segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

VOCÊ É CONVIDADO A DOAR SANGUE?

Imagem do Posto Fixo da ADASCA em sessão de colheita de sangue
O título desta reflexão é demasiado sério. Quem não foi já confrontado com um convite desta natureza, com a oferta de um folheto e até se deixou guiar pela sua consciência, no sentido de salvar nem que seja mais uma vida, ainda que nunca tenha conhecido a pessoa necessitada?

Cada um de nós gostaria de contar com a generosidade de quem doa o seu sangue, se dele dependêssemos para continuar a viver. Nunca sabemos o que nos espera o dia de amanhã.

«Todos os dias é necessário sangue, para doentes com anemia, cirurgias, pessoas acidentadas, pessoas que fizeram transplantes, doentes oncológicos em quimioterapia, entre muitos outros que fazem tratamentos diários com componentes sanguíneos» lê-se num opúsculo editado há uns anos pelo então Instituto Português do Sangue (IPS).

Perante esta introdução, importa tecer publicamente algumas considerações a este respeito, sem carácter ofensivo:
- Como é do conhecimento público, o Hospital Distrital de Aveiro Infante D. Pedro deixou de efectuar Colheitas de Sangue desde o dia 27 de Abril de 2005. Embora tenham sido informados dessa decisão por carta, a maioria dos dadores ficou sem saber o local onde deviam efectuar a sua dádiva, eu fui um dos tais.

Como isto só não bastasse, as condições a que os dadores ficaram sujeitos, uma vez que nos dirigíamos ao Salão D. Evangelista Lima Vidal, localizado nas traseiras da Sé de Aveiro, desagradaram à grande maioria e o seu descontentamento tomou proporções nunca antes registadas. Os mais atentos sabem das condições que me estou a referir: ficávamos à entrada da porta, sujeitos às intempéries do tempo, sem que ninguém se preocupasse connosco, quando dentro do referido Salão havia cadeiras amontoadas junto às paredes.

Espaço onde os dadores aguardam pelo atendimento
Entretanto, no dia 5 de Outubro do ano de 2006, no decorrer de uma Colheita de Sangue promovida pelo então Centro Regional de Sangue de Coimbra (CRSC), tendo em conta diversos factores, atingiu-se o cúmulo do descontentamento dos dadores. Eu estava lá, doei sangue, e na qualidade de jornalista registei alguns descontentamentos expressos verbalmente pelos dadores, nunca pensando o que podia vir a acontecer mais tarde.

Não satisfeito com o que observei, comecei a pensar como devia fazer alguma coisa no sentido de mudar as condições existentes, naturalmente para melhor e em certa medida conseguiu-se.

Após ter efectuado diversos contactos com algumas instituições que se diziam estar preocupadas com a situação, o certo é que nada foi feito de concreto, recordo o Centro de Sangue de Coimbra e a Federação das Associações de Dadores de Sangue, mais conhecida por FAS.

Sai de lá com o firme propósito de criar um Projecto que viabilizasse a fundação de uma associação que defendesse melhores condições e os direitos dos dadores e ex-dadores de sangue do Concelho de Aveiro, na medida em que não existia nenhum (pelo menos que fosse conhecida), ainda que no passado tenham sido efectuadas diversas tentativas que viabilizassem uma, o que nunca resultou, vai-se lá saber porquê?

Assim, surgiu em primeira mão em alguns órgãos da imprensa o Projecto do Dador de Sangue, que posteriormente deu origem à Associação de Dadores de Sangue do Concelho de Aveiro (ADASCA), tendo por sua vez dado origem á famigerada Carta Aberta aos Dadores de Sangue, que mereceu o melhor acolhimento da parte da imprensa local e alguma de âmbito nacional, tendo a mesma sido publicada na Revista X, edição que fazia parte integrante do Jornal “PUBLICO”, sendo na altura a sua Directora a Jornalista Laurinda Alves que guardo como recordação.

Curioso foi o facto de ter sido aconselhado Centro Regional de Sangue de Coimbra (CRSC), para contactar o Presidente da FAS e não avançar com a referida associação, na medida que iria criar incompatibilidades com um “Núcleo de Dadores” já existente, que nem sequer eu sabia onde funcionava, ou quem o representava. O mesmo já não aconteceu em relação à FEPODABES, a 1ª. Federação de Dadores de Sangue que surgiu em Portugal, sendo a FAZ uma dissidente desta. Convém referir que a ADASCA não surgiu para fazer frente a quem quer que fosse na altura, mas, hoje tudo é bem diferente, tem sido anos de incompatibilidades, de “lutas” aguerridas.

Fundador|Presidente da Direcção da ADASCA
Através do Projecto da ADASCA, associei-me à divulgação das Colheitas de Sangue então promovidas pelo CRSC versus IPS, tal como aconteceu no dia 3 de Novembro de 2006 e igualmente á que se realizou no dia 1 de Dezembro do mesmo ano, que deu origem a diversos gastos financeiros, consumo de combustível, utilização de viatura própria e incluindo material diverso, sendo informado posteriormente que os resultados do meu trabalho iriam reverter a favor do Núcleo de Dadores dos Lions Clube de Stª. Joana Princesa de Aveiro, quando na prática nem sequer um cartaz afixou, nem notícia foi por si divulgada, motivando um profundo mau estar. O mais caricato tinha acontecido.

Nesta última brigada fui impedido de contactar directamente com os dadores sangue, o que provocou um virar de costas ao supracitado Núcleo tipo jet-set que apenas pretende lá ter as pessoas de braço estendido, virando-lhes as costas de seguida, sem divulgar o montante dos subsídios que recebe pelas dádivas apuradas no final de cada ano.
Naquela altura senti-me traído na minha boa-fé. Na minha modesta opinião não merecia este tipo de tratamento, menos ainda os restantes dadores que entretanto se associaram à ADASCA, na medida em que todos somos pessoas solidárias e de bem.

Todos sem excepção, começaram a beneficiar das condições por mim sugeridas, até de algum plágio em forma de marketing. Haja respeito meus senhores, respeitem a dignidade do dador de sangue. Sempre foi fácil colher os frutos do que outros semearam. Na hora de dar a cara, e os ouvidos, ninguém fez questão de aparecer… é lamentável.

Não posso deixar de colocar a seguinte observação: em Aveiro quem tem autoridade moral para convidar os dadores a efectuar a sua dádiva naquele dito “Núcleo”, quando nunca se preocupou com eles, nem lhes proporcionou a melhores condições físicas e ambientais? “Por último, sendo certo que os dadores de sangue são os únicos decisores e soberanos das suas opções onde devem efectuar a sua dádiva de sangue…” como foi referido num ofício pela Dra. Helena Gonçalves, então directora do CRSC que nos enviou, com a qual concordo plenamente, também é certo que os dadores são suficientemente inteligentes, para concluírem, quem defende os seus direitos quem está do lado contrário, neste caso em concreto os que tais que nada por si fizeram. A memória não se apaga com facilidade.

Pela minha parte, na qualidade de fundador e ainda como presidente da Direcção da ADASCA, tudo tenho feito ao longo deste quase 9 anos, para que os dadores nossos associados sejam respeitados no Serviço Nacional de Saúde, tarefa que não tem sido fácil. Não me calarei, e incomodarei a consciência mais bem formada, onde quer que seja, independentemente do lugar e das circunstâncias. Todos os dadores têm direito ao respeito pela sua dignidade, não basta serem lembrados quando se aproxima a data para doar sangue de novo, levando a seguir um pontapé no rabo, ou serem vistos pelas costas. Cumpra-se a Lei, e o que está estabelecido no Estatuto do Dador de Sangue.

Lamento profundamente, que esta associação não tenha surgido há mais tempo, com os mesmos propósitos, por outros fundadores, porque tinham-me poupado de tantas divergências, inimizades como ainda a avultados outros prejuízos pessoais, privando em muito a minha família de certos bens.

Por isso caros Colegas Dadores, sejamos exigentes nas condições que nos proporcionam e, tenhamos cuidado com os apelos que nos são dirigidos para doarmos sangue! Verifiquem a cada passo se os nossos|vossos direitos estão sendo integralmente respeitados, não permitamos que façam pouco de nós na nossa cara quando nos dirigimos aos Centros de Saúde, aos hospitais, nomeadamente os públicos como por vezes acontece, o beneficio é de e para todos nós.

A ADASCA é uma associação supra partidária em matéria de natureza politica e religiosa. A única existente em Aveiro com autoridade moral e jurídica para defender os direitos dos dadores, podendo mesmo levar as suas reclamações a quem de direito.

Esta associação num espaço de 9 anos reúne cerca de 3671 dadores associados de pleno direito, sem que algum pague cotas ou jóias, ainda podem beneficiar de um vasto conjunto de Protocolos, sendo os mesmos extensíveis aos familiares mais directos.

Sede| Posto Fixo da ADASCA funcionam no
1º. Piso do Mercado Municipal de Santiago
Sem margem para dúvidas que estes resultados são o reflexo de uma dedicação intensa, sacrifícios de toda a ordem e prejuízos a nível pessoal. No Posto Fixo localizado no Mercado Municipal de Santiago, 1º. Piso, são efectuadas 6/7/8 sessões Colheitas de Sangue por mês.

No dia 23 de Março a ADASCA vai realizar em Parceria com ESSUA uma Conferencia subordinada à Medula Óssea no âmbito da Comemoração do Dia Nacional do Dador de sangue, no Auditório dita ESSUA cujos oradores são especialistas na questão.

Quem desejar conhecer-nos melhor pode fazer-nos uma visita no decorrer das nossas actividades. O mapa de colheitas de sangue para o ano de 2013 está disponível no site: www.adasca.pt
como pode ainda ser solicitado via correio electrónico:geral@adasca.pt.

J. Carlos
(Jornalista) 

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