segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Macroscópio – Incêndios: será que as medidas do Governo são suficientes?

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Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
A reunião do Conselho de Ministros já estava agendada antes dos grandes incêndios de 15 de Outubro. Já se sabia que teria por bases o documento produzido pela Comissão Técnica Independente (CTI) criada por decisão do Parlamento (e proposta de Passos Coelho, o seu a seu dono), tal como se sabia que, no discurso político, as propostas desse documento se transformariam no alfa e no ómega de tudo o que havia para mudar. Depois de 11 horas de reunião, e alguns curtos briefings parciais pelo meio, as decisões lá sugiram na noite de sábado. Estão aqui resumidas, mas a questão que hoje se coloca é se foram as necessárias e suficientes, mesmo sendo certo que a oposição (PSD e CDS) já as saudaram positivamente. É precisamente por aqui que começa o Macroscópio de hoje.
 
O apanhado mais completo das reacções dos especialistas foi o realizado pelo Observador, que ouviu Henrique Pereira dos Santos (arquitecto paisagista), Paulo Fernandes (professor na UTAD e um dos membros da CTI) e José Miguel Cardoso Pereira (professor no ISA e o principal autor do plano de protecção da floresta contra incêndios entregue ao governo em 2006, tendo a maioria das suas propostas ficado na gaveta, como recordou este sábado o Expresso). Estes especialistas viram alguns aspectos positivos nas decisões, mas também muitas omissões. Tantos que o seu balanço é negativo, algo reflectido logo no título: Especialistas: novas medidas são “o primeiro passo concreto para o fogo absolutamente desastroso de 2030”. Vejamos, um por um, o que nos disseram esses especialistas:
  • Henrique Pereira dos Santos, porventura o mais crítico“Não vi uma linha sobre a alteração das estratégias e das opções políticas de gestão do mundo rural. Não vi, em lado nenhum, o Governo assumir que de facto o PDR [Programa de Desenvolvimento Rural] ou os apoios do mundo rural devem caminhar no sentido de criar uma melhor remuneração dos serviços do ecossistema. Sobre isso, zero. Sobre economia, zero. Sobre aquilo que pode contribuir para uma gestão de combustíveis, zero. Nem falo das centrais de biomassa, porque é uma parvoíce. Isso para mim não conta. Para mim, centrais de biomassa são cabras. Se estivessem a falar a sério estavam a falar do apoio à pastorícia.” Outra repetição do que aconteceu em 2003 e 2005.
  • Paulo Fernandes, bastante desencantado: “O que foi anunciado tem um alcance bastante limitado, é mais do mesmo. Há algumas melhorias no que diz respeito à questão da profissionalização, mas o que foi anunciado é essencialmente um reforço de meios. O que quer dizer que o nosso sistema de prevenção e combate, que é muito disfuncional, vai ter mais meios mas vai continuar desarticulado, sem coordenação e sem massa crítica”, avisa o engenheiro e também professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
  • José Miguel Cardoso Pereira, o mais optimista, mesmo deixando alguns reparos e sugestõesEm vez de replantar 90% das árvores, o especialista defende que talvez valha mais a pena recuperar apenas 70% e criar espaços de contenção. “À escala de umas décadas, acaba por se obter mais rendimentos com 70% bem protegidos”, frisou. “É impressionante a área queimada deste ano, vai de Viseu ao sul do Tejo. É perfeitamente brutal e releva as consequências deste modelo de ocupação do espaço. Há ali muitas regiões com excesso de floresta, mas há outras zonas do país que podem ser mais arborizadas, onde há agricultura em abandono. Também há zonas em que havia excesso de continuidade. Faz todo o sentido aproveitar a oportunidade de o conta quilómetros ter sido posto a zeros para pensarmos no que é que queremos daquele território, que riscos é que queremos correr e que expectativas de produção é que queremos ter.”
 

A agência Lusa ouviu Eugénio Sequeira, investigador, ambientalista e antigo presidente da Liga para a Proteção da Natureza, que considerou que as Medidas para floresta são boas, mas muito insuficientes, diz especialista, como titulo o Jornal de Notícias. Cito uma passagem significativa por contrariar um certo discurso urbano e virem de um ambientalista de créditos firmados: “Devia ser dada "atenção às áreas de contenção que as celuloses têm e as espécies que têm nos seus terrenos", defendeu o especialista, explicando que nas propriedades das empresas de celulose existe pinheiro, mas pouco, carvalho, freixo, choupo e zonas abertas de pastagem. Resultado desta gestão do terreno e das espécies, "as áreas das florestas [daquelas empresas] arderam 3% a 4%, enquanto as áreas de eucalipto fora das celuloses arderam quase 50%", realçou.
 
Continuando nas reacções, regresso a Henrique Pereira dos Santos, sempre muito activo no blogue Corta-Fitas, onde escreveu O homem que ri, um post onde recorda como muito do que está a ser dito hoje pelos especialistas já foi dito antes pelos mesmos, ou por outros, especialistas: “Posso citar um post meu de 2010, mas mais relevante é um relatório entregue na Assembleia da República, de 2009, que refere explicitamente a elevada probabilidade de haver um ano próximo em que arderiam meio milhão de hectares em Portugal. Esse ano chegou em 2017 e, tal como depois dos anos de 2003 e 2005, isso criou as condições para que o Governo, qualquer que fosse, pudesse fazer opções mais arriscadas porque a sociedade exige de facto que o assunto seja tratado seriamente. Infelizmente, ao leme do barco está de novo o homem que ri. E infelizmente mantém as mesmas opções: a gestão do fogo político é mais importante que a gestão do fogo rural.”
 
O mesmo Henrique Pereira dos Santos, agora numa coluna do jornal online Eco, aponta o dedo a alguns dos culpados políticos. Em Radicais interroga-se: “Que tal se, antes de responsabilizar os pastores, responsabilizássemos o BE e os Verdes por forçar o desvio do que interessa – a gestão sustentável do mundo rural, assente na competitividade de uma economia capaz de gerir o problema do fogo – para uma questão que não interessa nada para a gestão do fogo, mas dá muitos votos urbanos, como é a falsa questão do eucalipto?

 
Este tema da gestão política dos imensos danos da catástrofe que o país viveu permitir-me-ia alinhar uma dúzia de artigos que, ao longo da semana passada, foram dissecando a forma de actuar de António Costa nesta crise. Não vou no entanto fazê-lo, mas abro uma excepção para citar uma passagem da crónica de Miguel Sousa Tavares no Expresso (paywall), A vergonha, onde o escritor e cronista recorda um episódio que se passou com ele para melhor caracterizar a forma de actuar do nosso primeiro-ministro:
Conheci António Costa era ele presidente da Câmara de Lisboa e eu fazia parte de um movimento de cidadãos que se tinha formado para tentar opor-se ao demencial projecto de alargamento do Terminal de Contentores de Alcântara, celebrado entre a Mota-Engil e a Administração do Porto de Lisboa, em condições e através de um contrato que também me fizeram sentir vergonha de ser português. Invocando falsos pressupostos e à custa do dinheiro dos contribuintes, à empresa privada era concedido o direito de ocupar a parte mais nobre da frente de rio de Lisboa com uma barreira de contentores durante dezenas de anos. E, estranhamente, o presidente da Câmara de Lisboa fingia que nada via e nada era com ele, como se perder quilómetros do mais nobre domínio público da cidade lhe fosse uma questão alheia. Mas quando o movimento de que eu fazia parte começou a atrair as atenções da comunicação social e de cada vez mais cidadãos, aí António Costa temeu que aquilo crescesse como uma onda e pudesse pôr em causa a sua recondução nas autárquicas de daí a uns meses. Chamou-nos, e só então começou a negociar connosco, por um lado, e com a APL e a Mota-Engil, por outro. Percebi que o que o incomodava, como presidente da Câmara, não era ver o Tejo tapado com contentores, mas poder perder votos devido ao barulho causado por isso. 
 
Feito este parêntese, passo a outro tema – e que tema: a quase total destruição do chamado Pinhal de Leiria, um desastre tanto ou mais surpreendente já que essas matas são do Estado e geridas pelos seus serviços. Acontece porém que estes já não são o que foram no passado, o que levou o historiador Gabriel Roldão (que acabou de escrever uma volumosa obra sobre aquela mata cuja origem remonta a D. Afonso III e D. Dinis a considerar, em entrevista a Marta Leite Ferreira do Observador, que “O Pinhal de Leiria já está morto há 12 anos” porque a sua gestão foi abandonado. Uma gestão que podia ser exemplar se a riqueza ali gerada fosse utilizada para o tratar. Depois de descrever como, apesar de tudo, a rentabilidade do pinhal já estava a cair, acrescentou que “Este processo garante uma receita de entre três e quatro milhões de euros, que é pouco para o potencial do Pinhal. E mesmo assim (...) apenas 6% é usado na própria Mata e somente para "pagar a uns quantos engenheiros e mangas de alpacas". Os outros 3,76 milhões de euros lucrados com o Pinhal serão "usados pelo ICNF para sustentação de outras florestas".
 

