terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Solidariedade entre gerações é fundamental para o envelhecimento ativo

“Envelhecimento ativo: um compromisso entre gerações” foi um dos temas abordados na iniciativa “Natal Sénior” que marcou o encerramento do primeiro trimestre de aulas da Universidade Sénior de Proença-a-Nova (USPN). Carolina Carvalho, docente do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, apresentou alguns estudos que comprovam os benefícios de se realizarem iniciativas que integrem pessoas de diferentes gerações. “Quando a idade, a sabedoria, a experiência de vida e a estabilidade emocional aumentam, tudo isso pode ser transmitido aos mais jovens de maneira significativa”, referiu a docente, apresentando alguns resultados interessantes: “As crianças em idade escolar que frequentaram um programa educativo entre gerações demonstraram níveis mais altos de empatia, aceitação social e capacidade de autorregulação do que os pares que não participaram”. Além disso, as crianças que trabalharam com adultos com demência desenvolviam competências emocionais, como empatia, paciência e resolução de problemas. 

Carolina Carvalho salienta, no entanto, que estes programas não podem “infantilizar as pessoas”, ou seja, não é propor atividades que normalmente são feitas pelas crianças. Daí a importância da criatividade que continua a ser um dos marcadores do envelhecimento ativo. A especialista refere igualmente como importante a convivência entre as crianças e os avós como uma das formas de formalizar este compromisso entre gerações, marcado pela troca de experiências e convivências. Por exemplo, aproveitar a época do Natal para, em conjunto, se fazerem receitas típicas que fazem parte da memória dos avós e que assim as transmitem para uma nova geração. Carolina Carvalho defende que envelhecimento ativo não é apenas estar fisicamente ativo ou de participar na força de trabalho: “refere-se à participação contínua nas questões sociais, económicas, culturais, espirituais e civis”. 

Uma das estratégias para este envelhecimento ativo passa precisamente pela educação. O vice-presidente da Câmara Municipal destacou a importância do projeto da Universidade Sénior e do quanto os alunos têm desenvolvido nas aulas, de que a exposição de pintura, patente no auditório municipal até final do mês de dezembro, é um excelente exemplo. “Mostra bem o valor que vocês têm”, referiu. João Manso recordou ainda que de 7 a 9 de maio, Proença-a-Nova acolherá o congresso internacional “Animação sociocultural: geriatria, gerontologia e os novos paradigmas do envelhecimento”, em que será debatida esta temática. 

No âmbito da USPN, está a decorrer o projeto “Memórias Resgatadas: Identidades Reconstruídas. A Escola em meio rural”, financiado pela FCT, programa Compete 2020 e União Europeia, e que nesta fase tem uma investigadora a recolher testemunhos em Proença-a-Nova, Mação, Vila de Rei e Sertã. António Manuel Silva, reitor da USPN, fez um ponto de situação deste projeto que tem como objetivos resgatar as memórias associadas com a cultura escolar, identificar o património material e imaterial da educação e do ensino e produzir currículos de história local e regional. Indiretamente, este projeto poderá igualmente potenciar a produção de materiais turísticos associados a rotas e circuitos temáticos, articulando o turismo em espaço rural com a vertente histórica e cultural. 

Porque os seus objetos estão repletos de memória, a iniciativa Natal Sénior terminou com a visita dos alunos e docentes da USPN ao Museu Isilda Martins, tendo sido a própria a fazer a visita guiada a todos os módulos que compõem esta mostra etnográfica.

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