domingo, 14 de novembro de 2021

COVID-19 e SANTO ANTÃO

 

  • Péricles Capanema

Não mais tolerando o confinamento, muitos estão jogando a toalha. Como que sufocados, querem sair logo de casa, tomar um ar, espairecer, pelo menos dar umas voltinhas no quarteirão; estão enjoados com as pessoas que veem todos os dias, precisam já ver gente diferente, sentir outras pessoas em volta, conversar sem a máscara. E, não menos importante, machuca muito a sensação do abandono, tantas vezes acabrunhante, em especial a falta de contato com familiares e amigos. Enfim, o isolamento para muitos está cobrando preço quem sabe excessivo. Abertura já, flexibilização já. Não ligam para fases, nem para cores, seja o que Deus quiser.

O isolamento prolongado amargura e desorienta. Sumiu o bem-estar psicológico que propiciava a vida da movimentação livre, cafezinho no bar, pastel na padaria, longas passadas e paradas diante das lojas. Em rumo contrário — com a economia em queda, não obstante promissores sinais de recuperação —, avultam no caminho, como assombrações, a insegurança, a incerteza e o medo do futuro. Em casos sem conta também a grana curta, todavia, por outro lado, muita gente está percebendo o que antes não chamava atenção, é possível com menos viver igualmente bem.

Vivemos numa civilização do toque, do contato, do calor humano. Da conversa, da conversinha e da falação. Emoções e sentimentos se expressam pela proximidade. Estávamos acostumados com tudo isso e desapareceram da noite para o dia, mudou o panorama. Olhamos para os lados sem saber o que fazer e a quem recorrer. Será o fim da linha? Sair agora do confinamento? O preço poderá ser ainda mais alto. Não sou médico, nem autoridade pública para fazer reparos e dar orientações, cujos fundamentos, melhor que eu, conhecem os especialistas.

Meu foco aqui é outro, o entretenimento, bem de primeira necessidade. Há muita gente mundo afora enfrentando riscos de internamento em UTIs, sequelas permanentes, até morte, para sorver com delícias alguns minutos de distração. Pesam os prós e contras e se lançam, ao voltar parcialmente à normalidade do período anterior ao COVID-19, na aventura do perigo calculado para tentar escapar da depressão, construir barreiras contra desequilíbrios psíquicos e fortalecer defesas do organismo. Os ares novos permitem desviar o olhar, por pouco tempo que seja, das perspectivas minguadas do confinamento, bem como divisar horizontes maiores e dar as costas para ambientes em que o futuro aparece toldado pela neblina das incertezas.

Entretenimento, bem de primeira necessidade, dizia. Significa divertimento, distração, diversão. Não é só isso. Dou aqui à palavra também significado pouco usual, talvez novo. O trabalho, o esforço, as provações, a seu modo, têm condições de fazer parte do entretenimento. Entreter significa também ocupar o tempo com esforço estrênuo em algo útil e, em consequência, deixar-se dominar pela sensação da vida justificada. E assim fortalecer os nervos espirituais, formando, ampliando e enrijecendo a personalidade. Um soldado numa trincheira, debaixo de saraivadas mortais de balas e granadas, pode ter em plenitude tal sensação. Igual modo, uma enfermeira exausta, lutando para salvar vidas numa UTI repleta de pacientes com COVID-19. Alegria na fina ponta da alma, mantida longe das depressões.

F

O leitor deve estar se perguntando o que faz Santo Antão no título deste artigo: tem ele alguma coisa a ver com o assunto? Tudo. Pensava nos sofrimentos do confinamento. Todos fugimos do sofrimento, mas não do confinamento. Surgiram naturalmente as figuras dos monges do deserto, que fugiam da sociedade e se afundavam no deserto, buscando voluntariamente a solidão [sob tantos aspectos forma extrema de confinamento]. Na solidão voluntária encontravam significado para a vida, imprescindível para a felicidade. E assim, por associação de ideias, surgiu esmaecida, lá no fundo, a figura de Santo Antão [também conhecido como Santo Antônio do Deserto – quadro ao lado], em muitos sentidos, o primeiro e o maior dos ermitãos, sol no nascedouro da vida monástica no Ocidente. Santo Antão tem todos os títulos para ser o padroeiro dos presentes dias de confinamento, ser nosso intercessor para que transcorram de maneira proveitosa, ao mesmo tempo entretida e virtuosa, para cada um e suas famílias. Santo Antão, rogai por nós!

Intitulado o pai de todos os monges, Santo Antão, segundo seu biógrafo Santo Atanásio, bispo de Alexandria, nasceu na Tebaida, no Alto Egito, em 251 e faleceu em 356. Viveu 105 anos, portanto, séculos 3º e 4º. De família aristocrática e rica, perdeu os pais por volta dos 20 anos. Logo depois, em seguimento aos conselhos evangélicos, vendeu o que tinha e distribuiu aos pobres, estabelecendo-se como penitente nos arredores da vila em que tinha nascido. Conheceu outros eremitas por ali, procurava imitá-los, frequentava a igreja. Sentiu por volta dos 35 anos chamado para vida mais distante dos homens e buscou no fundo do deserto fortificação militar antiga e abandonada, onde se trancou. Amigos seus levavam a comida (pão) que lançavam por cima do muro. Muitos o procuravam, mas em geral não os recebia a não ser muito raramente. Vinte anos depois, já caminhando para os 60 anos, aceitou orientar pessoas que ali queriam se fixar como monges. Impressionou a todos quando deixou a fortificação, forte e sadio como aos 35 anos. Ao redor dali, sob orientação do santo, foram fundadas ermidas e comunidades que buscavam a perfeição cristã. Um sem-número de eremitas e cenobitas viviam nas proximidades sob sua luz. Santo Antão, por duas vezes deixou a região para ir a Alexandria; na primeira para apoiar cristãos perseguidos, na segunda para lutar contra o arianismo. Com fama de santidade, eram numerosos os que buscavam seus conselhos em viagens ao local ou por carta, entre os quais o imperador e seus dois filhos.

A vida monástica ali praticada, da qual ele foi o motor, repito, está na origem do monaquismo cristão, amplo e importante impulso de piedade, com enormes reflexos civilizatórios, do qual surgiu a Europa, tal qual a conhecemos. E a América. É lícito conjeturar, quase nada de grande do que produziu a Europa, teria existido sem o enérgico impulso inicial dado por Santo Antão, imerso na solidão voluntária, do fundo de um deserto.

Quem não fica tocado, caminhando pela serra da Canastra, ao ver o filete de água de onde provém o rio São Francisco, a nascente histórica? Ou, mesmo olhando o começo do rio Samburá, a nascente geográfica? Ali começa tudo. Até se perder no oceano Atlântico, quase 3 mil quilômetros depois, o rio São Francisco fertiliza, alimenta, transporta, embeleza. Santo Antão é o filete de água do monaquismo, impulso inicial de incalculáveis rios de virtude, cultura, arte, oração, civilização — enfim, de perfeição natural e sobrenatural. Avanço civilizatório de fato está aqui.

Concluo. Santo Antão viveu entretido até os 105 anos, a maior parte dos quais na mais completa solidão — na oração, na penitência, na leitura e reflexão, nos trabalhos de cultivo e criação. Dali, por graduais e sucessivos efeito aprimorantes, via de regra em círculos cada vez mais afastados, foi surgindo sociedade mais moralizada e civilizada. Sob a luz de tal exemplo, no confinamento, para cada um, podem surgir visões mais abrangentes de considerar a vida, maneiras mais apuradas de convívio, até de preparar pratos, tanta coisa mais, que poderão melhorar para sempre a vida das pessoas, das famílias, dos círculos próximos. Mais ainda. O confinamento pode ser destrutivo, contudo muitas vezes esconde bênçãos. Cabe a nós não as deixar passar ao largo.

ABIM

GUERRA ENTRE REVOLUÇÕES

Alanna Smith, jovem velocista americana, fala durante ato de protesto pedindo vetar atletas “trans” nos EUA

  • Paulo Henrique Américo de Araújo

Desenrola-se há anos uma espécie de conflito velado entre duas correntes revolucionárias, ambas com vinculações evidentes por seu ódio à civilização cristã. Propugnadores da ideologia de gênero, tida como “avançada”, consideram agora “ultrapassada” a vetusta onda feminista. A recente ascensão de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos trouxe notoriedade ao entrechoque das duas posições, e não há mais como escondê-lo do público.

O caso, como veremos, traz à luz uma das constatações mais sagazes de Plinio Corrêa de Oliveira, na sua obra mestra Revolução e Contra-Revolução: No processo de decadência do Ocidente cristão, iniciado nos fins da Idade Média, as revoluções de ontem vão sendo inevitavelmente devoradas pelas revoluções de hoje.

Controvérsia por direitos iguais

Alanna Smith, jovem velocista americana, tinha pela frente uma carreira promissora nas pistas de corrida de seu país. Tal oportunidade lhe surgiu, entre outros motivos, porque o movimento feminista havia reivindicado, durante muitas décadas, o direito das mulheres à prática de esportes geralmente restritos antes aos homens. A partir de meados do século passado, com o avanço da dita “igualdade entre os sexos”, as mais variadas formas de competição foram abertas às mulheres: natação, atletismo, esportes coletivos, e até mesmo um inimaginável pugilismo feminino.

Seus esforços foram paulatinamente reconhecidos no mundo das atletas, exatamente como ocorria com os homens. O pressuposto óbvio era que entre as mulheres esportistas vigoraria o chamado “fair play”, ou jogo justo. Em outras palavras, homens disputariam com homens, e mulheres disputariam com mulheres. Seria um disparate imaginar mulheres competindo com homens, por exemplo, em uma disputa de boxe…

Entretanto, quando a mãe de Alanna lhe perguntou sobre sua estratégia para vencer uma competição juvenil em 2019, a resposta foi taxativa: “Nada vai adiantar, mãe! Não tenho como vencer, porque hoje vou competir contra rapazes!”.1

Como!? Então cessou de valer o “fair play”!? Mulheres vão ser obrigadas a competir com homens, em tão flagrante desigualdade de condições??!! Era bem isso, mas também não era bem isso… Acontece que a revolução de hoje decidiu dar um grande passo, tão grande como outras loucas violações da natureza, para cuja vitória ela tem de ‘devorar’ a revolução de ontem. Expliquemo-nos.

O feminismo batalhou com todas as suas armas pela “igualdade de direitos” das mulheres. Avançaram, avançaram, avançaram, e hoje quase não há atividade que seja proibida às mulheres. Mas recentemente interessou à revolução dar impulso a outra “igualdade”, antinatural e insensata como tantas outras: “igualdade de gênero”. Ocorre, no entanto, que essa “igualdade” entra em contradição com a “igualdade de direitos” das mulheres. A consequência prevista por Alanna se concretizou, e ela ficou bem atrás dos dois “transgêneros” (homens identificados como mulheres) que disputavam a corrida naquele dia.

Outro caso emblemático ocorreu com Selina Soule.2 Em 2018 ela havia galgado o mais alto posto das velocistas juvenis em Connecticut. Contudo, numa corrida pelo campeonato estadual no mesmo ano, ela cruzou a linha de chegada muito, mas muito depois de “outras duas competidoras”. Tratava-se na realidade de dois competidores, que biologicamente falando eram rapazes, mas correndo na mesma pista com as moças. Terminando em terceiro lugar, Selina perdeu uma vaga na universidade, a classificação para futuros campeonatos e outras vantagens advindas da carreira de esportista.

