quarta-feira, 2 de novembro de 2016

PREÇO DISPENDIOSO DA DEMOCRACIA: PAGAMOS QUASE 100% A ALGUNS PARTIDOS E 10% AO PCP

Que a democracia sai cara são alguns a dizê-lo e a maioria a comprovar, pagando. São milhões e milhões de euros que os portugueses – queiram ou não – entregam aos partidos políticos. Independentemente dos cortes orçamentais que afetam os portugueses a conta certa da fatura das subvenções estatais aos partidos é gigantesca. No espectro político-partidário à direita o PSD é rei e senhor do “dá cá o meu quer passes fome ou não”, o CDS nem tanto, o PS também sai caro mas não tanto quanto os alaranjados de Passos Coelho. À esquerda vimos o BE com uma enorme dependência financeira, enquanto o PCP é o campeão da quase auto-suficiência. Observa-se que a direita mais ressabiada sai muito cara. Pudera, é lá que estão os grandes tubarões que devoram até ao tutano o que é de todos os portugueses. Aos seus olhos é muito provável que nos vejam como prostitutos e prostitutas. Senão teriam todos os motivos para se sentirem mal e resolverem ser muito mais auto-suficientes financeiramente.

Vimos na foto Passos Coelho e Belmiro Azevedo, o patrão do grupo Sonae (tão amigos que eles são), em acção de campanha nas eleições legislativas de 2011 - aquela campanha eleitoral que marcou definitivamente Passos e Relvas como chefes da ala vigarista dos pseudo sociais-democratas alaranjados. O que espanta é que houve um número avassalador de eleitores que nem por Passos se fazer rodear de um tal Belmiro negreiro se sentiram avisados do que lá vinha: pobreza, fome, exploração selvagem à moda de Belmiros e quejandos. Assim foi. Assim ainda é. Até quando? Há quem diga às bestas em situações semelhantes: abram os olhos mulas! 

A seguir: o artigo retirado de AbrilAbril. (MM / PG)

Financiamento dos partidos: nem todos são dependentes do Estado

CDS-PP, PSD e BE são os partidos com menor independência financeira

A capacidade de angariar receitas próprias parece tarefa difícil para os partidos, cuja dependência do Estado chega aos 97%. O PCP é excepção – o peso das subvenções estatais ronda 10% das receitas totais.

O financiamento público aos partidos políticos em Portugal representou, em média, nos últimos cinco anos, mais de 70% das suas receitas. Mas as contas dos partidos com representação na Assembleia da República mostram situações muito díspares.

Analisando apenas as contas dos cinco maiores partidos entregues no Tribunal Constitucional (TC), aqueles que tiveram receitas superiores a 1 milhão de euros nos últimos cinco anos, os valores oscilam entre os 10 e os 97% do total das receitas arrecadadas, excluídas as contas das campanhas eleitorais, cujo financiamento tem um enquadramento próprio.

O campeão do financiamento público é o CDS-PP, com valores sempre acima dos 90%. Apesar de as contas entregues não discriminarem essa componente das outras fontes de receita, os relatórios que a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, que funciona junto do TC e tem competência para as fiscalizar, mostram que, em 2011, o peso dos dinheiros públicos nos cofres do Largo do Caldas foi de 96,25%. Mas, o valor recorde dos últimos cinco anos é alcançado no ano seguinte, já com o CDS-PP instalado no governo, em que as transferências de dinheiros públicos totalizaram 97,22%. Os relatórios das contas de 2013 a 2015 não estão ainda disponíveis, mas pelo valor declarado de receitas, é possível concluir que o valor não terá descido dos 90%.

Em contraste, o PCP surge como o partido que menos depende das subvenções públicas para a sua actividade. O valor mais elevado registou-se em 2012, com 12,75% das receitas provenientes dos cofres do Estado. Foi a única vez nos últimos cinco anos em que o valor ultrapassou os 12%. O ano seguinte foi aquele em que o financiamento público teve a menor influência, 9,9% do total de receitas. Em todo o período, os comunistas demonstraram uma capacidade muito superior de recolha de quotizações e contribuições dos seus militantes, mais do dobro do que PS e PSD, e muitas vezes mais que o BE e o CDS-PP.

O PSD terminou o ano passado com mais de 7 milhões de euros de subvenções públicas, mais de 80% do total das suas receitas. O ano de 2013 foi o único em que o peso desta fonte de receitas desceu abaixo dos 80%. O PSD viu as suas receitas caírem em 2015, fruto do corte da subvenção aos partidos que a Assembleia Legislativa Regional da Madeira concede. Até então, o partido recebia anualmente cerca de 2,5 milhões de euros, o que representava cerca de um quarto do total de financiamento público – mais do que o CDS-PP, o PCP e o BE recebem anualmente.

O PS é o partido em que o financiamento público teve as maiores variações. Se em 2012 representou 56%, em 2011, 2013 e 2014 rondou os 75%. No último ano, em que o partido chegou ao governo, o valor desceu para 65%, fruto de um aumento do valor cobrado em quotas e outras contribuições de militantes. Ainda assim, muito longe da capacidade do PCP – nas contas do PS de 2015, o peso desta rúbrica foi de 21,5%, enquanto nas contas dos comunistas representou um terço do total.

A evolução das contas do BE mostra uma crescente dependência das subvenções públicas ao longo dos últimos cinco anos. No ano da chegada da troika e da redução do seu grupo parlamentar para metade, o partido dependia em 75% do dinheiro público que entrava nas suas contas, valor que até desceu ligeiramente em 2012. No ano seguinte, o valor saltou para perto dos 80% e, no último ano, chegou mesmo a ultrapassar os 86%.


TUDO SOBRE A MORTE

Miguel Guedes – Jornal de Notícias, opinião
Se à festa do dia das bruxas sucede a solenidade do dia de Todos-os-Santos, já hoje se trabalha para que a morte não seja declarada como certa amanhã. Em poucas horas, presente, passado e futuro. A festa de Halloween não é muito mais do que uma gigantesca "rave party" comercial à escala das travessuras do Ocidente (com a vantagem de envolver crianças e guloseimas em horários ainda decentes). Feriado na retoma socialista, o dia de Todos-os-Santos é ainda mais assustador, velando com honra todos os santos conhecidos ou sem nome público, mártires e cristãos, num roteiro de santidade fúnebre. Foi ontem e já descansa em paz. Mas se a memória atrapalhar o decurso da história, o verdadeiro dia de finados pode começar agora, quando se inicia a contagem decrescente para as eleições americanas. Trump ultrapassa Clinton nas sondagens e não haverá som mais estridente. A nova versão da "Guerra dos Mundos" de Orson Welles lê-se em formato digital na forma de mails confidenciais adivinhados abusivamente por James Comey, director do FBI. A nova versão dos "Triunfo dos porcos" de George Orwell adivinha-se no "read my lips" de Donald Trump. Quem disse que o Halloween passou?

A ideia de ver Hillary Clinton na Casa Branca é tão excitante para mim como para um presidente da Caixa Geral de Depósitos é estimulante ver a sua declaração de rendimentos escrutinada pelo Tribunal Constitucional. Mas a política real não se faz lançando "napalm" sobre tudo e todos, esperando que da terra algo floresça. Trump é um insulto. Clinton é apenas mais do mesmo em versão requentada e talvez por isso se arrisque a perder para o pior de sempre. Se nada de bom florescerá no deserto que a vitória de Trump pode secar, já as réplicas podem ser mais do que muitas. O retrocesso civilizacional, racismo e xenofobia, imperialismo do "eu", misoginia e ignorância podem bem ser as tatuagens temporárias para algo que se alastra por toda a pele do Mundo. O sonho americano que os EUA espelham é demasiado vasto e influente para ser morto e travestido por um troglodita. Mas sim, ele pode.

Tudo à escala global se projecta em dimensões mais comezinhas. Pode haver quem acredite que os sismos em Itália acontecem por divina punição, pode aumentar o número de turistas que visitam cemitérios portugueses no escrutínio da arquitectura tumular, pode a Escola Náutica Infante D. Henrique continuar a fazer praxes na praia de Oeiras depois do que sucedeu na praia do Meco: a morte continua a ser um destino demasiadamente próximo para a divina desculpa, eterno descanso ou avistamento de morcegos. Quando Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica, anuncia a abertura de um curso privado de Medicina centrado na defesa da vida, o que podemos esperar senão a ausência dos sinais vitais da mesma? Tudo sobre a morte.

*Músico e advogado / O autor escreve segundo a antiga ortografia

VEM AÍ O DIABO, PASSOS COELHO É BRUXO

“O que você tem é um cancro, inoperável…”, disse o médico ao paciente após analisar os resultados dos recentes exames que requerera. “Bestial. Até que enfim que me vou ver livre desta merda de vida”. Retorquiu o doente, com um sorriso de orelha a orelha. “Quanto tempo ainda vou poder andar por aí?” Perguntou. “Talvez mais um ano.” Estimou o médico. “Tempo mais que suficiente para ultimar certas responsabilidades.” Comentou o doente. “E quanto a sofrimentos, dores e etc., há medicação para minimizar isso?” Perguntou o doente. “Sim. Em situação terminal terá que recorrer e ficar internado no hospital…” Médico. “Até ao fim.” Completou o doente. “Voltarei para a semana que vem, à próxima consulta. Agora vou viver o resto da minha vida. Obrigado doutor.”

Disse o médico que nunca tinha visto um doente assim, que irradiava felicidade ao saber que definitivamente padecia de um cancro. Concluiu que há pessoas que têm mesmo más vivências, para quem a morte é encarada como uma libertação.

Bom dia. Este é o “antes” do Expresso Curto. O que acabou de ler é o relato de uma realidade. Não é ficção. Ao que isto chegou. Vida de fel para a maioria e de mel para uns quantos, os insanos em humanidade, justiça, democracia. Uma minoria privilegiada e completamente impune nos crimes que pratica.

Nicolau Santos, no Curto desta manhã. Ele abre com o Diabo em Fátima: Obiang. Sim, esse, o tal. O ditador sanguinário. Assassino. Um tal que é CPLP por via do país que amordaça e controla com mão-férrea, tortura, morte e… sangue. Repressão à farta.

Teodore Obiang em Fátima, para o ano que vem, nas comemorações das aparições… O tal Diabo que Passos Coelho anunciou há umas semanas atrás. Que vinha aí o Diabo. Pois vem. E vai a Fátima. Milagre. O Passos é bruxo, para além de trafulha, mentiroso compulsivo, desumano e dotado de uma insensibilidade social que se devidamente medida lhe proporcionaria o Guiness.

Bom dia e bom resto de semana.

Carlos Tadeu / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Nicolau Santos - Expresso

Obiang em Fátima, Trump à frente, Hitchcock violador e a obesidade é pior que o Estado islâmico. O mundo está louco.

Bom dia.
Este é o seu Expresso Curto, depois do regressado feriado alusivo ao Dia de Todos os Santos, cortesia da coligação de esquerda. E o mínimo que se pode dizer é que foi um dia cheio de notícias estranhas.

