quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Porto de Mós | 400 mil visitaram Festas São Pedro em 2025

 Já é conhecido o Relatório Executivo de Análise dos Visitantes nas Áreas de Estudo nas Festas de São Pedro 2025, correspondentes ao Recinto das Festas e à Avenida de Santo António.

Esta ação resulta do investimento realizado pela Câmara Municipal de Porto de Mós e foi concretizado pela ICT – Global.


Implementar um sistema contínuo de medição e análise de mobilidade e comportamento de visitantes durante as Festas de São Pedro teve como objetivo identificar padrões de afluência, perfis de visita (locais, nacionais e estrangeiros), zonas de maior permanência, horários de pico e níveis de recorrência.


Esta análise permitiu obter conclusões baseadas em dados reais para a avaliação do impacto turístico, cultural e económico do evento, assim como para o planeamento de futuras edições, promoção territorial e captação de investimento ou patrocínios.

📊 Principais Resultados


• Mais de 78 mil pessoas únicas participaram nas festas.


• Registaram-se 390.894 visitas totais, com uma média de 5 visitas por pessoa.


• O tempo médio de permanência foi de 123 minutos.


• O Recinto das Festas destacou-se como o polo central, com 329.227 visitas.


• O pico de afluência foi a 6 de julho, com mais de 52 mil visitas num só dia.


• As Marchas de São Pedro (28 de junho) reuniram 14.441 participantes, enquanto o Desfile de Encerramento contou com 11.262.


👥 Perfil dos Visitantes


• 35% locais, 45% da região Centro, 10% nacionais e 10% emigrantes ou estrangeiros.


• Faixa etária predominante: 25 a 64 anos (68%).


• Forte participação de famílias e público de classe média.


🕒 Padrões Horários


• Picos de movimento entre 20h e 23h, com concentração notável nas sextas, sábados e domingos.


• Movimento relevante entre as 12h e 15h nos fins-de-semana (tasquinhas e eventos familiares).


• Os dias com maior mobilização foram 5 e 6 de julho, com destaque absoluto para o domingo.


Com base nos dados recolhidos foi, ainda possível concluir que o Recinto das Tasquinhas se confirmou como o principal polo de atração, com elevada taxa de retorno e que os eventos culturais, como marchas e desfiles, geraram mobilização pontual e grande permanência no evento, tornando a experiência do visitante bastante positiva, o que resulta em tempos médios elevados e retorno diário consistente.


Durante as Marchas de São Pedro, realizadas na noite de 28 de junho, participaram efetivamente 12.453 pessoas, com picos claros de entrada às 21h00 e 23h00. O tempo médio de permanência do público foi cerca de 4 horas, o que reflete o interesse sustentado pelo evento.


Por outro lado, a presença diurna aos fins-de-semana confirma a visão da festa também como espaço familiar e de convívio.


O destaque vai para os dias 5 e 6 de julho, que registaram os maiores volumes de visitas, com mais de 45.000 e 52.000 entradas respetivamente.


Este trabalho fornece ao Fundo Social dos Trabalhadores do Município de Porto de Mós, que organiza as Festas de São Pedro em conjunto com a Câmara Municipal, uma ferramenta estratégica para melhorar a experiência do visitante, potenciar o impacto económico e cultural do evento e planear futuras edições com base em informação concreta, ainda que muitos destes dados confirmem que o investimento no recinto, na programação e artistas e na dinâmica da feira está a ser bem-sucedido, chegando ao público-alvo e proporcionando aos visitantes uma experiência que corresponde às suas expectativas, motivo que justifica a revisita à feira (em média cada pessoa fez 5 visitas), o que significa que as pessoas vêm às festas mais de metade dos dias da sua duração (9 dias).


As Festas de São Pedro 2025, realizadas entre 28 de junho e 6 de julho em Porto de Mós, afirmaram-se, portanto, como um dos maiores eventos culturais e populares da região, reunindo milhares de visitantes em momentos de celebração, tradição e convívio, o que deixa o concelho de Porto de Mós extremamente satisfeito e com o genuíno sentimento de dever cumprido.

 

*Patrícia Alves
Gabinete de Comunicação

A corrida contrarrelógio

Na sociedade contemporânea, somos bombardeados por estímulos a cada segundo. O zumbido constante das notificações, o ”scrolling” infinito nas redes sociais e a expectativa de respostas imediatas transformaram a nossa forma de viver. Neste cenário, a urgência de tudo ser rápido e sem esforço tornou-se uma norma. Mas a que custo?
m estudo revela que pessoas de várias cidades em redor do mundo andam 10% mais rápido do que há vinte anos. Este fenómeno é particularmente visível em centros empresariais como Singapura, Tóquio ou Nova Iorque. Contudo, essa pressa constante não se limita apenas ao modo como nos movemos, ela permeia todos os aspetos da nossa vida. A cultura da gratificação instantânea é notada, por exemplo, na coleção "One-Minute Bedtime Stories", que visa atender à necessidade dos pais em contar histórias rápidas e objetivas. Esta ideia de que “cada segundo conta” molda a nossa percepção sobre a vida.
A tecnologia, embora traga inegáveis benefícios, contribui para a nossa impaciência. Se um elevador demora mais de 15 segundos a chegar, muitos já se sentem angustiados. A internet, com as suas promessas de velocidade, também nos condiciona a exigir respostas imediatas. A comunicação escrita tornou-se cada vez mais curta, com plataformas como o Twitter (agora “X”) a limitarem o número de caracteres, reforçando a ideia de que a brevidade é sinónimo de eficiência. No entanto, esta rapidez pode prejudicar a profundidade das nossas interações. Além disso, a pressão para sermos produtivos em todos os instantes gera um ciclo vicioso. O conceito de "burnout" ou esgotamento profissional, bastante discutido na atualidade, é um resultado direto dessa cultura de fazer mais em menos tempo. A psicóloga Christina Maslach, uma das principais investigadoras sobre o tema, alerta que a falta de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal pode levar a sérios problemas de saúde mental. A multitarefa, frequentemente glorificada como uma habilidade essencial, pode ser um dos principais vilões desse processo. Pesquisas da Universidade de Stanford mostram que, ao tentarmos realizar várias tarefas de uma só vez, diminuímos a nossa eficiência em até 40%. A fragmentação da nossa atenção não só nos torna menos produtivos, como também nos priva da capacidade de nos concentrarmos no que realmente importa.
No nosso tempo livre, a pressa também se faz sentir. Embora os nossos carros sejam mais rápidos, o trânsito nas cidades, como em Nova Iorque ou Paris, faz com que muitas vezes gastemos mais tempo nas estradas do que em lazer. Assim, estamos sempre apressados, mesmo quando não há necessidade. Essa busca incessante por velocidade pode levar a um estado de constante stress e ansiedade.
A era dos estímulos rápidos traz desafios significativos, mas também oportunidades para refletirmos sobre o que realmente queremos. Ao valorizarmos o esforço e a paciência, podemos transformar a pressão da modernidade numa força para o crescimento pessoal. Afinal, como disse o filósofo Sêneca, "A pressa é a inimiga da perfeição.
"Que possamos aprender a apreciar o tempo, e a beleza do caminho que percorremos.
*Anna Kosmider Leal
Antropóloga

Fonte: Apimprensa

Associação Portuguesa de Imprensa

FRANÇA ENVIA HELICÓPTERO SUPER PUMA PARA APOIO NO COMBATE AOS INCÊNDIOS


No âmbito do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, acionado pelo Estado português no dia 15 de agosto, chega esta tarde à Base Aérea de Monte Real um helicóptero Super Puma, enviado pelo governo francês.

Trata-se de um aparelho pesado, com capacidade para descargas de 3.000 litros de água, que chega acompanhado por uma equipa de cinco elementos. Irá começar a operar ao inicio da manhã de quinta-feira, estando previsto permanecer em território nacional, pelo menos, até ao próximo domingo.

Este Super Puma francês junta-se aos dois aviões Fire Boss suecos que, também no âmbito do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, estão a operar em Portugal desde a passada terça-feira, dia 19.

Carnaxide, 20 de agosto de 2025
*Alcina Coutinho

Cantanhede | Votação decorre até 30 de setembro. Projeto “CATRAIA” em concurso de valorização das praias


No âmbito do desafio “Amar a Praia - O Amor está no Mar!”, promovido pelo Programa Bandeira Azul, o Município de Cantanhede, em parceria com a Associação de Moradores da Praia da Tocha, apresentou a concurso o projeto “CATRAIA”

“Andar à catraia” é muito mais do que uma expressão típica da Gândara, é um gesto que carrega a memória de um tempo em que a comunidade percorria a praia em busca dos despojos trazidos pelo mar. Esta prática foi durante décadas um símbolo de resiliência e engenho, num território onde a escassez obrigava à criatividade e à partilha.
Foi desta herança que nasceu, em 2019, o Festival CATRAIA, um projeto que une participação comunitária, cultura e sustentabilidade para questionar os modelos de consumo e celebrar a identidade gandaresa. Na Praia da Tocha, ao som das ondas, cruzam-se experiências artísticas, culturais e desportivas que inspiram todas as gerações, ligando o bem-estar pessoal à preservação ambiental.
A CATRAIA tem criado momentos memoráveis: em 2021, uma instalação monumental feita de resíduos recolhidos na costa transformou lixo em arte e alerta ambiental; em 2022, a “Feira da Troca” mostrou que a renovação pode acontecer sem gastar um cêntimo; em 2023, a caminhada “À Catraia dos Palheiros” fez da praia um livro vivo de histórias locais; e, em 2024, um almoço comunitário com pescadores recuperou o ritual ancestral de assar bacalhau e batata na areia.

Em 2025, de 21 a 24 de agosto, a 7.ª edição da CATRAIA é mais inclusiva e participativa do que nunca, combinando concertos e oficinas artísticas, com ações de partilha e reconexão com a natureza, e outras práticas regenerativas. Haverá ainda feiras de troca que incentivam a economia circular e atividades de bem-estar para corpo e mente.

Todas as atividades são gratuitas e inspiram um triplo compromisso: inspirar, cuidar e partilhar. O festival não é apenas um evento, é um convite a repensar a forma como vivemos, produzimos e consumimos, criando pontes entre passado e futuro, comunidade e planeta.

O concurso Amar a Praia destaca e premeia práticas sustentáveis e que valorizam a biodiversidade e o ecossistema das praias, desenvolvidas por promotores, concessionários de praia ou qualquer entidade que se relacione com a gestão de zonas balneares costeiras ou do interior.

A votação decorre até 30 de setembro em https://bandeiraazul.abaae.pt/ .

INCENDIOS RURAIS | ACIDENTE COM MÁQUINA DE RASTO

 

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) manifesta profundo pesar pela morte de operador de uma máquina de rasto, ocorrido ontem, 19 de agosto, pelas 23h50, na sequência de um acidente durante as operações de combate ao incêndio que lavrava em Valeverde da Gestosa, concelho de Mirandela.

Este operacional (manobrador da máquina) pertencia a uma empresa colaboradora da Câmara Municipal de Mirandela e encontrava-se a prestar apoio às equipas no terreno.

A ANEPC apresenta as mais sentidas condolências à família, amigos e colegas do operacional falecido, reconhecendo o seu empenho e dedicação na proteção de pessoas, bens e do ambiente.

Carnaxide, 20 de agosto de 2025
Alcina Coutinho

Opinião - Quando Cascais foi mais chique que Hollywood (1968)



Em setembro de 1968, Cascais e os arredores de Lisboa foram palco de duas noites que entraram para a memória das grandes festas mundiais. A chamada “Costa do Sol”, que durante décadas acolhera famílias reais no exílio, aristocratas europeus e milionários americanos em busca de discrição, viveu um momento inédito: durante alguns dias, Portugal foi a capital do glamour internacional.

A primeira festa deu-se a 4 de setembro, na imponente Quinta do Vinagre, em Colares, propriedade de Pierre e São Schlumberger. Os Schlumberger, casal de colecionadores e mecenas, estavam habituados a conviver com artistas, cineastas e milionários. Nessa noite, transformaram Colares num cenário de conto de fadas. Sob os jardins iluminados, passeavam Yul Brynner, Henry Ford II, a princesa Soraya, a Begum Aga Khan, membros da família Rothschild e Claus von Bülow. A imprensa descreveu o evento como um baile encantado entre as vinhas de Sintra, onde a música, o champanhe francês e a decoração luxuosa faziam esquecer que se estava numa pequena vila portuguesa.
Dois dias depois, em 6 de setembro, seguiu-se o ponto alto: a festa de Antenor Patiño, o magnata boliviano do estanho, na sua quinta em Alcoitão. Patiño, herdeiro de uma das maiores fortunas da América Latina, tinha escolhido Portugal como palco das suas exibições sociais, casado com uma aristocrata europeia e com ligações aos círculos mais exclusivos da alta sociedade. A festa na Quinta Patiño ficou célebre não apenas pelo requinte, mas pela lista de convidados. Audrey Hepburn, Gina Lollobrigida, Zsa Zsa Gabor, Omar Sharif, Rex Harrison, o estilista Pierre Cardin, o produtor Darryl Zanuck e a lendária socialite Elsa Maxwell percorreram os salões decorados com cristais e candelabros, exibindo vestidos de alta-costura e joias de valor incalculável. Cascais parecia, por uma noite, mais sofisticada do que Monte Carlo.

As crónicas da época relatam que a entrada da Quinta Patiño parecia uma passerelle improvisada. Automóveis de luxo chegavam um após outro, trazendo convidados que faziam as delícias dos curiosos que espreitavam discretamente. Audrey Hepburn, então no auge da sua fama, deslumbrou com a sua simplicidade elegante, contrastando com o brilho exuberante de Gina Lollobrigida. Omar Sharif, já conhecido tanto pelo cinema como pelo seu gosto pelo jogo, encantava os presentes com o charme mediterrânico.

Mas havia mais do que estrelas de cinema. Políticos estrangeiros, industriais e membros da aristocracia europeia partilhavam a mesma pista de dança, num retrato perfeito da elite global que encontrava em Portugal algo raro, uma combinação de discrição, beleza natural e um certo exotismo seguro. Para muitos desses convidados, Cascais era ainda uma novidade, um segredo revelado apenas a quem pertencia ao restrito círculo de convites.

Enquanto os jardins da Quinta Patiño se enchiam de música, gargalhadas e champanhe, Lisboa vivia dias de incerteza. António de Oliveira Salazar, após a queda que o incapacitaria, era operado de urgência na Cruz Vermelha. Os jornais, controlados pela censura, limitavam-se a comunicados vagos, enquanto no estrangeiro a imprensa preferia destacar o esplendor das festas. Criava-se assim uma imagem quase surreal de um país dividido entre o silêncio político e a exuberância mundana.

Estas noites de luxo e cosmopolitismo não foram um episódio isolado. Desde os anos 40 que a região do Estoril era conhecida como Costa dos Reis, refúgio de monarcas destronados e nobres sem trono. O rei Humberto II de Itália, o conde de Barcelona, o rei Carol da Roménia ou o duque de Windsor já tinham feito da linha de Cascais o seu porto discreto. As festas de 1968, porém, elevaram essa tradição a outro patamar, colocando Portugal nas páginas das revistas internacionais como destino inesperadamente chique.

Muitos dos convidados regressariam nos anos seguintes, atraídos pela beleza e pela segurança do lugar. O próprio nome Quinta Patiño tornou-se lendário, sinónimo de exclusividade. A memória dessas noites continuou a alimentar a reputação de Cascais como enclave de luxo, hoje visível na sua ligação a grandes eventos internacionais. Foi o instante em que dois mundos se cruzaram, o Portugal fechado do Estado Novo e o universo cintilante das elites globais. Por algumas noites, o país mostrou uma face inesperada ao mundo e Cascais brilhou com tal intensidade que fez parecer, a quem lá esteve, que até Hollywood tinha ficado pequena.

Diz-se que na festa de Patiño circularam mais de mil garrafas de champanhe francês e que as joias exibidas pelas convidadas rivalizavam com as vitrinas da Place Vendôme. Audrey Hepburn, fiel à sua imagem de elegância contida, terá surgido apenas com um discreto colar de pérolas, em contraste com os diamantes exuberantes de Zsa Zsa Gabor. Omar Sharif terá passado parte da noite numa mesa improvisada de bridge, enquanto Pierre Cardin aproveitou para mostrar, em primeira mão, criações da sua nova coleção. A imprensa estrangeira chamou-lhe a noite em que Portugal se vestiu de Hollywood, e nunca Cascais voltou a ser vista da mesma forma.
*Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor