quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Silves | De 10 a 20 de agosto XVII FEIRA MEDIEVAL DE SILVES CONVIDA VISITANTES A VIVER “UM DIA NA HISTÓRIA”

Após dois anos de interregno, a Feira Medieval regressa à cidade de Silves, de 10 de 20 de agosto, com 11 dias de recriação histórica do período medieval da antiga capital do Reino do Algarve, numa viagem no tempo que convida a experienciar "Um dia na História".


O quotidiano da Xilb islâmica numa das sextas-feiras do ano de 1147 dá mote a esta edição do evento, que enche a madinat Xilb de momentos e sons já tão conhecidos, como as boas vindas dadas pelo Vizir, o chamamento à oração pelo Al-Muezzin, o burburinho dos vendedores e o som da música e alegria contagiante destes dias.


Dois torneios diários, um espetáculo no Castelo, uma dezena de pontos de animação fixos, animação itinerante, seis praças de tascas medievais, dois roupeiros, um espaço educativo e lúdico dirigido aos mais novos (Xilb dos Pequenos), mais de duas dezenas de grupos de animação; um acampamento berbere com mercadores de produtos exóticos, ferreiros, carpinteiros e oleiros a trabalhar nos seus ofícios e as habituais experiências medievais são apenas alguns dos atrativos desta Feira Medieval de Silves, onde marcam presença mais de uma centena de expositores, entre artesãos, mesteirais, doçaria, místicos, mercadores e mouraria.


Serão 11 dias que não irá querer perder num ambiente e cenário únicos, constituídos pelo traçado peculiar do tecido urbano do centro histórico da cidade e pela imponência dos seus monumentos. O Município de Silves convida todos a fazer parte desta grande festa do verão algarvio e a viver “um dia na História”!

 O sol está quase no zénite e o velho Al-Muezzin sobe com esforço as escadas que o levam ao topo do grande minarete da Xilb, de onde chamará para a oração do meio-dia. Em baixo, junto do minbar, o Iman prepara-se para o grande sermão semanal. O Al-Faqih acaba de entrar. Esta tarde a mesquita também será palco de uma importante sessão judicial (problemas de saneamento, como é habitual, ninguém gosta que os vizinhos atirem as águas sujas para a sua porta...).

Estamos em 1147 e é sexta-feira. Ali ao lado, na Madraza, os jovens estudantes arrumam as páginas soltas do Corão. Estiveram toda a manhã a recitá-lo e a treinar uma nova caligrafia que o mestre, recém-chegado da peregrinação a Meca, ali aprendeu. O reputado botânico da cidade, que mora perto, exibe ao nosso Ulema mais respeitado, as suas últimas experimentações agronómicas. Anda a tentar transformar morangos silvestres em algo comestível. Para isso até encomendou um vaso especial a um dos oleiros mais afamados da cidade, aquele que tem a sua olaria na meia encosta, do lado de onde se põe o sol. Passa à sua porta um poeta que chegou recentemente a Xilb, vindo de Al-Ushbuna, cidade há alguns dias desafortunadamente conquistada pelos cristãos, e é-lhe oferecido um suculento exemplar do fruto rubro, que o poeta experimenta tentando disfarçar uma careta, tal não é a acidez. A coisa ainda não está no ponto. Os três dirigem-se juntos para a mesquita que se mostra já muito preenchida. Qualquer dia teremos de pensar em construir uma nova aljama que esta já não comporta tanta gente.

O burburinho dos vendedores ainda se ouve no Suq. Ali, o Almotacé repreende o vendedor de figos, que tem a balança mal calibrada: não vale roubar, diz-lhe com ar de quem não tolerará uma recaída. Cabe-lhe regular o mercado e disciplinar os transeuntes. Aí marcam presença os camponeses que trabalham a terra fértil das cercanias da cidade mas também os pescadores, os talhantes, os padeiros, os marceneiros, os curtidores de peles, as tecedeiras, os oleiros, os vendedores de esparta e, até, o barbeiro, o advogado e o dentista. O velho aguadeiro é presença assídua e hoje distribui água sem cobrar. É assim nos dias sagrados. Diz que é a sua Zakat.

Do Hamman saem dois músicos, eram os últimos clientes e, atrás de si, encerram-se as portas daquele que é um dos espaços da urbe mais apreciados e concorridos.

Daqui da cidade alta já não se ouvem os Al-banni que trabalham na construção da imponente muralha que cercará o extenso arrabalde junto ao nosso belo rio. Também já não se ouvem os sons ritmados das serras e dos martelos, que nos grandes estaleiros navais são empunhados por quem ali constrói as embarcações que, desde o Arade, atingem as águas calmas do mar que um dia levará, cada um de nós, rumo ao Oriente. Uns e outros estão agora a fazer as suas abluções e em breve trespassarão a majestosa porta da cidade em direção à mesquita.

Apressado vem o coveiro desde a Maqbara do Arrabalde Oriental, onde acabou de deixar um grupo de carpideiras que teimam em cirandar por ali. Se o Almotacé sabe fará queixa ao Al-Faqih, ou agirá por conta própria, não é pessoa que tolere atropelos ao que postula o Kitab sagrado.

Desculpem, ainda não me apresentei, sou o Vizir desta importante, bela e esplendorosa cidade e tenho de me apressar. É sexta-feira, quase meio-dia e, na grande mesquita, o sermão vai começar.

Glossário

Al-Muezzin (Chama para a oração) | Xilb (Silves) | Minbar (púlpito da mesquita) |Iman (encarregado do sermão) | Al-Faqih (juíz) | Madraza (escola corânica) | Ulema (sábio) | Al- Ushbuna (Lisboa) | Suq (mercado) | Almotacé (fiscal do mercado) | Zakat (esmola imposta pelo Corão| Hamman (banhos públicos) | Al-banni (pedreiros) | Abluções (higienização do corpo antes das rezas) | Maqbara (cemitério) | Kitab (livro) | Vizir (governador/ministro)


EVENTOS DIÁRIOS FIXOS

18h00 Abertura da Feira Medieval | Cortejo pelas Ruas e Largos da Medina

Início: Praça Al-Mut’amid


18h30 Boas vindas pelo Vizir da Madinat Xilb

Local: Portas da Cidade


20h00 Jogos de Guerra: Cristãos contra Muçulmanos

Local: Praça Al-Mut’amid


22h30 Noites do Oriente: animação com Música | Dança | Fogo

Local: Castelo


22h30 Jogos de Guerra: Cristãos contra Muçulmanos

Local: Praça Al-Mut’amid




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