A 13 de Abril de 2019 comemora-se, pela primeira vez, o Dia do Cineclube. Promovido pela Federação Portuguesa de Cineclubes, é um evento que se estende aos cineclubes nacionais com escopo de celebrar a actividade cineclubista, enaltecendo o seu importante contributo social, educacional e cultural através da tela.
Tendo sido os cineclubes responsáveis pela descentralização do cinema e de o levar ao máximo número de pessoas, esta data pretende promover o mundo do cineclubismo à população, com uma programação de acesso gratuito ao público.
Em Coimbra, o Centro de Estudos Cinematográficos programou a projecção do filme de Manuel Mozos “Outros Amarão as Coisas que eu Amei”, um género de ode aos fantasmas do cinema que lhe dão vida e constituem o seu esqueleto mágico. Uma celebração da vida pelo mote deixado por Sophia de Melo Breyner e navegado por João Bénard da Costa, uma das pessoas com maior impacto no panorama do cinema nacional.
João Bénard da Costa (1935–2009) foi um dos fundadores da revista “O Tempo e o Modo”. Dirigiu o Sector de Cinema do Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian e presidiu à Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal. Dedicou-se à crítica e ao ensaio, tendo participado como actor em vários filmes, de Manoel de Oliveira a João César Monteiro. Pelo trabalho à frente da Cinemateca Portuguesa, de que era director desde 1991, foi condecorado com a medalha de mérito cultural.
Realizado por Manuel Mozos (“Xavier”, “4 Copas”), o documentário “Outros Amarão as Coisas Que Eu Amei” é construído a partir de uma montagem de excertos de escritos de Bénard da Costa, maioritariamente crónicas que publicou. Mozos alinha imagens de arquivo, visitas a alguns lugares marcantes da sua vida e cenas de filmes em que entrou como actor (como “Espelho Mágico”, de Manoel de Oliveira) ou que defendeu (seja “A Palavra”, de Carl Th. Dreyer, ou “Johnny Guitar”, de Nicholas Ray). Mozos sublinha que esta não é a “história oficial” nem a única visão possível de João Bénard da Costa: “Isto é um filme meu sobre o João Bénard, mas não fecha a pessoa nem a obra. Poderá haver outros filmes feitos por outras pessoas com outras abordagens completamente diferentes.
Jornal O Público
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