segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Fim de vida amargo

CNBB
♦  Péricles Capanema
Desde há muitos anos a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) tem sido linha auxiliar do PT. O CIMI (Conselho Indigenista Missionário), órgão da CNBB, a mesma coisa, estridência maior a favor da esquerda. A CPT (Comissão Pastoral da Terra), também órgão da CNBB, igual, escarcéu favorecedor do comunismo de arrebentar os tímpanos. Congruentemente, recebiam elogios de morubixabas da esquerda, do tipo Fidel ou Raul Castro — os lobos uivavam em defesa dos pastores. E assim, dentro da Igreja, para tristeza dos católicos, tais entidades têm presença desagregadora. São fermentos de discórdia e fatores de exclusão, pois a maioria dos fiéis se julga rejeitada por elas. Tais fatos se tornaram largamente anacrônicos? Aspectos do Brasil de ontem? O quadro está se movendo.
Diante da inconformidade generalizada contra o lulopetismo, sentimentos que elegeram Jair Bolsonaro, parte da esquerda está se distanciando rápida e ruidosamente do PT e de Lula, buscando assim se viabilizar eleitoralmente para os próximos anos. Seria uma esquerda em que a roubalheira, a malandragem e a incompetência não constituiriam traços repugnantes e dominantes.
Como a tal esquerda em formação (o esboço está no PDT, PC do B, PSB, acenos à Rede, parlamentares do PSDB e PPS) tratará a esquerda católica, suja dos pés à cabeça, com os abraços líricos e os auxílios efetivos que propiciou ao petismo? Todos se lembram, durante todos esses anos, ela calou-se vergonhosamente diante do desastre econômico e da gatunagem. As primeiras manifestações sugerem que a tal nova esquerda não faz tanta questão de apoios na esquerda católica. A razão é simples: não quer se sujar e, com isso, arriscar-se a perder votos.
Vejamos. Da nova corrente, o corifeu mais em evidência é Ciro Gomes. Logo após as eleições, o antigo governador do Ceará, agindo em uníssono com fornido grupo de políticos, pôs em prática o plano, que envolveu muitos encontros e articulações de bastidor. Contudo o mais vistoso dele foram as entrevistas.
Delas, comento uma, concedida ao repórter Gustavo Uribe, da “Folha de S. Paulo”. Ali Ciro se lamentou de ter sido “miseravelmente traído” por Lula e seus “asseclas”. Comentou: “A cúpula exacerbada do PT já começou a campanha de agressão. O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor. Esses fanáticos do PT não sabem, mas o Lula, em momento de vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado. Fomos miseravelmente traídos. Aí, é traição mesmo. Palavra dada e não cumprida, clandestinidade, acertos espúrios, grana”.
Acusa Lula e a cúpula do PT de falta de caráter, de traição, de serem vendilhões, de duplicidade. E deles quer afastamento para, óbvio, ficar próximo ao povo e ter votos. Expõe o objetivo: “Quero fundar um novo campo, onde para ser de esquerda, não tem de tapar o nariz com ladroeira, corrupção, falta de escrúpulos, oportunismo”.
É ataque ao plantel político que a CNBB e suas organizações vêm favorecendo há décadas. Duas figuras aqui têm papel especialmente simbólico: frei Betto e o ex-frei Leonardo Boff.
Deles, o que diz Ciro Gomes? Boff, primeiro: “Eles podem inventar o que quiserem [ou seja, são mentirosos]. Pega um … [estrume humano] como esse Leonardo Boff. Qual a opinião do Boff sobre o mensalão e o petrolão?” Para o presidenciável, a mera adjacência já irá incomodar o eleitor. Sobre frei Betto, também quis falar: “O Lula está cercado de bajulador. Gleisi Hoffmann, Leonardo Boff, frei Betto”. O primeiro, bajulador e, ademais, estrume humano; o segundo, bajulador sem caráter. Avisos que os quer distantes.
Leonardo Boff, pelo contrário, anseia a proximidade de Ciro. Declarou patético: “Precisamos de uma Arca de Noé onde todos possamos nos abrigar, abstraindo das diferentes extrações ideológicas, para não sermos tragados pelo dilúvio da irracionalidade e das violências”. Só que, na opinião de Ciro, se gente como Boff e frei Betto subirem na arca, o barco afunda.
De outro modo, políticos, como Ciro Gomes, que desejam a imagem de esquerda limpa, inimiga de traficâncias, não buscarão apoio em figuras como Boff e frei Betto. E, em boa medida, eles representam a esquerda católica. Amigos de ditaduras, admiradores de F. Castro, chegando ao ocaso da vida (frei Betto, 74 anos; Leonardo Boff, 79 anos), depois de favorecer o comunismo por décadas, na hora normal de recolher agradecimentos dos favorecidos pelo combate indigno, recebem chibatadas de um corifeu da esquerda: “Não quero estar ao seu lado, vocês me tiram votos e mancham a reputação”. A lógica nos empurra até lá, tal situação respinga na CPT, CIMI, CNBB.

Fonte: ABIM

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