sítio onde o "sucesso vem antes do trabalho" é no dicionário. Ao mesmo tempo, o país tem de estimular a concorrência, baixar o peso do Estado e libertar espaço para baixar impostos e estimular a iniciativa privada. E temos de viver dentro das nossas possibilidades para não aumentarmos a dívida para níveis incompatíveis, como aconteceu no passado, o que, como vimos, se traduz inevitavelmente em impostos no futuro.”
  • Sistema bancário - de onde vem e para onde deve ir, de Carlos Costa: “O sistema bancário português não tem um problema de solvência. A sua capitalização aumentou e situa-se hoje em 12,4%, acima dos mínimos prudenciais. Isto depois de ter registado e absorvido imparidades de mais de 30000 milhões de euros no período de 2010 a 2015. Há, no entanto, o risco de termos bancos capitalizados para o volume de negócios que têm, mas com baixa rentabilidade e, por consequência, incapazes de crescer. Esta realidade penaliza o "price to book value", gerando grande vulnerabilidade a ‘takeovers’ e riscos de o sistema bancário nacional ser apanhado num processo de consolidação à escala europeia com elevado desconto”.
  • Portugal depende das decisões que seremos capazes de tomar, de Carlos Moedas: “Conheço bem a dificuldade de consolidar as finanças públicas numa época de fragilidade económica, e sei também que têm sido feitos esforços consideráveis neste domínio. Portugal está inserido numa União Económica e Monetária, com uma política monetária e um Banco Central. É fundamental que seja seguida uma política orçamental responsável, não só para assegurar o cumprimento das regras, mas também, desde logo, para garantir a reputação internacional do nosso país, cuja perda seria catastrófica para a economia real.”

A seguir deixo-vos uma lista, não exaustiva, dos textos escritos para essa edição especial:
Mas se nestes textos, mesmo nos escritos por responsáveis políticos, se nota um forte pendor para tratar os temas da economia, complemento-os com uma sugestão mais política, relativa ao texto que Rui Ramos escreveu hoje no Observador, O presidente, Costa e os outros. Onde defende, por exemplo, que “Não é por acaso que desde Novembro muita gente espera que o PCP e o BE despeguem, senão neste, então no próximo orçamento. Porque isso permitiria ao presidente e a Costa clamar que bem tentaram, mas que esta maioria, com esta composição ou nas actuais proporções, não serve para governar na UE. (…) O problema é que não é claro que o PCP e o BE queiram fazer o favor de sair. Com o actual arranjo, o PCP salvou os seus sindicatos de um declínio irremediável, e voltou a tutelar ministérios (…); o BE aumentou os seus tempos de antena e deu carreiras mediáticas à sua “nomenklatura”. Henrique IV, quando se converteu ao catolicismo para chegar ao trono de França, terá dito que Paris valia bem uma missa. E se o poder, para o PCP e o BE, valer bem a austeridade?

A terminar saio de novo de Portugal para vos introduzir uma polémica que vai dar que falar, estou seguro. Refiro-me à publicação numa das principais revista do FMI de um artigo com um título no mínimo provocatório: Neoliberalism: Oversold?. Artigo que era assim introduzido: “Instead of delivering growth, some neoliberal policies have increased inequality, in turn jeopardizing durable expansion”. O editorial de hoje do Financial Times é bastante crítico desta publicação. Em A misplaced mea culpa for neoliberalism defende-se que “The International Monetary Fund should stick to its knitting and tackle the decline in productivity” mas vai-se mais longe ao atacar directamente a frase que serve de mote ao trabalho: “The word “some” did a lot of work in that sentence. When it came to favoured IMF policies, the authors from the fund’s research department conclude that competition, global free trade, privatisation, foreign direct investment and sound public finances in the vast majority of countries all pass muster. That exonerates most of what passes as neoliberalism. Instead of this vast array of settled good practice, the article calls into question two policies: unfettered international flows of hot money, and excessively rapid efforts to reduce public deficits. None of this navel-gazing is remotely new or innovative.”

Não custa a prever que este trabalho faça correr muito mais tinta, e o Macroscópio continuará atento, mas por hoje despedimo-nos, com o nosso habitual “até amanhã”. A que hoje acrescento um voto especial: o de que possa o maior número dos leitores um dia apreciar, em Reggio Calabria, os portentosos bronzes de Riace.

 
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