sábado, 2 de agosto de 2025

Apresentação de Óscar Ratola Branco à Junta de Freguesia de Santa Joana

 Um compromisso sério, com Santa Joana e Aveiro.

O auditório da Junta de Freguesia de Santa Joana engalanou-se para receber a apresentação de Óscar Ratola Branco como candidato da Aliança Mais Aveiro à Junta de Freguesia. Um evento único, de aproximação e convergência de ideias, de ideais e de compromissos, no qual estiveram presentes Víctor Marques, atual líder, e Norberto Correia, mandatário da candidatura e o primeiro presidente da Junta de Freguesia de Santa Joana.

Compromissos assumidos, para cumprir!

Por Mais Santa Joana e Mais Aveiro, Óscar Ratola Branco e Luís Souto Miranda elencaram vários compromissos, para cumprir, de palavra dada.

Luís Souto Miranda

É visível por toda a freguesia os muitos milhões de euros que estão a ser aplicados numa profunda requalificação da rede viária em Santa Joana. Este é caminho é para continuar. Tem havido obra que realmente interessa e connosco, Aveiro e Santa Joana é mesmo para avançar!

  • Existem várias obras de continuidade, como desnivelamento da Rotunda do “Rato”, que avançará para melhorar claramente a fluidez do trânsito;

  • Apostamos numa freguesia com mais qualidade de vida, com vias cicláveis de fácil integração ao centro da cidade;

  • Vamos empenhar-nos na resolução do campo da FIDEC, em diálogo com todas as partes envolvidas;

  • Prioridade máxima ao eixo Aveiro-Águeda. Tem de avançar rapidamente, não só por causa das exigências do PRR, mas porque é um anseio regional com impacto nacional. Esta via vai aliviar o trânsito na freguesia e ser um motor de desenvolvimento para os dois municípios e para Santa Joana, em particular.

  • O mesmo eixo vai também criar as condições para a construção do maior parque urbano do município, com 22 hectares;

  • No contexto da habitação, é fundamental a ligação governo, autarquia e juntas de freguesia. E neste sentido, temos muito a conversar com o Governo e daremos toda a atenção aos bairros do Caião e do Griné, instando junto do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana a necessária qualificação.

Óscar Ratola Branco

Hoje além de candidato, falo-vos como um de vós. Como alguém que aqui cresceu, que aqui aprendeu os valores de viver em comunidade, que de amizade e de entreajuda. Santa Joana não é só a minha freguesia. Santa Joana é a minha história. Não vos prometo milagres. Prometo trabalho, sério e honesto, com o coração sempre virado para as pessoas

  • Requalificação das bermas, passeios e rotundas: Há muito a fazer para que a nossa mobilidade seja segura e digna. Queremos que andar a pé em Santa Joana seja um prazer. As nossas rotundas queremos vê-las transformadas em algo bonito, funcional e que sejam um cartão de visita;

  • Requalificação das vias de acesso: Santa Joana é a porta de entrada e saída da cidade e sabemos que as nossas estradas não correspondem á importância que temos. Vamos continuar a reabilitação das nossas vias, melhorar o piso, a iluminação e a segurança. Chega de pontos negros e de ligações difíceis;

  • Mais espaço para crianças e seniores: O Parque Urbano de Santa Joana, que irá nascer junto ao eixo Aveiro – Águeda tem de ser uma realidade, criando mais parques infantis seguro e atrativos e espaços de convívio ao ar livre para crianças e seniores;

  • Conclusão da Escola Básica do Solposto – A nossa escola tem de ser uma realidade. Vamos acompanhar cada passos das obras e exigir que nos entreguem uma escola segura e confortável, à altura das nossas crianças e professores;

  • Requalificação da Toponímia – Cada rua, cada lugar de Santa Joana tem uma história, e nós vamos honrá-la, realizando com a autarquia, um trabalho de atualização das nossas placas, dando-lhes vida e significado.

  • Novo cemitério – Iremos avaliar os estudos para o cemitério e com coragem política perceber o impacto que terá para a nossa freguesia e a nossa população.

Com rigor, contas certas e o adiar de obras

Luís Souto Miranda:

A profunda reabilitação da Escola Básica do Solposto teve um atraso considerável, com percalços iniciais, bem conhecido com o empreiteiro inicial. Mas isto pode ser considerado um sinal de aviso. Mesmo quanto tudo está pronto, surgem contrariedades, as dificuldades, os aumentos de custo, a escassez de mão de obras, as falências. Vale a pena colocar em causa projetos, sejam na área desportiva, na educação, no urbanismo, e assim correr riscos de adiamento por algumas épocas? Só por querermos deixar o nosso nome associado a uma nova opção?”.

O elogio a Óscar Ratola Branco

Luís Souto Miranda:

O Óscar foi o primeiro nome a ser fechado, porque a sua escolha foi óbvia. Tem um conhecimento profundo da freguesia, tem capacidade de mobilizar e organizar. Basta vermos a dimensão da Festa de São Braz, que devido a ele e à sua equipa, já é uma referência na região. Mas o nosso candidato tem outra característica fundamental: a sua capacidade de diálogo e de construir pontes, encontrando as melhores soluções para um bem comum”.

Lista de todos os membros da Aliança Mais Aveiro à Freguesia de Santa Joana

Adriana Vidal Vieira; Ana Catarina Rodrigues; António Freitas; Armando Peres; Bruno Costa; Cláudia Sofia Silva; Cláudia Trindade; Daniel Rodrigues; Daniela Magalhães; Daniela Santos; Diogo Albuquerque Nascimento; Duarte Trindade; Gisela Portugal; Gonçalo Caetano Alves; Joaquim Marques; José Luís Marcelino; José Oliveira Antunes; José Maurício; Laura Fernandes; Luís Tavares; Maria Inês Leite; Marta Lopes; Nuno Genrinho; Paula Correia; Pedro Caraprina Quintas; Ricardo Sabino.




O Rocketmen apanhou um Táxi para a década de 1980 e gostou


Os Táxi e todo o espírito da década de 1980 marcaram a segunda noite do Rocketmen. Apesar da resistência da banda em tocar o grande êxito “Chiclete”, acabou por surgir, a par com muitos outros sucessos de há quatro décadas.

Ao abrir com “Cairo”, a banda portuense mostrou ao que vinha. E quando o segundo e terceiro temas foram “TV WC” e “A Queda dos Anjos”, o muito público presente no Jardim da Sereia percebeu que estava a ser transposto para a década de 1980.
Essa década, tão marcante para tanta gente, ficou muito marcada em temas como “Sozinho”, “Fio da Navalha”, “Às dos Flippers” ou “Vida de Cão”. Depois de ter dito várias vezes, a pedido do público, que não tocava “Chiclete”, eis que a banda terminou com esse tema tão marcante. Isto sem antes ter passado por composições mais recente como “Não sei se sei”.

Mão Morta, 999 e uma surpresa espanhola
Mas não foram só os Táxi a marcar a segunda noite do Rocketmen. O dia abriu com as

norte-americanas The Darts e o palco do Jardim da Sereia não podia ter tido melhor iníco.

Descalça e enérgica, a vocalista Nicole fez levantar pó e o público, já numeroso, presente.

Foi a melhor porta de entrada para uma banda mítica do punk britânico.

Os 999 mostraram que a idade é só um número e deram um espetáculo fantástico de fim de tarde no Jardim da Sereia. Num diálogo constante com o público, foram uma das grandes atuações do festival.

Estavam reunidas as condições para uma grande entrada dos Mão Morta e a banda de Braga não desiludiu, com “Pássaros a Esvoaçar”, “Em direto para a televisão” e “Budapeste” logo a agarrar o público. Depois de uma atuação que passou por temas marcantes como “Oub´la” e “Novelos da Paixão”, houve um apelo à situação na Palestina. “Pensem! Não bebam só copos”, exclamou Adolfo Luxúria Canibal.

A quarta atuação do festival foi uma das maiores surpresas. Os espanhóis Biznaga, desconhecidos para a maioria do público, não o demoveram e deram o melhor do punk espanhol, com boa disposição e grande virtuosismo das guitarras.


*Raquel Lains

StatsPerform visitou a ADASCA para Doação de sangue

No âmbito das suas iniciativas de responsabilidade social, a empresa Stats Perform organizou recentemente uma ação solidária de doação de sangue, reunindo 31 colaboradores que se dirigiram ao posto da ADASCA - Associação de Dadores de Sangue do Concelho de Aveiro nos dias 16 e 18 de Julho.

Conscientes da crescente necessidade de sangue nos hospitais e da importância de cada contribuição, os colaboradores mostraram-se prontos a ajudar, participando com entusiasmo nesta causa tão nobre.
Esta iniciativa reflete espírito de solidariedade e compromisso com a comunidade, e representa mais um passo no reforço dos valores humanos e sociais.
A empresa espera continuar a promover ações semelhantes no futuro, contribuindo ativamente para a saúde e bem-estar da sociedade.
Obrigada a todos que tonaram isto possível


*Luísa Mendes

NB: É para a ADASCA uma honra receber nas suas instalações colaboradores das empresas - sejam elas quem for-, revelando sentido de responsabilidade empresarial, numa área cada vez mais relevante.
Dizem os entendidos que cada dádiva pode salvar até quatro vidas. Cada gesto destes é único e insubstituível. OBRIGADO.
Quem se sentir interessado em acompanhar as nossas actividades pode aceder ao site www.adasca.pt. As brigadas decorrem todas as 4ª.s e 6ª.s feiras entre as 15 e as 19 horas.

CAMPANHA DE VERÃO: “DÁDIVA A DÁDIVA SALVAMOS + VIDAS!” (Setembro)


Não vá de férias sem fazer a sua a dádiva de sangue!
Já mudámos de instalações. Chamamos a atenção para as multas nas viaturas. Aguardamos que a CM de Aveiro encontre uma solução. É urgente renovar o universo de dadores, tendo em conta que os mais “velhos” vão deixando de poder fazer a sua dádiva por razões de idade, saúde ou outros condicionamentos. É urgente que os jovens adiram à dádiva de sangue sem a adesão dos jovens a situação vai complicar-se.
A dádiva de sangue é um acto de amor que salva vidas! A sua dádiva pode ser a esperança que alguém tanto precisa”. Faça parte desta corrente de solidariedade. Com o tema “DÁDIVA A DÁDIVA SALVAMOS + VIDAS!”

Agradecemos pelo vosso apoio e generosidade. Com a vossa doação de sangue, estaremos salvando vidas e trazendo esperança para aqueles que mais precisam.

Câmara Municipal de Aveiro assinala 10 anos de gestão do Museu de Aveiro / Santa Joana; Museu de Aveiro / Santa Joana apresenta novo núcleo museológico


I – Câmara Municipal de Aveiro assinala 10 anos de gestão do Museu de Aveiro / Santa Joana 
Sessão evocativa decorreu esta sexta-feira, 1 de agosto, no próprio Museu, coincidindo com os 553 anos da chegada da Princesa Santa Joana a Aveiro
Aveiro, 02 de agosto – O Presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), José Ribau Esteves, apresentou esta sexta-feira, 1 de agosto, no Museu de Aveiro / Santa Joana, o balanço de dez anos de gestão municipal deste importante equipamento cultural. A sessão, realizada no próprio Museu, contou com a presença de convidados, técnicos municipais e parceiros institucionais, e teve lugar na semana em que se assinalam os 553 anos da chegada da Princesa Santa Joana a Aveiro, a 4 de agosto de 1472.
Na sua intervenção, o Presidente Ribau Esteves sublinhou a relevância simbólica da coincidência entre estas duas datas, destacando o papel central do Museu na preservação e divulgação da memória e do legado da Princesa Santa Joana. “Estes dez anos são a prova de que a gestão municipal é capaz de valorizar, preservar e projetar o nosso património com visão estratégica e sentido de missão. O Museu de Aveiro / Santa Joana é hoje mais vivo, mais visitado e mais respeitado, em Portugal e no estrangeiro. É um gosto para Aveiro e para os Aveirenses, e um compromisso que vamos continuar a honrar com trabalho, investimento e aposta na Cultura”, afirmou.
A apresentação deu a conhecer, com base em dados concretos, os resultados mais expressivos desta década de gestão municipal. O Museu registou um crescimento de 72% no número de visitantes e um aumento de 132% nas receitas própriasface ao período anterior, fruto da maior atratividade e diversificação da oferta cultural. Foi realizado um investimento total de 6 milhões de euros, que permitiu intervenções estruturais no edifício e no espólio, bem como a modernização de equipamentos e serviços. Todo o acervo museológico foi inventariado e está 100% disponível online, reforçando a acessibilidade e a investigação científica.
Ao longo destes dez anos, o Museu recebeu 88 exposições temporárias, o que equivale a cerca de duas novas exposições a cada três meses, evidenciando uma programação dinâmica e consistente. O reforço da equipa em 30% de recursos humanospermitiu melhorar o serviço educativo, a mediação cultural e a capacidade técnica para a conservação e valorização do património.
A gestão municipal atuou de forma integrada em várias áreas estratégicas: programação e dinamização cultural, conservação e restauro, gestão e qualificação de recursos humanos, investigação e estudo das coleções, modernização tecnológica, promoção turística e integração em redes culturais nacionais e internacionais. Entre os benefícios mais relevantes desta década de gestão pela CMA destacam-se: maior dinamismo e atratividade do Museu; reforço da visibilidade nacional e internacional; decisões de gestão mais ágeis; acervo mais alargado e melhor conservado; maior ligação ao território e à comunidade; e total integração na estratégia cultural do Município.
O contrato de delegação de competências entre o Governo e a CMA foi assinado a 30 de julho de 2015, entrando em vigor a 1 de agosto desse ano, transferindo para o Município a gestão e a propriedade do Museu. Desde então, a CMA assumiu um trabalho contínuo de preservação, valorização e promoção do equipamento, projetando-o como símbolo maior da história, cultura e identidade de Aveiro e de Portugal.
A CMA reafirma a sua determinação em prosseguir o caminho de valorização e dinamização do Museu de Aveiro / Santa Joana, assegurando que este património único continue a servir, inspirar e honra o Município, a Cidade e o País.


II – Museu de Aveiro / Santa Joana apresenta novo núcleo museológico
- Sala da Roda - A partir desta sexta-feira, dia 01 de agosto, o Museu de Aveiro / Santa Joana tem disponível um novo núcleo museológico: a Sala da Roda, assinalando os 10 anos de Gestão Municipal do Museu de Aveiro / Santa Joana.
A Sala da Roda representa o ponto privilegiado de contacto das religiosas com o mundo exterior e o lugar de acesso à clausura. Neste espaço, regularmente aberto, encontravam-se valências fundamentais ao quotidiano do Convento como o Parlatório e o Locutório, espaços de comunicação com pessoas externas, muito condicionados; a Sineta, que chama as religiosas à portaria; a Porta da Clausura, que marca a fronteira entre o exterior e o interior (cuja passagem sem a devida autorização dava pena de excomunhão), e o acesso à Casa da Rodeira e à respetiva Roda.
A Casa da Rodeira era um pequeno espaço no qual estava presente uma religiosa, a Rodeira, que podia contactar com o mundo exterior. No entanto, de acordo com as Constituições do Mosteiro de Jesus de Aveiro, à Roda apenas podiam aceder as que são deputadas ao oficio da mesma roda, com a obrigação de não relatar às Irmãs as torvações e desvarios que acontecem no mundo.

No novo espaço estão ainda expostas duas maquetas do Museu de Aveiro / Santa Joana
A Maqueta de edifício do Museu de Aveiro / Santa Joana, projeto da autoria de Alcino Soutinho. Datada 1994 e realizada em kline, papel e cartão, pertence à Fundação Marques da Silva, Arquivo Alcino Soutinho.
A outra maqueta, executada em 2014 por Mário Santos, ex funcionário do Museu de Aveiro / Santa Joana, foi feita com madeira laminada e representa o Convento de Jesus antes da intervenção que conferiu ao Museu a configuração atual.
Estas duas representações permitem ao visitante conhecer a peça original, isto é, a configuração do Convento de Jesus e o projeto de intervenção que concedeu ao Museu de Aveiro / Santa Joana a sua configuração atual.

*Simão Santana
Adjunto do Presidente da Câmara Municipal de Aveiro


Opinião - O filho mais velho de D. Afonso Henriques que não foi Rei mas que batalhou como um herói e repousa ao lado do pai

A História oficial celebra D. Afonso Henriques como o fundador do reino, o guerreiro da independência, o herói da reconquista. Mas raramente nos fala do homem que o acompanhou até à morte e que jaz ao seu lado, no mesmo túmulo, no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Falo de D. Pedro Afonso, o seu filho mais velho, nascido da sua relação com Flamula Gomes, uma nobre da corte. Ilegítimo, sim, mas reconhecido, formado na guerra e na diplomacia, e, em muitos momentos, tratado como herdeiro natural. Nunca foi rei — mas lutou como tal. E morreu esquecido por quase todos, salvo pelo pai, que quis que repousasse consigo.
Pedro Afonso destacou-se desde cedo nos círculos do poder. Era inteligente, culto, conhecedor do direito e das práticas administrativas europeias, e cedo foi encarregado de gerir propriedades, apoiar fundações monásticas e acompanhar expedições militares. Mas o momento em que brilhou com mais fulgor foi na conquista de Silves, em 1189, onde liderou, com bravura, uma ala das forças portuguesas, em colaboração com os cruzados germânicos que então se encontravam em Lisboa. Silves era uma das mais importantes cidades muçulmanas da península, e a sua tomada foi uma das grandes vitórias da reconquista portuguesa. Pedro Afonso desempenhou um papel fulcral na operação, embora os louros oficiais tenham sido todos atribuídos ao seu meio-irmão, o rei D. Sancho I.
O conflito entre Pedro Afonso e D. Sancho não foi um detalhe de bastidores, mas um choque de legitimidades. Pedro era o mais velho e sentia-se, com razão, preparado para liderar. Sancho era o herdeiro legítimo, filho do casamento régio com D. Mafalda de Sabóia, e teve sempre a protecção das instituições eclesiásticas e diplomáticas. Pedro Afonso foi afastado da corte, recolheu-se nas suas terras no centro do país e dedicou-se à fundação de mosteiros, à administração local e à consolidação do património da Coroa.
Apesar do exílio interno a que foi condenado, Pedro Afonso nunca deixou de servir o reino. A sua proximidade à causa monástica, em particular à Ordem de Cister, contribuiu para a fundação de Alcobaça e de outros centros que marcaram profundamente a identidade medieval portuguesa. Mais do que um bastardo guerreiro, Pedro foi também um homem de visão, de cultura e de fé. Deixou descendência, incluindo o seu filho Fernão Pires, documentado em várias fontes da época, o que faz de Pedro Afonso uma peça-chave para qualquer investigação genética sobre os primeiros reis de Portugal.
E aqui está o ponto decisivo: Pedro Afonso está sepultado no mesmo túmulo de D. Afonso Henriques. Estudos arqueológicos e históricos indicam a presença de dois corpos no interior da arca tumular, hoje visitada por milhares de portugueses e turistas todos os anos. Um será o do rei fundador. O outro, tudo indica, é o de Pedro Afonso. Pai e filho, unidos em vida e em morte, mas separados pela memória histórica. Um é exaltado nos livros e nos monumentos. O outro permanece sem nome, sem estátua, sem reconhecimento.
É por isso que abrir o túmulo de D. Afonso Henriques não é um capricho académico, nem um gesto de profanação. É um acto de justiça. Um dever para com a ciência, para com a verdade e para com a nossa identidade nacional. A análise de ADN aos restos mortais — de ambos — permitiria confirmar, com rigor, a identidade do primeiro rei de Portugal e esclarecer definitivamente o que tantas vezes se disse sem prova. Mais ainda: permitiria, através da descendência documentada de Pedro Afonso, como Fernão Pires, estabelecer conexões genéticas que hoje a ciência já pode fazer com precisão e respeito.
Se países como Inglaterra, França ou Espanha não hesitaram em aplicar as técnicas da arqueogenética aos seus reis, por que continua Portugal prisioneiro do mito da inviolabilidade absoluta? Não é preferível sabermos com certeza onde repousa o nosso primeiro rei? E não será também tempo de resgatar da sombra aquele que, sendo seu filho primogénito, deu tudo pela fundação do reino e morreu fora da História — mas ao lado do pai?
Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor