Em
resposta a um pedido feito pela empresa australiana Fortescue Metals
Group Explorations Pty, Ltd à DGEG – Direção-Geral da Energia e
Geologia, o executivo da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra,
deliberou, por unanimidade, não concordar com a realização de uma
prospeção e pesquisa de depósitos de minerais ferrosos e
metálicos. A decisão foi comunicada na Assembleia Municipal,
realizada no passado dia 7 de junho, tendo gerado forte e amplo
consenso junto dos deputados presentes.
Em
causa está um pedido de diretos de prospeção e pesquisa, formulado
pela empresa acima mencionada, para uma área de cerca de 52 km2,
denominada “Raposa”, que engloba o território de Pampilhosa da
Serra nos limites das povoações de Dornelas do Zêzere,
Unhais-o-Velho, Brejo de Cima, Janeiro de Baixo, Porto de Vacas e
Carregal do Zêzere.
A
extração de minerais ferrosos ou metálicos como o ouro, prata,
chumbo, zinco, cobre, estanho, tungsténio, mas sobretudo o Lítio,
constitui-se como o objetivo último desta exploração, cujos
trabalhos poderão decorrer pelo período de três anos, com eventual
prorrogação de outros dois.
Tendo
em conta “os danos irreparáveis que podem ser causados no
território”, o executivo municipal decidiu rejeitar
perentoriamente esta “exploração a céu aberto”, por considerar
que se trata de um projeto que colide com “a política de
desenvolvimento sustentável que o Município tem privilegiado ao
longo de vários anos, assente no turismo de natureza, na qualidade
do ar, da água, do ambiente e do verde”, assinalou José Brito,
Presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, manifestando
ainda a sua apreensão relativamente a um cenário que se pode
revelar um “desgosto” e uma “catástrofe” para Pampilhosa da
Serra e os Pampilhosenses.
O
Município reitera ainda que mediante os elementos disponibilizados,
não há qualquer garantia de que será acautelada a qualidade da
água da albufeira da Barragem de Santa Luzia e do Rio Zêzere, para
além de que o projeto provocará a descaraterização de uma área
significativa do concelho e causará danos irreversíveis tanto na
paisagem como na vivência das populações.
Saliente-se
que a atividade mineira, principalmente se realizada a céu aberto e
com recurso a explosivos e agentes químicos - prática comum no caso
do lítio - implica risco de contaminação atmosférica, de
contaminação de solos e lençóis freáticos e tem acentuado
impacto visual e sonoro.
“É
tempo de tomarmos uma posição clara e demonstrarmos que temos aqui
determinados valores que não são pagos com alguns postos de
trabalho e que deitam por
terra a verdadeira riqueza do território”, notou José Brito. Por
seu turno, Jorge Custódio, Vice-Presidente da Câmara Municipal,
apelou à mobilização da população residente na área abrangida
pelo designado espaço “Raposa”, mas também a todos os
Pampilhosenses, residentes e não residentes no concelho. “A
proteção da verdadeira riqueza do território deve ser mantida a
todo o custo. Creio que temos a função de ser os verdadeiros
guardiões desta natureza e devemos continuar a assumi-la”,
concluiu.