terça-feira, 30 de novembro de 2021

“De Barrabás a Jesus – Convertido por um olhar”

 

  • Plinio Maria Solimeo

Quem não assistiu o filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson? Um de seus mais impressionantes atores foi Jim Caviezel [na foto acima na sua representação de Jesus Cristo, junto com Mel Gibson], interpretando Nosso Senhor. Bom católico, bem casado e pai de três filhos adotivos — coisas raras em Hollywood ––, desempenhou seu papel com toda a seriedade e competência.

Entretanto, um ator que teve um papel secundário no filme — o de Barrabás — não deixa de nos impressionar; não tanto por sua atuação, também digna de nota, mas pelo fato de se ter convertido — como ele mesmo afirma — ao desempenhar seu papel. Trata-se do italiano Pedro Sarubbi, que tem uma história bastante curiosa, narrada no livro Da Barabba a Gesù – Convertito da uno sguardo (De Barrabás a Jesus – Convertido por um olhar) [foto ao lado], comentado pelo site católico Religiónen Libertad.

Segundo ele afirma à revista Família Cristã (que curiosamente citamos como publicada no site Clarim, da Diocese de Macau, antiga possessão portuguesa na China), seu caso não foi único, pois durante a rodagem de seu filme houve muitas outras conversões, além de fatos tidos como inexplicáveis e mesmo milagrosos.

Quem era Pietro Sarubbi? [foto ao lado] Ele conta em seu livro que era fanático pelo teatro, o que o levou, ainda adolescente, a fugir de casa com uma companhia circense. Depois começou a percorrer o mundo, crendo que “em algum lugar poderia preencher o vazio espiritual” que o afligia.

Ele afirmou à Família Cristã ter sido a contragosto que aceitou o papel de Barrabás no filme porque, como se restringia a apenas a uma cena, ganharia muito pouco. Mas depois cedeu à insistência de Mel Gibson, que lhe prometeu uma importância maior.

Participou assim de uma das cenas mais pungentes do famoso filme, quando o indeciso e covarde Pôncio Pilatos, querendo salvar o Redentor, traz à cena o celerado Barrabás, e dá à turba a opção de escolher entre os dois, para ver quem deixaria livre.

O site Aleteia em português, citando o ator, assim descreve o que sucedeu então: “A cena avançava, e Pietro [Sarubbi] encarnava os acontecimentos de tal forma, que já nem atuava conscientemente. Quando as autoridades libertam Barrabás, escolhido pela multidão no lugar de Jesus, o bandido, entre incrédulo e exultante, fitava os poderosos e depois a turba com ironia. É quando desce as escadas e o seu olhar se cruza com o de Jesus. Pietro diz o que ocorreu então: “Foi um grande impacto. Eu senti uma corrente elétrica entre nós. Eu via o próprio Jesus”.

Pedro Sarubbi e no telão ele na interpretação de Barabbas

Sarubbi entra em mais detalhes para a revista Família Cristã“Ao fazer a cena que me cabia, aconteceu este olhar incrível que o ator que fazia de Cristo (Jim Caviezel) me deu na cena que gravávamos. A cena foi repetida 54 vezes, mas só na primeira foi tão intensa e explosiva, e foi aí que me aconteceu uma coisa singular. Eu parei, tinha a respiração bloqueada, não entendia o que estava acontecendo. Isto aconteceu [na filmagem] com mais gente, como o Cireneu, a Verónica, com outros; mas o primeiro olhar foi comigo. O olhar era tão forte e verdadeiro, que criava como que uma suspensão da realidade, que durou um minuto. Um minuto na vida é nada, mas naquele contexto, em que o plano dura quatro ou cinco segundos, foi algo que me impactou profundamente”.

O ator continua em Aleteia: “E foi graças à força daquela cena compartilhada com o colega Jim Caviezel, intérprete do Cristo ali condenado ao suplício horrível da morte na cruz, que uma paz desesperadamente procurada ao longo de tantos anos finalmente inundou a alma do incrédulo ator italiano: ‘Quando olhou nos meus olhos, os olhos de Jesus não tinham ódio nem ressentimento. Só misericórdia e amor’”.

Jim Caviezel e ele no papel interpretando Jesus Cristo

O ator diz que, em consequência do ocorrido, “naquela noite não saí, não conseguia. Pedi o jantar no quarto, mas não jantei, e a televisão ficou desligada. Fui para a cama, pensei que estava doente, e fiquei com medo do escuro pela primeira vez na minha vida. […]. Liguei o abajur junto à cama, e fiquei toda a noite sentado nela pensando naquele olhar. Era um olhar que trazia uma pergunta que eu não compreendia e me desestabilizava. Ele afirma ainda, no tocante à sua vida: Fiz uma longa pesquisa antropológica, como homem e como ator. Fui instruído nas artes marciais do mosteiro Shaolin; fiquei em um mosteiro tibetano por seis meses, em voto de silêncio; pratiquei meditação na Índia; e vivi na Amazônia [onde aprendeu o português]. No final desta busca encontrei em Jesus”.

O relato de Pietro sobre o olhar que tanto o impressionou, ocasionou-lhe muitos testemunhos de simpatia. Um deles foi de um sacerdote, que se propôs a ajudá-lo a explicitar o que o impactara. Então, “encontramo-nos, e aí começou o meu encontro com a Igreja Católica. Fiz de tudo para resistir, mas não consegui. Eu parava, mas o coração me puxava. E isto mudou toda a minha vida, a minha relação com a família, os meus filhos, a Igreja, o meu trabalho”. Em Família Cristã, ele continua: “Com este filme, descobri [que] a pertença total a Cristo [deve ser] 24 sobre 24 horas, e um Cristo que está perto de ti em todos os momentos da vida”.