A primeira é que, no final da cimeira da CPLP, que decorreu em Brasília, ficou claro que Teodoro Obiang pode vir a Fátima no próximo ano, data em que se assinala o centenário das aparições. Será mais uma…

Desde há dois anos que Obiang tenta visitar Fátima, não se sabe se para pedir perdão pelos crimes que tem cometido no seu país desde há quase 40 anos. Confrontado com essa possibilidade, o Presidente da República Portuguesa deu uma resposta redonda: “Seria oposto à ideia de circulação e de mobilidade dentro da CPLP colocar entraves à ida a Fátima, seja de quem for, no próximo ano”, disse Marcelo Rebelo de Sousa. E sorriu. Mais: “Portugal, que é um país aberto, folga com a ida dos dignitários dos mais diversos países e não tem nenhuma relutância, nem nenhuma oposição, pelo contrário”. Logo, vamos folgar muito quando virmos o Papa Francisco e Teodoro Obiang lado a lado, em Maio do próximo ano, no santuário de Fátima.

Será seguramente uma bela parábola sobre o Bem e o Mal.

Para agradar aos seus pares da CPLP, Teodoro Obiang pediu aos Estados membros da CPLP que lhe prestem apoio técnico para acabar com a pena de morte. Desculpe?! O fim da pena de morte é uma decisão política. Se Obiang quer acabar com ela, acaba e ponto final. O apoio técnico é conversa para entreter os seus pares na CPLP – e um argumento para estes dizerem que Obiang está a cumprir o prometido (Marcelo disse mesmo que “juridicamente” já não há pena de morte na Guiné-Bissau. Só lhe faltou acrescentar: por um lado; por outro…) para o seu país ser membro de pleno direito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

Pelo menos uma voz disse isto mesmo: a do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva. Para Portugal, há três condições 'sine qua non' da integração da Guiné Equatorial na CPLP: a ratificação dos estatutos da organização, a abolição da pena de morte e a generalização do ensino da língua portuguesa no país.“Percebemos que o terceiro elemento demore mais tempo, mas os outros dois só dependem da vontade” das autoridades equato-guineenses, afirmou Santos Silva. Nem mais.

Bom, mas da cimeira saiu uma proposta que há muito se reclama. E como veio pela mão do Brasil talvez se concretize: uma proposta para que o português se torne língua oficial das Nações Unidas. Já não é sem tempo.

Ontem também foi o dia em que o exército iraquiano entrou em Mossul pela primeira vez desde 2014, tomando o edifício da televisão de onde emitia o Estado Islâmico. Mas os terroristas islâmicos estão a vender cara a pele e para travar o avanço da coligação tentaram trazer para o centro da cidade 25 mil civis para servirem de escudo humano. Falharam mas tentaram. E foi precisamente ontem que o conhecido chef britânico Jamie Olivieraproveitou para dizer que o excesso de peso é uma ameaça maior para o Reino Unido do que o Daesh. Há dias melhores para tentar chocar o mundo, Olivier.

Dos Estados Unidos chegam notícias assustadoras. Donald Trump pode ganhar as eleições (e se ganhar acaba de imediato com o Obamacare, o programa de saúde lançado pelo Presidente Obama) e tornar-se o novo presidente do país mais poderoso do mundo. Pelo menos é o que indica uma sondagem do Washington Post e da televisão ABC, que coloca Trump um ponto à frente de Hillary Clinton na corrida à Casa Branca, embora esta lidere nos votos por correspondência. Esta é a primeira vez, desde maio, que o milionário e candidato republicano supera a sua adversária. Talvez por isso, a conhecida revista de entretenimento Variety quebrou uma tradição de 111 anos e declarou o seu apoio a Hillary. Também um grupo de 370 economistas, que inclui oito laureados com o Prémio Nobel da Economia, lançou uma carta aberta onde critica Donald Trump por enganar os eleitores e defende o voto "noutro candidato". Felizmente que Rui Oliveira e Costa, conhecido especialista português na análise de sondagens, nos veio dizer que Hillary vai ganhar e que os republicanos estão muito perto de perderem o Senado. Já estamos mais descansados.

Só que o FBI voltou entretanto a entrar na campanha. Depois de ter anunciado a reabertura do processo dos e-mails, agora relativos a uma antiga colaboradora de Hillary, esta madrugada divulgou um conjunto de documentos sobre o perdão presidencial concedido há 15 anos pelo então Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, ao fugitivo Marc Rich, cuja mulher era supostamente uma das grandes financiadoras da campanha. Na altura, a investigação terminou sem qualquer acusação.

Para completar o ramalhete de notícias mais próprias do Halloween, eis que surge Tippi Hedren, a atriz que participou no filme de Alfred Hitchcock ‘Os Pássaros’, a revelar que o realizador tentou violá-la na década de 60. A atriz, agora com 86 anos, escreveu no seu segundo livro de memórias que, durante as filmagens de ‘Marnie’, Hitchcock entrou no seu camarim e tentou agarrá-la e tocar-lhe. "Quanto mais tentava livrar-me dele mais agressivo se tornava". Ora bem, Tippi: porque não contaste isto no teu primeiro livro de memórias? Porque esperaste até agora para fazer tal confissão? O homem morreu em 29 de abril de 1980, já lá vão, deixa cá ver, 36 anos. E tu sempre com esse segredo a aperroar-te a alma e só agora é que o dás a conhecer ao mundo? Por isso, das duas uma: ou escreves muito devagarinho ou trata-se de uma maneira de promover o livrinho de memórias. É que ser apenas mãe da Melanie Griffith e sogra do Antonio Banderas pode não chegar para impulsionar as vendas…
OUTRAS NOTÍCIAS

O ministro das Finanças, Mário Centeno, vai hoje ao parlamento explicar se há dois orçamentos para 2017. É que o primeiro entregue no Parlamento apontava para comparações com as estimativas iniciais do Orçamento do Estado de 2016. E o segundo compara com as estimativas de execução do ano corrente. A leitura que se retira dos dois passa assim a ser bastante diferente. Maroto, o Mário…

Portugal e o Brasil estão envolvidos num projeto de cooperação técnica e científica para a construção de um carro totalmente elétrico. O acordo sobre mobilidade elétrica foi assinado entre a Fundação Parque Tecnológico Itaipu, do Brasil, e o Centro de Excelência e Inovação para a Indústria Automóvel (CEIIA), de Portugal e anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa, no último dia da cimeira da CPLP, em Brasília. Portanto, carro já temos. O mais difícil vai ser escolher um nome que agrade aos dois lados.

O Governo decidiu atirar para o final da legislatura os pagamentos de €6.000 milhões ao FMI que podia antecipar. A ideia é manter a almofada de financiamento de segurança (liquidez ou depósitos do Estado) num nível "adequado", para mais quando neste ano ainda deve acontecer a mega injeção de capital na Caixa Geral de Depósitos que vai consumir, pelo menos, 2,7 mil milhões de euros em dinheiro dos contribuintes.

O ministro da Educação negou ontem, em entrevista à SIC, ter impedido João Wengorovius Meneses de demitir o seu chefe de gabinete, Nuno Félix. Esta é a primeira vez que Tiago Brandão Rodrigues responde às acusações de ingerência feitas pelo seu antigo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que se demitiu em abril, alegando incompatibilidades com o ministro. O governante negou ainda saber que o despacho de nomeação de Nuno Félix continha "inverdades" - duas licenciaturas que este nunca concluiu e que o levaram a demitir-se no final da semana passada.

Entretanto, no tema nacional mais quente por estes dias, já há ameaças de renúncias no conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, se os seus membros forem mesmo obrigados a entregar no Tribunal Constitucional não só as suas declarações de rendimento (que farão) mas também as relativas ao património que acumularam (que recusam). Mas o PSD insiste em pôr mais sal na ferida ao querer impor um limite nos salários da atual administração da Caixa Geral de Depósitos, inscrevendo numa proposta que dá hoje entrada na Assembleia da República uma expressão que não deixa margem para dúvidas: "Aplica-se de imediato aos mandatos que estão em curso".

E isto num dia em que se sabe que a CGD pode vir a ter de registar perdas de 900 milhões de euros devido ao apoio que deu ao projeto industrial luso-catalão La Seda, que acabou por correr mal. O que é que a direção do PSD quer com esta atuação senão dificultar a vida da CGD e criar embaraços políticos ao Governo? É que brincar com o fogo pode correr muito mal, como lembra hoje o insuspeito José Gomes Ferreira no Expresso on line: “O populismo está a pôr a CGD em risco”.

A Web Summit, a maior conferência tecnológica do mundo, que decorre de 7 a 10 de Novembro em Lisboa, levou já a que todos os hotéis de Lisboa a Sintra estejam neste momento esgotados. E os preços também subiram, pois claro. Em termos globais, o turismo já criou 45 mil novos postos de trabalho este ano. A restauração foi responsável por mais de metade dos novos empregos – mas a descida do IVA não deve ter tido nada a ver com isto. O Algarve e os Açores são as regiões que mais crescem.

A Igreja católica jamais ordenará mulheres, reiterou o Papa, no regresso de uma visita de dois dias à Suécia, que se revelou um razoável fiasco em matéria de adesão popular. Francisco sublinhou que se trata de uma posição definitiva.

Em Marrocos, a pergunta é: quem carregou no botão que ligou o compactador do camião do lixo em que morreu Mouhcine Fikri, o vendedor grossista de peixe de Al-Hoceima, uma cidade do Norte do Marrocos, e que está a dar origem a grandes e vigorosas manifestações populares em várias cidades do país, que estão a colocar em xeque a monarquia?

Na Champions, o Benfica ganhou ao Dínamo de Kiev na Luz. Um penalty indiscutível, marcado por Salvio, chegou para um triunfo suado, porque o guarda-redes encarnado, Ederson, defendeu um penalty contra os encarnados na segunda parte. Mas a sensação da noite veio de Manchester, onde o City de Pepe Guardiola se vingou da derrota na semana passada com o Barcelona por 4-0 e lhe aplicou quase o mesmo resultado: vitória por 3-1 sobre os comandados de Luis Henrique, que ainda estiveram a ganhar por 1-0, com um golo do inevitável Messi. 

FRASES

“Em bom rigor, ao questionar todo o dossier da recapitalização da CGD e entrar em conflito aberto com António Domingues (de quem Passos disse que estava a atirar areia para os olhos dos portugueses) o PSD está a seguir uma política de terra queimada, por causa de taticismos de pequena politica partidária”. José Gomes Ferreira, Expresso on line. Mais uma prova de que ontem foi um dia muito estranho.

“Hillary é a última oportunidade para travar a erosão da ordem internacional”. Carlos Gaspar, investigador, Diário de Notícias. Pode ser verdade, Carlos. Mas o mundo está cheio de últimas oportunidades perdidas…

"Do ponto de vista português, [a abolição da pena de morte na Guiné-Equatorial] tem de ser feita de imediato". Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros. Só uma perguntinha, dr. Santos Silva: disse isso na cara do sr. Obiang, presidente daquele país? É que ele estava na reunião da CPLP e era mais fácil dizer-lho diretamente do que mandar o recado pela imprensa…

O QUE FUI VER E O QUE ANDO A LER

Tem até 9 de janeiro para a visitar. Mas eu por si ia já. E se não for não sabe o que perde. “António Ole. Luanda, Los Angeles, Lisboa”, na Fundação Calouste Gulbenkian, é uma fantástica exposição retrospetiva da obra do mais consagrado artista angolano da atualidade que, segundo as curadoras, Isabel Carlos e Rita Fabiano, “vai da escultura à instalação, da pintura e colagem ao desenho, da fotografia ao filme, em diálogo permanente com a cidade, e antes de mais a cidade de Luanda, com a sua arquitetura e os seus habitantes”. Ole tem obras magníficas, quer em instalações (uma em que as paredes estão forradas de papéis administrativos antigos com o número de escravos em cada fazenda é extraordinária; e outra com um pequeno barco dividido ao meio é igualmente fabulosa), quer em composições fotográficas, quer em excelentes quadros, quer ainda num painel gigantesco que está à entrada construído a partir de materiais recolhidos no dia-a-dia da cidade. Mas há mais, muito mais – e todos os motivos são bons para ir até à Gulbenkian para ver o que de muito bom Ole está a fazer em prol da arte e da cultura angolanas.


Quanto a leituras, recuperei um livro que já me tinha chegado às mãos há algum tempo – e estou pregado a ele. “A rapariga no comboio”, de Paula Hawkins, muito saudado pela crítica, é, como se escreve na contracapa, “de leitura compulsiva”, que vai num crescendo desde a primeira página. A ideia-base é muito boa – uma rapariga desempregada (Rachel) que todos os dias apanha o comboio e que imagina o que acontece numa casa onde vive um casal que ela vê com regularidade quando passa – e o livro tem dois narradores: a própria Rachel e Megan, a mulher do tal casal. A crítica apaixonou-se pelo livro, o meu é já a 12ª edição e reza que foram vendidos 66 mil livros por cá, mas para lá de toda a publicidade, merece mesmo ser lido.

Hoje, ao fim da tarde, pelas 19H, é lançado no Centro Cultural de Belém o livro da colaboradora do Expresso para questões ambientais, Luísa Schmidt, “Portugal: Ambientes de Mudança – Erros, Mentiras e Conquistas”. A obra é apresentada por Francisco Pinto Balsemão e Rosalia Vargas.

E pronto, está servido o primeiro Expresso Curto de Novembro, já que ontem tivemos o regresso do feriado que tinha sido retirado durante os anos da troika. Amanhã terá aqui para o servir João Vieira Pereira, com a sua acerada pena. Tenha uma excelente semana.

ELEIÇÕES NOS EUA: MITOS, HIPOCRISIA

Aproxima-se a eleição para Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) acompanhada por todos, pois é escolha do governante da mais rica e militarmente armada nação do mundo.

Pedro Augusto Pinho*

Apenas dois candidatos merecem a cobertura da mídia, das quase seiscentas pessoas que disputam aquele posto. Claro que os candidatos dos partidos Republicano e Democrático são de longe os mais importantes concorrentes, mas se esquecem de apresentar as ideias distintas dos três partidos socialistas, do Green Party, do Libertarian Party, Constitution Party, Reform Party, Independent Party e das centenas de candidatos que não figuram nas listas de todos os estados norteamericanos.

Os EUA de hoje são um país muito diferente daquele que travou a Guerra da Secessão, que se lançou à conquista de colônias na Ásia, que participou de duas Guerras Mundiais e que invadiu países, por toda parte, no século XX. No entanto certos mitos, de poderosa influência no psicossocial americano e internacional, continuam a ser utilizados politicamente.

O mais recorrente mito, que o candidato republicano Donald Trump procura representar, é do pequeno fazendeiro, o homem que com seu trabalho construiu uma nação e que historiadores e analistas chamam da América Jeffersoniana.

Milhares de filmes, romances, revistas, jogos foram elaborados e divulgados com base neste mito Jeffersoniano. No entanto, a ampla e variada bibliografia da história dos EUA mostra que, desde 1865 e em ritmo crescente, aquele país vai se urbanizando e se transformando numa Nação de industriais e banqueiros, cujo interesse destes últimos se confunde hoje com os do próprio País. É o domínio da banca, o sistema financeiro internacional de todos conhecido.

Mas há outros mitos, como do isolamento político internacional. O historiador francês Pierre Mélandri escreve que a política das "Portas Abertas", a oposição a encontros e acordos internacionais, o Trade Agreements Act e a criação do Export-Import Bank, estes últimos em 1934, e várias outras manifestações demonstram que a ação internacional dos EUA se dava por rotas não convencionais, mas era intensa e colonizadora. Mostra, inclusive, os acordos bilaterais feitos com o Japão, Alemanha, Renânia e outros países da América (sem esquecer a intervencionista Emenda Platt 1901-1934) que moldavam o modo americano de lidar com o exterior.

O que os EUA souberam e ainda dominam com extraordinária competência é a comunicação social. Bastaria Hollywood para demonstrar, mas esta é a parte mais visível da enorme influência do País na formação da "opinião pública". Alimentos, vestuário, hábitos de consumo, produtos, música, expressões, enfim um colossal acervo cultural fez e faz parte da ação internacional dos EUA, além da formação intelectual e dependência econômica.

E tudo isso ajuda a compreender a importância destas eleições, que, de resto, não surpreenderão ninguém. A senhora Clinton será Presidente e o Congresso, por ampla maioria, estará dominado pela coligação conservadora de democratas e republicanos do Sul e do Nordeste. Esta estrutura de Poder é indispensável para que a crise de 2017/2018 encontre gestores favoráveis na continuidade de concentração de renda, nas medidas financeiras que reduzam ainda mais os atores da cena econômica e política, dentro e fora dos EUA.

Um ponto desta ação já foi anunciado por Hillary Clinton: a guerra contra a Federação Russa.

Questionará meu inteligente leitor: mas a Rússia não é mais um país comunista. Certamente, mas é, neste contexto histórico, a mais consistente e bem articulada resposta ao sistema financeiro internacional que será o vitorioso na eleição americana.

Veja, por exemplo, a ação militar russa inibindo que a Síria se transforme em outra Líbia ou Iraque. Repito, pois não sou desta área, o que leio nos blogs especializados em questões militares, que os EUA precisariam investir, apenas no arsenal nuclear, US$ 1 trilhão no curto período de dois mandatos presidenciais. Ainda seria necessário, para a própria engrenagem econômica, aumentar significativamente os gastos na NRO (National Reconnaissance Office) e na NSA (National Security Agency) a fim de não ser pego de surpresa pela ação dos BRICS, por exemplo. Lembre que Putin recusou encontro com Temer, obviamente não confiável e pouco expressivo.

No bélico campo, verificamos que o emprego de mercenários (ucranianos, salafistas, wahabitas e outros) não teve o sucesso esperado pela Casa Branca.

Mas as despesas com o Estado Islâmico, diretas e via Península Arábica, continuam significativas, ainda que rendam lucros para Halliburton e outras empresas norteamericanas.

Assim, acossado por mitos e declarações e comunicados hipócritas, que acompanhamos a eleição nos EUA. A surpresa estará na quantidade de abstenções, que servirá para a avaliação do possível apoio popular a medidas mais drásticas, como o envolvimento bélico direto e o prosseguimento e a intensificação da recessão.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado – em Pravda.ru

“ESTAMOS A SER CONDICIONADOS PARA ODIAR OS RUSSOS”, afirma consultor português

Branco Martins alertava o seguinte: "agora todos os ataques na Síria são culpa dos russos. De repente mostram-se crianças estropiadas e ensanguentadas no telejornal, apenas para dizer que foram vítimas dos bombardeamentos russos", enfatizando que "estamos a ser condicionados para odiar os russos".
João Branco Martins é consultor em antecipação política e económica, presidente da Associação para o Posicionamento Estratégico e Financeiro (APEFI), autor de três obras sobre economia - sendo que a mais recente ("A Economia lá de Casa, A melhor estratégia para fazer crescer o seu dinheiro e deixar a crise para trás", Texto Editores, 2014) foi já alvo de duas edições - ex-radialista do Rádio Clube de Sintra e presença ocasional nas televisões portuguesas, pronunciou-se nas redes sociais acerca do tratamento que a comunicação social e a comunidade internacional estão a dar à Rússia.

Flávio Gonçalves

Em dois textos publicados na sua página oficial no Facebook no passado dia 28 de Outubro, Branco Martins alertava o seguinte: "agora todos os ataques na Síria são culpa dos russos. De repente mostram-se crianças estropiadas e ensanguentadas no telejornal, apenas para dizer que foram vítimas dos bombardeamentos russos", enfatizando que "estamos a ser condicionados para odiar os russos".

Referindo-se ao desenlace da mais recente votação no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmava: "a Rússia é posta fora do Conselho (...) Quem mantém o seu lugar e liderança? A Arábia Saudita", nação conhecida pelas contínuas violações dos Direitos Humanos, país que ainda possui a pena de morte e que, em 2015, executou 153 pessoas e, até Julho deste ano, já tinha executado 100 cidadãos - de acordo com os dados da Amnistia Internacional.

Encerrando o seu desabafo acerca da máquina de propaganda actualmente encetada contra a Federação Russa, João Branco Martins alertava, preocupado, que "dentro de uns anos todos nós, eu incluído, estaremos a odiar os russos. Estaremos dispostos a arriscar a nossa vida e a dos nossos filhos contra a Rússia. E digo eu incluído porque ninguém estará imune à lavagem cerebral que nos vão fazer."

KILLARY E AS ELEIÇÕES ESTADO-UNIDENSES

Os EUA estão divididos.   De um lado estão os que querem preservar o Império mesmo à custa do seu país – são os neocons.  Do outro lado estão os querem salvar os EUA ainda que seja à custa da perda da sua hegemonia imperial.
A representante dos primeiros é a sanguinária e corrupta Hillary Clinton, responsáveis por incontáveis mortes de civis no Iraque, na Líbia, na Somália, no Iémen e na antiga Jugoslávia (em 1999 apoiou o seu marido na guerra de agressão da NATO).   Ela é a mulher que, tal como uma ave carniceira, deu uma gargalhada ao saber do assassinato de Kadafi ("Viemos, vimos e matámos", berrou ela).   A sua eventual vitória significará uma alta probabilidade de guerra nuclear. 

O outro candidato, Trump, é o que aceita o retorno a um mundo multipolar a fim de salvar da derrocada o seu próprio país – uma derrocada económica, financeira, monetária, política e moral.   Apesar da sua vulgaridade, grosseria e algumas ideias tolas ele é certamente o candidato que dá mais garantias à paz mundial e à maioria do povo estado-unidense.   Se estas eleições não forem mais roubadas do que de costume Trump poderá vencer. 

Ter ou não um planeta coberto de cinzas radioactivas depende dos resultados de 8 de Novembro.


SCHAUBLE OUTRA VEZ

Ana Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão
Em bom rigor, estava na altura do ministro das Finanças alemão falar sobre as finanças de Portugal. Até esta simples frase causa estranheza e incómodo.

Assim, Shaüble, uma das figuras máximas da destruição europeia, afirma que Portugal ia no bom caminho até à entrada em funções do Executivo de António Costa.

Com efeito, Passos Coelho e a sua ministra das Finanças já não tinham língua, tal como Schaüble já não tinha rabo de tão gastos. A capitulação, julgava o ministro das Finanças alemão, havia sido completa.
De repente, trocam-lhe as voltas: um governo socialista em Portugal apoiado pelos partidos de esquerda qu,e não virando as costas às regras europeias, tem conseguido contorná-las, devolvendo – pasme-se! - rendimentos aos que haviam sido delapidados. Contrariamente ao falhanço grego que tanto agradou a Schaüble, Portugal apresentou uma solução exequível que não cai nos desejos do ministro alemão.

É evidente que viver de superavits – à custa quer das regras europeias, quer dos Estados-membros – o terá habituado mal. É claro que o pagamento à banca alemã (uma verdadeira e perigosa farsa como se tem visto) de dívidas por parte dos Estados-membros era essencial para a estratégia alemã. De resto, sabe-se que a situação periclitante do Deutsche Bank não é de agora.

E é precisamente sobre o maior banco alemão que deveriam recair as atenções e preocupações do ministro Schaüble. Assim, como todos nos deveríamos preocupar com o referendo italiano que se aproxima e que pode por em causa quer a continuação de Matteo Renzi, quer a própria permanência italiano na UE, ou até dedicarmos a nossa atenção à questão dos refugiados.

Não. A grande preocupação de Schaüble não é o Deutsche Bank, não é a situação política italiana, não é a questão dos refugiados, nem tão-pouco se prende com as derrotas que o seu partido tem sofrido em eleições regionais e com a ascensão de partidos que fazem lembrar outros tempos. As verdadeiras inquietações de Schaüble estão relacionadas com Portugal e com António Costa.

O SUICÍDIO DO PSD

Isabel Moreira – Jornal de Notícias, opinião
Mais uma vez, o PSD mostrou que não sobra nada do que dá nome ao partido – social democracia.

Vem sendo evidente para todas e para todos que o PSD não tem discurso. Podia ter, mas não tem. Escolheu a trincheira de uma nova direita, desconhecida da nossa memória democrática, uma direita que apelida de “bolchevistas” ou produtos “das esquerdas radicais” medidas consensuais à social democracia mediana, como manuais escolares gratuitos para alunos do 1º ciclo básico.
Desta vez, o PSD foi mais longe no suicídio, na destruição do legado de um partido que fez parte da construção da democracia portuguesa.

No debate de quinta-feira, marcado pelo PSD, sobre as consequências das cativações orçamentais nos serviços públicos, a deputada oradora foi Maria Luís Albuquerque. Não vou perder tempo sobre o rosto do governo que cortou, demitiu, degradou, desmotivou e desorganizou em matérias de serviços públicos (tendo mesmo um plano para cortar mais, caso tivesse continuado a governar) teve o desplante de dizer acerca deste orçamento de estado. Foi tudo obsceno. Foi particularmente obsceno por ter sido dito pela deputada com o CV conhecido.

Desplante é uma coisa, destruir o legado de um partido político é outra. Ora, Maria Luís Albuquerque, na sua intervenção, disparou sobre os sindicatos, descobriu que representam interesses obscuros, talvez lóbis, assim, de repente, todo um discurso em nome do PSD que trata o sindicalismo como um obstáculo maldoso, quem sabe endinheirado.

Imagino que na Arrow Global Maria Luís Albuquerque não tenha de perder muito tempo a pensar em direitos dos trabalhadores. Mas no Parlamento fala em nome do PSD e arrasa uma das bases da social-democracia: a defesa do sindicalismo.

O PSD, assim, atira para um lixo cósmico o legado ao qual pertencia, à Europa social que retirou consequências de um conflito histórico entre capital e trabalho. As lutas sociais não foram ignoradas pelos democratas e a necessidade de regular os conflitos foi o berço do triunfo do movimento operário e sindical. Sem este movimento, como o PSD usava saber, pura e simplesmente não haveria Estado social.

A longa história da violação grosseira da dignidade das trabalhadoras e dos trabalhadores na era do capitalismo selvagem, quebrada com o sindicalismo, com a representação dos direitos dos trabalhadores, foi, para os defensores das correntes socialistas e sociais-democratas, uma vitória dos trabalhadores e da sociedade. Não há social-democrata que se preze que admita que uma sociedade é decente se a parte mais fraca da relação laboral – o trabalhador – não tem direito a estar sindicalizado ou que a sociedade é decente se as leis laborais são impostas sem concertação social.

Estamos a viver, ainda, momentos de enormes dificuldades no mundo do trabalho e, concretamente, nos serviços públicos. Há quem, precisamente nesses momentos, recorde a história, e se recuse rasgar o papel dos sindicatos, o mesmo é dizer o contrato social, a certeza de que a precarização laboral e a exploração, para além de indignas, não têm nenhuma relação positiva com o crescimento económico. É o que faz o PS.

Já o PSD, logo pela voz de Maria Luís Albuquerque, aproveita o momento para reduzir o sindicalismo a grupos de interesses, pondo a nu esta nova direita, a que vimos governar durante quatro anos e que assim continuaria se pudesse, avessa a compromisso coletivos alargados, uma direita antissindical, o mesmo é dizer uma direita que matou a social democracia, a que diria necessariamente isto: não há estado social sem sindicalismo; o desemprego e a precariedade reclamam o reforço do movimento sindical.

É este o suicídio do PSD.

Portugal entre os países da UE com mais filhos a viver em casa dos pais

As dificuldades em conseguir emprego e os salários baixos colocam Portugal perto do topo numa lista que não orgulha os primeiros classificados.
Mesmo entre os países mais pobres da União Europeia, há poucos onde tantos filhos ainda vivam na casa dos pais. 

De acordo com dados do Eurostat, Portugal está no top 10 das nações onde mais jovens e até adultos ainda não saíram do lar dos progenitores, à frente de países como Espanha, Lituânia, Letónia, Estónia ou Chipre. 

A vida é mais difícil para os rapazes, que em todos os países da União Europeia estão em maioria sobre as raparigas neste ranking. 

Descubra na galeria do Economia ao Minuto que lugar ocupa Portugal e quem está acima de nós segundo os dados do Eurostat.

Bruno Mourão – Notícias ao Minuto

CGD: Jerónimo acusa PSD de querer complicar processo de recapitalização

O secretário-geral do PCP afastou a possibilidade de um entendimento com PSD e CDS-PP sobre o futuro da Caixa Geral de Depósitos e acusou os sociais-democratas de quererem complicar o processo de recapitalização do banco público.

"O PSD não quer nem transparência nem redução da verba que está destinada ao presidente da conselho de administração da CGD. É falso. Quer, no essencial, a mesma coisa [que o PS], com este ou aquele retoque, visando a desestabilização do processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos", disse o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, durante uma visita ao bairro da Bela Vista, em Setúbal.

O líder comunista lembrou que o PCP tomou a iniciativa de apresentar uma proposta concreta em relação à questão dos gestores da CGD, designadamente definindo um plafonamento de vencimentos correspondente ao salário do primeiro-ministro, e que contabilizava subsídios e outros privilégios para o pagamento de impostos, mas que essa proposta foi chumbada pelo PS, PSD e CDS-PP.

"O PSD vem propor, no essencial, a reposição da lei anterior, em que poderíamos dizer que os 400 mil euros que estão previstos para o presidente do conselho de administração seriam substituídos pelos 400 mil euros que o PSD e o CDS querem atribuir a esse presidente do conselho de administração. Ou seja, no essencial, quer a desestabilização deste processo da Caixa Geral de Depósitos. Sabemos que alguns setores muito amplos do PSD querem a privatização da CGD e querem `encasinar´ todo o processo", disse.

"O PSD quer fazer de conta. Nós não acompanhamos o PSD nesta matéria que é de facto uma operação de hipocrisia, que não resolve o problema do montante [dos salários pagos aos administradores da CGD] nem da transparência", acrescentou o líder comunista.

No que respeita aos anexos do Orçamento do Estado entregues pelo Governo ao parlamento, a pedido dos partidos da oposição, e que segundo o PSD e o CDSS/PP revelam receitas inferiores ao que se previa e um deslizamento das despesas, Jerónimo de Sousa defendeu que o problema essencial é a canalização dos recursos do país para o pagamento do serviço da dívida pública, e reafirmou a ideia de um dia acabará por ser necessário avançar para uma renegociação com os credores.

"Se esses documentos eram devidos à Assembleia da República, foi bom que fossem apresentados. É essa a nossa posição. Em relação às questões da receita e da despesa, mesmo havendo um outro deslizamento, ninguém pega nesta realidade: o grande peso da despesa passa pelo pagamento dos juros da dívida, que são centenas de milhões de euros por mês, que têm de ser entregues para o pagamento do serviço da dívida, não da dívida", disse.

"Nós precisamos de equilíbrio nas contas públicas, mas [também] precisamos de investimento, precisamos de capacidade de responder aos problemas estruturais que existem na sociedade portuguesa e, infelizmente, todo o esforço que o país faz vai sempre por esse cano roto, de um serviço da dívida em que só este ano vamos ter de pagar 8.500 milhões de euros. Esse é um problema central, disse Jerónimo de Sousa, reiterando a necessidade de uma renegociação da dívida pública.

Confrontado com o segundo caso de uma falsa licenciatura no Ministério da Educação no espaço de uma semana, Jerónimo de Sousa disse que se tratou de uma "situação pouco recomendável", mas que já "foi clarificada, foi resposta a legalidade, mesmo no plano ético".

"Em relação ao ministro da Educação, a responsabilidade é do primeiro-ministro. Creio que também já o clarificou. E aqui notar um pouco esta posição de dois pesos e duas medidas do CDS-PP, que durante o seu governo teve situações idênticas como nós nos lembramos, e não pediu demissão nenhuma", disse.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Iniciativa no Vila Galé Collection | Palácio dos Arcos Vila Galé sugere noites de Poesia no Palácio

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Todas as sextas-feiras à noite, o hotel Vila Galé Collection Palácio dos Arcos passará a ter sessões de poesia com declamadores profissionais e amadores, recordando os principais autores da língua portuguesa.

Com início às 21h30, as noites de poesia decorrem no Pessoa Lounge, espaço com ambiente intimista que inclui, por exemplo, um bar com mais de dez variedades de gins. E destinam-se tanto a hóspedes do hotel como a clientes externos. A entrada é gratuita.

A primeira sessão acontece já esta sexta-feira, 4 de novembro. E terá como declamador o ator Eurico Lopes.

Os clientes que pretendam jantar no restaurante desta unidade de cinco estrelas, em Paço de Arcos, podem escolher entre as várias opções da carta, mas sugere-se o Menu Poesia. Por 35€ por pessoa, inclui entrada (Portobello recheado com cacholeira e gratinado com queijo de Serpa), prato principal (risotto de camarão com emulsão de coentros), sobremesa (delícia de chocolate em leite de nozes) e um copo de vinho Santa Vitória.

Instalado no Palácio dos Arcos, construído no final do século XV e reedificado três séculos depois – segundo a história, era das suas varandas que o rei D. Manel I viu partirem as caravelas portuguesas para a Índia – o Vila Galé Collection Palácio dos Arcos está intimamente ligado à poesia, que inspira toda a decoração deste hotel boutique.


Aqui, os hóspedes podem ‘cruzar-se’ com Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Eugénio de Andrade, já que os poemas destes e de outros autores dão vida às zonas comuns e decoram as paredes dos 76 quartos.

 
VILA GALÉ HOTÉIS 
Campo Grande 28 - 3º G
1700-093 Lisboa
Portugal 
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