quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Aparências que satisfazem

Aparências que satisfazem

O escritor francês, Jacques Anatole François Thibault (mais conhecido como Anatole France), ganhador do Prémio Nobel de Literatura de 1921, escreveu, em um de seus romances: “A justiça é a sanção das injustiças estabelecidas”. Exagero? Não diria tanto! Analisando o que ocorre, com demasiada frequência, ao nosso redor, concluímos, até facilmente, que não se trata de mera frase de efeito, mas de assustadora realidade.
O aparato de Justiça tende a ser severo em demasia com os humildes, com os miseráveis, com os que não têm o suficiente, sequer, para prover a própria subsistência, enquanto se mostra leniente, complacente e frouxo com os que têm recursos materiais e podem custear uma boa defesa, mesmo que seus delitos sejam passivos das mais severas punições.
Foram vários os casos, por exemplo, em que pessoas em situação de extrema necessidade, foram severamente punidas por pequenos furtos, de valor absolutamente irrisório, enquanto notórios bandidos de colarinho-branco permanecem impunes, a zombarem da sociedade.
Ora é uma empregada doméstica desempregada que levou, sem pagar, de uma poderosa rede de supermercados, reles chupeta para o filho, que não podia comprar. Ora é outra mulher, que passou anos na cadeia, por causa do furto de um pote de margarina. Ora é um morador de rua, que furtou um vidro de picles e, por causa dele, apodreceu anos numa cela qualquer, à espera de julgamento, enquanto milhares de perigosos bandidos, de assassinos confessos, de traficantes de drogas, permanecem nas ruas, por falta de vagas nas abarrotadas instituições penais, País afora. E os casos se multiplicam, sem que venhamos sequer a nos dar conta deles. São tantos, que acabam noticiados apenas em meras notinhas de pé de página, nas editoriais de polícia dos grandes jornais, que raramente nos damos o luxo de ler.
Essas prisões, no meu entender arbitrárias e até absurdas, todavia, significam a “morte social” de quem as sofre. Só se igualam, em termos de prejuízos para a imagem, aos que, por qualquer motivo, foram internados alguma vez em manicómios. Quem passa por essas experiências, embora continue vivo, é como se houvesse morrido. Ninguém mais os leva a sério. Não conseguem emprego, são desprezados pela família e perdem os “amigos” (se é que algum dia os tiveram). O pior é que todos estamos sujeitos (embora sequer nos demos conta) de passar por situações como estas.
No caso dos pequenos furtos (não raro de valores inferiores a R$ 1), custava o segurança que constatou o deslize, ou quem testemunhou essas violações das normas vigentes, ir até o caixa e ressarcir o estabelecimento do “prejuízo” (que grande prejuízo!)? Claro que não! A todo o instante gastamos importâncias dezenas, centenas, milhares de vezes superiores a estas em bobagens, quando não em coisas que nos prejudiquem a saúde e o fazemos com a maior satisfação.
A reacção, nesses casos, via regra (jamais constatei uma excepção), é execrar o infeliz – quando não tentar agredi-lo –, dedo em riste, clamando por “justiça”, indiferentes aos motivos que o levaram a agir dessa maneira. Somos rigorosos (e apressados) demais em julgar os outros e exigimos total complacência com nossas próprias violações. Vivemos de “aparências”.
Só nos importa o que aparentamos ser, não o que, de fato, somos. E é por esse parâmetro que julgamos os outros. Quantas pessoas já foram injustiçadas, falsamente acusadas de erros que não cometeram, apenas por que tinham “cara de bandidos”?! Conheço, sem nenhum exagero, pelo menos uma dezena de casos desse tipo. E quando são inocentadas (as raras que o são, claro), os que lhes atribuíram culpa que não tinham não têm, sequer, a grandeza moral de pedir desculpas. Arranjam, isso sim, esfarrapadas justificativas para suas acusações sem-fundamento.