Pietro correspondeu e passou a agir em consequência. Por isso lemos ainda em Aleteia: Eu não era casado

(vivia maritalmente)

mas depois da minha conversão, quis me casar, ser digno de receber a Eucaristia. Nas primeiras vezes em que fui à Missa depois da minha conversão, fui com meus filhos e minha esposa. A certa altura, uma das minhas filhas começou a preparação para a primeira comunhão, mas depois de receber toda a catequese, falou para o padre que não queria receber a Eucaristia. Espantado, ele perguntou por que, e ela disse: ‘Porque a Eucaristia é muito amarga’. ‘E como é que você sabe, se nunca experimentou?’. E ela respondeu: ‘Eu sei porque toda vez que o meu pai comunga, ele chora’”. Pietro Sarubbi exclama exultante“Esta é a Eucaristia na minha vida!”.

ABIM

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Fontes:

– https://www.oclarim.com.mo/todas/com-este-filme-descobri-a-pertenca-total-a-cristo/

– https://pt.aleteia.org/2021/11/12/ator-que-interpretou-barrabas-nao-temos-consciencia-do-milagre-da-eucaristia/?utm_campaign=EM-PT-Newsletter-Daily-&utm_content=Newsletter&utm_medium=email&utm_source=sendinblue&utm_term=20211113http://www.religionenlibertad.com/el-actor-que-interpreto-a-barrabas-en-la-pasion-de-cristo-34990.htmhttp://blog.comshalom.org/carmadelio/40378-um-olhar-mudou-vida-ator-pietro-sarubbi-que-interpretou-o-papel-de-barrabas-filme-paixao-de-cristo-de-mel-gibson;  http://blogs.odiario.com/inforgospel/2014/04/16/ator-que-interpretou-barrabas-em-paixao-de-cristo-escreve-livro-de-sua-conversao-confira/

A produção permanente do caos

 

  • Péricles Capanema

Chacina da segurança jurídica. Caso o plenário do STF decida majoritariamente a favor do relatório (e voto) do ministro relator Edson Fachin no julgamento do RE 1.037.365 (a momentosa questão do marco temporal), teremos inevitavelmente, pelos anos afora, a produção permanente do caos no campo brasileiro, graduada apenas segundo conveniências dos movimentos revolucionários e do grupo político que tenha as rédeas em Brasília. Evaporará a segurança jurídica. E com ela desaparecida, cairá o investimento na agricultura, minguará o desejo de poupar e produzir dos produtores rurais, a produtividade despencará, tombarão a geração de emprego e renda. Produção menor, alimentos mais caros nas cidades.

Conceito de índio. O caos começa aqui. O leitor já imaginou qual é o conceito de índio segundo o direito em vigor no Brasil? Quem pode ser chamado de índio no Brasil? Imagine por segundos uma definição, qualquer uma, e depois tome o choque da realidade. O voto do ministro Kassio Nunes Marques no referido RE 1.017.365, esclarece com nítida singeleza a noção: “Índio pode ser entendido como qualquer membro de uma comunidade indígena que seja aceita como tal”. Vive numa comunidade; é aceito por ela como membro. Pronto. É índio. E comunidades indígenas podem existir no mato, nas periferias, no arranha-céu de uma grande capital. Dessa forma, um norueguês imigrante, louro, olhos azuis, com pai e mãe vivendo na Noruega, e que resolva viver (e é aceito) numa comunidade indígena brasileira, sabe o que é, segundo o Direito brasileiro? Índio. E, se ao lado dele, estiverem 100 suecos e 200 dinamarqueses nas mesmas condições? Simples, mais 100 suecos e 200 dinamarqueses índios. Pode ser, claro, um norueguês revolucionário profissional, agitador etc. E que não saiba uma palavra de nenhum dialeto indígena. O professor José Afonso da Silva, citado por Nunes Marques, reforça a tese: “O sentimento de pertinência a uma comunidade indígena é que identifica o índio”.

Moradia dos índios. O caos continua aqui. Onde moram os índios? O ministro Kassio Nunes Marques cita a estatística mais recente que tinha em mãos: “Em 2010, dos 817.963 índios que habitavam o País, 315. 180 já se encontravam em cidades, como indicou o Censo Demográfico realizado pelo IBGE”. Hoje, a proporção será maior; certamente população majoritariamente urbana. Como viviam nas tabas e cidades? Cita em abono de suas considerações Edson Vitorelli Diniz Lima: “O que se quer afirmar em linguagem mais vulgar, é que o índio não deixa de ser índio por usar calça jeans, telefone celular ou computador”. Bons exemplos, agora. Txaí Suruí [foto ao lado], a índia que representou as comunidades indígenas na COP-26 cursa Direito em Porto Velho. Nasceu lá. A mãe dela (d. Neidinha Suruí) chama-se e Ivaneide Bandeira Cardoso, é filha de seringueiros, mora em Porto Velho desde os 12 anos, não tem sangue indígena, próximo pelo menos, tem 5 filhos, dos quais dois com o cacique Almir Suruí. O seu Almir trabalha em Porto Velho como assessor de ong indigenista. D. Neidinha tem graduação em História, mestrado em Geografia e é doutoranda, também em Geografia — universidade federal. À vera, família de ativistas, que vive do ativismo.

