No primeiro exercício económico após ser intervencionado pelo Banco Moçambique e recapitalizado pelo fundo de pensões do banco central o Moza Banco continua a registar resultados negativos mas a sua base de lucro aumentou, em mais de cem por cento, e ascendeu a um bilião de meticais graças a novos investimentos realizados na Dívida Pública Interna do Estado moçambicano que é remunerada a altas taxas de juro.
Em 2017, o resultado líquido do Moza Banco foi negativo em 1,4 biliões de meticais, contra o prejuízo de 5,2 biliões registado em 2016, porém o primeiro Relatório e Contas da Administração comandada por João Figueredo realça “a evolução positiva do resultado do exercício de 2017 comparativamente ao ano anterior deve-se, essencialmente, ao desempenho favorável do Produto Bancário, suportados pela margem financeira, e redução dos custos operacionais”.
De acordo com o documento analisado pelo @Verdade o Produto Bancário do Moza totalizou 2,4 biliões de meticais, contra 524 milhões em 2016, com a Margem Financeira a representar 80 por cento deste agregado, Serviços e Comissões Liquidas 13 por cento e Operações Financeiras Líquidas 7 por cento.
“A evolução do Produto Bancário reflecte, sobretudo, o aumento de volumes de aplicações financeiras em outras instituições financeiras e novos investimentos em Bilhetes de Tesouro, em linha com a estratégia adoptada pelo Banco de uma maior aposta em activos de elevada liquidez e reduzido risco, tendo em vista garantir a manutenção de um elevado nível de liquidez para fazer face a eventuais desequilíbrios do mercado”, indica o Moza no seu Relatório e Contas de 2017.
O @Verdade apurou que a Margem Financeira, que é a base do lucro das instituições de financeiras, do Moza Banco “fixou-se em 1,9 biliões em 2017, o que corresponde a um incremento de 108,1 por cento face ao período homólogo de 2016, o qual foi influenciado pela evolução favorável quer dos juros a receber quer dos juros a pagar”, fundamentalmente alavancada por “novos investimentos na carteira de títulos (Bilhetes de Tesouro), evidenciando a estratégia adoptada pelo Banco de contenção na concessão de crédito, com vista a garantir a recuperação e estabilização dos níveis de liquidez, sendo o excesso de liquidez direccionado para aplicações de elevada liquidez e reduzido risco”, pode-se ler no documento.
O @Verdade descortinou que a carteira Bilhetes do Tesouro do Estado que o Moza Banco tinha em 2015 estava quantificada em 981 milhões de meticais mas que com a crise e a alta das taxas de juros, assim como a novas aquisições, a mesma ascendeu a 2,2 biliões de meticais em 2017.
O banco agora detido pela Sociedade Gestora do Fundo de Pensões do Banco de Moçambique (Kuhanha) também reforçou a sua carteira de Obrigações do Tesouro do Estado que passou de 1,2 bilião em 2015 para 1,5 bilião de meticais no ano passado.
Moza Banco investe na Dívida Pública Interna e Externa do Estado moçambicano
Aliás o Moza Banco admite no Relatório analisado pelo @Verdade que “em 2017, em resultado de uma evolução pouco favorável da conjuntura económica do País em geral e do sector empresarial em particular, a actividade desenvolvida pelo sector bancário nacional teve como principal prioridade a desalavancagem da carteira de crédito e aumento dos níveis de liquidez e solidez, traduzindo-se no incremento da carteira de títulos de divida Pública (Obrigações e Bilhetes de Tesouro) e aplicações em outras instituições de crédito”.
Questionado pelo @Verdade se não fosse o investimento nos Títulos do Tesouro moçambicano o Moza Banco teria conseguido obter os resultados animadores no exercício de 2017 a instituição dirigida por João Figueredo optou por não se pronunciar.
O Governo de Filipe Nyusi tem emitido cada vez mais Obrigações e Bilhetes de Tesouro e aumentado exponencialmente a Dívida Pública Interna como forma de financiar o défice dos seus Orçamentos de Estado desde que os Parceiros de Cooperação Internacional suspenderam a sua ajuda financeira em Abril de 2016 quando descobriram as dívidas ilegais da Proindicus e EMATUM.
Em final de 2017 o stock da Dívida Pública Interna tinha ultrapassado os 100 biliões de meticais e a sua amortização, indexada as altas taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais, que são os seus principais investidores, só em 2018 custa mais de 19 biliões de meticais.
Paradoxalmente o Moza Banco, antes de ser intervencionado pelo Banco de Moçambique, investiu na Dívida Externa de Moçambique tendo comprado 10 milhões de dólares do empréstimo da EMATUM e outros 33 milhões de dólares do empréstimo da Proindicus.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique