sábado, 27 de maio de 2023

Km 100 do Caminho da Geira destacado na campanha para as autárquicas galegas

 
A passagem do Caminho da Geira e dos Arrieiros por Berán, no concelho galego de Leiró, marcou parte da campanha eleitoral para as autárquicas locais, que terminou na sexta-feira, dia 26, com os candidatos a serem desafiados a comprometer-se na defesa do itinerário, pela associação fundadora do projeto.
“A petição que enviámos pedia às candidaturas no concelho de Leiro e Entidade Local Menor de Berán [junta de freguesia] um compromisso firme na defesa do traçado, por Berán e Lebosende, do caminho jacobeu que liga a Sé de Braga, pela região do Ribeiro, a Santiago de Compostela”, explica o presidente da plataforma Berán no Caminho/AJCMR, Abdón Fernández.
No documento, a associação “manifesta a sua preocupação pela escassa sensibilidade das representações políticas locais em relação à inclusão nos seus programas eleitorais de uma firme defesa do caminho por aquelas povoações, como contempla o Caminho da Geira e dos Arrieiros”.
“A única candidatura que incluiu no seu programa a defesa deste traçado foi o BNG”, explica Abdón Fernández”, adiantando que “o PSdeG unicamente refere que apoia um caminho jacobeu, mas não especifica por quais localidades ou o traçado”. Trata-se de “uma posição ambígua, apesar das referências de apoio ao itinerário por Berán em mensagens ou discursos de campanha”.
No caso do PP, Abdón Fernández refere que as candidaturas, encabeçadas por pessoas que conhecem a grande afluência de peregrinos, com repercussão positiva nas termas e todo o concelho”, não têm respondido às solicitações da associação ao longo dos anos, a última das quais no sentido de divulgar a sua posição sobre o caminho.
Neste contexto, o presidente da plataforma Berán no Caminho – localidade onde está o marco do Km 100 do Caminho da Geira e dos Arrieiros - pede à população que “tire as suas próprias conclusões, agora quando mais se precisa do apoio institucional das autarquias, porque o futuro depende dele e dirá quem esteve com este caminho”.
O Caminho da Geira e dos Arrieiros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem.
Nos últimos seis anos foi percorrido por mais de três mil peregrinos, um terço dos quais em 2022; sobretudo de Portugal e Espanha, mas também do resto da Europa, da Austrália, Brasil, Japão, México, Azerbeijão, China, Belize ou Aruba.
Este itinerário foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019 e em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de Portugal (2021).
O percurso tem 240 quilómetros e destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira, via do género mais bem conservada do antigo império ocidental romano, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.

Associação Transfronteiriça do Caminho da Geira e dos Arrieiros (em instalação)
Carlos Ferreira
Site: https://www.facebook.com/groups/373689759677036




Estudo com idosos revela que a estimulação do cerebelo melhora a memória

 
A investigação demonstra o papel desta zona do cérebro para atrasar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento, reforçando a importância de intervenções não farmacológicas nesta prevenção.
A estimulação do cerebelo durante o envelhecimento tem impacto na melhoria da memória episódica (a capacidade de recordar histórias e ações do quotidiano), revela um estudo liderado pelo docente e investigador da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Jorge Almeida. A conclusão desta investigação demonstra o papel desta zona do cérebro para atrasar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento, reforçando a importância de intervenções não farmacológicas nesta prevenção.
O estudo, publicado na revista GeroScience (uma das revistas mais importantes na área da gerontologia), contou com a participação de pessoas saudáveis, com mais de 60 anos, que foram sujeitas a um treino cognitivo e a uma técnica de estimulação neuronal indolor (a neuroestimulação transcraniana por corrente direta). Como explica Jorge Almeida, a investigação mostrou «uma melhoria na capacidade de idosos saudáveis se recordarem de listas de palavras, após somente doze sessões consecutivas de estimulação cognitiva e neuronal».
Sobre as melhorias apresentadas, «os indivíduos estimulados no cerebelo foram capazes de se recordar de mais 4 palavras, em média, num total de 16, quando comparados com os outros grupos de controlo», sublinha o também diretor do Proaction Lab e investigador do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental.
O aumento na capacidade de memória foi acompanhado de modificações ao nível neuronal na ligação entre as áreas responsáveis pela memória – ou seja, o efeito da estimulação do cerebelo foi também visível nas estruturas neuronais que suportam a memória episódica, fortificando as suas conexões. Estas melhorias foram registadas imediatamente após o programa de intervenção, que teve a duração de 12 dias, e continuaram estáveis no controlo realizado 4 meses depois.
Jorge Almeida destaca ainda que «estes dados demonstram a nossa capacidade de atuar, de forma simples e não farmacológica, numa das maiores queixas relacionadas com o declínio cognitivo na terceira idade – a nossa capacidade de nos recordarmos de coisas do nosso dia-a-dia».
O estudo, que envolveu uma equipa multidisciplinar e multinacional composta por psicólogos, médicos e engenheiros de várias universidades (nomeadamente Coimbra, Harvard e São Paulo), aponta também para um papel renovado do cerebelo ao nível dos processos cognitivos e no modo como a mente funciona, que vai para além da típica ligação aos aspetos de coordenação de movimento.
Com a esperança média de vida a aumentar, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, em 2050, uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos. Esta previsão demográfica vai colocar desafios enormes à sociedade, dado que o envelhecimento está fortemente ligado ao declínio cognitivo, a doenças neurodegenerativas e a fragilidades diversas. Salientando que a memória episódica será, provavelmente, a maior vítima do declínio cognitivo associado ao envelhecimento, os autores do estudo revelam esperança nos resultados face ao contexto demográfico atual e futuro, e reforçam a importância de intervenções não farmacológicas para a prevenção e diminuição do declínio cognitivo em idosos.

*Jorge Almeida
Universidade de Coimbra/ apimprensa

Proença-a-Nova | BiodivSummit alerta para a necessidade de proteger as cores da diversidade social e biológica


Pelo quinto ano consecutivo, o Centro Ciência Viva da Floresta acolheu o BiodivSummit, uma conferência que comemora o Dia Internacional da Biodiversidade e que, nas palavras do presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, traduz a importância desta temática: “são muitos os perigos que esta biodiversidade vai tendo e somos nós, humanos, a principal fonte de perigo pois durante décadas consecutivas exaurimos recursos do próprio planeta e hoje em dia estamos mais sensíveis a esta circunstância”. João Lobo falou da necessária diversificação biológica e também social, elencada através da inclusão na sociedade de cidadãos portadores de deficiência - de que o projeto BioAromas-Liis é um exemplo - e de todos quantos se assumem na sua diferença. “Somos de todas as cores”, afirmou. Considerando que em 2023 o Município assinala o Ano Municipal das Artes, o BiodivSummit acolheu ainda o artista plástico Carlos Farinha que falou sobre a forma como se identificam as cores e a importância da cor como essencial para o bem-estar dos seres humanos.
O Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas salientou, por sua vez, o papel exemplar de Portugal em alguns indicadores: “em 2023 já tivemos alguns meses em que Portugal produziu mais de 70 por cento da energia que consumiu por métodos de energias renováveis”. Seguindo indicações internacionais, João Paulo Catarino revelou que esta década é “claramente a década da conservação da natureza e da biodiversidade”, em que o esforço se coloca em recuperar ecossistemas que se encontram degradados. A nível governamental, está a ser revista a estratégia portuguesa nesta área: “precisamos de mais ambição”, afirmou. Ainda assim, aos 111 milhões de euros que têm sido investidos na conservação ambiental, vão juntar-se mais 230 milhões, a serem administrados a partir das CCDR, para se investir na conservação da natureza. O Secretário de Estado destacou ainda o combate às invasoras ou o programa de transformação da paisagem como alguns exemplos que contribuirão para o aumento da diversidade biológica no território.
Durante o dia, e em três painéis distintos, as cores da biodiversidade foram sendo elencadas: “Somos de todas as cores” foi o tema do primeiro painel que contou com moderação de Alexandra Neves, representante regional do Centro da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social, e as intervenções do Projeto BioAromas-Liis, a funcionar no Centro Ciência Viva da Floresta; de Luísa Nunes, da Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Castelo Branco; e ainda dos alunos Ivo Fernandes e Matilde Rocha, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. O segundo painel da V edição do BiodivSummit, intitulado “Os sinais das cores”, contou com a moderação de Paulo Almeida, presidente da Faculdade de Ciências da Universidade da Beira Interior, e as intervenções de Margarida Cristóvão, do Gabinete do Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, e de Vítor Gomes, da Biofrade – agricultura biológica.

O objetivo do terceiro painel foi o de questionar atitudes e se estas estão a pintar ou a manchar o futuro: a moderação esteve a cargo de Ana Paula Duarte, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, e as intervenções foram da responsabilidade de João Cardoso, diretor executivo da Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas, Ivo Gomes Francisco, vogal do conselho fiscal da Coopérnico, e o projeto Fôlego – ice n’ fire, pelas vozes de Sofia Duarte e Catarina Gomes. O encerramento do V BiodivSummit foi feito por João Manso, presidente da Associação Centro Ciência Viva da Floresta e vice-presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova que agradeceu a presença de todos os oradores e moderadores que contribuíram para a reflexão que foi feita ao longo do dia e que pode ser recuperada em www.biodivsummit.pt ou na página do Facebook do Município.

Proença-a-Nova | Torre de Vigia de Siza Vieira destacada no Fórum de Arquitetura de Berlim

 

Álvaro Siza Vieira - arquiteto, autor, designer e artista de renome que celebra em junho o seu 90º aniversário – apresenta a exposição individual Two Towers (Duas Torres) no Fórum de Arquitetura Aedes em Berlim, patente entre 27 de maio e 5 de julho e com inauguração esta sexta-feira, 26 de maio. A Torre de Vigia da Serra das Talhadas é uma das duas torres em destaque: a outra é uma torre residencial em Manhattan. “É para o concelho motivo de orgulho ver exposta em Berlim a Torre de Vigia e ficar ligado à celebração do 90º aniversário do Arquiteto Siza Vieira, nome maior da arquitetura contemporânea portuguesa”, refere João Lobo, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova. “Desta forma, Proença-a-Nova é também divulgada, tornando-se consequentemente ponto obrigatório de passagem e visitação para os amantes de arquitetura, mas também de natureza pois permite a contemplação de ambos”.
Já o escritório de arquitetura de Álvaro Siza Vieira refere que esta exposição “revela a dualidade das suas mais recentes torres, tão distintas apesar da elegante simplicidade que partilham: a torre residencial em 611 West 56th Street, na selva urbana de Manhattan, e a torre de vigia em Proença-a-Nova, na floresta perene do centro de Portugal. Cada uma funciona como uma espécie de miradouro para as infinitas paisagens de Nova Iorque e do Geopark Naturtejo, pois as torres de Álvaro Siza dependem menos da altura e mais da clarividência – da visão clara e penetrante das coisas”.
Inaugurada em 2021, a Torre de Vigia da Serra das Talhadas é hoje um importante ativo turístico do concelho de Proença-a-Nova. Longe dos 137 metros de altura da Torre de Manhattan, a Torre de Vigia acumula em simultâneo a função de vigia na época crítica dos incêndios florestais. “Pode ter apenas 16 metros de altura, no entanto está 616 metros acima do nível do mar, vislumbrando cristas quartzíticas com 50 milhões de anos e classificadas pela UNESCO. O mirante, composto por distintas plataformas semitransparentes, remata a ambiciosa via ferrata com uma estrutura que se destila à mais essencial das formas: uma grelha em cruz – dialogando com o vizinho crucifixo”.
A exposição, que acaba por celebrar a vida e obra de Álvaro Siza e iniciar as comemorações do seu aniversário, é composta por esquiços, maquetes e fotografias de João Morgado, inclui publicações e elementos multimédia, assim como objetos concebidos por Siza em diferentes contextos. Entre Portugal, Alemanha e Estados Unidos, a exposição é comissariada pelo arquiteto António Choupina. “Tendo sido distinguido com os maiores prémios e exposto nos principais museus, Siza tem deixado a sua marca um pouco por todo o mundo, com obras de todas as escalas, influenciando formação de gerações de arquitectos”. É também o mais premiado arquiteto do mundo, ficando Proença-a-Nova – através da Torre de Vigia da Serra das Talhadas – ligada para sempre ao nome de Álvaro Siza Vieira.

Proença-a-Nova | CCV da Floresta recebe workshop sobre vespa asiática

 
Conhecer o ciclo de vida da vespa velutina e saber quais os procedimentos a adotar no combate a esta espécie foram os principais objetivos do workshop promovido pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa que decorreu a 23 de maio no Centro Ciência Viva da Floresta.
Resultante de uma candidatura aprovada no âmbito da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, esta iniciativa destinada aos Gabinetes Florestais dos municípios, aos agentes do SEPNA, presidentes de Junta de Freguesia e apicultores pretende contribuir para a redução da vespa velutina, comumente conhecida como vespa asiática, pois como afirmou Filipa Almeida, responsável da Apijardins, “o sucesso do combate resulta do esforço conjunto de cada uma das entidades envolvidas”.
A vespa velutina, ou vespa asiática como é mais conhecida, é uma ameaça aos insetos polinizadores. De acordo com Sérgio Ribeiro, da empresa Biomater, entre agosto de 2022 a maio de 2023 foram detetados e inativados 77 ninhos, dos quais 91% nos concelhos de Proença-a-Nova e Castelo Branco.
Do ponto de vista prático este workshop pretendeu transmitir os conhecimentos necessários para uma identificação rápida e adoção do correto procedimento, contribuindo para o seu controlo individual e coletivo. Filipa Almeida explicou o ciclo de vida da vespa velutina, como se comporta e como atuar perante a presença de um ninho. Falou ainda da sua experiência como apicultora e algumas das suas técnicas de combate a esta espécie. Por sua vez, Sérgio Ribeiro apresentou a distribuição geográfica dos ninhos na Beira Baixa, falou sobre os métodos de combate e as dificuldades no combate.
Recorde-se que os serviços municipais foram responsáveis pela destruição, durante 2022, de 62 ninhos de vespa asiática, tendo ainda procedido à sua inserção na plataforma do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) SOS-VESPA.
Esta apresentação enquadra-se na estratégia da CIMBB para o controlo e combate a vespa velutina e pretende dar a conhecer o ciclo de vida da vespa e o comportamento da espécie presente em Portugal desde 2012.