Gonçalo Castel’Branco, engenheiro florestal, também escreveu sobre o tema no Público, em A Mata Nacional de Leiria foi-se. Que raio de país! É um texto que faz a história do desinvestimento nos serviços florestais: “está bem à vista que o Estado abandonou a floresta portuguesa há muito tempo e que não eram só as dos outros que ardiam. Não se esperava muito num país que desinvestiu tanto na floresta e que conseguiu destruir uma organização florestal centenária. De facto, em 1996 (era primeiro-ministro António Guterres e ministro da Agricultura Fernando Gomes da Silva) foram eliminados os Serviços Florestais, deixando que uma nova Direcção-Geral das Florestas se transformasse numa estrutura central, passando a parte desconcentrada a ser incluída nas Direcções Regionais de Agricultura, que nunca possuíram vocação florestal.” Mais tarde, “em 2006, o Corpo Nacional da Guarda Florestal que ainda fiscalizava o cumprimento de legislação nos espaços florestais foi extinto e os seus efetivos foram integrados na GNR, passando da alçada do Ministério da Agricultura para a do Ministério da Administração Interna. Era primeiro-ministro José Sócrates, ministro da Agricultura Jaime Silva e ministro da Administração Interna António Costa.” Por fim, com Assunção Cristas como ministra da Agricultura, o que restava da Direcção-Geral das Florestas acabou fundido com os serviços de conservação da natureza, um processo que não criou sinergias, antes disfuncionalidades. No mesmo texto Gonçalo Castel’Branco também reconstitui a forma como o Pinhal de Leiria foi sendo abandonado, falando tanto do saque às suas receitas como do abandono das casas onde em tempos viviam os guardas florestais.
 
Para além do relatório da Comissão Técnica Independente, o governo também recebeu o documento elaborado pela equipa do professor Domingos Xavier Viegas, este mais centrado no estudo exaustivo de como se desenvolveu o fogo de Pedrógão Grande. Este fim-de-semana deu duas entrevistas e os seus pontos de vista nem sempre parecem coincidir com os dos outros especialistas. Não podemos por isso ignorá-las:
  • "O país que ardeu está à margem do país que é imaginado em Lisboa", disse ao Diário de Notícias e à TSF, um título sustentado na seguinte passagem: “Fui a todos os lugares onde houve perda de vidas. Quando andamos no terreno o que encontramos? Um país que está à margem do país que é imaginado em Lisboa. Encontramos aldeias que não têm saneamento e casas que não têm água corrente. Como é que estas pessoas, com rendimentos tão baixos e que vivem do que cultivam, podem fazer o trabalho de limpeza das florestas? Há aqui uma falha na governação do país, na distribuição relativa da riqueza. Nós queremos o nosso espaço rural e florestal cuidado. Queremos que tenha pessoas para não ser um matagal, mas temos de dar condições às pessoas. Esse é o primeiro momento crítico, de que falámos e que é transversal a muitos governos.”
  • Algumas propostas dos técnicos são "um absurdo", defendeu em conversa com o Público, onde assumiu que discorda de algumas soluções que deveriam ter estado na mesa do Conselho de Ministros. Mesmo assim há outras que considera importantes “A comissão técnica propõe a criação de uma agência para gerir prevenção e combate, inclusive vai ao ponto de recomendar que seja gerida por técnicos florestais. Que haja essa junção e articulação das duas tarefas, parece-me bem. No nosso relatório falamos de um plano de gestão de incêndios florestais que olhe para isto no seu conjunto. Tem de haver alguma estrutura que esteja por cima.” Do que sabemos das conclusões da reunião do Governo esta proposta não foi acolhida, pelo menos por agora.
 