O mais intrigante no caso de Selina é que os dois vencedores não teriam chance numa disputa contra homens, pois seus tempos de corrida estavam bem abaixo de outros competidores do sexo masculino na mesma categoria. Aliás, os dois “transgêneros” não teriam condições nem sequer para disputar o campeonato estadual com outros rapazes, apesar de terem vencido mulheres de verdade. Sua classificação era simplesmente muito aquém da média das competições masculinas. Alegando serem “mulheres”, venceram a competição contra mulheres em nome da “igualdade de gênero”!

Não temos a menor simpatia pela “igualdade de direitos” das mulheres (a revolução de ontem), mas devemos ressaltar que agora está sendo cometida de fato uma flagrante injustiça contra mulheres (consequência nefasta da revolução de hoje).

Feministas e transgêneros em batalha judicial

Em 2019, Selina, Alanna e duas outras atletas juvenis, apoiadas pela associação Aliança em Defesa da Liberdade, entraram com ação judicial no estado de Connecticut.3 A demanda intenta proteger o direito ao clássico “jogo justo”, excluindo das competições femininas os “atletas transgêneros”, isto é, homens biologicamente falando, que preferem ser tidos como mulheres. Até o fechamento desta edição, a decisão judicial ainda não havia sido proferida. De qualquer forma, note-se que o Departamento de Educação dos Estados Unidos, durante o governo Trump, vinha tomando uma atitude favorável às jovens esportistas. Sob o novo governo, porém, tal apoio foi retirado.

Analistas preveem4 outras querelas judiciais do mesmo tipo no país, em razão da ordem executiva baixada pelo presidente americano Joe Biden no início de seu mandato, em janeiro deste ano. A “Ordem executiva para a prevenção e combate à discriminação baseada em identidade de gênero e orientação sexual” declara, em sua 1ª seção: “As crianças devem ser inseridas no aprendizado, sem a preocupação de terem o acesso negado a banheiros, vestiários ou esportes escolares.

No Brasil, a problemática ainda não veio à tona como na América do Norte. Mas a guerra já desponta no horizonte com a tramitação, na Assembleia Legislativa de São Paulo, de um Projeto de Lei de 2019 para a proibição de “transgêneros” nos esportes.

Em 2019, Alanna, Chelsea e Selina (de esq. à dir.) atletas juvenis, apoiadas pela associação Aliança em Defesa da Liberdade, entraram com ação judicial no estado de Connecticut. A demanda intenta proteger o direito ao clássico “jogo justo”, excluindo das competições femininas os “atletas transgêneros”.

A lei natural esmagada por contradições

Os argumentos a favor e contra mergulham num mar de contradições e conclusões tortuosas. Os defensores dos “transgêneros” nos esportes femininos argumentam que é possível diminuir ou até neutralizar a natural disparidade biológica entre os sexos. Tratamentos para inibição de hormônios masculinos passaram a ser apresentados como prova de “igualdade de condições” nas competições internacionais e olímpicas. Isto significa, na realidade, tentar consertar um erro com outro erro.

Por outro lado, especialistas afirmam que certas características masculinas não podem ser minimizadas, mesmo com tratamentos hormonais.5 Dentre as naturais vantagens físicas dos homens sobre as mulheres figuram: ombros mais largos, algo que proporciona maior capacidade pulmonar e respiratória; maior massa muscular; maior densidade óssea nos braços.

Eis uma comparação. Se a velocista norte-americana Allysson Felix — ganhadora de seis medalhas de ouro olímpicas e tida como uma das mulheres mais rápidas do mundo — disputasse os 400 metros rasos, fazendo o melhor tempo de sua carreira (49.26 segundos), ela perderia a corrida para aproximadamente 300 rapazes, atletas não profissionais, estudantes do ensino médio, apenas considerando os participantes dos Estados Unidos.6

Não quero desmerecer a famosa atleta, desejo apenas apontar o óbvio: há diferenças biológicas entre os sexos que influenciam os resultados esportivos. Mas as sentinelas da ideologia de gênero não querem enxergar a questão assim. Para elas, retirar o direito de “homens transgêneros” à participação em competições femininas traduz-se por “discriminação de gênero”. Chegam até a qualificar as jovens esportistas acima citadas como “más perdedoras” e “preconceituosas”.

Contradições que fazem a Revolução avançar

Em 2019, Alanna, Chelsea e Selina (de esq. à dir.) atletas juvenis, apoiadas pela associação Aliança em Defesa da Liberdade, entraram com ação judicial no estado de Connecticut. A demanda intenta proteger o direito ao clássico “jogo justo”, excluindo das competições femininas os “atletas transgêneros”.

Não consta que qualquer movimento feminista tenha levantado a voz contra tão flagrante violação dos “direitos das mulheres”. Por quê? Ao que tudo indica, porque a onda revolucionária do “gênero” vai ‘pondo para escanteio’ a revolução feminista, suscitando querelas e contradições nas suas próprias fileiras. Por exemplo, o ativismo feminista usa geralmente a expressão “igualdade de gênero” como um conceito favorável aos direitos das mulheres.7 No entanto, diante da controvérsia dos “transgêneros” nos esportes femininos, a mesma expressão vai sendo utilizada em sentido oposto.

Tantas são as contradições, tão antinaturais todos esses aspectos impensáveis até bem pouco tempo atrás, que não conseguimos imaginar como poderia um juiz sensato prolatar sentença justa nessa situação paradoxal de “Revolução dos bichos”, na qual todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros. Quanto aos legisladores, como elaborar leis sensatas num mundo em que a insensatez disputa corrida com os que fogem à “lanterna de Diógenes”?

Na realidade, a Revolução anticristã vive de contradições e lutas internas. O que importa para ela é a destruição dos restos de Cristandade em nossos dias, mesmo que para isso seja necessário desprezar e derrubar suas bandeiras do passado; ou seja, devorar aquilo que foi ultrapassado pelo próprio processo revolucionário.

Apenas na civilização nutrida pela doutrina milenar da Santa Igreja Católica pode haver bases firmes e equilibradas para os legítimos papéis do homem e da mulher na sociedade, cada qual com sua dignidade, importância e particularidades próprias. E longe, muito longe dos disparates igualitários deste nosso mundo paganizado.

ABIM

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Notas

1. Cfr. <https://www.youtube.com/watch?v=SrMem2TiAqQ>

2. Cfr. <https://www.youtube.com/watch?v=navQkMFvmDc>

3. Cfr. <https://www.ctpost.com/sports/article/Lawsuit-against-allowing-transgender-athletes-to-15982666.php>

4. Cfr.<https://www.uol.com.br/esporte/colunas/lei-em-campo/2021/02/02/decisao-de-biden-aumenta-sobre-transgeneros-afeta-o-esporte.htm>

5. Segundo o Journal of Applied Physiology, citado aos 4m e 45s do vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=b–cafK5mxY>

6. Cfr. aos 2m e 32s do vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=navQkMFvmDc>

7. Cfr. o penúltimo parágrafo do artigo: https://atletasnow.com/mulheres-no-esporte-conheca-suas-trajetorias-e-conquistas/

NELSON HELENO PARTICIPOU NO TRAIL DE FERREIRA DO ZÊZERE

Numa organização do Clube de Atletismo de Ferreira do Zêzere, realizou-se nos passados dias 13 e 14 de novembro, a 7ª edição do Trail do Zêzere, que contou com o apoio do Municipio e da Junta de Freguesia de Ferreira do Zêzere, União de Freguesias de Areias e Pias, bem como muitas outras entidades, nas distâncias de 50km, 35km, 20km e 14km e caminhada.

Participou na prova de 20km o atleta Secção de Ar Livre e Aventura da Associação de Solidariedade Sociedade Columbófila Cantanhedense, Nelson Heleno, tendo terminado a sua prova no 27° lugar da geral e 14º MSenior.



Portugal com 1.483 novos casos e 15 mortes. Internamentos voltam a subir

Desde 26 de agosto que não havia tantos doentes a morrer com Covid-19. Há mais 41 pessoas internadas, elevando o total para 465 doentes em hospitais.

Portugal regista 1.483 casos confirmados de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 e 15 mortes associadas à Covid-19. Os internamentos voltam a subir em enfermaria (+41) e cuidados intensivos (+6). No total, estão 465 pessoas internadas com o novo coronavírus.

Os dados divulgados pela DGS mostram também mais 1.006 casos ativos, para um total de 37.931, e que 462 pessoas foram dadas como recuperadas da Covid-19 nas últimas 24 horas, o que aumenta o total nacional para 1.051.300 recuperados.

Nas últimas 24 horas, o número de contactos em vigilância pelas autoridades de saúde subiu (+387), situando-se nos 32.005.

A maioria das novas infeções ocorreu na Grande Lisboa (498), a seguir surge a região Norte (388), a zona Centro (329), Algarve (145), e Alentejo (46).

A nível mundial, a pandemia provocou pelo menos cinco milhões de mortes em todo o mundo.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Fonte: Renascença (Joana Bourgard)

Cantanhede | Antestreia de “Gemme la vie” com os atores Rui Unas, Aldo Lima e João Damasceno

A próxima sessão das “4ª Clássicas” em Cantanhede será no dia 1 de Dezembro 4ªfeira, pelas 21h no auditório do Centro Paroquial S. Pedro, e contemplará a antestreia do filme “Geme…La Vie”. Numa organização conjunta da Associação fotografARTE, do Cineclube Bairrada e do Município de Cantanhede, o evento contará com a presença do realizador Luís Albuquerque e de vários atores intervenientes no filme, entre os quais Rui Unas, Aldo Lima e João Damasceno.

O filme apresenta um grupo de bandidos que planeiam o assalto à famigerada joia da baronesa de Sanfins. Pelo meio, e por entre as experiências e vivências de três amigos quarentões, eis que se desenrola uma linda história de amor…

Para a conceção desta obra, a Capela da Misericórdia da Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede constituiu o cenário ideal para a integração da cena principal da comédia em apreço, contando para o efeito com a participação de elementos dos Grupos de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, convidados pelo Município, para participarem como figurantes.

A entrada no auditório do Centro Paroquial S. Pedro é livre, mas está sujeita à reserva de bilhetes em www.bol.pt ou através do contacto 231429813 ou do email dc@cm-cantanhede.pt.

Vasco Espinhal Otero será como habitualmente o anfitrião da sessão. Recorde-se que as "4ª Clássicas" em Cantanhede ocorrem desde 2016, sendo que esta iniciativa decorre com a curadoria e organização do Cineclub Bairrada, Associação fotografARTE, Associação Lúcia Lima e Coletivo Artístico Efervescente, contando com o apoio da Paróquia de Cantanhede, Caixa de Crédito Agrícola de Cantanhede e Mira, Junta de Freguesia da União de Freguesias Cantanhede e Pocariça, Município de Cantanhede, Cinemusicorium e Rádio Universidade de Coimbra.

Destaca-se também o facto de existirem desde 2019 expansões das “4ª Clássicas” em Anadia, Mealhada, Águeda e brevemente ainda em mais concelhos da região da Bairrada, no âmbito da intervenção cultural do Cineclub Bairrada.

Anadia dinamiza projetos Biblioescola e Bibliosocial


A Biblioteca Municipal de Aandia está a dinamizar os projetos Bibliosocial e Biblioescola, os quais consistem em levar livros, cd’s, dvd’s e revistas a todos os utentes das Instituições de Solidariedade Social (IPSS) do concelho, bem como a todos os alunos que frequentem o ensino pré-escolar e o 1º ciclo do Ensino Básico.

Esta iniciativa tem, ao longo dos anos, conseguido uma adesão muito significativa por parte de professores, educadores e utentes.

No que respeita à Bibliosocial, cada IPSS recebe um número máximo de livros, dvd’s, cd’s e revistas equivalente ao número de utentes de cada valência. Os objetivos passam por estimular e fortalecer hábitos de leitura, assim como apoiar a educação individual e a auto-formação, assim como a educação formal.

Relativamente à BiblioEscola, cada turma recebe um número de livros, recomendados pelo Plano Nacional de Leitura, equivalente ao número de alunos que a compõem. Pretende-se com este projeto apoiar a educação formal; tornar acessível a todas as crianças o livro e a informação; e envolver a comunidade escolar num projeto social comum. Promover o livro e a leitura, enquanto pilares fundamentais do desenvolvimento das literacias é outro dos objetivos.

Áustria institui confinamento nacional para não vacinados

O Governo austríaco instituiu um confinamento nacional para quem não está vacinado contra a covid-19, com início marcado para esta meia-noite, com o objetivo de abrandar a propagação do novo coronavírus no país.

Segundo agência de notícias AP, a medida proíbe os não vacinados maiores de 12 anos de saírem de casa, exceto para trabalhar, fazer compras, dar um passeio ou para serem vacinados.

Nas últimas semanas, a Áustria tem registado uma “tendência preocupante” de aumento de casos de infeção pelo novo coronavírus, tendo o número de casos positivos nas últimas 24 horas atingido os 11.552 novos casos.

“É nosso dever como Governo proteger o povo. Por isso, decidimos que a partir de segunda-feira haverá confinamento para os não vacinados”, explicou o chanceler austríaco, em declarações aos jornalistas.

A AP explica que as autoridades austríacas receiam que o pessoal hospitalar já não seja capaz de lidar com o aumento de doentes com Covid-19.

A medida anunciada vai afetar cerca de dois milhões de pessoas naquele país alpino, que tem cerca de 8,9 milhões de habitantes, e vai vigorar por 10 dias, tendo sido pedido à polícia vigilância para ter a certeza que quem anda na rua está vacinado.

A Áustria tem uma das taxas de vacinação mais baixas da Europa Ocidental, estando em cerca de 65% da população totalmente vacinada.

A covid-19 provocou mais de cinco milhões de mortes em todo o mundo, entre mais de 251,87 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Madremedia

Imagem: DN

GNR faz balanço da “Operação Censos Sénior 2021”

 A Guarda Nacional Republicana, durante todo o mês de outubro de 2021 e em todo o território nacional, no âmbito do Policiamento Comunitário, realizou mais um edição da Operação “Censos Sénior”, que visa garantir um conjunto de ações de patrulhamento e de sensibilização à população mais idosa, que vive sozinha, isolada, ou sozinha e isolada, através da atualização dos registos das edições anteriores.

Durante a operação, os militares realizaram uma série de ações que privilegiaram o contacto pessoal com as pessoas idosas em situação vulnerável, no sentido de sensibilizarem e alertarem este público-alvo para a adoção de comportamentos de segurança que permitam reduzir o risco de se tornarem vítimas de crimes, nomeadamente em situações de violência, de burla e furto, bem como para a adoção de medidas preventivas de propagação da pandemia COVID-19

Na edição de 2021 da Operação “Censos Sénior”, a Guarda realizou 172 ações em sala e 3.431 ações porta a porta, abrangendo um total de 19.812 idosos.

Desde 2011, ano em que foi realizada a primeira edição da Operação “Censos Sénior”, a Guarda tem vindo a atualizar a sinalização geográfica, proporcionando assim um apoio mais próximo à nossa população idosa, o que certamente contribui, por um lado, para a criação de um clima de maior confiança e de empatia entre os idosos e os militares da GNR e, por outro, para o aumento do seu sentimento de segurança.

A Guarda sinalizou 44.484 idosos que vivem sozinhos e/ou isolados, ou em situação de vulnerabilidade, em razão da sua condição física, psicológica, ou outra que possa colocar em causa a sua segurança.

As sinalizações distribuem-se geograficamente, do seguinte modo:

DistritoIdosos sinalizados
Aveiro1 480
Beja3 411
Braga1 575
Bragança3 343
Castelo Branco1 826
Coimbra1 254
Évora2 941
Faro3 521
Guarda5 012
Leiria1 203
Lisboa1 125
Portalegre3 130
Porto946
Santarém2 099
Setúbal1 742
Viana do Castelo1 142
Vila Real5 191
Viseu3 543
TOTAL44 484

A GNR continuará a acompanhar os idosos sinalizados, através de visitas regulares às suas residências, no sentido de realizar mais ações de sensibilização e fazer a avaliação da sua segurança, colaborando com as demais entidades locais, na procura da melhor qualidade de vida da população idosa, em especial dos mais vulneráveis.

Mais 13 famílias de Anadia apoiadas com incentivo à natalidade

 

A Câmara Municipal de Anadia, na sua reunião de executivo, no passado dia 11 de novembro, deliberou, por unanimidade, apoiar mais 13 famílias do concelho com o incentivo à natalidade, num valor total de 15,500,00€, no âmbito da medida “Nascer Anadiense”, prevista no Regulamento Geral de Ação Social do Município.

O benefício à natalidade tem o valor de mil euros por nascimento, contudo, há a registar as candidaturas de duas famílias com nascimentos múltiplos (gémeos), em que o valor a receber são os 1.000,00€ por cada filho e ainda de duas famílias com o nascimento do segundo filho, já com o Regulamento Geral da Ação Social do Município de Anadia, em vigor, pelo que o valor a receber é de 1.250,00€.

“Nascer Anadiense” tem como propósito incentivar a natalidade, através da atribuição de um apoio pecuniário destinado a compensar os custos com a realização de despesas, em bens e serviços considerados indispensáveis ao desenvolvimento da criança, sendo elegíveis aquelas que respeitem, nomeadamente, a vacinas não contempladas no Plano Nacional de Vacinação, assistência médica e medicamentosa, artigos de puericultura e mobiliário, equipamentos de segurança, higiene e conforto, vestuário e calçado, em adequação com a idade da criança.

O apoio é destinado a crianças, que sejam registadas como naturais do concelho de Anadia ou adotadas por famílias com residência há mais de um ano e com recenseamento no concelho de Anadia. De acordo com o Regulamento, metade do montante do incentivo atribuído terá de ser despendido em estabelecimentos comerciais sitos na área do concelho de Anadia.

 

Remansos restauradores

 

  • Péricles Capanema

Truque do menino pescador. Quando menino, pesquei um pouco, ia em geral até o rio (ou ribeirão) com tio meu. Descobri logo um ardil: procurava os remansos, locais onde a água fica calma, corre menos, dá impressão de parada. Peixe gosta de remanso. Jogava o anzol, a pescaria rendia. Existem peixes em corredeiras; no entanto, a pesca ali é menor. Sempre preferi os remansos. Mais tarde, adulto já formado, ouvi seguidamente a palavra remanso associada a descanso e tranquilidade. “Aquilo é um remanso”; “Foi um remanso na vida dele”. Por aí afora. E me lembrava, remanso no rio sempre foi condição de pescaria de muitos peixes. Era promessa, fisgava muito quem conhecia suas vantagens.

Remansos promissores. Em ocasião inesperada, como um dourado fora d’água, pulou na memória a palavra. Ouvi, anos atrás, de amigo meu: “Fulano não sabe descansar, por isso produz pouco e mal”. O aparente paradoxo me impressionou. À primeira vista, o remanso, em perspectiva diferente, a inação ajudaria a produção. Mais precisamente, saber como descansar era condição da produtividade boa, com qualidade. Do pátio do recreio dependia em larga parte o êxito da sala de aula. Lembrei-me então, a pescaria depende também do remanso, da água em descanso. A coisa ficou por aí.

Forças novas. Contudo, resolvi tratar do tema hoje, por razão circunstancial. Tive debate com pessoa que sustenta, a tensão contínua é condição de produtividade alta; remanso atrapalha. Imagino, provavelmente haverá muita gente que pensa igual. Acho o contrário, remansos restauram forças, facilitam caminhadas de sucesso. Admito, podem existir remansos apenas de superfície, convulsionados por baixo, recreios neurastênicos; causam efeito contrário, debilitam. De outra maneira, existem formas de armazenar energia, gastando-as depois com utilidade. E existem formas de supostamente guardar energia, de fato desbaratá-las, que impedem utilização posterior.

Hábitos de observação. Arrisco-me a propor aqui remansos, um em especial, de fato. Espero, ajudarão eventuais leitores a agir com maior eficiência em vários âmbitos da vida — familiar, profissional, educativo etc. Serão hábitos que descansam e formam o espírito, a mais de preparar para a ação. Em resumo, é uma sugestão para criar o costume de observar pessoas e famílias, ter em relação a situações de perfeição social um olhar benevolente que entretém, distrai, descansa e forma. Será pátio de recreio com função de sala de aula. Caí sem querer na autoajuda. Não importa, adiante.

Presença de espírito. Esse hábito existiu, formou gerações. Proponho, a bem dizer, uma ressurreição. O mundo cultural francês sempre apreciou, e com razão, o esprit. Abria portas, criava oportunidades, permitia começar relações de valor. Era (e ainda o é, pelo menos em parte) diferencial enorme. Ter espírito (avoir de l’esprit) é sem dúvida ter presença de espírito, saber agir em situações inesperadas. Supõe agilidade mental que leva a encontrar a saída em ocasiões espinhosas. Para tanto, graça, humor, argúcia, conhecimentos. Dele faz parte também o dom da repartie, isto é, a capacidade habitual da resposta viva, espontânea, leve, fácil e brilhante. Nunca foi tempo perdido o esforço para aquisição da presença de espírito. Lá e cá.

Entretenimento cultural como motor da formação. Uns nascem com especial talento nesse campo, cumpre a eles desenvolver dons nativos. Outros têm necessidade de desenvolvê-los, com esforço, ao longo da vida. A eles, de forma particular, o presente texto talvez possa ajudar. A conquista de tal configuração, mesmo em doses modestas, supõe observar e admirar suas manifestações — ganho, em boa parte por osmose, de conhecimentos e hábitos. Aqui estão duas etapas para sua obtenção: gostar de observar e de admirar.

Educação por osmose. Com efeito, a educação não acontece só pela instrução. O conhecimento, os hábitos e o jeito se transmitem também pela convivência. A frequentação, quer física, quer moral, de ambientes pode trazer assimilação de valores. São caldos de cultura psicológicos e morais, nutridos pela leitura, pela imaginação, pelo convívio. Haurindo tais ares, desenvolver o costume de observar, procurando explicitar o visto, e de admirar. Tudo isso faz entender melhor a vida.

Exemplo de expressão histórica. Atrás me referi à atmosfera cultural francesa, em que houve hábitos de observar e de admirar. Quase se poderia afirmar, trata-se de ressuscitá-los e divulgá-los. Foram de enorme significado para a vida nacional — rotinas recreativas embora, remansos de muito peixe. Desço a um exemplo, acho que é o melhor de todos. Houve ali, certamente por mais de século, uma família de expressão, Rochechouart-Mortemart, que, pela fulguração, a partir do século XVII, educou e, em algum sentido, formou gerações inteiras, atraindo a atenção e entretendo. Seus membros de maior relevo eram, em certa proporção, “role models”. Era habitual em seus membros traços de personalidade que encantavam, seduziam, formavam. Nas palavras do historiador Ernest Lavisse, “o espírito celebrado dos Mortemart, natural, fino, que sabia encontrar o inesperado, um espírito que tinha o dom de se comunicar aos outros”. Em resumo, uma forma de alta cultura, comunicativa e difusiva, admirada, observada. Grandes escritores como o duque de Saint-Simon, madame de Sévigné e Marcel Proust dele falaram. Talleyrand [quadro acima], celebrado não só na diplomacia, mas ainda na arte de conversar, notou nas memórias que parte de sua formação vinha da bisavó, uma Mortemart. De outro modo, estava no sangue, aquele estilo vivia nos ares que respirou em menino — osmose. Hoje ainda, tantas vezes dispersas e despercebidas, temos entre nós pessoas em muitos aspectos parecidas com membros da família Mortemart. Merecem atenção. Cabe a nós notá-las, observá-las, admirá-las, mesmo que silenciosamente. É tarefa que aprimora o espírito, prepara para as tarefas cansativas do dia a dia.

ABIM

A Rosa de Ouro da Princesa Imperial

 


Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, com a “Rosa de Ouro” 

 publicada na revista Catolicismo deste mês, e reproduzida neste site ontem (12-11-21), em homenagem à Princesa Isabel, no centenário de seu falecimento.

Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, 14 de julho de 1946

Segundo notícias veiculadas pela imprensa, acaba de chegar da Europa S. A. o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, que trouxe consigo a “Rosa de Ouro” doada pelo Santo Padre Leão XIII à Princesa Isabel. Segundo consta, essa preciosa joia será doada à Catedral do Rio de Janeiro, por ocasião do 1º Centenário do nascimento daquela ínclita Princesa.

O fato tem atraído a atenção de todo o nosso público, quer pela significação, quer pelo valor histórico e intrínseco da preciosa joia. E oferece ao “Legionário” a oportunidade de pôr em evidência a atuação da Santa Sé em um dos episódios mais marcantes da História brasileira.

Como se sabe, um dos títulos de glória da civilização cristã consiste em haver abolido a escravidão na Europa. Em todas as grandes civilizações pagãs da África e da Ásia, a escravidão era um instituto geralmente admitido e adotado. A Grécia herdou do Oriente esta tradição e durante toda a história helênica a escravidão existiu. Roma, herdeira da civilização grega, também conheceu a escravidão.

Fac-símile da Lei Áurea

É sabido que por várias causas, e especialmente em consequência das conquistas, os romanos, que consideravam escravos os prisioneiros de guerra, acresceram desmesuradamente o número dos escravos, que nos mercados de Roma um homem chegou a custar menos que um rouxinol.

Com os primeiros albores do Cristianismo, começou a luta lenta da Igreja contra a escravidão. Numerosos eram os senhores que libertavam seus escravos, em vida ou por testamento, para expiar seus pecados e dar glória a Deus. Sobrevindo a Idade Média, o destino dos escravos foi sendo lentamente melhorado, e por fim a escravidão cessou inteiramente em território europeu.

Pela primeira vez na História, um continente inteiro deixou de ter escravos, para só ter homens livres. E este imenso fenômeno de elevação social se verificou — como ulteriormente no Brasil — sem as perturbações tremendas que a libertação dos escravos trouxe nos Estados Unidos.

A Renascença foi uma verdadeira ressurreição do paganismo, e trouxe consigo uma ressurreição da escravidão. O homem cúpido e prepotente do Renascimento restaurou em terras da América o cativeiro. Lutando obstinadamente contra este fato, a Igreja conseguiu evitar de um modo geral o cativeiro dos índios. Mas não chegou a evitar o dos negros.

Ficava, pois, a nódoa. Era preciso apagá-la.

Desejoso de precipitar o desfecho da luta abolicionista, Joaquim Nabuco deliberou pedir, em apoio da causa, o prestígio e a influência de Leão XIII. E, atendendo ao pedido do grande brasileiro, o Santo Padre escreveu uma Carta Encíclica em que se mostrava favorável à libertação dos escravos no Brasil.

Costuma-se interpretar o gesto de Nabuco como sendo destinado especialmente a fazer pressão sobre a Princesa Imperial, católica modelar, a fim de conseguir dela o gesto de libertação final. O fato é que qualquer palavra do Pontífice teria por certo a maior ressonância junto à Princesa. Mas se bem que esta pudesse sentir uma ou outra hesitação quanto à oportunidade da medida, o fato é que a causa abolicionista já era causa vencedora no nobre coração de Da. Isabel.

Ninguém ignora que ela era abolicionista de todo o coração, a tal ponto que no próprio Paço Imperial seus filhos, ainda pequenos, confeccionavam um pequeno jornal abolicionista que circulava com grande irritação dos escravagistas.

De fato, a Carta de Leão XIII teve um alcance ainda maior. Nação profundamente católica, o Brasil sempre foi dócil à voz de Pedro. O vigor da opinião católica se atestou no Império tão claramente, por ocasião do “caso” de Dom Vital [Maria Gonçalves de Oliveira], que nem é necessário insistir sobre isto.

A palavra do Pontífice colocaria na caudal do movimento abolicionista a imensa massa católica do país. No plano puramente político, este efeito da Carta de Leão XIII talvez ainda não tenha sido devidamente apreciado por nossos historiadores.

E veio a abolição. Leão XIII quis dar, a este propósito, um testemunho de sua paternal admiração à nobre Princesa que assinara o decreto, e de aplauso ao povo que tão bem o recebera. Daí o enviar o Pontífice à grande Princesa brasileira a “Rosa de Ouro”, o mais alto testemunho de apreço que o Papa dá aos membros de Casa reinante.

Esta joia de inestimável valor põe, portanto, em foco, a figura de Leão XIII e da grande Princesa Isabel, e evoca uma página brilhante, a um tempo da História da Igreja e do Brasil.

ABIM

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[Amanhã postaremos outro artigo dentro da série de homenagens à Princesa Isabel, em seu centenário]

Liga MEO Surf: Portugal Surf Awards 2021 distinguiu os melhores surfistas portugueses

- Vasco Ribeiro e Francisca Veselko foram os grandes vencedores da noite;
- Etapa de Peniche foi eleita a melhor do ano pelos surfistas;
- José Ferreira conquista segunda edição do Prémio Pedro Lima Fair Play;
Fotografias da Cerimónia (Créditos: Jorge Matreno/ANSurfistas) - Clique aqui
Lisboa (13/11/2021) - A 12.ª segunda edição dos Portugal Surf Awards coroou, esta sexta-feira, os campeões nacionais de surf, Vasco Ribeiro e Francisca Veselko. Uma noite de gala para o surf nacional, que juntou e premiou, em Lisboa, os grandes destaques da Liga MEO Surf 2021 e outras individualidades e entidades que marcaram a época competitiva.

Os grandes vencedores da noite foram Vasco, que conquistou o quinto título nacional da carreira, isolando-se na lista dos surfistas masculinos com mais triunfos no circuito nacional, e “Kika”, que se estreou a vencer com idade ainda júnior. Cada um levou para casa dois troféus. Além dos troféus de campeões nacionais, Vasco Ribeiro foi distinguido pela melhor onda do ano, graças aos 10 pontos conseguidos na etapa da Figueira da Foz, enquanto Francisca Veselko foi a melhor júnior feminina. Por seu turno, Yolanda Hopkins conquistou a melhor onda do ano no feminino.

Entre as várias categorias que distinguiram os melhores do ano, destaque para a eleição de Peniche como a melhor etapa do ano, num prémio que foi decido por voto dos próprios surfistas. Os mesmos surfistas elegeram Halley Batista e Mafalda Lopes para vencedores do troféu Surfers’ Surfer. Já o prémio para a maior evolução do ano foi atribuído a Joaquim Chaves, após votação dos media partners da Liga MEO Surf.

Menção ainda para o novo prémio que distingue o clube do ano e que foi conquistado pelo Ericeira Surf Clube, por decisão inerente à performance dos seus associados.

O prémio carreira foi entregue ao site Surftotal, pelos 20 anos de existência, enquanto o juiz Nuno Trigo foi distinguido com o prémio personalidade, depois de ter marcado presença no painel de juízes dos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020, onde o surf fez a estreia olímpica. Por fim, outro dos grandes momentos da noite foi a distinção de José Ferreira como vencedor da segunda edição do Prémio Pedro Lima, sucedendo a Gony Zubizarreta como vencedor de um galardão que visa homenagear a memória do malogrado surfista e ator e a sua postura de fair play.
 
Foi ainda feito o devido agradecimento a Pedro Monteiro, que foi Director de Prova da Liga MEO Surf de 2013 a 2021, e agora termina as suas funções para abraçar outros desafios profissionais no Surf.
 
Liga MEO Surf 2021:
– Campeões nacionais e vencedores da Liga MEO Surf: Vasco Ribeiro e Francisca Veselko;
- Vencedores da Allianz Triple Crown: Afonso Antunes e Francisca Veselko
– Maior evolução do ano: Joaquim Chaves;
– Melhor onda: Vasco Ribeiro e Yolanda Hopkins;
– Juniores do ano: Afonso Antunes e Francisca Veselko;
– Surfers’ Surfer: Halley Batista e Mafalda Lopes;
– Melhor Evento: Bom Petisco Peniche Pro;
- Clube do ano: Ericeira Surf Clube
 
Outras Distinções
– Personalidade do Ano 2021: Nuno Trigo
– Prémio Carreira 2021: Surftotal
– Prémio ANS Share: Miguel Blanco
– Prémio Pedro Lima Fair Play: José Ferreira
 
A Associação Nacional de Surfistas endereça os parabéns a todos os premiados, desejando grande sucessos a todos e que os seus objetivos se concretizem tão cedo quanto possível. Até 2022!

A Liga MEO Surf 2021 é uma organização da Associação Nacional de Surfistas e da Fire!, com o patrocínio do MEO, Allianz Portugal, Joaquim Chaves Saúde, Bom Petisco, Go Chill (café oficial), Super Bock, Somersby, Rip Curl e Ericeira Surf and Skate, o parceiro de sustentabilidade Jerónimo Martins, o apoio local dos Município de Mafra, Figueira da Foz, Porto, Matosinhos, Sintra e Peniche, e o apoio técnico do Ericeira Surf Clube, Associação de Surf da Figueira da Foz, Onda Pura, Clube Recreativo da Praia das Maças, Peniche Surfing Clube e da Federação Portuguesa de Surf.

Os Portugal Surf Awards são uma organização da Associação Nacional de Surfistas e da FIRE! em parceria com o MEO.


Mais informações em www.ansurfistas.com e mais fotos em Facebook/ansurfistas

Fotos: Vasco Ribeiro e Francisca Veselko, José Ferreira e Pedro Monteiro (Jorge Matreno/ANSurfistas