Posse indígena, negotium perambulans in tenebrisMais caos derivado de ativismo extremista, que cavalga irresponsabilidades teóricas e conceitos delirantes. Estes 800 mil índios, dos quais mais de 300 mil vivem em cidades, segundo o censo do IBGE de 2010, têm em geral as preocupações do brasileiro comum (emprego, estudo, diversão). Sofre com o desemprego, assistência precária do Estado, educação ruim. E nas reservas com o garimpo ilegal, invasões, bandos criminosos. Na maioria das vezes, suas preocupações são as de um brasileiro de condições modesta: alimentos, emprego, segurança, educação, crescer na vida. Com base nos institutos do Direito Civil referentes aos vários tipos de posse e à propriedade, v. g.. usucapião, decadência, prescrição, seria possível obter situações vantajosas para os indígenas. Favoreceriam seu crescimento pessoal, prosperidade, inserção e participação na sociedade brasileira. Lembra o ministro Nunes Marques em seu voto: “A posse civil, baseada na teoria objetiva de Jhering, é o exercício de fato, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (art. 1196 do Código Civil). Consiste na exteriorização fática da propriedade”. Simples e claro. A posse indígena tem como base a teoria do indigenato, adotada pela Constituição Cidadã. É um avantesma. O ministro Nunes Marques tentou — inutilmente, é verdade, talvez por ser tarefa impossível — pôr um pouco de clareza no frankenstein teórico: “A posse indígena não corresponde ao simples poder de fato sobre uma coisa para sua guarda e uso, com consequente ânimo de tê-la como própria. É instituto constitucional embasado na ancestralidade e na valorização da cultura indígena, cuja função é manter usos, costumes e tradições”. Atenção, embasada na ancestralidade. Os índios ali estiveram, têm direitos de ali manter costumes. Inclusive a dona Neidinha, e as centenas de milhares de pessoas em situações análogas, que de indígena nada têm. Tudo é muito contraditório? É. Mas a doutrina sobre a qual descansa a legislação, disse eu, e repito, é um frankenstein. Dá margem para tudo. O próprio ministro Nunes Marques reconhece que, com base nela, todo o Brasil poderia ser transformado em terra de posse indígena: “A teoria do indigenato foi desenvolvida no começo do século XX por José Mendes Junior. Segundo ela, a posse indígena sobre as terras que tradicionalmente ocupam é tida como direito congênito, inato, anterior à criação do Estado brasileiro. […] Em seu grau máximo, a teoria do indigenato teria potencial de eliminar até o fundamento da soberania nacional. Se o índio era senhor e possuidor de toda a terra que um dia fora sua, por direito congênito, como poderia o Brasil justificar o seu poder de mando sobre o território […] em processo de devolução aos legítimos senhores?”

Produção do caos. Dorme na curva da esquina um caos agrário tecido com expropriações sem indenização e inseguranças insolúveis. Estará sempre ameaçador no horizonte se dormirem no ponto as lideranças responsáveis. É a espada que paira sobre a cabeça dos produtores rurais. Sobre a cabeça de cada brasileiro.

Tábua de salvação no PL 490. Como afastar a ameaça, que pode estar próxima? Há um modo factível, aprovar o PL 490, que já pode entrar em pauta na Câmara Federal. A nova lei instauraria em larguíssima medida a segurança jurídica no agro brasileiro.

ABIM

It’s Ok To Not Be Ok | Joana Almeida: "Com o teletrabalho expusemos uma parte de nós que não fazíamos habitualmente"

 Joana Almeida, advogada e Diretora de Recursos Humanos da Morais Leitão, conta-nos porque é que “It's Ok To Not Be Ok”. Já pode ouvir o segundo episódio do podcast produzido em parceria pela MadreMedia e o LACS.~

Direito à saúde mental. É um termo que, no último ano e meio, começámos a ouvir cada vez mais nas mais diferentes esferas da sociedade devido ao impacto que a pandemia teve na vida de cada um de nós. Os confinamentos, as restrições de movimentos e as limitações de eventos prejudicaram a forma como nos relacionamos uns com os outros, seja pessoal ou profissionalmente.

No segundo caso em específico, uma série de pessoas teve de lidar com problemas do foro mental que não tinha encontrado antes e, em muitos casos, encontrou uma série de barreiras na hora de comunicar isso à entidade empregadora. A saúde mental é considerada motivo para pôr baixa? Como explico a minha necessidade de desligar o computador a partir de certa hora, no regime de teletrabalho? De que forma comunicar este problema pode prejudicar a minha carreira?

Estes foram alguns dos temas discutidos no segundo episódio do podcast "It’s Ok To Not Be OK", que contou com a presença de Joana Almeida, advogada e Diretora de Recursos Humanos da Morais Leitão, que partilhou não só a sua experiência, mas também algumas possíveis respostas a estes desafios.As conversas são gravadas no edifício do LACS, nos Anjos, em Lisboa, onde a MadreMedia tem instalado o estúdio “Next” de produção de conteúdos.

"It’s Ok To Not Be Ok" é uma série produzida em parceria pela MadreMedia e o LACS, onde se fala da saúde mental e do bem-estar no contexto da nossa vida profissional e do que as empresas podem fazer para promover formas que permitam vive e trabalhar melhor.

É isso que vamos procurar fazer nesta série de conversas em desafiámos empresários e gestores a partilhar as suas histórias de como a pandemia mudou a forma como trabalhamos e como nos vemos no mundo do trabalho.

Ouça o segundo episódio do podcast "It's ok to not be ok" com Joana Almeida no Spotify

Sobre o LACS:

LACS é um cluster criativo aberto à sociedade e dedicado às indústrias criativas, com três espaços em Lisboa e Cascais. Oferecemos espaços de trabalho flexível e experiências que possibilitam formas inovadoras de trabalho e oportunidades de networking, permitindo aos nossos membros que aprendam, criem e evoluam. No LACS procuramos abordar as diferentes formas de trabalho, que estão em constante alteração, bem como abordar a vida na sociedade de hoje em dia, permitindo que os nossos membros atinjam níveis de inovação e competitividade mais elevados através da cultura e da arte.

Sobre a MadreMedia:

MadreMedia é uma empresa de inovação em media, focada na criação de conteúdo para plataformas digitais e no desenvolvimento de soluções tecnológicas que melhor sirvam esse conteúdo. Entre os seus principais projetos tem a plataforma online de notícias SAPO24 e o programa de TV The Next Big Idea, transmitido na SIC Notícias. A MadreMedia também tem uma agência de conteúdos que desenvolve formatos para todas as plataformas seja em vídeo, áudio ou texto.


