A precipitação normal com tendência acima do normal que está prevista para a época chuvosa nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula e norte da província da Zambézia deverão resultar em mais casos de malária, que continua a ser o principal problema de Saúde Pública em Moçambique. “O aumento dum dia com pelo menos 50mm de precipitação durante qualquer semana resultou num aumento de 11 por cento na incidência da malária quatro semanas depois”, explicou Tatiana Marrrufo, médica do Instituto Nacional de Saúde (INS).
Tendo em conta a previsão climática sazonal divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia que indica “chuvas normais com tendência para acima do normal” para o Norte de Moçambique, entre os meses de Outubro de 2018 a Março de 2019, o Observatório Nacional de Saúde do INS concluiu existir “um risco alto de ocorrência de casos de malária nas províncias da Região Norte, principalmente nas províncias do litoral, que é onde se esperam altos níveis de precipitação, e vamos ter até certo ponto um nível também alto ao nível na província de Maputo”.
“Por outro lado temos um risco moderado de ocorrência de casos de malária na Região Centro e Norte, particularmente nas províncias de Manica, Zambézia, Nampula e Niassa” explicou Tatiana Marrrufo durante o 5º Fórum Nacional de Antevisão Climática que aconteceu semana finda em Maputo.
De acordo com a médica de Saúde Pública estudos do Instituto Nacional de Saúde concluíram que “o clima tem mostrado um impacto na transmissão da malária ao afectar aquele que é o ciclo de vida do parasita, do mosquito, e no portador humano, ou uma combinação dos três. Por isso espera-se, para as próximas décadas, a alteração daquilo que é o perfil da doença em Moçambique”.
“No ano passado foi divulgado o primeiro estudo daquilo que é o impacto das Mudanças Climáticas em Moçambique, nesse estudo foi apurado que um aumento dum dia com pelo menos 50mm de precipitação durante qualquer semana resultou num aumento de 11por cento na incidência da malária quatro semanas depois”, afirmou Tatiana Marrrufo.
A médica revelou ainda que “também existe uma forte relação entre o aumento da temperatura e a incidência da malária, na medida em que se aumenta 1ºC em média temperatura mínima semanal, isto vai levar a um aumento de cerca de 2 por cento da incidência da malária nas quatro semanas subsequentes”.
Relação entre clima e doenças diarreicas e cólera ainda por estudar
O estudo indicou ainda que o aumento de um dia no número de dias acima de 35º C durante qualquer semana resultou num aumento de 6 por cento na incidência da malária duas semanas depois e que um aumento de um dia no número de dias abaixo de 25ºC durante qualquer semana resultou numa diminuição de 7 por cento na incidência da malária duas semanas depois.
Porque a malária continua a ser o principal problema de Saúde Pública em Moçambique, e é a doença que mais mata crianças Tatiana Marrrufo deixou como recomendações “reforçar as intervenções de prevenção relacionadas ao controle de vectores, redes mosquiteiras e pulverizações intradomiciliárias na região norte; Realizar campanhas de sensibilização para o uso do métodos de prevenção; Investir na capacitação de pessoal para responder ao potencial aumento de número de casos na região norte; Investir no aprovisionamento de testes e medicamentos para garantir o manejo adquado dos casos no país; Reforçar o sistema de vigilância para malária na região centro e sul; Reforço da vigilância entomológica e epidemiológica na região sul; Tomar em consideração outras co-variáveis relevantes para a análise de predição”.
Entretanto esta previsão para a época chuvosa também prenuncia condições para a eclosão de doenças diarreicas e da cólera, tendo em conta o deficitário saneamento do meio em Moçambique, contudo o INS ainda vai proceder a estudos para determinar a existência de impactos directos.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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