Guardei para o fim uma evocação, a das opiniões de Gonçalo Ribeiro Telles, porventura utópicas mas sempre frontais. A Visão, que o entrevistou em 2003, depois dos fogos catastróficos desse Verão, foi ao baú repescar essa conversa, com alguns aspectos muito actuais – e polémicos. Em Esta entrevista tem 14 anos mas podia ter sido dada hoje o arquitecto paisagista defende que “A limpeza da floresta é um mito. O que se limpa na floresta, a matéria orgânica? E o que se faz à matéria orgânica, deita-se fora, queima-se? Dantes era com essa matéria que se ia mantendo a agricultura em boas condições e melhorando a qualidade dos solos. E, ao mesmo tempo, era mantida a quantidade suficiente na mata para que houvesse uma maior capacidade de retenção da água. Com a limpeza exaustiva transformámos a mata num espelho e a água corre mais velozmente e menos se retém na mata, portanto mais seco fica o ambiente.
 
Já no Observador, António Covas, professor da Universidade do Algarve, repesca extratos de um seu livro que roda muito em torno da obra de Ribeiro Telles e, em A estética da paisagem e a poesia da natureza, recorda umas palavras desse autor que têm a maior das actualidades e que usa em apoio da sua tese sobre um inevitável regresso do mundo rural: “O mundo rural foi considerado obsoleto, como qualquer coisa que vai desaparecer. Veja-se o disparate que foi a política de diminuição dos activos na agricultura. Contribuiu para o aumento dos subúrbios, dos bairros de lata e da emigração. Trouxe alguma coisa melhor para a província? (...) Os agricultores foram convencidos de que eram uns labregos. Houve toda uma política de desprestígio do mundo rural tendo por base a ideia de que era inferior ao mundo urbano. Esqueceram-se de que o homem do futuro vai ser cada vez mais o homem das duas culturas, da urbana e da rural.”
 
Mas este debate sobre o mundo rural e a sua sustentabilidade tem sido o debate que ninguém quer ter, como eu próprio noto num curto vídeo de opinião do Observador, Falamos demasiado de fogos e quase nada do mundo rural. Aí defendo, como este fim-de-semana também defendeu o Presidente, que os deputados devem descer ao terreno para conhecer o país e verem as suas paisagens enegrecidas, pois só assim perceberão que o mais importante, neste momento, é fazer renascer o mundo rural. Sem isso nunca teremos floresta sustentável.
 
Com este apelo a um debate de que poucos falam, e a que certamente regressaremos, termino esta Macroscópio, que já vai longo mas espero vos tenha sido útil. Tenham bom descanso. 
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Imprensa sem compadrios


Vista da nação
Rui Barbosa
A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça.

Criminosos do adjetivo
Nelson Rodrigues
Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de ilustre, de insigne, de formidável, qualquer borra-botas.

A liberdade da imprensa
Charles Tocqueville
A liberdade da imprensa não faz sentir o seu poder apenas sobre as opiniões políticas, mas também sobre todas as opiniões dos homens. Não modifica somente as leis, mas os costumes (...) Amo-a pela consideração dos males que impede, mais ainda do que pelos bens que produz.

Duas ordens
Eça de Queiroz
A imprensa é composta de duas ordens de periódicos: os noticiosos e os políticos.


Função da imprensa
Abbott Joseph Liebling

A função da imprensa na sociedade é informar, mas seu papel na sociedade é ganhar dinheiro.

Não se cala a imprensa
William Blake
Quando a imprensa não fala, o povo é que não fala. Não se cala a imprensa. Cala-se o povo.

A imprensa é
Charles-Bernard Renouvier
A imprensa é como as torrentes: enfurece-se e adquire mais força contra os obstáculos.

Cresce por si mesma
Victor Hugo
Uma calúnia na imprensa é como a relva num belo prado: cresce por si mesma.

editorlitoralcentro@gmail.com

Evento de Team Building no Algarve

A ActionCOACH Portugal organiza em parceria com o Autódromo Internacional do Algarve (AIA), AXN e My Dynamic, o Action MEETING.
É um evento premium de 2 dias, a acontecer a 17 e 18 de Novembro no AIA, onde vai ser dado destaque à performance das equipas e sobre como desenvolver e construir um forte espírito de grupo.
Ao longo dos dois dias, haverá cinco provas de Team Building e Workshops contínuos com oradores conceituados, para além de um  Showroom com área para expositores.
As empresas e respectivas equipas, hoje em dia, vivem desafios constantes. Marcar a diferença num mercado competitivo leva à busca de soluções criativas e diferenciadas. A organização do evento pretende, desta forma, “ir ao encontro dessas necessidades, formando pessoas e equipas para que consigam alcançar performances maiores”.
As provas de Team Building estão preparadas para fomentar a componente de grupo. Os cenários foram construídos para que todos possam participar, sendo acessíveis a qualquer pessoa.
Fonte: O Algarve Económico

Fafe: Congresso da Liga de Bombeiros Portugueses em Direto no BPS

BPS - Bombeirosparasempre - Informação e opinião desde 2007


É já nos próximos dias 27, 28 e 29 de Outubro que no pavilhão Multiusos de Fafe decorrerá o 43º Congresso que o BPS, à semelhança dos anteriores, transmitirá em direto através da nossa página Oficial na rede social Facebook.
O mesmo direto será replicado para o nosso website no endereço habitual: http://www.bps.pt .
Este congresso tem como ordem de trabalhos a “análise e discussão das grandes linhas de orientação da actividade da LBP para quadriénio 2018/2021”, servirá também para a eleição dos novos orgão sociais para o mesmo período (conheça os candidatos aqui).

Faremos muitas entrevistas e estaremos atentos à atualidade envolvida no tema do socorro e da proteção civil. 

Eu, Psicóloga | Síndrome de Rapunzel: o mal com nome de conto de fadas, mas sem final feliz



Você já ouviu falar sobre a Síndrome de Rapunzel? Apesar do nome inspirado em um personagem famoso, essa condição rara não tem nada de contos de fadas — e inclusive pode resultar em um final longe de ser feliz para os pacientes. Isso porque as pessoas que padecem com a síndrome ingerem os próprios cabelos durante anos até que uma volumosa bola sólida de fios emaranhados se forma no estômago, com uma mecha que se estende até os intestinos.

Essa massa de cabelos recebe o nome de tricobezoar gástrico e pode causar uma série de problemas de saúde e até a morte. De acordo Sara G. Miller, do site Live Science, uma fatalidade por Síndrome de Rapunzel foi registrada no início do mês na Inglaterra. O caso envolveu uma garota de 17 anos que foi levada às pressas ao hospital depois de desmaiar, mas os médicos não conseguiram fazer nada para reverter o quadro e ela acabou falecendo.


Sem final feliz


Segundo Sara, entre os sintomas mais comuns da síndrome estão problemas digestivos como náuseas e vômito, mas o tricobezoar também pode obstruir o trato gastrointestinal, causando dificuldades alimentares e desnutrição. Além disso, a bola de cabelos pode dar origem a úlceras — e, dependendo da gravidade da situação, a lesão pode perfurar a parede estomacal e permitir que bactérias presentes no tricobezoar se alojem na cavidade abdominal e causem infecções sérias.

No caso da jovem que faleceu na Inglaterra, complicações relacionadas com a bola de cabelos levaram a moça a desenvolver uma peritonite, isto é, uma inflamação no peritônio — que é a membrana que recobre a parede abdominal e as vísceras. Essa inflamação levou a paciente a sofrer falência generalizada dos órgãos e, posteriormente, a morte.

E como pode uma bola de cabelos causar tanto estrago? Ao contrário do que você possa imaginar, essas massas de fios não são maleáveis e macias como as bolinhas que fazemos quando limpamos as nossas escovas de cabelo, por exemplo.

Um tricobezoar se forma ao longo de vários anos e a partir do acúmulo de uma grande quantidade de fios — que vão se enroscando até formar uma massa bastante dura e consistente que adota o formato do estômago do paciente. E não tem jeito: uma vez a presença da bola de cabelos é identificada, ela precisa ser removida por meio de cirurgia antes que ocorram complicações graves.


Origem do problema


Bem, nós contamos que a Síndrome de Rapunzel acontece quando alguém engole cabelos suficientes para formar uma massa sólida no estômago que ocasiona uma porção de problemas. Mas, e o que leva uma pessoa a engolir os próprios fios? Pois os pacientes diagnosticados com a condição quase sempre sofrem de um transtorno psicológico conhecido como tricotilomania — que consiste na compulsão de arrancar os próprios cabelos ou pelos do corpo —, acompanhado da tricofagia, ou seja, a ingestão dos fios.
De acordo com Sara, os especialistas acreditam que a tricotilomania é uma condição associada com o transtorno obsessivo compulsivo. Mas, em vez de ela ser motivada por pensamentos repetitivos e intrusivos ou obsessões — como é o caso do TOC —, o ato de arrancar pelos e cabelos é puramente comportamental, o que significa que a pessoa nem sequer pensa antes de puxar os fios e é incapaz de resistir ao impulso de fazer isso.

E o transtorno pode afetar bastante a vida da pessoa diagnosticada com a condição, uma vez que ela pode se sentir frustrada por não conseguir se controlar e arrancar os próprios fios, sem falar que a compulsão pode levar o paciente a evitar o convívio social. Pelo menos nos EUA, estima-se que entre 1 e 2% da população sofra de tricotilomania e que, desses, entre 5 e 20% apresentem tricofagia.

A condição costuma se manifestar com mais frequência em crianças entre os 10 e 13 anos de idade e, apesar de os meninos também poderem desenvolver o transtorno, ele é mais comum em meninas, tanto que, em adultos, 90% dos casos são registrados em pessoas do sexo feminino. Com relação ao tratamento, além do uso de medicamentos, ele envolve ajudar o paciente a reconhecer quando puxa os cabelos e identificar o que desencadeia a ação.

Os diagnosticados também podem aprender técnicas que envolvem praticar atividades incompatíveis com o ato de puxar os cabelos toda vez que surgir o impulso, como cerrar os punhos, sentar sobre as mãos ou fazer atividades manuais, como bordado ou tricô.



Eu, Psicóloga | Como falar com as crianças sobre sexo e relacionamento: as dicas.



As redes sociais e o fácil acesso a pornografia na internet fazem do papo sobre sexo um verdadeiro campo minado para os pais. Diante de tantas informações erradas que são encontradas na Internet cada vez mais se torna necessário os pais conversarem com os filhos- mas qual a melhor abordagem?

Tolerar o constrangimento
Para muitos pais, falar sobre sexo com os filhos é constrangedor, mas os pais têm que colocar esse tipo de sentimento de lado. Como adultos, os pais, têm que aceitar o constrangimento e não deixar isso criar uma barreira. Lidar com o constrangimento que uma conversa como essa traz passa a mensagem que você está lá por eles, para falar sobre questões que envolvem sexo e consentimento. 

Não fale diretamente sobre eles
Colocar o foco da conversa em outra pessoa, em vez do filho, é um bom ponto de partida. É um pouco mais seguro falar na terceira pessoa, quando se trata de outra pessoa. Às vezes, a oportunidade pode surgir quando eles estão lendo um livro ou vendo um filme que você conhece. Você pode falar sobre o que está acontecendo na história.

Pode ser uma cena de sexo em um filme, por exemplo. Você pode comentar, dar seu ponto de vista e ouvir a perspectiva dele. Histórias de amigos e parentes também podem ser uma deixa. É uma maneira de abordar determinada experiência e o que representou para a pessoa - onde ela talvez tenha errado, o que poderia ter feito e que tipo de pressões pode ter sentido.


Não troque de canal
Se aparecer uma cena de sexo na televisão, as crianças vão observar a reação dos pais. Por isso, é importante refletir antes de agir. Se você trocar o canal, mudar de assunto ou fizer uma piada sempre que o tema sexo surgir, seus filhos terão mais propensão a achar que o sexo é perigoso, embaraçoso ou algo para se vergonhar ou ter medo.

Essas ocasiões devem ser usadas como uma oportunidade para conversar sobre o tema. Eu acho que essas situações - em vez de ficar todo mundo encolhido no sofá - podem ser usadas como temas para conversas dentro da família, onde eles se sentem seguros e capazes de explorar essas questões.


Ensine a dizer não
Uma criança que gosta de acompanhar os colegas mais travessos, pode ter menos segurança em dizer não, quando se trata de atividade sexual. Os pais precisam transmitir aos filhos, desde cedo, a mensagem de que eles não têm que fazer coisas que não querem - como se exibir na sala de aula ou ser rude com a professora - só porque estão sendo incitados pelos colegas.

São meras situações sociais e mostram princípios sólidos em relação a isso - a defender suas coisas, manter a autoconfiança e não ceder a pressões. Desta forma, você enraiza valores sobre não ceder e não fazer algo que você não queira. Assim, quando eles forem mais velhos e chegar a hora dessa conversa, soará como algo familiar.

Aprenda sobre as redes sociais
O uso excessivo das redes sociais é o principal fator de preocupação quando se trata de jovens se colocarem em situações difíceis sexualmente. E o fato de os adolescentes de hoje serem nativos digitais, diferentemente dos pais, também não ajuda.

Muitas vezes, os jovens acham que não podem falar com os pais sobre isso porque eles não vão entender, já que não sabem nada sobre Instagram e afins.

O objetivo é obter um pouco de conhecimento... Acho que, como pai, você precisa saber um pouco o que está acontecendo no Instagram... dessa forma, podemos manter um diálogo aberto com as crianças.

Não julgue
É importante não dizer nada que possa fechar o canal de comunicação - seja agora ou no futuro. Uma amiga certa vez contou, "Minha filha tem sete anos, e ela chegou em casa dizendo que gosta de um garoto da escola"

"Eu fiz questão de não forçar nada e dizer algo como 'Você sabe que pode vir falar comigo sobre qualquer coisa'. E tampouco puni-la, dizendo: 'Você é muito jovem para ter namorado, o que você quer dizer com 'namorado'?, apesar da tentação de fazer isso."

"Eu disse assim: 'Que interessante, qual o nome dele? O que você gosta nele?', sem forçar nada. Assim eles sentem que não serão punidos ou julgados se surgir uma conversa sobre sexo.

"Eu quero que ela sinta que pode falar comigo sobre coisas desse tipo. E à medida que ficar mais velha, as conversas provavelmente vão mudar e desde que ela sinta que pode vir até mim e não será criticada quando disser, 'Olha, aconteceu isso', talvez com um menino, desde que haja diálogo, acho que as crianças se sentem mais seguras."

"Também é importante não invalidá-los, seus sentimentos e suas experiências", acrescenta San.

É importante não insistir muito com seu ponto de vista, uma vez que essa atitude por si só pode ser invalidante, do tipo 'Você está me dizendo o que eu penso e sinto, então eu nunca vou falar com você', mas é bastante complicado encontrar o ponto de equilíbrio.’

Converse desde cedo
Nunca é muito cedo para começar a falar sobre sexo - há apenas formas mais adequadas à idade. Você não precisa entrar em detalhes. Uma resposta curta e simples pode ser suficiente

Se eles fizerem uma pergunta, como 'De onde vêm os bebês?', você pode responder: 'Os bebês crescem na barriga de uma mulher, e quando estão prontos, saem para o mundo'. Isso pode ser suficiente.

Ou então, seu filho pode ir além e questionar: 'Como o bebê entra?'. E você poderia responder: 'Um homem coloca uma semente lá dentro'. 

O importante é respeitar a maturidade da criança em absorver as informações. Isso depende muito da idade da criança e do que ela pergunta. Não vá além do que ela perguntou, pois a curiosidade da criança diz respeito ao que está sendo perguntando, em outro momento uma outra pergunta pode surgir e então você poderá responder. Mas falar com eles enquanto ainda estão na escola primária pode ajudar a determinar seu nível de compreensão e encorajá-los a fazer perguntas.

Para resumir, esteja disponível

É muito importante, desde cedo, haver abertura e franqueza, assim como um ambiente em que os jovens sentem que podem chegar e dizer quando há um problema. O que mais você pode fazer, a não ser se certificar de que eles saibam que você está lá para apoiá-los?




Os árbitros consideram que o clima no futebol português é uma “asfixia constante em torno do papel do árbitro”.

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) anunciou que os árbitros vão fazer greve aos jogos da Taça da Liga nos próximos meses de novembro e dezembro.

Em causa está o clima no futebol português em torno da arbitragem. “O clima no futebol português tem-se degradado cada vez mais nos últimos tempos. Uma asfixia constante em torno do papel do árbitro que tornaram quase irrespirável o ar que a cada semana encontramos nos relvados do nosso país”, lê-se no comunicado.

“A APAF - Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, comunica que os árbitros C1 não estarão disponíveis para os jogos da Taça da Liga agendados para o final dos meses de novembro e dezembro, iniciando, desde já, todos os procedimentos regulamentares nesse sentido”, anunciou a associação de árbitros.

Fonte: Sol

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Os preçários dos bancos mostram “spreads” a partir de 1%, mas 1,3% foi o melhor que encontrámos numa ronda pelos bancos. Banco CTT e Bankinter são os mais económicos para a maioria.
Conselho Superior da Magistratura reconhece que proclamações feitas pelo juiz do Porto que atenuou pena com os argumentos da Bíblia sobre adultério são "arcaicas" e "infelizes". Mas não pode intervir
Um homem agrediu violentamente a mulher e um juiz do Porto atenuou a pena pelo facto de a mulher ter um amante. A Bíblia e o antigo Código Penal serviram de base à argumentação. O acórdão está aqui
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Engenharia, vendas, gestão de produto e experiência de utilizador são as áreas onde a startup portuguesa quer reforçar a equipa. O objetivo é duplicar o número de colaboradores recrutados em 2017.
O brasileiro Márcio Cabral é um dos vencedores do concurso Wildlife Photographer of the Year graças a uma foto de um papa-formigas a comer térmitas. Saiba mais sobre ela. E veja os outros vencedores.
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Para PCP/BE, cortes salariais são inaceitáveis e merecem moção de censura. Mas falhar na protecção da população não merece e quem a propõe é “grotesco”. O acesso ao poder faz, vê-se, toda a diferença.

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Não é normal nem desejável a súbita ‘revolução’ nos sistemas partidários a ocorrer na Europa. Esta é razão adicional para saudar a intervenção de Marcelo, bem como a moção de censura proposta pelo CDS

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Depois do que aconteceu na última semana, o resultado das próximas eleições está agora em aberto. Se a geringonça falhar, só há uma alternativa política: a direita. Não será certamente o centro.

Alberto Gonçalves
O que não faz sentido é que o dr. Costa se julgue no direito de governar pessoas minimamente saudáveis ou de conviver com elas. Como não faz sentido que esta apatia com fronteiras se suponha um país.

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Um restaurante algarvio está entre os 10 mais votados pelos utilizadores do site de viagens Tripadviser, um dos mais influentes e importantes, a nível internacional.
Trata-se do Restaurante dos Artistas, que ficou em 7º lugar. Situado em Lagos, na Rua Cândido dos Reis, está aberto de 2ª feira a Sábado, aos almoços e jantares, e uma refeição pode custar entre 26 e 96 euros.
O grande vencedor é o DOC, de Armamar. Em 2º lugar, o Paparico (Porto), seguido pelo Cris’s (Funchal) e pelo Belcanto (Lisboa). A ficar a primeira metade da lista surge o Oxalá (Ovar).
O 6º lugar desta lista é ocupado pelo Mini Bar Teatro (Lisboa). Em 7º surge então o Restaurante Os Unidos, de Lagos, e os últimos lugares do top ten ficam por conta do Restaurante do Forte (Funchal), o Ode Porto Wine House e As Salgadeiras Restaurante.
Fonte: O Algarve Económico

Câmara Municipal aprova voto de pesar pelas vítimas dos incêndios

A Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha aprovou, na última Reunião de Câmara, um voto de pesar pelas vítimas dos incêndios ocorridos no fim de semana de 14 e 15 de outubro, dos quais resultou um elevado número de vítimas mortais e de feridos.

  A Autarquia entende que deverá solidarizar-se com as autarquias afetadas, algumas delas seriamente afetadas, com graves consequências económicas, sociais e ambientais. De imediato e por unanimidade, após votação por escrutínio secreto, a Câmara Municipal deliberou aprovar o voto de pesar, nos termos referidos, manifestando assim publicamente o pesar e solidariedade para com as vítimas e familiares dos fogos que devastaram, pela segunda vez do corrente ano, o País.

Foi igualmente deliberado enaltecer e agradecer o esforço das forças de proteção civil, com especial atenção aos soldados da paz, que lutaram heroicamente e sem descanso pela proteção de pessoas e bens, demostrando um elevado espírito de missão, enaltecendo ainda o papel das instituições e dos cidadãos envolvidos, bem como a imediata solidariedade dos portugueses, cidadãos anónimos, no apoio às vítimas e às já referidas entidades, a quem se deve uma palavra de reconhecimento e solidariedade pelas ações generosas e abnegadas.

 A solidariedade para com as vítimas dos incêndios foi ainda demonstrada na cerimónia de instalação dos órgãos do Município, que decorreu no sábado, tendo sido respeitado um minuto de silêncio pelas pessoas afetadas pelos mais de 300 fogos registados no fim de semana trágico.

O Litoral Centro solidariza-se