Para informações adicionais consultar
https://open.spotify.com/episode/5OaXizl83P8lPM0k7alGsO?si=71ac7bf6f17c4954

PRIMEIRA ASSEMBLEIA INTERMUNICIPAL DA CIMRL NA MARINHA GRANDE

 O Auditório da Resinagem, na Marinha Grande, foi o local escolhido para a realização da primeira reunião deste mandato da Assembleia da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, que decorreu, esta noite, 29 de novembro.

Esta foi a primeira reunião da Assembleia Intermunicipal do mandato 2021/2025 e a primeira vez que a Marinha Grande acolheu uma reunião deste órgão.
Contou com a presença dos presidentes da Câmara e dos representantes da Assembleia Municipal dos 10 municípios que integram a CIMRL.


A reunião teve ordem de trabalhos:
1. Instalação da Assembleia Intermunicipal da CIM da Região de Leiria;
2. Eleição da Mesa da Assembleia Intermunicipal;
3. Regimento da Assembleia Intermunicipal;
4. Eleição, sob proposta do Conselho Intermunicipal, do Secretariado Executivo Intermunicipal;
5. Tomada de Posse do Secretariado Executivo Intermunicipal, dada pelo Presidente do Conselho Intermunicipal, perante a Assembleia Intermunicipal.

Barcelos | Estudantes do IPCA vão adaptar brinquedos às necessidades de crianças com deficiência

A adaptação de brinquedos para utilização por crianças com deficiência motora e/ou cognitiva e a reparação de brinquedos antigos ou novos para doação são dois dos principais objetivos da iniciativa Oficina do Brinquedo que arranca, no dia 18 de dezembro, na Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), em Barcelos, no âmbito das comemorações do aniversário da instituição.

A ideia de retomar este projeto do IPCA partiu de João Fernandes, estudante do 3º ano do curso de licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, que decidiu levá-lo ainda mais longe, reforçando o impacto social da iniciativa.

Segundo explica, além da adaptação e reparação de brinquedos, a Oficina vai envolver “uma campanha para angariação de brinquedos novos e antigos, a elaboração de controladores de videojogos para pessoas com deficiência motora e/ou cognitiva e a criação de controladores de computador para pessoas com incapacidade”.

De forma a fazer renascer o projeto Oficina do Brinquedo, João Fernandes reativou uma parceria com a Associação de Pais e Amigos de Crianças (APAC) de Barcelos, depois de perceber que “há muitas crianças com deficiência que necessitam de brinquedos adaptados, mas eles ou não existem no mercado, ou são muito caros”.

Esta nova fase do projeto conta, ainda, com o envolvimento de outros parceiros, entre os quais a Associação de Solidariedade e Ação Social (ASAS) de Santo Tirso. Neste âmbito, no próximo dia 18, no corredor da Escola Superior de Tecnologia do IPCA, um grupo de jovens da ASAS vai juntar-se a 20 estudantes do IPCA, numa ação que visa proporcionar a experienciação da Engenharia Eletrotécnica e o Ensino Superior.

“O alargamento da Oficina do Brinquedo à dimensão do ensino da eletrónica e da reparação aos jovens da ASAS visa responder a uma necessidade que detetamos: capacitar os jovens com dificuldades socioeconómicas, que são um pouco esquecidos pela sociedade devido a já não serem crianças, e mostrar-lhes que a sociedade também se importa com eles”, explica João Fernandes.

O grupo de jovens da ASAS vai assim aprender conhecimentos básicos das componentes técnicas da eletrónica, adquirindo competências que lhes permitirão fazer a manutenção e o conserto de brinquedos dos colegas mais novos. Por outro lado, acredita João Fernandes, estes conhecimentos poderão abrir-lhes a porta de um emprego futuro.

Tendo em vista a ação do próximo dia 18, João Fernandes lança por isso o apelo à comunidade académica do IPCA e a toda a população para doação de brinquedos novos ou usados, que serão adaptados às necessidades de crianças com deficiência e, depois, oferecidos à APAC e à ASAS. Os brinquedos deverão ser entregues nos respetivos pontos de recolha, que estarão disponíveis no Campus e nos vários polos do IPCA.

O projeto da Oficina do Brinquedo conta com o acompanhamento de vários docentes da Escola Superior de Tecnologia do IPCA, entre os quais Vítor Carvalho (diretor da escola), Duarte Duque, Daniel Miranda e José Brito, além do apoio dos respetivos serviços e da colaboração dos colegas de curso, em particular Diogo Araújo.

Ana Teixeira

Câmara Municipal de Lamego atribui Bolsas de Estudo para o Ensino Superior

  

As candidaturas para as bolsas de estudo – ano letivo 2021/2022 – já se encontram disponíveis e prolongam-se até dia 17 de dezembro.

Com o intuito de apoiar e incentivar o acesso dos estudantes do concelho ao Ensino Superior, a Câmara Municipal de Lamego vai atribuir 12 Bolsas de Estudo para o ano letivo 2021/2022, sendo que as mesmas incluem renovações e primeiras atribuições. Cada Bolsa contempla a atribuição de uma mensalidade de 100€, ao longo de dez meses, num total anual de 1000€.

Destinadas a estudantes residentes no concelho de Lamego que frequentem ou ingressem no Ensino Superior (Universidades, Institutos Politécnicos, Institutos e Escolas Superiores), as Bolsas são concedidas tendo em conta o menor rendimento per capita do respectivo agregado familiar; o melhor aproveitamento escolar; a menor idade do candidato; e os alunos que frequentem os estabelecimentos de ensino superior do concelho, ou fora deste, cujos cursos considerem as necessidades específicas do mercado de emprego da região.


Para Francisco Lopes, presidente da Câmara Municipal de Lamego, «estas Bolsas de Estudo pretendem, acima de tudo, apoiar os alunos lamecenses economicamente mais carenciados e que de outra forma teriam uma maior dificuldade no acesso aos estudos. Por outro lado, é importante sublinhar também que estes apoios são não só uma forma de estimular a frequência de cursos superiores, melhorando o tecido económico do concelho, mas também de possibilitar a formação de quadros superiores, contribuindo para um equilibrado desenvolvimento social, económico e cultural.»


As candidaturas às bolsas municipais estão disponíveis até 17 de dezembro, através de entrega da documentação necessária nos serviços da Câmara Municipal de Lamego ou do envio através dos correios.

Mais informações em https://www.cm-lamego.pt

4.º Seminário “Gestão de Espécies Invasoras” promovido pela ESAC passa ao formato exclusivamente on-line _ 3 de dezembro | 14h00 às 17h00


Na sequência da Resolução do Conselho de Ministros n.º 157/2021, que declara a situação de calamidade no âmbito da pandemia da doença COVID-19 e define novas regras de proteção da saúde individual e coletiva dos cidadãos, a Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC) irá promover a 4.ª edição do Seminário " Gestão de Espécies Invasoras" exclusivamente on-line (plataforma Zoom). Recorde-se que o evento, agendado para o próximo dia 3 de dezembro, das 14h00 às 17h00, estava inicialmente previsto realizar-se presencialmente (na ESAC-IPC) e com transmissão on-line.

Os interessados em participar devem inscrever-se em tiny.cc/GestaoInv, até 2 de dezembro. Para mais informações devem contactar para o e-mail hmarchante@esac.pt.

“Vespa-das-galhas-do-castanheiro em Portugal: evolução e meios de luta”, “Espécies exóticas invasoras lenhosas – desenvolvimento para uma nova abordagem de combate”, “Dinâmica de invasão da vespa-asiática em Portugal: o que ainda podemos fazer?”, “O papel do SEPNA na temática das espécies invasoras”, “Espécies Invasoras e sua relação com o fogo – o projeto Acacia4FirePrev”, “Desafios de gerir jacinto-de-água no Município de Montemor-o-Velho” e “Controlo natural de acácias: um contributo para a gestão destas espécies” são as temáticas em abordagem neste seminário, que é promovido no âmbito da Unidade Curricular de Gestão de Espécies Invasoras do Mestrado em Recursos Florestais da ESAC, pela Professora Hélia Marchante.

Porto de Mós | Natal Encantado 2021 - 5ª Ediçã

Com esperança, em segurança e com muito encanto, o Natal Encantado de Porto de Mós está de regresso às ruas com muitas atividades e animação, para toda a família viver a época natalícia com calor, aconchego e alegria!

O Natal em Porto de Mós é diferente, acolhedor e familiar. As aldeias de Natal, os espetáculos, as oficinas e os desfiles podem ser vividos com tranquilidade. Há ainda espaço para os mais pequenos soltarem a energia, na Gruta das Estrelas ou beber um chá quente acompanhado com doçaria caseira na Toca dos Duendes.


Motivos para nos visitar não vão faltar! Acompanhe o nosso programa, inscreva-se nas atividades e espetáculos em https://linktr.ee/cmpm_cultura e torne o seu Natal ainda mais Encantado!

 

Ver programa completo.

Candidaturas para entidades promotoras de Campos de Trabalho Internacionais 2022

 Associações Juvenis, IPSS, ONG e outras podem ser apresentar propostas de 1 a 31 de dezembro.

Estão abertas de 1 a 31 de dezembro as candidaturas para entidades promotoras de Campos de Trabalho Internacionais 2022.

Podem apresentar propostas todas as organizações juvenis, IPSS, ONG, entre outras, para realização de atividades de 1 de julho a 30 de setembro de 2022.

Áreas das candidaturas:

· Ambiente

· Arqueologia 

· Sociocomunitária 

· Restauro e valorização do património histórico-cultural.

Mais informações em:

https://ipdj.gov.pt/noticias/candidaturas-para-entidades-promotoras-de-campos-de-trabalho-internacionais-2022

Estudo da Universidade de Coimbra revela como a doença de Parkinson pode ter origem no intestino

 Cientistas da Universidade de Coimbra (UC) revelam como a doença de Parkinson pode ser desencadeada no intestino e daí progredir para o cérebro. Os resultados do estudo acabam de ser publicados na Gut, revista internacional de referência na área da gastroenterologia, e representam mais uma peça fundamental do complexo “puzzle” daquela que é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo e com tendência para aumentar nas próximas décadas.

O estudo decorreu durante os últimos cinco anos no Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC), e foi financiado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) em mais de meio milhão de euros.

A equipa, liderada por Sandra Morais Cardoso, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), e por Nuno Empadinhas, investigador do CNC-UC, estudou, em ratinhos, os efeitos da ingestão crónica de BMAA, uma toxina produzida por cianobactérias e outros micróbios, e que se pode acumular, por exemplo, em alguns animais aquáticos como bivalves, mariscos e peixes.

Partindo de estudos anteriores, que apontam para a existência de vários “tipos” de doença de Parkinson, os cientistas da UC demonstram, pela primeira vez, que a ingestão crónica desta toxina microbiana ambiental elimina grupos muito específicos de bactérias que protegem a mucosa intestinal e que regulam a imunidade ao nível dessa barreira essencial. A partir daqui, inicia-se uma cadeia de eventos que se propaga até uma região específica do cérebro, danificando sobretudo as mitocôndrias, organelos que, entre outras funções, atuam como fábricas de energia das células.

«Caracterizámos os efeitos desta toxina, desde a erosão seletiva do microbioma intestinal à alteração da imunidade no íleo (região específica do intestino), até à degeneração específica dos neurónios que produzem dopamina no cérebro. Curiosamente, a alteração da barreira e imunidade intestinal levou a que o marcador cerebral clássico da doença surgisse primeiro no intestino», explica Sandra Morais Cardoso, clarificando ainda que «a propagação é lenta e progressiva e pode ocorrer através do sangue ou do nervo vago (que liga o intestino ao cérebro), até chegar à região do cérebro associada à doença de Parkinson, onde afeta as mitocôndrias desses neurónios, que acabam por morrer».  

Considerando que o diagnóstico clínico da doença de Parkinson só ocorre quando surgem os primeiros sintomas motores (tremores, rigidez muscular e movimentos lentos), este estudo indica que a doença pode, em alguns casos, ter surgido no intestino muitos anos antes.

Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas explicam que decidiram testar esta hipótese, pois «muitos doentes apresentam sintomas intestinais vários anos antes do diagnóstico clínico e também porque parece existir uma associação direta entre tóxicos ambientais e o aparecimento desta doença descrita há cerca de 200 anos, mas cuja origem é ainda desconhecida». Os resultados do estudo agora publicado «não representam uma cura, mas reforçam a possibilidade de haver casos de Parkinson que surgem primeiro no intestino. Por outro lado, confirmam que um metabolito produzido por certas bactérias pode, inadvertidamente, desencadear processos neurodegenerativos específicos desta doença».

Esta investigação, referem, «confirma que existe uma comunicação direta entre bactérias e mitocôndrias, ou seja, apesar de esta toxina ser produzida por algumas bactérias e atacar outras que, neste caso, são sentinelas da imunidade na mucosa intestinal, também ataca mitocôndrias do intestino e do cérebro». E concluem, «a toxina tem, portanto, ação antibiótica e terá tido origem nas guerras entre bactérias durante os muitos milhões de anos de evolução, mas que ao contrário dos antibióticos que usamos para combater bactérias que nos causam infeções, tem um efeito nocivo colateral duplo: ataca bactérias benéficas e mitocôndrias».

Por outro lado, observa Nuno Empadinhas, este estudo alerta para um potencial perigo de ingestão crónica de BMAA em dietas ricas em alimentos de origem aquática, nos quais os níveis da toxina são desconhecidos. Refere que «a bioacumulação de BMAA deve ser uma preocupação» e defende que, «em prol da segurança alimentar e saúde pública, esta toxina específica, que muito raramente produz sintomas de intoxicação aguda, deve ser incluída em programas de monitorização, pois confirma-se que, quando consumida de forma crónica, pode danificar o microbioma e barreira intestinais, desencadeando doença».

Questionados sobre se, e como, é possível bloquear o circuito agora demonstrado, impedindo assim que a doença se propague para o cérebro, Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas admitem que sim, mas que será «um desafio multidisciplinar que, para além da identificação dos alvos moleculares da toxina e de estratégias para a inativar, passa por restabelecer e manter a comunidade de bactérias protetoras, com o intuito de fortalecer e preservar a barreira intestinal». Fica a nota de que, finalizam, «se esta estratégia puder ser acionada nas fases iniciais da doença (antes das alterações motoras), poder-se-á impedir a sua progressão».

O artigo científico está disponível em: https://gut.bmj.com/content/early/2021/11/26/gutjnl-2021-326023.

Cristina Pinto

Covilhã | “O NATAL DA ESTRELA” NO MUSEU DE ARTE SACRA DA COVILHÃ

No âmbito do programa “Natal com Arte 2021” o Município da Covilhã terá patente ao público, a partir do dia 12 de dezembro, a exposição “O Natal da Estrela” no Museu de Arte Sacra.

Trata-se de uma instalação artística de Rosa Estrela com peças originais de sua autoria que recriam a época natalícia em que nos encontramos através de um cenário branco e frio rasgado pela iluminação cénica que lhe dá vida.

Maria Rosa Estrela nasceu na Covilhã em 1953. A artista autocaracteriza-se como sendo “enfermeira de profissão, mas tendo desde cedo começado a apreciar e a manusear materiais como algodão, lã e burel”. Os seus trabalhos artísticos revelam uma arte muito mais elaborada que não cabe nesta visão simplista e modesta de Maria Rosa Estrela principalmente nos trabalhos em lã e burel que apresenta.

A instalação “Natal da Estrela” estará patente até ao dia 10 de janeiro 2022, juntamente com a instalação “Natal - Viajando no Sonho”, podendo ser visitadas no Museu de Arte Sacra, de terça a domingo, entre as 10h00 e 18h00, com entrada gratuita.


Parceiros estrangeiros do projeto Fôlego visitam Proença-a-Nova


O Município de Proença-a-Nova é parceiro oficial do projeto FÔLEGO, como anteriormente comunicado. Esta candidatura tem como eixo prioritário de atuação a relação de proximidade com as comunidades locais dos cinco municípios que integram a Associação de Desenvolvimento Local – Pinhal Maior e dois parceiros estrangeiros, estreitando e promovendo a mobilidade de artistas e públicos entre todos. Contando com a colaboração de artistas com comprovada experiência em trabalho com a comunidade e processos de arte participativa, irá, pelo cruzamento entre diferentes áreas artísticas: artes plásticas, dança, fotografia, música, novo-circo, novos media e teatro, desenvolver múltiplas ações tendo como tema central o combate às alterações climáticas.

Estiveram reunidos em conferência de imprensa no passado dia 24 de novembro, a comitiva de parceiros da Islândia e Noruega, com ambientalistas, coreografas, académicos, cineastas, poetas e compositores e os representantes dos 5 concelhos parceiros. Neste mesmo período de tempo exploraram o território, em Proença-a-Nova e visitaram a aldeia da Figueira, onde confecionaram e provaram a tradicional tigelada, a Torre de Vigia da Serra das Talhadas, obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira, de onde se consegue uma visão das caraterística morfológicas do concelho e ainda o Centro Ciência Viva da Floresta, encontrando aqui pontos comuns de ideologia e ação, no reconhecimento, estudo e partilha para e pela preservação do meio ambiente.

Na conferência que deu o mote ao início oficial desta parceira, esteve presente João Manso, vice-presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, tendo explicado que “este projeto virá trazer certas dinâmicas que as pessoas vão gostar. Vão estar disponíveis para participar porque, apesar de estarem, muitas delas, isoladas, sempre mostraram grande abertura a tudo o que é novo”. Rita Guerreiro, elemento da organização refere que este “é um projeto de intervenção cultural com uma ligação muito forte ao território, com uma vontade muito forte em ir além do território dando voz às tradições e aos costumes”.

O programa FÔLEGO aliará as artes, a ciência e o ambiente, trabalhando a problemática do clima em várias frentes - não apenas numa abordagem conceptual e artística, mas também através da sensibilização e envolvimento da comunidade em ações concretas no sentido da mitigação e adaptação aos efeitos da crise climática.

Pode acompanhar a evolução das atividade e o calendário nos suportes de comunicação do município e na página do projeto Fôlego, no facebook.


SR Centro organiza webinar “Saúde do Adulto e do Idoso – Reabilitação Respiratória”

A Secção Regional do Centro (SRCentro) da Ordem dos Enfermeiros organiza mais uma sessão do Ciclo de Webinares LadoaLado.Com a Comunidade no dia 07 de Dezembro, com o tema Saúde do Adulto e do Idoso – Reabilitação Respiratória.

Saúde do Adulto e do Idoso – Reabilitação Respiratória é a quarta sessão do Ciclo de Webinares LadoaLado.Com a Comunidade, iniciativa desenvolvida pela SRCentro para dar a conhecer os diversos projectos desenvolvidos pelas equipas de Enfermagem junto dos seus utentes/comunidades dentro da sua área de abrangência.

Durante este webinar, que se inicia às 18h no dia 07 de Dezembro, irão ser apresentados dois projectos no âmbito da Reabilitação Respiratória: Como está a sua saúde respiratória hoje? e Reabilitação respiratória no concelho de Mangualde.

A sessão online tem como objectivos promover a adopção de estilos de vida saudáveis; capacitar a pessoa para a autogestão do binómio saúde-doença e dotar a pessoa de conhecimento e estratégias para optimizar a gestão e controlo das doenças respiratória.

José Martinho, Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e Vogal do Conselho Fiscal Regional da SRCentro, é o moderador deste webinar.

A actividade está aberta a enfermeiros e estudantes de enfermagem com interesse pelo assunto, atribuindo 0,35 Créditos de Desenvolvimento Profissional.

A inscrição gratuita, mas obrigatória no Balcão Único:

https://balcaounico.ordemenfermeiros.pt/SIGENF_BU/pt-PT/0/SOE/Acti1/ACTI1PUB_Show/76491e09-13aa-4229-8212-da1f107b623b?nav=ZE86nTn9

Abusos sexuais. Críticas, demissões e acusações na Igreja Católica em França aprofundam crise

Uma troca de acusações sérias: um documento de oito membros da Academia Católica de França critica severamente o relatório sobre os abusos sexuais. Os bispos e o presidente da Comissão que o elaboraram respondem dizendo que as críticas são ocas e que as vítimas de abuso foram de novo atingidas. Um tremblement no catolicismo gaulês, uma crise que se agrava.

Um grupo de intelectuais católicos de diferentes áreas disciplinares critica e propõe-se descredibilizar o relatório da Comissão Independente sobre os Abusos Sexuais na Igreja (CIASE, da sigla em francês), publicado no início de outubro. Os autores são membros da Academia Católica de França (ACF), à qual pertenciam também o presidente da Conferência Episcopal de França (CEF) e a presidente da Conferência dos Religiosos e Religiosas (Corref), que já se demitiram desta instituição.

São oito os autores do documento que questiona a credibilidade do Relatório CIASE. Entre eles, estão vários membros da direção da ACF, ainda que esclareçam que o documento produzido não vincula a Academia. O resultado – provisório, visto que a análise a que procederam vai continuar – foi enviado às entidades que encomendaram o Relatório e ao núncio apostólico para o fazer chegar ao Papa.

No texto de 15 páginas, os autores dedicam um parágrafo a contextualizar a importância de o estudo ter sido solicitado pelos bispos e pelas ordens religiosas (foi “sensato” fazê-lo, referem), para logo concluírem que, “apesar do seu volume”, ele “só muito parcialmente preenche” o que lhe foi solicitado, “de que aliás se afasta de modo perturbador”. A partir daí esgrime argumentos estruturados em três capítulos: a dimensão factual e estatística, a dimensão teológica e filosófica, e a jurídica e financeira.

Relativamente aos procedimentos metodológicos e às estatísticas, os autores apontam contradições de resultados entre diferentes processos de recolha e extrapolações problemáticas de dados. Insurgem-se, sobretudo, com o número de mais de 300 mil vítimas de abusos nos setenta anos apontados pela CIASE como estimativa.

O documento dos membros da ACF aponta, depois, lacunas, limitações e falhas na vertente doutrinal, aventando a possibilidade de isso se ficar a dever à “falta de especialistas” em eclesiologia, exegese e teologia moral.

Em termos gerais, os membros da Academia Católica criticam a CIASE, que foi presidida pelo magistrado Jean-Marc Sauvé, curiosamente também ele membro daquela Academia, por ter adotado uma periodização que terá levado a subestimar o trabalho de erradicação dos abusos, empreendido pela Igreja Católica.