Austregésilo de Athayde citou, em um artigo que publicou na coluna que assinava na extinta revista “O Cruzeiro” (intitulado “Aparência acima da realidade”), as seguintes palavras de Nicoló Maquiavel, que cabem, a carácter, nestas reflexões: “A quase todos os homens só aparências satisfazem tanto quanto a realidade, e muitas vezes os agitam mais as primeiras do que a segunda”. Estava errado? Todos sabem que não! 

(Adaptado)


A VIDA É UMA OPORTUNIDADE

A VIDA É UMA OPORTUNIDADE
 


A vida é uma oportunidade, aproveita-a.
A vida é beleza, admira-a.
A vida é beatificação, saborei-a.
A vida é sonho, torna-o realidade.
A vida é um desafio, enfrenta-o.
A vida é um dever, cumpre-o.
A vida é um jogo, joga-o.
A vida é preciosa, cuida-a.
A vida é riqueza, conserva-a.
A vida é amor, goza-a.
A vida é um mistério, desvela-o.
A vida é promessa, cumpre-a.
A vida é tristeza, supera-a.
A vida é um hino, canta-o.
A vida é um combate, aceita-o.
A vida é tragédia, domina-a.
A vida é aventura, afronta-a.
A vida é felicidade, merece-a.
A vida é a VIDA, defende-a.

Chico Xavier – Emmanuel



NB: independentemente a sua fonte/autor, não deixa de ser um rico texto que nos conduz a uma séria reflexão sobre a vida.

Directa ou indirectamente os dadores de sangue sempre pagaram as taxas moderadoras

Directa ou indirectamente os dadores de sangue sempre pagaram as taxas moderadoras
 Acontecia com o anterior cartão nacional de dador, porque os serviços onde os dadores se dirigiam desculpavam-se, alegando que a banda magnética estava danificada, ou alegando que o cartão estava desactualizado, tinha que haver sempre uma desculpa para que levasse o dador a pagar o valor que não devia.
Com a circulação de um novo cartão, a situação ainda se complicou mais, considerando que os ditos centros de saúde não são detentores do sistema informático para ler o chip vs histórico. Mais um esquema que interessa ao sistema: cobrar valores a quem é solidário, paga para o ser, e por vezes ainda acaba por ouvir o que devia: “o senhor, então dá sangue com o propósito de beneficiar da isenção das taxas moderadoras?”.
Outras vezes entra-nos pelos ouvidos: “ vocês dadores de sangue, já não têm direito a nada, as regalias que tinham acabaram”. Mais, sempre existiram funcionários do IPS que nos diziam na cara que não devíamos ter “direito” a esses benefícios vs incentivos, o que não deixa de ser surrealista.
Este o modelo do novo Cartão Nacional de
 Dador de Sangue
O desrespeito que se instalou no SNS pelos dadores de sangue, só por si era motivo mais do que suficiente para comparecer cada vez menos nos locais de colheitas. Estamos perante reflexos típicos da sociedade portuguesa, e dificilmente serão erradicados considerando que a mesma está enferma de indiferença, possessa de egoísmo.
O anterior ministro da saúde – o que vemos neste recorte – tomou os dadores como alvo a abater, pois as medidas legislativas que implementou assim o comprovam.
Da parte do conselho directivo do IPST nem uma tomada de posição a favor dos dadores foi tomada, bem pelo contrário, optou pelo caminho mais fácil: a isenção das taxas moderadoras deixou de ser assunto, o que não surpreendeu assim tanto, apesar de ter motivado alguma perplexidade junto das associações de dadores, que manifestaram a sua indignação.
O modelo de relacionamento de alguns funcionários do IPST nem sempre agrada aos dadores de sangue, menos ainda no que diz respeito a alguns médicos – na verdade existem excepções – pela forma como são chamados para a avaliação médica que antecede a colheita de sangue.
O estilo é: “o primeiro, próximo, seguinte ou outro”. O mesmo acontece com os enfermeiros, tornou-se numa prática corrente. Ao que é dado saber, o sistema funciona informático funciona em online, ou seja, o nome do dador é visto no monitor de todos os computadores.
O estilo é: “o primeiro, próximo, seguinte ou outro”. O mesmo acontece com os enfermeiros, tornou-se numa prática corrente. Ao que é dado saber, o sistema funciona informático funciona em online, ou seja, o nome do dador é visto no monitor de todos os computadores.



J. Carlos




Conjuntura política nacional

Conjuntura política nacional
“Nós, os que pertencemos à geração de ontem, pensamos que, pelo menos, nos cabe a tarefa de dar nova expressão às nossas ideias para que nos sobrevivam. Esta expressão deve constituir um meio de entendimento, um meio de comunicação do querer e do sentir recíproco.
Esta renovação do nosso idioma deve começar pela aceitação de uma nova semântica, por um acordo tácito, de devolver incondicionalmente aos conceitos e definições, o seu conteúdo autêntico.” Gustav Canaval


O actual panorama político é marcado pela mudança e pela tensão. Se na área dos social-democratas as incompreensões e as lutas são moeda comum, o certo é que entre os socialistas prossegue o combate e os arranjos. Quer a aliança partidária no poder (PSD vs CDS), quer a frente republicana, vaga designação fantasmática de uma realidade que é socialista, conheceram e conhecem os seus maus momentos, os seus tempos de túnel, em que é nebulosa a definição de objectivos, já não convencem os eleitores desencantados. 
A temperatura é alta e é de desagregação. Os desafios surgidos no seio do partido socialista e que movimentaram uma larga faixa de partidos mais à esquerda andam longe de estar resolvidos. As questões da sucessão e das rivalidades entre os chefes dos sociais-democratas têm uma solução provisória. O irrevogável vai chegar, está à espreita. Isto significa que os dois grandes partidos do País, com os seus defeitos históricos e virtudes temporais, continuam nas áreas de debate e indefinição à espera… espera de Godot. As jogadas estão ao rubro, com uma clara desconsideração pelos cidadãos, pelos eleitores. Afinal, a voz do POVO deixou de ser a voz de Deus, passou a ser a voz de interesses subterrâneos, sem consequências para seus autores.
As alianças que os partidos centrais motivaram, no caso concreto o grupo governamental e os grupos PCP/CDU, Os Verdes e Bloco de Esquerda, incluindo a coligação actual, sofrem as mesmas obnubilações ainda que disfarçadamente. Entram em crise com as indefinições do grupo nuclear, tornam-se vagas com as brechas abertas, desconhecem as metas quando o próprio partido aglutinador nem sequer sabe para onde vai, na sua febre de debates e conveniências.
As demissões, incertezas, declarações vagas e aparentemente sóbrias, revelam a corda bamba. A corda bamba que não cessou de excitar as habilidades dos equilibristas amadores desde que desapareceram figuras que mobilizavam a crença e a adesão dos eleitores e dos quadros. Na realidade isso significa o abatimento da liderança, a fraqueza, enfim, a perplexidade perante o labirinto dos caminhos que se cruzam. E, nos chefes, nada há pior, para minar a confiança, que a incerteza, a perplexidade, a actuação ambígua e aparentemente habilidosa. A desacreditação, é o fim.

O QUE FALTA?
O que faz falta – dizia a canção – é animar a malta. Não há dúvida que é isso que faz falta. A animação atingiu o grau zero da escrita e se algum entusiasmo ainda campeia entre as hostis estupidificadas pelas ideologias concorrentes isso dever-se-á fundamentalmente à escala de inteligências.
Quer a leste, quer a oeste, ou seja, quer nas hostes dos social-democratas e socialistas, quer nas hostes dos governamentais falta a convicção, falta a seriedade, falta a decisão de vencer e de realizar, enfim, falta a concepção do mundo e da vida. Todos discutem, todos relativizam, todos decidem, todos contestam. Estamos longe da disciplina partidária, estamos longe do funcionamento da hierarquia, estamos longe de uma responsabilidade partidária que dê garantias na área do Estado. Continuamos, realmente, no vasto lodo da mediocridade. E nem sequer estamos no bucólio tempo de Virgílio e dos romanos agrícolas, apreciadores dos sóbrios prazeres campestres.
A cedência tornou-se a norma para toda a sociedade politica, civil e religiosa. Os partidos cedem as crenças para os arranjos caducos; as Igrejas confabulam-se para destruir os ritos e apertar as mãos em nome de um Cristo feito à imagem e semelhança dos homens vendidos; as instituições abrem-se à permissividade porque é mau a escolha de competências e o rigor cria caracteres desviados e anormais. E tudo é lindo e bom, como no paraíso, antes de Eva comer a maça e Adão comer Eva.
No entanto, a todos, falta muito. Os que comeram a maçã não têm ideologia capaz e mobilizadora das massas. O comunismo fenou-se e não há futuro para ele, a não ser o futuro que lhe assegure o domínio armado. O socialismo divide-se e enfraquece na doutrina, e como é lógico fortifica-se nos dividendos. A social-democracia, de tão vaga e ambígua, acaba por ser aquilo que cada membro afirma e vive a título pessoal, debilitada na teoria, incompreendida nos fins. Os centrismos e outros devaneios direitistas, velhos ou novos, deparam-se com problemas sérios do século XXI para os quais é necessário uma argucia e uma firmeza que o pântano não pode oferecer. O pântano é o lugar dos sapos, dos lagartos e do ar viciado, o centro, no saboroso considerar dos mestres da Revolução Francesa. A figura de Pilatos, e lavador de mãos, ou a figura compreensível do homem que tinha de ir enterrar o pai.
O ano de 2012 destacou-se pela fraqueza ideológica e doutrinal em todos os sectores concorrentes. Nenhum esforço sério foi feito a nível de teorização ou massificação e isto, quer pelo cansaço dos responsáveis, quer pela ineficácia e impreparação dos políticos contemporâneos. É o que temos.
As ideologias permanecem ao nível de 1974 a 81, como se o tempo não tivesse passado com o seu desgaste, numa mera tradução das teses alemãs, americanas, francesas, russas e inglesas. E isso é tremendo. É horrível porque não mobiliza, ou seja, não tem eco no eleitorado desencantado com a política, com os políticos desacreditados. É horrível porque não têm adaptação e conduzem a diagnósticos falsos. É tremendo, porque apenas dizem respeito a um conjunto de pessoas que se podem contar, não interessando de facto à massa dos cidadãos.
Sem sublinhar o diagnóstico de Fernandez de la Mora no seu Crepúsculo das Ideologias, dá a sensação que as que se debatem em Portugal são verdadeiramente crepusculares, e cada vez mais crepusculares.


ESGOTAMENTO IDEOLÓGICO
A incapacidade de organizar uma ideologia de massas, mobilizadora e actual, solicitante e eficaz, é um dos traços da presente conjuntura. É também por aqui que se constata a evolução crepuscular das ideologias presentes, e o beco sem saída em que desembocaram os partidos.
As apostas concentram-se no comiceirismo barato, nas universidades partidárias de verão, nos ataques saloios, nas rivalidades pessoais, num fulanismo que nunca abandonou a área portuguesa e que é um nome mais delicado para aquilo que outrora se conhecia pela designação de caciquismo.
Na verdade, as ideologias esgotam-se perante os problemas quotidianos. Os seres pensantes não são suficientemente pensantes para elaborar as ideologias recebidas ou herdadas. As bases, conhecem uns rudimentos que servem para o quotidiano mas que são manifestamente insuficientes para o debate e enfrentamento.
Deste modo, enquanto há graves problemas para resolver, os problemas nacionais continuam a consistir em questões de família, em birras, em desobediências partidárias, em rebeldias, em agravos e ofensas, em espírito próprio de quem deveria ter já adquirido a indiferença.
A constatação fundamental é que não há ideologia disciplinadora de partido, salvo a comunista. As outras constatações são meros corolários. E enquanto se andar assim, na ambiguidade e na incerteza, no pragmatismo de definição pessoal, a política nacional andará obrigatoriamente submetida a um limite: o da mediocridade, a sabedoria da maçã, e políticos sem ética e moral, apesar da qualidade do fato e gravata.

Postado por J. Carlos
(*Jornalista)


A DÁDIVA DO SANGUE DEVE SER PAGA?

A DÁDIVA DO SANGUE DEVE SER PAGA?
 
Dar sangue é dar vida. Na actual conjuntura, devido à redução de stock, é fundamental repensar o modelo das dádivas de sangue. Seria uma solução possível o eventual pagamento das mesmas aos dadores? E será isto moralmente aceitável? A própria palavra dádiva implica uma oferta, um donativo, um não-pagamento. E, no entanto, há que dar contrapartidas para atrair mais dadores frequentes de modo a impedir a redução crónica do stock de sangue nos hospitais.
Antes de mais considere-se o ponto de vista de potenciais dadores que não o são por falta de recursos económicos - pois até para dar sangue é preciso gastar dinheiro. Em quê? Em transportes públicos, por exemplo, para se deslocarem às unidades de recolha; ou mesmo em alimentação, privilegiando as carnes vermelhas de maneira a derrogar eventuais anemias. Assim, será realmente imoral pedir um pagamento por uma dádiva tendo em conta os gastos dos potenciais dadores?
Se em termos de saúde pública há quem considere pagar uma dádiva deste género imoral e inaceitável, em relação à economia já não se considera impensável oferecer contrapartidas financeiras e fiscais a empresas que se instalem no nosso país. Vendo a questão por outra perspectiva, não será antes mais obsceno que se percam vidas por falta de sangue nos hospitais? E não se deviam fazer todos os esforços para suprir tais necessidades médicas?
A continuar esta situação, este défice crónico, o mais provável é que o Estado Português adquira - e pague - o sangue no exterior. Portanto, de uma maneira ou de outra, Portugal terá sempre de despender dinheiro.
As antigas contrapartidas para dadores regulares eram a isenção total das taxas moderadoras. A isenção que restou é pálida para aquilo que havia (somente nos centros de saúde). Com o término de tal houve uma diminuição substancial de dadores benévolos de sangue. Ora uma maneira de voltar a chamá-los seria repor essas isenções e recompensas porque, de contrário, há o risco de perda de vidas.
Seja como for, de uma maneira ou de outra, o Estado acabará sempre por desembolsar dinheiro e esta seria uma forma de diminuir custos e resolver o problema.
Resumindo: regresse-se às anteriores condições as quais, muito provavelmente, acabarão por ser mais em conta e mais favoráveis que as outras alternativas.


Publicada por Dunyazade

NB: está lançado o convite para que os leitores nos enviem comentários, dando conta das suas opiniões.


Revista Tribuna da ADASCA, edição 22 disponível no site da associação

Revista Tribuna da ADASCA, edição 22 disponível no site da associação

A edição nº.22 da Revista Tribuna da ADASCA correspondente aos meses de Setembro e Outubro já está disponível.
Trata – se de uma edição que não tem fins lucrativos, sendo sustentada financeiramente através de algumas empresas, com registo na ERC e depósito legal conforme determina a lei de imprensa.
Quem desejar ler as edições anteriores, desde a edição Zero até à presente edição, pode fazê-lo através do site da dita associação www.adasca.pt.
 A todo o cidadão lhe assiste o direito à informação verdadeira e transparente, só que, um cidadão bem informado torna-se incomodativo, senão mesmo reivindicativo.

Direitos Humanos
Artigo XIX
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Constituição da República Portuguesa
Artigo 38.º
Liberdade de imprensa e meios de comunicação social
1. É garantida a liberdade de imprensa.

2. A liberdade de imprensa implica:

a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional;

b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais, bem como o direito de elegerem conselhos de redacção;

c) O direito de fundação de jornais e de quaisquer outras publicações, independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação prévias.

3. A lei assegura, com carácter genérico, a divulgação da titularidade e dos meios de financiamento dos órgãos de comunicação social.

4. O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas.

5. O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão.

6. A estrutura e o funcionamento dos meios de comunicação social do sector público devem salvaguardar a sua independência perante o Governo, a Administração e os demais poderes públicos, bem como assegurar a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião.

Link de acesso à Revista Tribuna da ADASCA, edição nº.22:

Boa leitura

Postado por J. Carlos

Tautologia – retornar (de novo)

Tautologia – retornar
 (de novo)
Se não havia satisfação plena na gestão do Ministério da Saúde, no que concerne aos dadores benévolos de sangue, com a ascensão do secretário de Estado adjunto a ministro, poderemos ficar pior. A investigação e a formação são consideradas áreas importantes para o desenvolvimento técnico e científico, sem as quais a disponibilidade de sangue e componentes sanguíneos de qualidade, seguros e eficazes ficará, por certo, comprometida. Quais são, afinal, as competências do Instituto Português do Sangue e da Transplantação - IPST, IP?
Mário Freitas - Cidadão
No cômputo geral não há, segundo percebo, agrado universalizado dos dadores benévolos e de alguns conscientes dirigentes no seio da dádiva de sangue. Se os meus 23 anos de militante irrefreável no associativismo (1990/2013), ter iniciado a dádiva aos dezoito anos (1962) servir de referência, assevero perfilhar inteiramente, com os deprimidos, os céticos, e demais conscientes e criteriosos autónomos seguidores da nobre causa! O insucesso da política praticada nos últimos anos, pelo Ministério/ IPST, IP, obrigou que o erário gastasse milhares de euros na promoção da dádiva sem corolário. Vejamos em particular o que se passa com questões básicas:
Regularizar o «seguro do dador» na sua plenitude não no que refere o artigo 3º, alínea b) do Decreto-Lei nº 83/2013 de 24 de Junho.
É ridículo e discriminador considerar “dador seguro” unicamente o que é convocado. E os que anonimamente comparecem nos diversos postos de colheita?
Análoga questão é a que se arrasta por tempo demasiado, penalizador e descortês, para quem altruística e benevolamente é a mais-valia e alicerce da dádiva de sangue – a punida e injustíssima taxa moderadora. Recordar, também, que a pretensa isenção deve ser aplicada aos bombeiros imprescindíveis soldados da paz Outro berbicacho por solucionar é o Cartão Nacional de Dador de Sangue (CNDS) instituído desde 2011. Não é funcional porque muitos serviços não têm leitores o que o torna obsoleto. Uma outra contenda que demora a ser definida é o «Estatuto do Dador» (Lei 37/2012 de 27 Agosto).
A existência de duas Federações é incongruente face à política de austeridade. A tutela tem que interceder e modificar o ambiente federativo. Encontram-se de costas voltadas são divisionistas, não efetuam sessões de colheita nem desempenham, na íntegra o papel de entidade promotora da dádiva de sangue mas sim, no substancial, reguladoras junto das suas associadas. Só a fusão de ambas irá aumentar a produtividade.
O plasma recolhido em Portugal vai começar a ser totalmente utilizado a partir do próximo ano, através de um programa que permitirá, pela primeira vez, a transformação deste produto em medicamentos. Promessa do IPST, IP!
De igual modo a inactivação do plasma português para transfusões que já é feita poderia ter, se não fossem os “interesses”, permitir o tratamento do plasma remanescente como matéria - prima para a produção de medicamentos derivados do plasma em vez ir para o lixo.
Segundo se sabe em 2013 Portugal gastou cerca de quarenta milhões de euros na aquisição de derivados do plasma (imunoglobulina, fator VIII, albumina, fator IX, fator von Willebrand). Nesse ano foram colhidas 362 mil unidades de sangue.

Se não fosse uma reportagem televisiva a denunciar o desperdício de plasma doado pelos dadores portugueses e o gasto de milhões de euros na compra de plasma à empresa Octapharma, nada se teria alterado. A Procuradoria-Geral da República não teria levantado um inquérito, “a correr termos no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP)” em investigação e em segredo de justiça.

Fonte: Barlavento Quinta-feira, 05 novembro 2015, Página 22
(Semanário Regional do Algarve)
www.barlavento.pt

Postado por J. Carlos