“«Votar é colaborar, não votar é trair o Povo». Esta a palavra de ordem do Presidente Costa Gomes ao anunciar, solenemente, aos portugueses a realização, no dia 12 de Abril de 1975, das eleições para a Assembleia Constituinte.
O significado histórico deste acto de liberdade foi definido, pelo próprio presidente, ao considerá-lo «marco fundamental no caminho da democracia».
Pela primeira vez, depois de quase meio século de sofismas eleitorais, de manobras totalitárias e de ignorância política das massas, os portugueses vão, em liberdade, exercer o seu direito de voto, a livre escolha do caminho que desejam ver percorrido no futuro.
É um acto histórico em que vamos participar no dia 12 de Abril. Vamos escolher os partidos, os homens que, como representantes do povo, vão elaborar as leis fundamentais do País.
Vai dar-se realidade, assim, ao compromisso assumido pelos jovens «capitães do 25 de Abril».
Ninguém terá o direito de estar ausente neste processo de democratização das instituições.
É natural que cada um dos partidos procure mais militantes e mais simpatizantes para as suas bases, para que essa adesão seja consciente, é urgente que os portugueses conheçam os seus programas, as suas intenções e os seus planos concretos de acção democrática.” Apenas uma reduzida apresentação do referido livrinho, composto por 130 páginas. Se fosse estudado vs lido nas escolas não teriam nada a perder, bem pelo contrário, na área da história.
Comentário: Quem se lembra deste “livrinho” vs manual? Decorreram 51 anos, mais de metade do povo continua na ignorância apesar dos meios avançados ao seu dispor, sendo extensiva aos jovens contemporâneos. Não conhecem os estatutos dos partidos nem diferença entre eles. É tudo farinha do mesmo saco. Hoje assistimos a comportamentos de determinados dirigentes vs governantes, que eram impensáveis no tempo da ditadura. Porquê?
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Não pretendo generalizar, mas, mais de metade do povo está-se borrifando para os partidos e suas promessas. Prometesse tudo e seu contrário. Um beijo vale um voto, um prato de sopa na cozinha social vale um voto, um carinho no rosto de um(a) idoso(a) vale um voto, uma palmadinha nas costas vale um voto. Portugal deve ser o País da Europa onde mais se promete e, menos se cumpre, com um sentimento de impunidade assustador. Onde começa e termina a publicidade enganosa? Ninguém é culpado de nada do que acontecesse, tudo é mistério ou inocente. Há porventura um País melhor do que este?
Quem garantiu aos senhores políticos que os eleitores são néscios? Os resultados da abstenção falam por si. Mais evidências? Fico assustado ao observar como está o mundo em “chamas” pelas guerras, fome, epidemias, ódio, vingança, indiferença, comodismo, inversão de valores, desconfiança uns dos outros e nas instituições, notória falta de respeito pelos idosos que tudo deram à Nação, acabam o seu ciclo de vida na miséria e abandonados à sua sorte.
Manifesto-me preocupado, porque os meus dois filhos (casal e neta), para progredirem na vida, viram-se “obrigados” a sair do País onde nasceram, cresceram, e se formaram academicamente, se por cá ficassem só seriam úteis para pagar impostos.
Não podemos obrigar ninguém a ser livre. Quem anseia viver num ambiente de repressão, quiçá de ditadura tem por onde ir. Subjugar os outros aos seus desejos e anseios pessoais, ou súbditos, além de desumano é crime… são uns frustrados, estão de mal com a vida que escolheram e, em nome do Povo fabricam leis opressivas, tornando-se intocáveis, não admitindo sequer que sejam alvo de suspeições.
“A firmeza de convicções políticas não é medida por aquilo que não se quer, mas pelo que, consciente e inteligentemente, se pretende, desde o que já foi consagrado pela experiência social, até ao que possa constituir inovação benéfica, ou simples adaptação aos ambientes humanos em constante evolução.” (Prof. Doutor Jacinto Ferreira, Para um verdadeiro Governo do Povo, pagª. 9).
Pelos frutos é que se conhece bem a árvore. “Teríamos de negar a natureza, se considerássemos a Nação como a soma dos seus indivíduos humanos, ou para a sua representação, a admitíssemos constituída por grupos ocasionais de interesses opostos, chamados partidos.” (Os Princípios do Sufrágio Universal, Págª. 49, Hipólito Barroso).
Que no próximo domingo, dia 18 de Maio, exerçamos o nosso direito cívico com sentido de responsabilidade, por forma a não hipotecar o nosso futuro pessoal, menos ainda aa nossa Nação.
*Joaquim Carlos
Director