O
verdadeiro objecto material da Psicologia é o psiquismo e os derivativos
sentimentos que advêm dele.
Do
ponto de vista da Psicanálise, o psiquismo se constitui a partir da história
libidinal de cada um, das marcas de prazer-desprazer realizadas a partir das
relações primordiais do bebé com o outro humano. Estas marcas estabelecem,
paulatinamente, uma organização psíquica, um modo de operar com as exigências
do próprio corpo e do mundo.
Freud
postulou duas tópicas para a abordagem do “aparelho psíquico”. Na primeira,
apresenta uma abordagem da topografia do psiquismo composta pelo Inconsciente,
Préconsciente e pelo Consciente; já a segunda tópica refere-se à abordagem
estrutural do psiquismo, que estabelece o Eu, o Supereu e o Isso (Ego, Superego
e Id) como suas estruturas.
Já
a psicopatologia é um discurso, um se debruçar às reflexões sobre o pathos:
paixão, excesso, sofrimento. Ou seja, um discurso sobre a paixão que se
manifesta no psiquismo, ou sofrimento psíquico.
Qual
a diferença entre um psicótico e um neurótico? Quais os traços comportamentais
característicos de cada um?
Da
perspectiva psicanalítica, neurose e psicose referem-se a modos de
funcionamento psíquico distintos e, algumas vezes, vistos como não excludentes,
mas que contam com condições e mecanismos próprios de funcionamento. No
tratamento psicanalítico, estas categorias são de interesse exclusivamente
clínico, ou seja, para a consideração do encaminhamento do trabalho na
transferência.
Assim,
não é possível reduzir a neurose e a psicose ao carácter descritivo e
classificatório de suas manifestações sintomáticas ou de seus traços
comportamentais, ficando tais abordagens sob interesse da Psicologia e da
Psiquiatria. No campo das neuroses é possível destacar a histeria e a neurose
obsessiva e no das psicoses, a paranóia e a esquizofrenia.
No
pensamento freudiano, a neurose implica o recalque e suas possibilidades de
simbolização e produção desde o inconsciente enquanto as psicoses designam a
reconstrução inconsciente, por parte do sujeito, de uma realidade delirante ou
alucinatória e diferenciase da neurose e das perversões.
Uma
pessoa nunca é neurótica, ela está neurótica. Na maioria das vezes o neurótico
tem plena consciência do que está passando, mas tem dificuldades para lidar com
a questão e transformá-la. A neurose, portanto, é uma doença circunstancial,
afetiva, emocional e da personalidade, não comprometendo a inteligência da
pessoa. Portanto, quem não apresenta características neuróticas no decorrer da
vida, que atire a primeira pedra.
Este
é um ponto substancial de diferença sobre as questões que o psicótico apresenta
ao mundo. A psicose é um estado desequilibrado de funcionamento psíquico. O
aspecto central da psicose é a perda do contacto com a realidade, variando
conforme sua intensidade. Quando a pessoa acaba recriando o que é real,
inventando coisas que não existem no plano de entendimento social e que só a
ele faz sentido, aí está a psicose no ser humano. Por mais que ele crie esse
mundo paralelo, vive simultaneamente neste mundo real.
A
classificação das psicoses é encontrada no DSM IV (Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders), e é, apropriadamente, dividida nas variedades
funcional e orgânica. A maioria das psicoses agudas de causa orgânica resulta
de demência, síndromes de retirada e intoxicações. A esquizofrenia e as doenças
afectivas são as principais categorias de psicoses agudas funcionais. O
psicótico, geralmente é impulsivo, com pensamentos desorganizados.
O
que marca a sessão de psicodrama? Qual a proposta desta linha da Psicologia,
quais as principais diferenças e benefícios?
Psico
vem do grego psyché que significa alma; drama vem do grego dráma que quer dizer
acção.
O
guia principal de toda a sociodinâmica moreniana, fundamenta-se no método do
role-playing ou interpretação de papéis. Os papéis psicodramáticos definiriam a
emergência do potencial criativo do sujeito, e apresentam-se como designativos
do mundo da fantasia e da imaginação em oposição aos papéis sociais, que
definiriam a vida quotidiana e as relações sociais.
A
sessão de psicodrama pode ocorrer tanto de forma individual quanto grupal. Há a
participação de um ego auxiliar, além da presença do director ou terapeuta
principal.
Ao
ego auxiliar cabe a contraparte na representação dramática, ou seja,
interpretar papéis ao mesmo tempo em que acompanha a sequência das cenas. Há,
no palco moreniano, duas cadeiras abertas que marcam o início da dramatização,
e, fechadas, seu fim.
A
sessão divide-se em três fases: aquecimento, dramatização e comentários. Na
primeira fase, a do aquecimento, é quando o tema do “encontro” vai se
explicitar. A segunda fase, da dramatização, conduz o indivíduo a uma expressão
espontânea e criativa, que possibilite a recriação dos papéis, levando-o a
situar-se de uma nova maneira frente a sua realidade concreta, o que
possibilita uma reordenação ou reorganização da experiência do indivíduo. Na
fase final, a dos comentários, a discussão é ampliada, de forma a marcar a
relação da temática explicitada no contexto dramático com o contexto social. A
espontaneidade é a expressão de uma relação de compromisso com o mundo na
teoria moreniana.
“Um
Encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E
quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos
meus;
E
arrancarei meus olhos para colocálos no lugar dos teus;
Então
ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus”
(J.
L. Moreno)
Esta
citação de Jacob Levy Moreno, criador do psicodrama, diz muito a que veio esta
linha da Psicologia. Uma sessão psicodramática começa pelo aproximar dos
envolvidos ao tema com o surgimento de lembranças, histórias, vivências. Mesmo
sem a disposição para compartilhar o que cada um tem a ver com aquele espaço ou
questão, já há o que questionar: para que estamos aqui? Viva o conflito! Este é
o lema do psicodrama: valorizar os modos de olhar o mundo, um facilitador das ideias
diferentes.
Entender
que seu pensamento pode ser diferente do outro e nem por isso é preciso
ignorá-lo. Entender que exercemos muitos papéis durante a vida, ou melhor,
durante um dia; somos ao mesmo tempo pais, profissionais, amantes, filhos… O
que cada papel diz de quem eu sou? Onde preciso relaxar mais? Potencializar
mais? Estas são algumas questões para refletir. Vamos conflitar?
Colaboraram
nas respostas desta edição as psicanalistas Karin de Paula Slemenson, Paula
Mantovani e a sociopsicodramista Vanessa Labigalini.
Publicado por Jorge
Cristiano
Apaixonado por Psicologia,
Direito, Família e Netflix! ;-)
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