Departamento de Estado norte-americano anunciou decisão de vender armas ao regime ucraniano para que o país defenda a sua soberania face aos separatistas pró-russos.
A Rússia acusou ontem os EUA de estarem a promover um banho de sangue ao terem decidido vender armas ao regime ucraniano. A decisão foi anunciada pela Administração de Donald Trump (na madrugada de ontem em Portugal) e, segundo os norte-americanos, visa ajudar a Ucrânia a defender "a sua soberania e integridade territorial". Num comunicado divulgado pelo Departamento de Estado dos EUA lê-se que a assistência "é de natureza inteiramente defensiva".
Citada pelas agências, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert, não esclareceu que tipo de armas são, mas a ABC News avançou tratar-se de lançadores de mísseis antitanque portáteis Javelin. A porta-voz indicou ainda que o armamento tem também como objetivo "dissuadir futuras agressões". A venda, no valor de 47 milhões de dólares, terá que ser aprovada pelo Congresso norte-americana, mesmo após o aval presidencial.
"Os Estados Unidos estão a treinar [as autoridades ucranianas] para um novo banho de sangue", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Riabkov, num comunicado. "As armas dos Estados Unidos podem provocar novas vítimas no nosso vizinho", sublinhou o vice-ministro. "Os revanchistas de Kiev estão a atirar todos os dias em Donbass, não querem negociações de paz, sonham em fazer desaparecer a população e os Estados Unidos decidiram dar-lhes armas para o fazer", acrescentou o mesmo responsável.
Outro vice-ministro, o dos Negócios Estrangeiros russo, disse que a decisão dos EUA prejudica os esforços de uma solução política para a Ucrânia. "Esta decisão prejudica o trabalho de implementação os acordos de Minsk de 2015", afirmou Grigori Karassine, à agência de notícias russa TASS, referindo-se ao acordo de paz negociado pelos países ocidentais. Karassine reiterou a posição da Rússia de que as autoridades ucranianas deveriam negociar com os rebeldes através de um "diálogo direto e honesto" pois "não há outra maneira de resolver o conflito ucraniano".
As forças do governo ucraniano combatem desde 2014 os separatistas de Donetsk e Lugansk, uma região conhecida como Donbass, num conflito que já fez mais de 10 mil mortos até agora. O Ocidente acusou o regime de Vladimir Putin de fornecer ajuda militar aos rebeldes separatistas daquela região do leste da Ucrânia, algo que Moscovo sempre negou. 2014 foi o ano em que a Rússia anexou a Crimeia, sem que EUA e UE tenham conseguido influenciar uma reversão dessa situação. Em julho desse ano um avião civil da Malaysia Airlines, que ia de Amesterdão para Kuala Lumpur, caiu, depois de ter sido atingido com um míssil de fabrico russo lançado por rebeldes, segundo concluiu a acusação da procuradoria-geral holandesa. Todas as 283 pessoas a bordo morreram.
Apesar de a decisão dos EUA poder danificar - ainda mais - as relações com a Rússia, a porta-voz do Departamento de Estado garantiu que o seu país permanece comprometido com os acordos de cessar-fogo e que a ajuda norte-americana não tem a intenção de minar os acordos de paz de Minsk. Kiev vem há muito pedindo ajuda, mas, no passado, a Administração de Barack Obama resistiu à ideia por considerar que munir os militares ucranianos com armas norte-americanas iria contribuir para uma escalada do conflito.
Numa reação a estes desenvolvimentos o presidente de França e a chanceler da Alemanha, Emmanuel Macron e Angela Merkel, pediram o fim das violações do cessar-fogo e apelaram às partes que "assumam as suas responsabilidades".
Fonte: DN
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