O
mundo está às avessas? Parece mas não
será assim. Apenas se empurraram os problemas com a barriga.
Limpou-se para baixo do tapete.
Nos
anos 80 fui à China. Estavam a
iniciar aquele processo de ‘um país dois sistemas’. Visitei a
‘zona especial, contígua a Macau. Recordo as palavras do ‘Long
John’ (jovem estudante, de alta estatura, que percebi revoltado com
o sistema). Os chineses selecionados iam para as fábricas europeias
e americanas essencialmente. Vi
o “posto fronteiriço” que dividia essa zona.
“Os trabalhadores
só podem sair para ir a casa com autorização da empresa e tem que
estar cinco anos”
Porquê
cinco anos, lembro de ter perguntado. Foi respondido. Porque é o
tempo de formação.
Depois outros substituem para formação também.
Se
eu, um jovenzinho, percebi isto,
também todos os sábios deste mundo perceberam. A China usou as
‘nossas’ empresas para criar uma mão de obra bem formada. As
empresas correram a instalar-se porque a mão de obra era
praticamente a custo zero.
Portanto,
a China fez algo que temos que admirar. E
agora tem uma mão de obra muito especializada. A preços
incomparáveis com os nossos. Formada por nós.
Vêm
agora as instâncias europeias avisar as empresas para não
transferirem tecnologia para a China.
Ingénuos?
Talvez. Eu diria distraídos. Ou
melhor ainda, optamos pelo ‘deixa correr’.
Ninguém
quis levantar ondas. Duvido
que não tivessem percebido que o nosso custo de mão de obra
seria sempre muito mais alto e assim não iríamos poder competir.
Agora,
quem criou o problema que arranje a solução.
Eduardo
Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa
Regional
Destaque:
“A
China usou as ‘nossas’ empresas para criar uma mão de obra bem
formada.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário