A terceira edição da Anozero- Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra começou hoje, 2 de novembro, explorando diferentes espaços da cidade, com obras de 39 artistas que ora “irritam”, ora podem funcionar como antídoto para um mundo “cheio de barulho”.
A sessão inaugural, apresentada por Carlota Tomé Feiteira (Chefe da Divisão de Protocolo e Comunicação da autarquia local), decorreu na Sala da Cidade, onde discursaram Manuel Machado (Presidente da Câmara de Coimbra), Alfredo Dias (Vice-reitor da Universidade de Coimbra), Agnaldo Farias (Curador da Anozero) Carlos Antunes (líder do Centro de Artes Plásticas) e Américo Rodrigues (Diretor-geral das Artes).
Manuel Machado aproveitou o momento para transmitir o prazer de acolher na sala da cidade “um evento desta grandeza”.
Alfredo Dias disse que a bienal deixará uma marca que contribuirá para dar visibilidade à cidade de Coimbra.
Agnaldo Farias, (apaixonando por Coimbra), realçou a obra de José Spaniol, “uma especie de barco bêbado”.
Carlos Antunes optou por realçar os “antípodas de exaltação da bienal” e revelar um momento inusitado relacionado com a montagem do certame.
Américo Rodrigues salientou que a Bienal está enraizada e estabelece um relação fantástica com a comunidade.
A sessão inaugural da Anozero não contou com a presença de governantes ou de estações de televisão.
Veja e ouça tudo no vídeo do Direto NDC:
A bienal, que tem como tema “A Terceira Margem” (título do conto do brasileiro João Guimarães Rosa), vai estar presente em Coimbra até 29 de dezembro, com a participação de 39 artistas de 21 países, numa seleção que procurou ser paritária em relação ao género (19 mulheres e 20 homens) e às diferentes gerações, com uma aposta em jovens e emergentes artistas, que partilham o espaço com nomes consagrados como a americana Susan Hiller, o cineasta e artista plástico britânico Steve McQueen e a egípcio-canadiana Anna Boghiguian.
Continuando com o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova como um dos espaços expositivos centrais, a bienal ocupa também o Colégio das Artes, o Museu da Ciência, Sala da Cidade de Coimbra ou as Galerias Avenida, entre outros espaços.
A reflexão sobre o tempo a partir de uma ampulheta de onde vai escorrer um fio de areia ao longo da bienal (Laura Vinci) ou o diálogo entre um poema de Natália Correia e o conto de Guimarães Rosa (Marilá Dardot) são outras das propostas para o convento.
Nesta Sala da Cidade (ao lado da Câmara), encontra-se o trabalho do paulista José Spaniol – “com vocação para ser a estrela da bienal”.
Pelas ruas de Coimbra, será possível ver os painéis da turca Meriç Algun, com perguntas encontradas em formulários de pedidos de visto.
No Colégio das Artes, Steve McQueen apresenta uma obra de 2002, “Once Upon a Time”, uma sequência de 116 imagens fotográficas que a NASA enviou para o espaço acompanhada por uma banda sonora construída a partir de vozes de línguas desconhecidas.
Pela bienal, será ainda possível ver a reflexão da peruana Maya Watanabe sobre a guerra civil que afetou o seu país ou a obra “Foreign Office”, da marroquina Bouchra Khalili, que mergulha no passado perdido da era do pós-independência da Argélia.
Susan Hiller, Anna Boguiguian ou David Claerbout são outros dos artistas presentes na bienal, estando também representados Ana Hatherley e Augusto de Campos, a partir de uma exposição sobre poesia concreta e visual, com curadoria de Tomás Cunha Ferreira, artista que também participa no evento.
A bienal Anozero pode ser visitada até 29 de dezembro, contando ainda com exposições temporárias, oficinas, leituras, debates, visitas guiadas e outros eventos paralelos.
NDC
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