Há 35 anos na presidência dos dragões, Pinto da Costa bateu recordes de troféus e gestão desportiva, mas as últimas três temporadas ficaram marcadas pela ausência de títulos no futebol.
Desde 13 de Janeiro de 2017 que é o mais longínquo dos presidentes de clubes a nível mundial, tendo ultrapassado, ao 12.684.º dia, o "mítico" Santiago Bernabéu (Real Madrid), Jorge Nuno Pinto da Costa, de 74 anos, tem visto as últimas temporadas ensombrarem um percurso recheado de êxitos.
Depois do último título nacional, em 2013, o segundo consecutivo sob o comando de Vítor Pereira e o terceiro numa sequência iniciada por André Villas-Boas, que conquistou uma Liga Europa e acabou a I Liga sem derrotas, os "azuis e brancos" venceram a Supertaça Cândido de Oliveira nesse ano, já com Paulo Fonseca ao leme, e não mais voltaram a festejar conquistas no futebol, o que permitiu ao Benfica reassumir-se como o clube português com mais troféus.
O descontentamento com o rumo da equipa e com a política de contratações, que durante vários anos marcou a gestão desportiva, ficou patente nas últimas eleições, em abril do ano passado, quanto foi eleito para o 13.º mandato como presidente com 79% dos votos, o número mais baixo desde que foi eleito pela primeira vez, enquanto em 2013 tinha sido reconduzido com 99,13%.
Ainda assim, e num caminho de três décadas e meia, conseguiu tornar o FC Porto, que este ano persegue o título nacional, no clube português com mais títulos internacionais no futebol, num campo de influência que se alastra, em termos nacionais, às restantes modalidades, como no andebol ou no basquetebol, mas em particular no hóquei em patins, onde chegou a ser "hegemónico", com mais de 20 campeonatos conquistados e 10 consecutivos (2002 a 2011).
Em 2016, o clube recuperou o ciclismo como modalidade, através da W52-FC Porto, que teve em Rui Vinhas o vencedor da Volta a Portugal, numa edição da prova que dominou quase de início ao fim.
Eleito pela primeira vez faz amanhã 35 anos - 17 de abril de 1982 - e efetivamente mandatado nove dias depois, cedo começou a interessar-se pelo clube, até se tornar no seu 33.º presidente depois de 20 anos como seccionista, diretor e chefe do departamento de futebol.
O dirigente enfrentou apenas um adversário em atos eleitorais (Martins Soares) e rapidamente fez esquecer o histórico Américo de Sá, líder durante a década anterior, ao elevar o clube a um patamar internacional ímpar na história dos "dragões", com um total de cinco títulos europeus conquistados e ainda duas Taças Intercontinentais (1987 e 2004).
Divorciado e pai de dois filhos (Alexandre e Joana), Pinto da Costa não conseguiu, à custa da sua exposição pública, manter a sua vida pessoal longe dos media, sobretudo da "imprensa cor de rosa".
Um dos relacionamentos amorosos foi mesmo motivo de polémicas à custa de uma edição em livro, que conta, na primeira pessoa, a versão da ex-companheira Carolina Salgado ("Eu Carolina"), e cujo conteúdo motivou uma investigação judicial por alegada falta de transparência no futebol e alegados contactos promíscuos com árbitros e outros dirigentes.
Saiu incólume dos vários processos da Justiça civil em que se viu envolvido, de 2004 a 2006, entre os quais o muito mediático 'Apito Dourado'.
Hábil nas relações com os outros "grandes" e eficaz gestor no (e do) palco mediático, o atual presidente portista semeou ódios e amores durante mais de três décadas, e comprou e vendeu "guerras", que venceu muitas vezes.
A Pinto da Costa se deve a criação do troféu Dragões de Ouro, que consagra desportistas e personalidades ligadas ao FC Porto, e o empenho na implantação das Lojas Azuis e da Revista Dragões.
O trabalho de reestruturação da estrutura para um género empresarial, expandindo a marca para patamares internacionais no futebol e em várias modalidades, é um dos "traços" de uma gestão adaptada às novas realidades do desporto.
Em pleno momento de viragem no paradigma do 'negócio' futebol, a 05 de agosto de 1997, o clube torna-se o principal acionista da sociedade anónima desportiva (SAD), passo fundamental para os novos trilhos de gestão financeira e económica.
Pelo caminho, inaugurou várias "casas" do clube em Portugal e no estrangeiro, e publicou em 2005 a sua autobiografia, com o título "Largos dias têm cem anos", expressão utilizada em 1976 numa conversa que o lançou para o mandato mais longo da história do futebol mundial.
Lusa