Numa inversão radical da chamada “política de boas vindas” aos refugiados que imperou na Alemanha em 2015, as autoridades alemãs preparam-se agora para expulsar milhares de refugiados oriundos dos países balcânicos.
A 4 de setembro do ano passado, a chanceler alemã Angela Merkel tomou uma decisão que converteu a Alemanha na terra prometida para milhares de refugiados.
Na altura, Merkel ignorou as rígidas normas da União Europeia e permitiu que dezenas de milhares de refugiados estacionados em Budapeste, na Hungria, fossem recebidos na Alemanha.
Desde então, mais de um milhão de refugiados procurou asilo na Alemanha – deixando Merkel perante uma crise política que colocou em causa a sua liderança e popularidade.
Mas apesar da oposição interna à sua “política de boas vindas”, diz a Deutsche Welle, terá sido a crise despoletada pelas agressões sexuais a mulheres na noite de passagem de ano a provocar uma mudança na posição de Merkel.
Segundo a DW, depois das agressões sexuais na noite de réveillon em Colónia, a chanceler da Alemanha apoia agora um endurecimento das leis para acelerar a expulsão de imigrantes condenados por crimes.
As vítimas dos ataques apontaram como autores das agressões homens “de aparência árabe ou do norte de África”, dando origem a um debate aceso sobre a capacidade de a Alemanha integrar os quase 1,1 milhões de refugiados que procuraram o país em busca de asilo no último ano.
O Ministério do Interior alemão revelou na sexta-feira terem sido identificados 31 suspeitos – 18 dos quais requerentes de asilo – que estarão a ser investigados pela onda de agressões.
“O mais importante é que os factos acerca do ocorrido sejam mencionados de modo franco e aberto”, disse Merkel durante um encontro do seu partido, a União Democrata Cristã, na cidade de Mainz.
“Aconteceram coisas terríveis, às quais devemos reagir“, disse a chanceler.
Esta foi a primeira vez que a chanceler se manifestou explicitamente a favor de uma mudança na legislação.
Horas antes, os ministros do Interior, Thomas de Maizière, e da Justiça, Heiko Maas, tinham estado reunidos para discutir modificações nas leis de asilo da Alemanha.
Segundo as leis atuais, os requerentes de asilo na Alemanha apenas podem ser deportados caso a Justiça os condene a três anos de prisão e julgue que não enfrentarão riscos ao serem repatriados.
Na sequência do encontro de Mainz, a CDU emitiu uma posição oficial a solicitar o endurecimento da lei para casos como os de Colónia, e a redução dos obstáculos à deportação de refugiados culpados por crimes no país.
Uma coisa é certa, a “política de boas vindas” parece ter os dias contados.
ZAP
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