Prof. Luiz Carlos Baldicero Molion, a mais autorizada voz brasileira em climatologia
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional,
sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs
Catolicismo — O Sr. crê na ideia de que a aplicação do Protocolo de Kyoto produz efeitos no clima da Terra?
Prof. Molion — Sob o ponto de vista de efeito estufa e de aquecimento global, o Protocolo de Kyoto é inútil, assim como o serão quaisquer tentativas de reduzir as concentrações de carbono na atmosfera para “combater o efeito estufa”.
Nele é proposta uma redução de 5,2% das emissões, comparadas aos níveis dos anos 1990. Estamos falando de cerca de 0,3 bilhões de toneladas de carbono por ano (GtC/a).
Para se ter uma ideia, estima-se que os fluxos naturais entre os oceanos, solos e vegetação somem cerca de 200 GtC/a. O grau de imprecisão admitido nessas estimativas, perfeitamente aceitável, é de 20%.
Isso representa um total de 40 GtC/a para cima ou para baixo (80 GtC/a), 13 vezes mais do que o homem coloca na atmosfera e 270 vezes a redução proposta por Kyoto.
Catolicismo — Atualmente não se fala mais da camada de ozônio. O que ocorreu?
Prof. Molion — Com a minha idade e conhecimento dessa área, já vi ocorrer num passado próximo algo muito semelhante, utilizando exatamente a mesma “receita”: a eliminação dos compostos de clorofluorcarbono-CFCs (Protocolo de Montreal), sob a alegação de destruírem a camada de ozônio.
Estado do buraco de ozônio em 3.12.2018. Fonte: NASA
Em minha opinião, foi uma grande farsa, um grande golpe econômico para que as indústrias detentoras de patentes dos substitutos –– que têm suas matrizes no G7, e lá pagam impostos sobre seus lucros – explorassem os países em desenvolvimento, particularmente os tropicais (Brasil, Índia...) que precisam de refrigeração a baixo custo.
Sabe-se que a concentração de ozônio depende da atividade solar, mais especificamente da produção de radiação ultravioleta (UV). Ou seja, o ozônio não filtra a UV, e sim a UV é consumida, retirada do fluxo solar para a formação do ozônio.
O sol tem um ciclo de 90 anos. Esteve num mínimo desse ciclo nas primeiras duas décadas do século XX e apresentou um máximo em 1957/58, Ano Geofísico Internacional, quando a rede de medição das concentrações de ozônio se expandiu e os dados de ozônio passaram a ser amplamente coletados e disseminados.
A partir dos anos 1960 a atividade solar (UV) começou a diminuir, e a camada de ozônio teve suas concentrações reduzidas paulatinamente.
O sol está iniciando um novo mínimo do ciclo de 90 anos, e estará com atividade baixa nos próximos 22 anos, até por volta de 2035.
O CO2 é indispensável no ponto de partida da produção alimentar.
Sem, ele não só os vegetais, mas os animais e os homens morreriam de fome.
E a terra viraria um deserto sem vida. Foto: soja.
Nesse período a camada de ozônio atingirá seus valores mínimos desde que começou a ser monitorada. Mas, como os CFCs já foram praticamente eliminados, e a exploração econômica já foi resolvida, não se fala mais sobre o assunto.
Em princípio, o sol só voltará a um máximo, semelhante ao dos anos 1960, por volta do ano 2050. Só aí, possivelmente, é que a camada de ozônio venha atingir os mesmos níveis dos anos 1950/60.
O aquecimento global antropogênico segue a mesma “receita” que eliminou os CFCs. Esses gases estáveis, não tóxicos e não-corrosivos, tinham um terrível “defeito”: não pagavam mais direitos de propriedade (“royalties”).
Hoje se vê claramente quem foram os beneficiados por tal falcatrua. Os do aquecimento global antropogênico ainda não são óbvios, mas a História dirá!
Catolicismo — O que pode ser feito para o meio ambiente?
Prof. Molion — Usar os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL): atividades humanas que reduzam a poluição (note: poluição, e não CO2!) do ar, das águas e dos solos, reflorestamento de áreas degradadas. São medidas sempre muito bem-vindas, e devem ser apoiadas.
É importante não confundir conservação ambiental com mudanças climáticas. Aqueça ou esfrie, temos de conservar o ambiente.
Boatos ambientalistas: aquecimento global aumentaria epidemias espalhadas por mosquitos.
Catolicismo — A elevada concentração na atmosfera de CO2 e outros gases que supostamente causam o efeito estufa não interferem na saúde humana?
Prof. Molion — O principal gás de efeito estufa, se é que esse efeito existe, é o vapor d’água (água na forma de gás). Em alguns lugares e ocasiões sua concentração chega a ser 100 vezes superior à do CO2.
Este, por sua vez, é um gás natural, é o gás da vida. Na hipótese, altamente improvável, de eliminarmos o CO2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra.
O homem e os outros animais alimentam-se das plantas. Eles não produzem os alimentos que consomem. São as plantas que o fazem, por meio da fotossíntese, absorvendo CO2 e produzindo amidos, açúcares e fibras.
Outros gases, como metano e óxidos de nitrogênio, estão presentes em concentrações muito baixas, que não causam problemas.
Fala-se muito que o aumento da temperatura global provocaria ipso facto uma proliferação do número de doenças que dependem de mosquitos como vetores (febre amarela, malária, dengue, por exemplo).
Prof. Molion: o CO2 é o gás da vida
Convém lembrar que a malária matou milhares de pessoas na Sibéria nos anos 1920, um período muito frio, e que já foi encontrado Aedes aegypti vivendo a –15°C (abaixo de zero).
Esses mosquitos continuam matando seres humanos e já sobreviveram a climas mais quentes e mais frios.
Portanto, o problema seria mais de saneamento básico do que de clima.
Entretanto, todo esforço que se fizer para diminuir a poluição do ar, águas e solos será muito benéfico para a humanidade.
A propósito, as concentrações de metano se estabilizaram nos últimos 20 anos, embora continuem a se expandir as atividades agropecuárias, como orizicultura e pecuária ruminante.
Catolicismo — Essa questão do metano está sendo muito falada.
A pressão ambientalista aponta a pecuária e o desmatamento como os principais vilões no Brasil.
Ambientalistas holandeses chegam a apresentar o desenho de um boi poluindo mais que quatro veículos...
Prof. Luiz Carlos Molion , Palestra na 61ª Reunião Anual da SBPC. Foto Antonio Cruz-ABr
Prof. Molion — O metano é resultante da fermentação anaeróbia da matéria orgânica (vegetal e animal).
Arrozais, animais ruminantes e cupins são produtores de metano.
Ambientalistas falam contra a pecuária, mas parecem não entender nada sobre ela
Também o são as áreas com vegetação alagadas periodicamente (como os milhares de hectares das várzeas amazônicas).
Entretanto, apesar de as áreas cultivadas com arroz terem aumentado e os ruminantes estarem crescendo à taxa de 17 milhões de animais por ano (o Brasil já passou de 200 milhões de cabeças), a concentração de metano se estabilizou, segundo as medições da rede da NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, irmã da NASA, USA), e tem mostrado taxas anuais negativas (ou seja, decréscimo de concentração).
Ninguém sabe o porquê disso, nem mesmo o maior especialista em metano, Aslam Khalil, da Universidade Estadual de Portland (EUA).
Os nossos rizicultores e pecuaristas podem, portanto, respirar aliviados, pois não têm culpa alguma.
Em minha opinião, o metano chegou à concentração de saturação nas condições de temperatura e pressão atmosférica atuais.
O metano adicional (já que as fontes continuam aumentando) que vem sendo lançado na atmosfera está sendo absorvido, muito provavelmente pelos oceanos.
O sol é o que determina o aquecimento maior ou menor da Terra.
Mais uma evidência de que as atividades humanas não alteram nem a concentração atmosférica dos chamados gases de efeito estufa nem o clima (ou temperatura) do planeta. Ao contrário, sua concentração é dependente da temperatura.
Como o planeta vem esfriando, e haverá um resfriamento global nos próximos 20 anos, as concentrações desses gases vão diminuir.
Começou com o metano e chegará a vez do CO2. Mas isso é negado na palhaçada em Copenhague, por ocasião da reunião da COP 15.
Catolicismo — O Sr. gostaria de fazer algumas considerações finais?
Prof. Molion — O homem não tem condições de mudar o clima global, mas grande capacidade de modificar/destruir seu ambiente local.
Os oceanos, juntamente com a atividade solar,
são os principais controladores do clima global.
A Terra se compõe de 71% de oceanos e 29% de continentes.
A metade desses 29% é constituída de gelo (geleiras) e areia (desertos), enquanto 7 a 8% do restante encontram-se cobertos com florestas nativas e plantadas.
O homem manipula, então, cerca de 7% da superfície global, não podendo portanto destruir o mundo.
Os oceanos, juntamente com a atividade solar, são os principais controladores do clima global.
Mas existem outros controladores externos, como aerossóis vulcânicos, e possivelmente raios cósmicos galácticos, que podem interferir na cobertura de nuvens.
Em resumo, o clima da Terra não é resultante apenas do efeito estufa ou do CO2 e sua concentração.
Ele é produto de tudo aquilo que ocorre no universo e interage com o nosso planeta.
Como foi dito, a conservação ambiental independe de mudanças climáticas e é necessária para a sobrevivência da humanidade.
(Fonte: “Catolicismo”, janeiro 2010)
Vídeo: Prof. Luiz Carlos Molion: não existe aquecimento global
*Prof Molion critica do ponto de vista científico a encíclica do Papa Francisco
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Prof. Molion: o aquecimento global e as falcatruas em torno dele
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