domingo, 10 de agosto de 2025

Opinião - A gruta do Escoural e a sua importância para a pré-história portuguesa

 Há cerca de 50 mil anos, as primeiras espécies de hominídeos utilizaram a Gruta do Escoural como refúgio, marcando um dos mais antigos registos de presença humana em Portugal. Este abrigo natural proporcionava proteção e segurança, e há indícios de que, em determinado momento, a entrada da gruta terá sido deliberadamente bloqueada, sugerindo já um sentido de respeito ou de intenção simbólica por parte dos seus ocupantes.
Durante o Paleolítico Superior, cerca de 35 mil anos atrás, a gruta passou a ser um espaço sagrado para as comunidades de Homo sapiens que a habitaram. Nas suas paredes foram deixadas pinturas rupestres que representam animais como cavalos, veados e bois, criados com pigmentos naturais que resistem ao tempo. Estas imagens refletem uma complexa relação entre o homem e a natureza, onde o simbolismo e o ritual assumiam um papel central.
Com a chegada do Neolítico, aproximadamente há 7 mil anos, o Escoural transformou-se num local funerário. As comunidades usavam a gruta para sepultamentos coletivos, o que revela uma ligação profunda entre o espaço e as práticas sociais e espirituais da época. Este uso prolongado ao longo dos milénios demonstra que a gruta era mais do que um simples abrigo físico; era um local carregado de significado cultural.
A descoberta da Gruta do Escoural no século XX trouxe à luz um conjunto de vestígios arqueológicos fundamentais para o conhecimento da pré-história portuguesa. Além das pinturas, os arqueólogos encontraram artefactos e restos humanos que ilustram a evolução das práticas culturais e sociais ao longo de dezenas de milhares de anos.
Hoje, a Gruta do Escoural é reconhecida internacionalmente e faz parte do património mundial da UNESCO, integrando o conjunto de arte rupestre do arco atlântico. A sua importância transcende o território nacional, sendo um testemunho essencial das primeiras expressões artísticas e simbólicas da humanidade.
Apesar desta relevância histórica ímpar, as visitas à gruta são extremamente difíceis de marcar e o local não faz parte de nenhum roteiro turístico ou histórico oficial no Alentejo.
Esta situação junta-se à polémica e à desilusão causada pelas notícias que anunciaram a abertura do Cromeleque dos Almendres, quando na prática o caminho nunca esteve em condições de ser percorrido com segurança. Os autarcas que circulam entre Évora e Montemor do Novo deveriam estar conscientes de que têm ao seu cuidado alguns dos monumentos mais antigos de Portugal.
A ministra da Cultura também deveria dar-lhes a atenção que merecem, garantindo que estes patrimónios sejam valorizados e acessíveis para que possam cumprir o seu papel na memória e identidade nacional.

*Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor


Genocídio não é desporto: a Israel Premier Tech está a mais na Volta a Portugal!

 Entre 6 e 17 de Agosto corre-se a 86ª Volta a Portugal em Bicicleta, uma das mais populares competições desportivas que se realizam no nosso país. Vão estar em prova catorze equipas animadas pelos elevados valores que o desporto encerra e uma equipa — a Israel / Premier Tech Academy — que se assume como embaixadora de um Estado acusado pelo crime de genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça e reconhecidamente responsável por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Os portugueses amantes do desporto, todos os portugueses, não podem compactuar com uma equipa que, longe de representar um projecto desportivo, é antes um instrumento da propaganda israelita para branqueamento dos seus crimes de genocídio, de colonização e de apartheid.

Criado em 2014, como Academia de Ciclismo de Israel, o projecto tinha o propósito declarado de desenvolver o desporto no país, formando jovens talentosos. Mas, a breve prazo, com a entrada do multimilionário israelo-canadiano Sylvan Adams, o projecto evoluiu para o que é hoje — um instrumento do branqueamento desportivo de Israel.

Sylvan Adams diz que a Israel / Premier-Tech é apolítica e não um projecto governamental, embora receba financiamento do organismo nacional de turismo. Adams descreveu a agressão de Israel à Palestina como «o bem contra o mal e a civilização contra a barbárie» e disse que as actividades anti-Israel são «ajudadas por idiotas úteis» no Ocidente.

Ron Baron, o outro co-proprietário da equipa, descreve a iniciativa como uma forma de «diplomacia desportiva». O israelita Guy Niv, que correu pela equipa entre 2018 e 2022 e é um ex-atirador do exército, disse sobre os ciclistas da equipa: «Somos todos embaixadores da nação. Não temos um patrocinador como as outras equipas, a nossa marca é Israel e levamos o nome de Israel para onde quer que vamos.»

As equipas Israel/Pro Tech e os seus corredores de quase 20 nacionalidades apresentam-se assim como «embaixadores» do país que é responsável pelo genocídio que se abate sobre 2,3 milhões de palestinos em Gaza — que já causou mais de 60.000 mortos e quase 150.000 feridos — e por uma brutal ocupação da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, por um regime de apartheid e por agressões e ameaças contra todos os Estados da região.

Estes «embaixadores» não são bem-vindos a Portugal e são convidados indesejados na grande festa popular que é a Volta a Portugal em Bicicleta.

O MPPM convida as populações dos onze distritos a norte do Tejo que a Volta vai percorrer a manifestarem a sua solidariedade com o povo palestino e o seu repúdio por tudo aquilo que a Israel Premier Tech representa, no respeito pela lei, mas no inalienável exercício do seu direito de manifestação.

4 de Agosto de 2025
*A Direcção Nacional do MPPM  
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O MPPM é uma Organização Não Governamental acreditada pelo Comité das Nações Unidas para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino (Deliberação de 17 de Setembro de 2009)