por Teresa Mendes | 29.06.2020
O conhecimento da forma como o tecido adiposo humano é afetado pela idade tem sido definido por numerosos estudos, mas todos em ratinhos até então.
Agora, pela primeira vez, um grupo de investigadores do Karolinska Institutet, realizou um estudo prospectivo em seres humanos que fornece novas ideias sobre como as células de gordura reduzem o metabolismo lipídico com a idade.
À medida que envelhecemos acontecem muitas mudanças nos nossos órgãos, que afetam a função fisiológica.
Estudos anteriores em ratos mostraram que como consequência da idade, os macrófagos no tecido adiposo (gordura) começam a degradar a noradrenalina, uma hormona que estimula a lipólise (a quebra dos lípidos).
Há muito se pensa que os humanos têm um mecanismo semelhante, contudo, este novo estudo, publicado no dia 25 de junho, na revista Cell Metabolism, mostra que as alterações induzidas pela idade no metabolismo da gordura humana funcionam de forma diferente.
Em vez de macrófagos, que são um tipo de célula imunitária, são as próprias células adiposas que degradam a noradrenalina com a idade.
«Ficamos surpreendidos ao verificar essa diferença entre animais e humanos», refere Mikael Rydén, consultor, professor de investigação clínica e experimental de tecido adiposo no Karolinska Institutet e um dos principais autores do artigo.
Bases lançada há muitos anos
As bases para esta investigação foram lançadas há muitos anos, com a realização de um estudo de intervenção dietética em mulheres com idades entre 30 e 35 anos, tendo sido recolhidas amostras de gordura antes, durante e após a dieta. Agora, mais de 13 anos após a colheita das primeiras amostras, as mesmas mulheres foram recrutadas para um estudo de acompanhamento.
«As nossas descobertas fornecem as primeiras informações sobre as alterações no tecido adiposo que são controladas pela idade biológica em humanos», explica Rydén.
«O que descobrimos é que a lipólise no tecido adiposo diminui com o tempo.
Essas mudanças também parecem ser independentes da menopausa ou gravidez.
Esta são simplesmente o resultado do envelhecimento», destaca o investigador num comunicado do Karolinska Institutet.
Redução da lipólise pode contribuir para o aumento de peso
Segundo os autores, esta redução da lipólise pode contribuir para o aumento de peso e a acumulação de gordura noutros tecidos.
«A aterosclerose pode ser o resultado desse processo, por exemplo, bem como alterações na capacidade do corpo de lidar com o frio e a fome», exemplificam.
Os autores consideram que os resultados do estudo «também são interessantes do ponto de vista da saúde pública devido às descobertas relativas à obesidade - um problema crescente que deixa as pessoas suscetíveis a muitas doenças».
«Pensou-se que a célula adiposa era bastante inativa, mas suspeitamos que esta esteja ativa e que controla muito mais do que se pensava», diz por sua vez Niklas Mejhert, coautor do artigo.
«Se conseguirmos regular a acumulação de gordura de uma forma mais controlada, isso poderá trazer enormes vantagens», considera.
Mais estudos celulares
Os resultados do estudo, que explicam por que o tecido adiposo se torna menos eficaz e como a lipólise diminui com a idade, interessam, nomeadamente, a todos os que estão a tentar encontrar tratamentos futuros capazes de melhorar a função do tecido adiposo.
«Agora, vamos examinar como as diferentes células do tecido adiposo são afetadas pela idade», continua Rydén, um «aspeto particularmente interessante quando se trata de células-tronco, que têm a capacidade única e importante de se renovar e reparar lesões».
O estudo, intitulado «Age-Induced Reduction in Human Lipolysis: A Potential Role for Adipocyte Noradrenaline Degradation», pode ser consultado na íntegra aqui.
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29 de Junho de 2020
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Publicado previamente em www.univadis.pt
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