As “limitações mais graves” do Relatório CIASE, porém, entendem os críticos, “além de uma metodologia defeituosa e contraditória e de carências graves nos domínios teológico, filosófico e jurídico, dizem respeito às recomendações”.

A “gravidade” dessa parte reside no facto de o Relatório se colocar no papel de guia da ação da Igreja e dos seus fiéis, sem que a Comissão tenha autoridade eclesial  ou civil para o fazer. “Algumas delas poderiam vir a revelar-se ruinosas para a Igreja”, porquanto poderiam abrir um cenário de “multiplicação de procedimentos desencadeados por falsas vítimas, em detrimento de pessoas que foram realmente vítimas de predadores”. Além disso, há recomendações que “põem em causa a natureza espiritual e sagrada da Igreja, que não é uma simples associação laica temporal, bem como do seu clero e dos seus sacramentos”, acrescentam.

Uma crise que se afunda

O texto dos oito da Academia provocou nos últimos dias um conjunto de reações. Mas o contexto em que o documento aparece não podia ser pior. De tal modo que a revista Le Point observava, na notícia sobre o tema, que "o catolicismo francês não para de se afundar na crise.”

E se se tiver em conta que o catolicismo francês foi, no século XX, o alfobre de grandes vultos do pensamento teológico, de inovações pastorais, de criatividade litúrgica e de diálogo ecuménico e cultural, tornando-se referência para muitas outras realidades, teremos a noção da verdadeira dimensão desta crise.

A reação mais importante ao documento crítico da Academia veio do presidente da CEF, o bispo Moulins-Beaufort. Rejeitando os argumentos dos críticos, escreve ele, num artigo no jornal La Croix: “Nós, bispos, recebemos as conclusões da CIASE pelo que são: um trabalho que devemos levar a sério e que aponta para possíveis caminhos de renovação para a nossa Igreja.”

Vários comentários surgidos na imprensa relacionaram entretanto o aparecimento deste documento com o adiamento da reunião que o Papa convocara com Jean-Marc Sauvé. O presidente da CEF diz também sentir-se desapontado com a prorrogação, mas considera suficiente a explicação da Casa Pontifícia: o Papa chega, na véspera, da sua viagem à Grécia, Chipre e Malta, onde não estará como “turista e, na sua velhice”, o que se deve desejar é “que Deus o deixe lúcido, ativo e exigente para com todos durante muito tempo” – mesmo no sentido de serem as vítimas a “guiar” as escolhas dos líderes católicos.

Os atos de violência e agressão contra os menores são “em número demasiado elevado para que possamos considerar isto um fenómeno marginal”, defende o presidente da CEF. Moulins-Beaufort refere a “incapacidade global do corpo eclesial ou da sociedade eclesial” em detetar, compreender e denunciar o mal dos abusos e a “falha da instituição em ouvir, em acompanhar, em proteger os mais pequenos e vulneráveis”.

Os bispos escolheram “servir a vida” ao criarem a comissão para o Reconhecimento e Reparação, diz. E isso abriu “um futuro, um caminho exigente mas desejável de verdade, compaixão, atenção mútua” que, além do mais, responde também ao apelo do Papa em “implementar resolutamente a dimensão sinodal que é consubstancial à Igreja”.

“Um insulto às vítimas”

Numa entrevista também ao La Croix, Jean-Marc Sauvé diz que esperava “ataques ao relatório”, mas pensava que eles surgiriam “mais cedo e muito fortes, especialmente dos círculos tradicionalistas”. Vindo da Academia Católica, diz sentir “tristeza” por ele próprio integrar a Academia.

A imprensa tem dado conta de que o relatório Sauvé mereceu reparos também de alguns bispos. Mas, perante a pressão dos seus pares, eles calaram essas críticas e assumiram o plano da CEF para o futuro próximo.

Em última instância, diz Sauvé, o documento pretende, no fundo, evitar que a Igreja entre num processo de “dolorosas compensações e reformas necessárias e profundas”. E acusa: “Os signatários deste texto insinuam que a CIASE se move por uma agenda ideológica, invertendo e distorcendo completamente as coisas.” A Igreja acaba por ser a “primeira vítima” do ataque, “apesar de ter tomado decisões corajosas ao criar a CIASE, dando-lhe total liberdade, e depois tomar decisões sem precedentes em novembro” – uma referência à resolução de criar o mecanismo para o Reconhecimento e Reparação das vítimas.

O magistrado considera ainda que “a segunda vítima são as pessoas que foram agredidas sexualmente” e a “terceira vítima é o serviço da verdade e, em última análise, a própria Academia Católica, que enfrenta uma onda de demissões sem precedentes e está a fazer tudo o que pode para se tornar um pequeno grupo”.

Nada no documento põe em causa a análise da CIASE, considera Sauvé, nem a opinião dos seus membros, “que esperavam resultados diferentes do inquérito geral à população – ou seja, um menor número de vítimas”. O presidente da comissão acrescenta que fala de si próprio em primeiro lugar: “É preciso ter a humildade de reconhecer factos que não se esperam e de que não se gosta.”

Outra reação é a do comentador e jurista católico Erwan Le Morhedec – o primeiro, aliás, a dar notícia das demissões na Academia na sua página na rede Twitter.


“Os bispos colocaram todas as primeiras pedras de um caminho de reconstrução, tanto para as vítimas como para a Igreja. Falta tomá-lo e fortificá-lo”, escreve o cronista na sua coluna no semanário La Vie.

“Alguns dos fiéis não se consideram responsáveis. Eu digo que não somos legalmente responsáveis, estamos fraternalmente empenhados”, acrescentava Le Morhedec na sua página do Twitter. “Como advogado e como católico, lamento ver que o documento da ACF se alimenta de um legalismo frio.”

7 margens/Madremedia