segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Amanhã - 19.11 às 15h30 | Évora recebe instalação provocatória de ...lixo

 
"O Seu Lixo para Toda a Gente Ver", assim se denomina esta ação levada a cabo pela GESAMB, que tem tanto de inusitada, como de provocatória e visa, acima de tudo, confrontar a população do distrito de Évora para uma constatação irrefutável - continuamos a fazer muito lixo e ainda reciclamos muito pouco!

O atual cenário é insustentável à luz das atuais metas constantes no Plano Nacional de Gestão de Resíduos que, no caso português, e em particular no distrito de Évora, estão ainda aquém de serem cumpridos.
Amanhã, terça-feira, quem passar pela Praça 1.º de Maio, em Évora, será confrontado de uma forma inequívoca e realista com uma instalação feita de … lixo. "O Seu Lixo para Toda a Gente Ver" é composto por um grande aglomerado de 80 sacos de lixo, equivalente a mais de meia tonelada de lixo que cada pessoa, residente nos concelhos servidos pela GESAMB, produziu em 2023. Para representar o lixo produzido por toda a população do distrito de Évora seria necessário expor 11.5 milhões de sacos!

A ação coloca a nu este desperdício de potencial para reciclagem e revela precisamente o ridículo entre a quantidade de resíduos produzidos e a quantidade que é efetivamente separada pelos cidadãos nos concelhos abrangidos. A Gesamb pretende assim agitar as consciências através de uma iniciativa que está enquadrada na Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que se assinala de 16 a 24 de novembro.

"O Seu Lixo para Toda a Gente Ver" é uma iniciativa que se prevê que seja itinerante pelos 12 concelhos abrangidos pela GESAMB, permanecendo cerca de uma semana nas zonas centrais de cada local por forma a chegar ao maior número de habitantes.

Mais informações, pedidos de entrevista, por favor, entre em contacto.


*Sara Pereira de Oliveira*
Assessoria de Imprensa

Estudo da Universidade de Coimbra conclui que ribeiras urbanas estão poluídas por fármacos

 
Um estudo liderado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a Faculdade de Farmácia da UC (FFUC), concluiu que as ribeiras urbanas estão poluídas por uma grande diversidade de fármacos, afetando organismos aquáticos e processos ecológicos.

«A revisão de literatura mostrou que ribeiras urbanas, para além dos rios, são um ecossistema de água doce crítico quando se trata da ocorrência de fármacos. Estas atravessam zonas muito urbanizadas e dado o seu pequeno volume de água e fraca capacidade de diluição podem ficar altamente poluídas, levando depois esses poluentes para os rios principais», alerta Maria João Feio, investigadora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE).
Esta investigação, publicada na prestigiada revista Water Research, teve como objetivo perceber o estado de contaminação de ribeiras urbanas por fármacos e os seus impactos no ecossistema e nos organismos aquáticos. Assim, os especialistas realizaram uma revisão bibliográfica de estudos científicos realizados em todo o mundo.

«Neste trabalho registámos, em 49 ribeiras urbanas, a presença de 139 fármacos, pertencentes a dez grupos terapêuticos, em 13 países de quatro continentes, com predominância de anti-inflamatórios e anticonvulsivos. Metabolitos dos fármacos foram também detetados, mas mais raramente analisados», revela Fernanda Rodrigues, estudante de doutoramento em Engenharia do Ambiente.

A equipa de investigação detetou fármacos como diclofenaco, ibuprofeno e paracetamol (analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos e anestésicos); claritromicina e eritromicina (antibióticos, antifúngicos e antipruriginosos); fluoxetina e citalopram (psicofármacos); estrona, 17β-estradiol e etinilestradiol (hormonas); e genfibrozila (reguladores lipídicos).

Em Portugal, foram estudadas três ribeiras urbanas tendo sido detetado nas águas o total de oito fármacos. Observou-se ainda, em uma das ribeiras, um alto risco para os invertebrados aquáticos devido a um antidepressivo, a fluoxetina.

De acordo com as especialistas, «os efeitos nos organismos aquáticos e processos ecológicos foram variados, desde bioacumulação, desregulação endócrina, crescimento deficiente, inibição de reprodução, aumento da mortalidade e distúrbios de eclosão até alterações morfológicas e diminuição da produção primária bruta e de biomassa».

Este estudo trouxe uma visão global sobre a questão dos fármacos em ribeiras urbanas. A investigação mostrou ainda a necessidade de investir em novos estudos, nomeadamente em Portugal e na Europa, onde a equipa está a investigar esta questão. «Perceber como chegam estes fármacos aos ecossistemas ribeirinhos, de forma a minimizar a sua entrada, e conseguir eliminar estes poluentes da água é essencial para salvaguardar a saúde dos ecossistemas e organismos aquáticos, mas também a saúde humana, numa abordagem One Health (Uma Só Saúde)», terminam.

O artigo científico “Pharmaceuticals in urban streams: A review of their detection and effects in the ecosystem” contou ainda com a participação dos investigadores Luísa Durães, Nuno Simões, André Pereira e Liliana Silva e está disponível aqui.

*Sara Machado
Assessora de Imprensa
Universidade de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia