quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Centro de Saúde de Arronches participa na exposição “A diversidade une, o respeito fortalece”

 No âmbito das comemorações do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza 17 de outubro e do Dia Municipal para a Igualdade, que se assinalam no próximo dia 23 de outubro, o Município de Arronches convidou as entidades locais a desenvolverem trabalhos representativos do tema “A diversidade une, o respeito fortalece”.
O Centro de Saúde de Arronches associou-se a esta iniciativa com uma criação que reflete o compromisso da instituição com os valores da inclusão, do respeito e da solidariedade. O trabalho foi desenvolvido no próprio centro, com o envolvimento da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) e coordenação da fisioterapeuta Patrícia Rodrigues, evidenciando o empenho e a criatividade dos profissionais de saúde.
Esta iniciativa enquadra-se nos princípios do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1 (ODS 1) – Erradicar a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares –, promovendo a reflexão sobre a importância de combater as desigualdades e de garantir que ninguém fica para trás.
A exposição, que reúne trabalhos de várias entidades do concelho, será inaugurada no dia 23 de outubro, constituindo um momento de partilha e sensibilização para a importância do respeito pelas diferenças e da promoção da igualdade.
A participação do Centro de Saúde de Arronches nesta ação reforça o seu papel ativo na construção de uma comunidade mais justa, solidária e consciente da importância da diversidade humana.
“A verdadeira medida de qualquer sociedade é o modo como trata os seus membros mais vulneráveis.”
“Mahatma Gandhi”

IX Congresso Nacional e II Congresso Transfronteiriço de Patologia Dual e Aditiva reuniu especialistas em Portalegre


A cidade de Portalegre foi palco, nos dias 17 e 18 de outubro de 2025, do IX Congresso Nacional e II Congresso Transfronteiriço de Patologia Dual e Aditiva, sob o lema “Adições e Doença Mental: Consensos e Contrasensos”.
Organizado pela Associação Portuguesa de Patologia Dual, com a colaboração da ULS Alto Alentejo, ULS de Castelo Branco e ULS de Coimbra, o evento contou com a chancela da World Association on Dual Disorders. Reuniu mais de uma centena de profissionais de saúde mental, investigadores e representantes de instituições nacionais e internacionais para debater os desafios e avanços na abordagem da patologia dual e comportamentos aditivos.
O congresso apresentou um programa científico robusto, com mesas redondas, painéis temáticos, workshops e comunicações orais. Entre os temas abordados estiveram:
  • Jogos de azar e perturbações alimentares compulsivas
  • PHDA e patologia aditiva
  • Influência dos equipamentos digitais na saúde mental infantojuvenil
  • Modelos de intervenção em comunidades terapêuticas
  • Prevenção de comportamentos aditivos no Alto Alentejo
  • ChemSex e novas substâncias psicoativas
A sessão de abertura contou com a presença de representantes das entidades organizadoras e parceiros institucionais, reforçando o compromisso com a promoção da saúde mental e a integração de cuidados.

*José Rui Marmelo Rabaça

Marinha Grande | TEATRO “TODOS SOMOS UM” ENVOLVE COMUNIDADE EDUCATIVA NA LUTA CONTRA A POBREZA


A manhã desta quarta-feira, 22 de outubro, foi marcada pela apresentação da peça de teatro “Todos Somos Um”, no Agrupamento de Escolas de Vieira de Leiria, uma iniciativa integrada na Semana para a Erradicação da Pobreza, promovida pelo Município da Marinha Grande, em parceria com o Núcleo Distrital de Leiria da EAPN Portugal.
O espetáculo, com encenação de Laura Perdomo, foi protagonizado por elementos do Conselho Local de Cidadãos do Núcleo Distrital de Leiria da EAPN Portugal, aos alunos do 3.º e 4.º anos do 1.º ciclo da EB António Vitorino, com o objetivo de sensibilizar para a importância da empatia, da igualdade e da solidariedade, refletindo sobre o papel de cada um na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
A atividade insere-se nas comemorações da Semana para a Erradicação da Pobreza, que decorre de 13 a 24 de outubro, unindo o Município da Marinha Grande à Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal (EAPN) e a mais de 200 parceiros em todo o país. Esta iniciativa visa dar visibilidade à causa e assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, celebrado a 17 de outubro.
A programação prossegue nos dias 25 e 26 de outubro, com a Campanha Solidária “É Tempo de Ajudar”, destinada à angariação de produtos de higiene pessoal para idosos em situação de vulnerabilidade, numa parceria que envolve o Grupo Nabeiro - Associação Coração Delta, Intermarché (lojas aderentes), Escutismo e o Município da Marinha Grande.

*Gabinete de Comunicação e Imagem

Marinha Grande | “LEITURA PARA GRAÚDOS” ENVOLVE SENIORES EM MOMENTO DE DESCOBERTA NA BIBLIOTECA MUNICIPAL

A Biblioteca Municipal da Marinha Grande acolheu, esta quarta-feira, 22 de outubro de 2025, uma sessão da atividade “Leitura para Graúdos”, dedicada à população sénior e integrada nas comemorações do Dia Internacional do Idoso.
A sessão contou com a participação de utentes do Projeto de Vida Sénior, que, para além de assistirem à leitura de textos especialmente selecionados, participaram também na “Bibliotour”, uma visita guiada orientada pela bibliotecária Patrícia Santos, que deu a conhecer os diferentes espaços e serviços da Biblioteca Municipal.
Promovida ao longo do mês de outubro, esta iniciativa visa aproximar os cidadãos seniores da Biblioteca, promovendo o gosto pela leitura, o acesso à cultura e a valorização das experiências partilhadas.
A próxima e última sessão irá realizar-se na quarta-feira, dia 29, pelas 14h30, e terá uma duração média de 60 minutos, adaptando-se à disponibilidade dos grupos participantes. A atividade é gratuita, mas requer inscrição prévia com uma antecedência de 48h, através do telefone 244 573 322 ou do email biblioteca.municipal@cm-mgrande.pt.

*Gabinete de Comunicação e Imagem

Cantanhede | Na terça-feira, dia 21 de outubro. Mais de 40 pessoas assistiram ao workshop sobre as novas medidas do Estatuto do Cuidador Informal

 
Dezenas de pessoas estiveram presentes no workshop sobre as novas medidas introduzidas no Estatuto do Cuidador Informal, promovido pela Divisão de Ação Social e Saúde da Câmara Municipal de Cantanhede, através do GMACI (Gabinete Municipal de Apoio ao Cuidador Informal) e o CLDS 5G Cantanhede.
A iniciativa, que contou também com o apoio de outras entidades como a ADELO – Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego, decorreu na terça-feira, no auditório do Museu da Pedra, em Cantanhede.
Além de apresentar as mais recentes alterações legislativas, esta ação teve como objetivo criar um espaço de partilha, onde os participantes puderam esclarecer dúvidas e estabelecer uma relação de proximidade entre cuidadores e serviços de apoio, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida de quem cuida e de quem é cuidado”, sublinhou a vereadora com o pelouro da Ação Social e Saúde, Célia Simões.
O encontro contou com a presença de técnicos especializados que esclareceram dúvidas, apresentaram exemplos práticos e forneceram informações úteis para facilitar o acesso às medidas de apoio disponíveis.
A iniciativa dirigiu-se não só a cuidadores informais, mas também a familiares, profissionais da área social e de saúde, bem como a todos os cidadãos interessados em conhecer melhor os apoios e direitos recentemente atualizados neste estatuto.
O workshop surgiu como uma oportunidade para valorizar o papel fundamental dos cuidadores informais, promovendo o reconhecimento das suas necessidades e reforçando a importância do acesso a informação clara e atualizada.

Coimbra | Cientistas testam nova tecnologia capaz de regenerar e reafirmar o rosto de forma indolor

 
Uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a LaserLeap Technologies e a Be.U_TheSkinCareClinic, testou novos protocolos estéticos inovadores capazes de regenerar e reafirmar a pele do rosto, de forma indolor e sem cirurgias.

Estes novos protocolos serão lançados durante este mês nos corners de beleza Be.U, spin-off da Universidade de Coimbra, no Coimbra Shopping, Oeiras Parque e Cascais Shopping.

«Esta tecnologia baseia-se na entrega de energia ultrassónica a camadas profundas da pele, que associadas a moléculas cosméticas como fatores de crescimento e exossomas, reestabelecem o processo reparador da pele, induzindo assim firmeza, luz e juventude à pele», revela Carlos Serpa, professor do Departamento de Química da FCTUC e investigador do Centro de Química de Coimbra (CQC).

De acordo com Gonçalo de Sá, também investigador do CQC, «
estes novos protocolos elevam o efeito dos nossos ultrassons na pele muito além do lifting tradicional, sem a realização de um tratamento invasivo, visto que estimulam a produção intensa de colagénio e elastina, causando reações positivas ao nível da densidade, luminosidade e vitalidade da pele».

«Os resultados são visíveis logo nas primeiras sessões e evoluem semana após semana, o que vai ao encontro da preferência da maioria das pessoas por cuidados de beleza de manutenção e progressão contínua», consideram os especialistas, inventores desta tecnologia.
A incorporação cutânea de moléculas cosméticas não é eficaz, o que impede a redução de rugas finas e rídulas, bem como a diminuta ação contra a perda de hidratação, elasticidade e flacidez (ligeira e moderada) da pele. Assim, «a combinação destes ultrassons desenvolvidos na FCTUC com fatores de crescimento irá permitir a entrada efetiva destas moléculas na epiderme, cuja ação remove sinais efetivos de desvitalização da pele, após a exposição prolongada ao sol, típica do verão, promove a renovação da proteção da pele», afirmam.

«A ação do ácido hialurónico e a sua permeabilização efetiva com os ultrassons tem vindo a revelar sinais cada vez mais evidentes da revitalização da epiderme pela volumização local gerada por esta macromolécula», terminam os cientistas.

Este mecanismo, desenhado especificamente para tratamentos não-invasivos, indolores e sem marcas, está patenteado pela UC, pelos inventores Luís Arnaut e Carlos Serpa, professores do Departamento de Química da FCTUC, e por Gonçalo de Sá, investigador do CQC.

Para mais informações consultar o site da LaserLeap e da Be.U.

*Sara Machado
Assessora de Imprensa
Universidade de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia

SMMP alerta para condições indignas no Tribunal de São João Novo, no Porto

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) manifesta profunda preocupação com o estado de degradação das instalações do Tribunal de São João Novo, no Porto, onde funcionam secções do Juízo Central Criminal. As imagens divulgadas ontem, que evidenciam infiltrações, tetos danificados e água a escorrer pelas paredes, confirmam uma realidade há muito denunciada: há tribunais em Portugal que não garantem sequer condições mínimas de salubridade, segurança ou dignidade funcional.

Este edifício histórico, que deveria ser preservado e adaptado à sua missão pública, tornou-se um símbolo do abandono a que têm sido votadas muitas estruturas da Justiça. A expressão “chove dentro como na rua” não é uma metáfora — é o retrato fiel das condições em que magistrados, advogados e funcionários judiciais são obrigados a exercer funções diariamente.

O SMMP sublinha que o desinvestimento e a inércia das entidades responsáveis comprometem não apenas o funcionamento dos serviços, mas também a confiança dos cidadãos na Justiça e o respeito pela sua função social. A dignidade das funções judiciais não se compadece com baldes no chão, tetos a ruir ou soluções improvisadas. É inadmissível exigir excelência e produtividade sem garantir instalações seguras, funcionais e compatíveis com os princípios constitucionais que regem o sistema judicial.

Recorde-se que, há três semanas, também no Porto, no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), falhas simultâneas nos serviços de eletricidade, Internet e abastecimento de água comprometeram o funcionamento deste tribunal e obrigaram ao adiamento de diligências processuais.

Episódios como estes revelam um padrão preocupante de negligência institucional, que coloca em risco a segurança física e psicológica dos profissionais da justiça e fragiliza o atendimento aos cidadãos.

Impõe-se que o Ministério da Justiça, em articulação com as entidades competentes, intervenha de forma imediata e estruturada, assegurando a reabilitação urgente do Tribunal de São João Novo e de todas as instalações em situação semelhante.

Gabinete de Imprensa
*Rogério Bueno de Matos
**Ana Clara Quental
Lisboa, 22 de outubro de 2025 

Nota de Pesar - CIP destaca contributo de Pinto Balsemão para tornar Portugal um país mais aberto, com maior concorrência e maior escrutínio

 A CIP – Confederação Empresarial de Portugal exprime o seu pesar pela morte do empresário Francisco Pinto Balsemão, jornalista e um dos pais fundadores da democracia portuguesa.
Francisco Pinto Balsemão cultivou sempre, em todas as atividades políticas, empresariais e jornalísticas a que se dedicou, os valores da liberdade, da tolerância e do liberalismo, tendo dado contributos muitos relevantes para tornar a sociedade e a economia portuguesas mais abertas e com mais concorrência.
Como primeiro-ministro teve uma intervenção decisiva na revisão constitucional de 1982, a qual diminuiu a carga ideológica da primeira versão da Constituição da República Portuguesa, permitiu alguma flexibilização da atividade económica e substituiu o Conselho da Revolução pelo Tribunal Constitucional, elementos que foram decisivos para a normalização do país e para a consolidação do seu processo democrático e da sua abertura ao exterior.
Como jornalista e empresário de meios de comunicação social fundou o Expresso, jornal fundamental para o país e que, nos anos 80 do século passado, tornou o seu suplemento “Economia” um dos fóruns mais qualificados de debate sobre o mundo empresarial em Portugal.
O lançamento da SIC, a primeira estação de televisão privada, nos anos 90 foi outro contributo inestimável de Francisco Pinto Balsemão para tornar Portugal um país mais moderno, mais aberto à concorrência, com maior escrutínio, e com instituições económicas, sociais e políticas mais plurais e de melhor qualidade.
A CIP apresenta à família de Francisco Pinto Balsemão, bem como a todos os colaboradores da Impresa, as suas condolências.

*Alexandra Magna

Silves | CASA MUSEU JOÃO DE DEUS COMEMORA O SEU 28º ANIVERSÁRIO

 A Casa Museu João de Deus assinala 28 anos de atividade cultural desde a sua abertura ao público, em 25 de outubro de 1997. As atividades decorrerão entre os dias 23 e 25 de outubro, prevendo a realização de diversas iniciativas, nomeadamente a dinamização de duas sessões de um Coro Poético, destinadas aos utentes da Unidade Sócio Ocupacional de S.B. de Messines e o primeiro encontro do Clube de Leitura de Poesia.
No próximo sábado, o equipamento cultural estará aberto ao público durante todo o dia e promoverá visitas guiadas com audioguias, tendo ainda lugar, pelas 18h00, o concerto "Jazz na Casa João de Deus", com o quarteto ViHuFiHu da Orquestra de Jazz do Algarve.
As iniciativas visam reforçar o papel da Casa Museu João de Deus como polo de divulgação da vida e obra do poeta e pedagogo João de Deus, assim como espaço de promoção da cultura junto de públicos diversos.
 
Programação
23 e 24 de outubro de 2025 — 11h00
Po(é)tico — Coro de Poesia em Voz Alta
Público-alvo: Utentes da USO

24 de outubro de 2025 — 15h30
Poemário — Clube de Leitura de Poesia
Público-alvo: Público em geral.

25 de outubro de 2025 — 10h00–18h00
Visita acompanhada à Casa Museu João de Deus com audioguia
Apresentação pública da plataforma de audioguias da Casa-Museu.
Público-alvo: Público em geral

25 de outubro de 2025 — 18h30
Concerto “Jazz na Casa João de Deus” — Quarteto ViHuFiHu - Orquestra de Jazz do Algarve
Público-alvo: Público em geral
A entrada é gratuita.

Crónica - Os dias em que Cunhal sonhou ser Lenine


A 30 de abril de 1974, o cais de Alcântara fervilhava de curiosidade. Da mesma forma que meio século antes, em 1917, a estação finlandesa de São Petersburgo recebera um homem de casaco escuro e olhar disciplinado, também Lisboa esperava o regresso de outro exilado que trazia nos ombros o peso de um ideal. Álvaro Cunhal chegava de Moscovo, vindo de um exílio de mais de uma década, e a história parecia repetir um dos seus símbolos mais poderosos: o do revolucionário que regressa à pátria para lhe mudar o destino.
O momento não foi inocente nem discreto. O Partido Comunista Português, clandestino desde 1926, emergia das sombras com uma confiança messiânica. O regime caíra há apenas seis dias e o país, atordoado pela súbita liberdade, olhava para aquele homem alto e austero como para o guardião de uma promessa. Cunhal representava a coerência, o martírio e a esperança de uma esquerda que resistira à prisão, à tortura e ao degredo. Tal como Lenine, quando atravessou a Europa num comboio selado, trazia um programa, uma fé política e um sonho de transformação total.

Na Rússia, o regresso de Lenine em abril de 1917 foi o início de uma viragem que desaguaria na Revolução de Outubro. O líder bolchevique soube interpretar o caos da guerra e o desespero popular, oferecendo um slogan simples e devastador: paz, pão e terra. Também Cunhal, em 1974, falava em terra para quem a trabalha, em controlo operário e em libertação social. A diferença é que Portugal não vivia um colapso militar nem um vácuo absoluto de poder. A revolução portuguesa nascera do interior das Forças Armadas, e não da rua ou do partido. Esse detalhe mudaria tudo.

Lenine tinha diante de si um Estado em ruínas, uma sociedade esgotada e um exército desfeito. Cunhal encontrou um país rural e pobre, mas ansioso por normalidade. A sua visão de uma transição para o socialismo puro, conduzida pela vanguarda do proletariado, chocava com o pluralismo nascente e com o pragmatismo dos capitães de Abril. O PCP tentou organizar os trabalhadores, controlar sindicatos e influenciar o MFA, mas a sua revolução encontrou resistências dentro e fora da esquerda. O “verão quente” de 1975 marcou o auge dessa tensão: Portugal esteve à beira de uma revolução à soviética, mas o contexto atlântico, a Igreja, os socialistas e o equilíbrio europeu impediram que o país seguisse o modelo russo.

Em ambos os casos, o ideal revolucionário enfrentou a realidade: em 1917, a utopia de igualdade desembocou num Estado totalitário; em 1975, a tentativa de vanguarda proletária foi travada por um compromisso democrático. A história parecia oferecer duas saídas: o dogma ou a liberdade. Cunhal manteve-se fiel ao primeiro, Lenine foi o seu arquétipo. Ambos acreditaram que a justiça social só se alcança pela disciplina ideológica. Mas enquanto na Rússia a revolução triunfou e se desfigurou no poder, em Portugal o fracasso político preservou o ideal como mito. O PCP não chegou ao governo, mas conservou uma coerência moral rara na história moderna.

A chegada de Álvaro Cunhal a Lisboa, com o rosto austero e a mão erguida em saudação, ficou gravada como uma fotografia simbólica. Não foi o início de uma revolução vitoriosa, mas o regresso de uma ideia que resistiu ao tempo e à prisão. O país que o recebeu queria liberdade, não ditadura do proletariado. E é nessa diferença que se define o destino português: onde Lenine abriu o caminho para o império do medo, Cunhal encontrou o limite da história e transformou-se, involuntariamente, no último profeta de uma utopia que o próprio tempo desmentiu.

*Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor