segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Ser ou Ter? O Fascínio das Marcas.


Estou no meio do centro comercial, cercada por vitrines reluzentes, gente apressada, música animada e aquele cheiro de novidade misturado com desejo. Os meus olhos percorrem os logótipos das marcas, as camisolas no expositor, as sapatilhas na montra e os perfumes que prometem adoçar a minha imagem. Sinto que não lhes pertenço, que há um muro invisível entre mim e tudo isto.

No bolso, o dinheiro não chega. Sei disso, mas cá dentro cresce uma vontade: quero ser vista, reconhecida, valorizada. Pergunto-me se, ao comprar algo de marca, vou conseguir esse objetivo, sentir aquela confiança que vejo nos anúncios ou nos amigos que as exibem. O preço pisca, desafia, e a minha cabeça começa a negociar comigo própria: será que vale a pena? Talvez consiga se poupar este mês? Talvez escolha uma só peça?
Cresce um nó na garganta — o medo de ficar de fora, de parecer menos, de não acompanhar os demais. A razão diz que é só um objeto, uma marca, mas a emoção grita que é mais do que isso: é aceitação, é identidade. Penso, repenso, hesito. Não quero estar sempre à margem. Comprar, só um pouco, talvez me faça sentir parte do grupo e elevar o meu valor, mesmo que por uns instantes.

No fundo, no meio das luzes do centro comercial, procuro alguma coisa que me faça sentir especial.

Num mundo onde a publicidade nos envolve por todos os lados, o consumismo tornou-se mais do que um mero hábito — é um palco de afirmação social, aspiração e identidade. No coração deste fenómeno late uma obsessão: a procura incessante por produtos de marca. Mas porquê este fascínio? O que nos leva a medir o nosso valor através do que compramos?

Desde as primeiras civilizações até à sociedade globalizada de hoje, a relação do ser humano com os objetos que possui sempre foi muito mais do que utilitária. Se antes um objeto era símbolo de sobrevivência ou ferramenta de trabalho, a modernidade atribuiu-lhes um papel novo — o de símbolos. Com a Revolução Industrial, a avalanche de bens acessíveis gerou novos desejos e, com eles, nasceu o branding: um passaporte para o reconhecimento e a pertença.

As marcas deixaram de ser assinaturas de garantia e passaram a ser bandeiras de estilos de vida. São elas que nos dão entrada para certos grupos, que nos posicionam socialmente, que alimentam sonhos e imaginários. Comprar um produto de marca, nos dias de hoje, é um ato carregado de significado: uma declaração pública de quem somos, de quem ambicionamos ser. Somos, também, cutucados constantemente por campanhas de marketing engenhosas, criadoras de desejos por vezes utópicos, de modas passageiras e de necessidades construídas.

A antropologia lança luz sobre esta dinâmica: nós, seres sociais, procuramos pertença e reconhecimento. A teoria da identidade social explica que nos vemos refletidos nos grupos a que aspiramos pertencer, e para isso seguimos os códigos — um deles é o consumo visível. Não surpreende, por isso, que o valor pessoal seja frequentemente confundido com a posse de bens, reflexo de uma cultura mediática que associa sucesso à imagem.

Contudo, esta corrida frenética ao consumo tem consequências profundas. O planeta ressente-se da exploração de recursos, trabalhadores veem-se esmagados por lógicas produtivas implacáveis — e nós próprios ficamos reféns de uma constante inquietação: será que tenho o suficiente? Será que sou aquilo que pareço?

É, pois, urgente repensar o consumo. Mais do que nunca, precisamos de um olhar crítico, de abraçar a compra consciente, de valorizar a durabilidade sobre a moda, a necessidade real sobre o impulso. Ser humano é mais do que possuir; é saber escolher o que importa. O futuro, sustentável, agradece.
*Anna Kosmider Leal
Antropóloga
Fonte: Apimprensa

Silves | PARTICIPAÇÃO PÚBLICA PRÉVIA DO PLANO DE PORMENOR DE PÊRA SUL TEM INÍCIO A 27 DE OUTUBRO

Decorre de 27 de outubro a 14 de novembro de 2025, o período de participação pública prévia do procedimento de elaboração do Plano de Pormenor de Pêra Sul (PPPS), cujo início foi aprovado na reunião da Câmara Municipal de Silves (CMS) de 29 de setembro de 2025.

O PPPS, com proximidade à vila de Pêra, enquadra-se na estratégia de desenvolvimento territorial definida pelo Município de Silves, que, apostando numa política pública de promoção da atratividade e competitividade territorial, nomeadamente incentivando a oferta de habitação, o reforço de infraestruturas e equipamentos públicos, em complemento e harmonia com os espaços urbanos contíguos, garante a salvaguarda e valorização dos recursos existentes, com destaque, no caso em apreço, para o património natural e paisagístico.
Durante este período, os interessados poderão formular sugestões e/ou apresentar informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do respetivo procedimento de elaboração, devendo utilizar, para o efeito, a ficha de participação disponível em https://www.cm-silves.pt/pt/menu/1020/pp-de-pera-sul-elaboracao.aspx e remetê-la para a Câmara Municipal de Silves, Praça do Município, em Silves, ou através do endereço eletrónico dogu.ordenamento@cm-silves.pt.

Os documentos inerentes a este procedimento de elaboração (termos de referência, contrato para planeamento, qualificação da elaboração do PPPS para efeitos de sujeição a Avaliação Ambiental Estratégica e a respetiva deliberação da Câmara Municipal de Silves) podem ser consultados e descarregados através do link anteriormente mencionado ou consultados presencialmente na Divisão de Ordenamento e Gestão Urbanística, Ordenamento do Território, da Câmara Municipal de Silves (mediante marcação prévia), ou na Freguesia de Pêra.

Sendo que este procedimento, que visa a elaboração de plano territorial municipal, encontra-se alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, concretamente com o ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis, ODS 6 - Água potável e saneamento, ODS 8 - Trabalho digno e crescimento económico, e ODS 16 - Paz, justiça e instituições eficazes, para referenciar apenas os mais relevantes.

 

Coimbra | Inseto australiano reduz até 98% a produção de sementes de acácia-de-espigas nas dunas portuguesas

 
Um grupo de investigadores do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC/IPC) confirma o sucesso do controlo biológico da acácia-de-espigas (Acacia longifolia), uma das plantas invasoras mais problemáticas do litoral português.

O inseto australiano Trichilogaster acaciaelongifoliae, introduzido em 2015 depois de vários testes e análises de risco, está a reduzir até 98%, em alguns locais, a produção anual de sementes desta planta invasora, demonstrando ser uma ferramenta eficaz, segura e sustentável para apoiar a recuperação dos ecossistemas dunares.
«Os nossos resultados mostram que o controlo biológico está a funcionar. Cinco anos após o estabelecimento do agente, a produção de sementes apresenta uma redução muito significativa, de até 98%. Ao fim de nove anos, a produção de sementes praticamente desapareceu nas áreas onde o agente está estabelecido há mais tempo», revela a primeira autora do estudo, Liliana Neto Duarte, investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) e do Centro de Investigação de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade (CERNAS/ESAC/IPC).

«Este é um passo essencial para quebrar o ciclo reprodutivo da acácia-de-espigas, criando condições para a regeneração da vegetação nativa dunar», afirma Elizabete Marchante, investigadora do CFE/FCTUC, destacando que estas evidências científicas estão publicadas na revista internacional Journal of Environmental Management.

De acordo com o estudo, que acompanhou durante seis anos árvores de acácia-de-espigas em várias dunas da região Centro, o aumento das galhas formadas pelo inseto levou a uma queda drástica na produção de vagens e sementes, impedindo o reforço do banco de sementes no solo – um dos principais mecanismos que garante a persistência desta invasora.

Adicionalmente, os investigadores observaram o enfraquecimento progressivo de algumas árvores sob forte pressão de galhas, podendo, em alguns casos, levar à sua morte. Os autores destacam, ainda, que o controlo biológico deve ser integrado com outras práticas de controlo, como o corte mecânico e a manutenção de árvores portadoras de galhas nas áreas de intervenção, assegurando a continuidade do controlo a longo prazo.

«O sucesso obtido reforça a necessidade de investir em estratégias integradas de gestão de espécies invasoras na Europa, aproveitando soluções naturais que reduzem custos e aumentam a eficácia», concluem as investigadoras.

O artigo científico “Biocontrol in action: Assessing the impact of a biocontrol agent on invasive plant seed Dynamics” está disponível aqui.

*Sara Machado
Assessora de Imprensa
Universidade de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia

126 ANOS DOS BOMBEIROS DA MARINHA GRANDE CELEBRADOS COM EMOÇÃO E RECONHECIMENTO


A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande comemorou este domingo, 26 de outubro de 2025, o seu 126.º aniversário, numa cerimónia que reuniu autoridades civis, militares e religiosas, bombeiros, dirigentes, familiares e amigos da instituição.

Naquele que foi o seu último ato público enquanto presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, antes de terminar o mandato, Aurélio Ferreira referiu que “não poderia imaginar melhor ocasião para encerrar este ciclo de serviço público: junto de quem dá, todos os dias, o maior exemplo de entrega e solidariedade”. O autarca concluiu afirmando: “despeço-me com o coração cheio de gratidão e respeito. A Marinha Grande é um concelho de gente solidária, trabalhadora e corajosa — e os nossos bombeiros são o espelho maior dessa identidade.”
O Sub-Comandante regional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Ricardo Costa, destacou o papel da união entre todas as corporações, uma vez que “o socorro em Portugal trabalha em rede, com espírito de cooperação”. Elogiou o trabalho do Município, bem como do “Comandante Eduardo Abreu que tem mostrado uma postura assertiva e de grande experiência, o que se reflete no trabalho exemplar desta casa.”

Em representação da Liga dos Bombeiros Portugueses, Nélio Gomes enalteceu a entrega e o altruísmo dos voluntários: “os bombeiros são fonte de solidariedade social e comunitária, desempenhando funções únicas e insubstituíveis. O Município da Marinha Grande está de parabéns pelos 126 anos de serviço público prestado por esta associação.”
O presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria, Pedro Lourenço, felicitou a corporação “que faz história e honra a Marinha Grande”, sublinhando que a federação “está atenta aos constrangimentos que afetam este setor, nomeadamente a debilidade financeira”.
O presidente da direção, Carlos Carvalho, realçou o trabalho de reorganização interna da associação, destacando o projeto de reestruturação da corporação e a criação da secção de transportes de doentes não urgentes: “Com a entrada de motoristas civis, conseguimos garantir que o corpo ativo está sempre disponível para as situações de urgência.” Salientou ainda a importância do apoio do Município e das empresas locais.

O comandante dos Bombeiros Voluntários, Eduardo Abreu, destacou o elevado volume de trabalho da corporação e o esforço diário dos operacionais, lembrando que, no último ano, assistiram perto de 6000 ocorrências. O comandante agradeceu o contributo da comunidade e, em particular, da Câmara Municipal.
A cerimónia ficou também marcada pela atribuição de condecorações e louvores. Seguiu-se a bênção de três novas viaturas, que vêm reforçar a capacidade de resposta da corporação.
Entre elas, destaca-se um VFCI – Veículo Florestal de Combate a Incêndios, entregue no âmbito do Apoio Operacional dos Corpos de Bombeiros, celebrado entre a Associação e a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), apadrinhado por Aurélio Ferreira, ali também em representação desta entidade regional.
Os dois VDTD – Veículo de Transporte de Doentes foram apadrinhados pela família do conhecido guitarrista marinhense recentemente falecido, Joaquim (conhecido como Quim Quim), e por Maria do Carmo Norte (conhecida por Maria do Carmo das Flores), por se tratarem de dois cidadãos que sempre mantiveram uma forte ligação de amizade e apoio à Associação Humanitária.

As comemorações encerraram com o tradicional desfile do corpo de bombeiros pelas ruas da cidade, encabeçado pela respetiva Fanfarra.

*Gabinete de Comunicação e Imagem

Cantanhede | Intervenção na zona central da cidade tem um custo superior a 736 mil euros. Câmara promove requalificação do espaço urbano para melhorar acessibilidade

 

Promover a acessibilidade para pessoas com mobilidade condicionada no acesso e utilização do espaço publico é o objetivo da intervenção que a Câmara iniciou na cidade, nomeadamente em zonas de acesso a vários equipamentos públicos.
A intervenção, realizada no âmbito da candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência - Investimento RE-C03-i02: Acessibilidades 3060º Nº1/C03-i02/2021, tem um custo de 736.705 euros.

Esta intervenção é fundamental na concretização do nosso projeto de desenvolvimento sustentável da cidade. Mas se queremos incentivar a mobilidade pedonal, temos que garantir segurança, conforto e acessibilidade para todos”, explica a presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio.
Adjudicado à empresa Alvorada Tranquila, a empreitada pretende fazer a ligação entre a área urbana consolidada e a zona da cidade onde estão concentrados grande parte dos equipamentos públicos da cidade (câmara municipal, museus, igreja, piscinas municipais, pavilhão polidesportivo, parque verde, mercado municipal, estabelecimentos de ensino, entre outros), de modo a criar as condições de acessibilidade e corrigir as situações em que os veículos estão a ocupar as zonas destinadas aos peões.
O objeto da intervenção centra-se na criação de passeios que evitem obstáculos a pessoas com mobilidade condicionada, novas zonas de atravessamento de peões através da marcação no pavimento, novas zonas de permanência/paragem de peões, adoção de soluções de pavimento alternativas às calçadas de vidraço e de seixo ao longo do percurso acessível, alargamento de percursos acessíveis já existentes, estereotomia de pavimento nas suas diferentes tipologias, criação de lugares reservados a pessoas com mobilidade condicionada nos parques já existentes.
As intervenções propostas estão localizadas na rua Marquês de Marialva, largo Arcebispo João Crisóstomo, rua dos Namorados, rua Carlos Oliveira, rua General Humberto Delgado, rua Luís de Camões, largo Cândido dos Reis e largo Pedro Teixeira.