Ismar de Souza
Carvalho, investigador do Centro de Geociências (CGEO) da Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), integra
a equipa de cientistas internacionais que descobriu um novo fóssil
de ave - Navaornis
hestiae
- do Cretáceo Superior do Brasil, que ajuda a compreender a evolução
do crânio e cérebro das aves.
O artigo
científico “Cretaceous
bird from Brazil informs the evolution of the avian skull and brain”,
que acaba de ser publicado na revista
Nature,
explica detalhadamente esta descoberta.
De acordo com o
também investigador no Instituto de Geociências da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Brasil, o fóssil Navaornis
hestiae
pertence a um grupo de aves já extinta, os Enantiornithes,
muito comuns durante o Mesozoico, a era dos dinossauros, e foi
encontrado em rochas com idades que variam entre 83,6 e 72,1 milhões
de anos no interior do Estado de São Paulo.
«Trata-se
de uma das mais espetaculares descobertas já feitas na
Paleontologia. O nome escolhido é uma homenagem ao paleontólogo
William Roberto Nava, diretor do Museu de Paleontologia de Marília,
que descobriu a ave no município de Presidente Prudente»,
revela.
Além de ter o
aspeto tridimensional, este fóssil possui os indícios de como era o
cérebro. «O
seu crânio e cérebro demonstram aspetos morfológicos que indicam
transformações evolutivas entre as aves mais primitivas (como por
exemplo Archaeopteryx)
e as aves atuais»,
explica Ismar Carvalho, acrescentando que o crânio de Navaornis
não possui dentes, tem grandes olhos e é muito parecido com o das
aves modernas.
Esta descoberta
possibilita o entendimento de como e quando ocorreram os processos
evolutivos, e até mesmo da neuroanatomia, que conduziu à origem das
aves modernas. «A
descoberta de Navaornis
é um marco para a Paleontologia brasileira. Além da excecionalidade
de sua preservação, demonstra a relevância das aves que existiram
logo após a separação dos continentes que formavam Gonduana e que
possibilitam o entendimento de aspetos evolutivos entre as aves mais
antigas e as atuais»,
considera o coautor.
Os fósseis
revelam aspetos únicos da evolução da vida na Terra. «Esta
ave é um bom exemplo disso, pois através dela é possível entender
as transformações evolutivas, até agora desconhecidas, entre as
aves mais primitivas e as que hoje encontramos em variados
ambientes»,
conclui o cientista.
O artigo
científico é da autoria de Luis M. Chiappe, Guillermo Navalón,
Agustín
G. Martinelli, Ismar de Souza Carvalho, Rodrigo Miloni Santucci,
Yun-Hsin Wu1 e Daniel J. Field.
Assessora de Imprensa
Universidade de Coimbra • Faculdade de Ciências e Tecnologia
University of Coimbra • Faculty of Sciences and Technology
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