360º
Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormia...
Estamos a apenas dois dias da cimeira inédita organizada pelo Papa Francisco sobre abusos e surgem cada vez mais reações vindas do interior da Igreja. O arcebispo de Chicago, que faz parte da comissão organizadora, revelou ontem o programa, que reunirá 190 líderes católicos de todo o mundo (incluindo D. Manuel Clemente) e assegurou que vem aí "um ponto de viragem".
Hans Zollner, o jesuíta que o Papa encarregou de preparar a cimeira, falou longamente com o Observador. Em entrevista ao João Francisco Gomes, insistiu que os bispos têm uma “enorme obrigação moral” de denunciar abusos sexuais à polícia.
No Observador, há dois artigos de opinião sobre este tema:
- Laurinda Alves escreve "Igreja segura, tolerância zero": "O Papa Francisco convocou a cimeira e vão ser dias duros, de via purgativa, mas que marcarão uma nova era. Não era possível manter a impunidade nem o silêncio, é preciso saber ler os sinais de alerta";
- P. António Ary, sj escreve "A ferida maior é o silêncio", texto originalmente publicado pelo portal dos Jesuítas em Portugal, Ponto SJ: "É essencial reconhecer dinâmicas ditadas por uma reação instintiva de medo diante do escândalo, que leva a olhar para quem denuncia abusos como uma “ameaça”. É essencial pôr no centro a vítima".
Mais informação importante
Foi finalmente apresentado o tristemente célebre relatório da OCDE que desagradou o governo português. No capítulo sobre corrupção, houve muita coisa que mudou entre a versão original e a final, nomeadamente as referências indirectas ao caso Sócrates, que desapareceram, por magia.
A pergunta que todos sussurravam era: porque é que o responsável pelo relatório, Álvaro Santos Pereira, não estava presente? O secretário-geral da OCDE deu o peito às balas e assumiu como sua a decisão de sugerir ao ex-ministro que ficasse em casa, na sequência das polémicas com o governo: "Não desejava que a conferência fosse sobre Álvaro, mas sobre Portugal". Nem ele imagina o quanto a conferência foi sobre Portugal, até por causa da mensagem que essa ausência passa.
Na parte económica do relatório da OCDE há vários alertas: sobre os riscos que corre a nossa economia, sobre os inconvenientes da redução do IRC no interior, sobre a necessidade de mais concorrência nos portos e muito mais. Mas o ministro Pedro Siza Vieira preferiu destacar os pontos positivos.
O Presidente da República promulgou ontem à noite o decreto que atualiza de 580 para 635,07 euros o salário mínimo na função pública. Mas diz que tem dúvidas sobre a opção política que foi seguida pelo Governo.
A Caixa Geral de Aposentações está a negar a antecipação de reforma sem cortes aos funcionários públicos. Tudo por causa de um equívoco na lei. O Governo garante que vai resolver o problema, escreve o Negócios.
O Governo quer voltar a negociar com os professores. Ministro e sindicatos falam novamente a 25 de fevereiro.
Rui Rio criticou a última remodelação do Governo com um argumento genealógico: “Pela primeira vez na história de Portugal, senta-se marido e mulher e pai e filha no Conselho de Ministros”.
No Reino Unido discute-se o caso da jovem britânica que fugiu para se juntar ao Estado Islâmico na Síria e, agora que teve um filho, pede para voltar. O governo está irredutível: se regressar, tem que enfrentar as consequências.
Em Portugal, fala-se em situações semelhantes. Ontem, Santos Silva afirmou que o Estado deve prestar proteção aos nacionais, mas não quer em Portugal "pessoas que possam constituir uma ameaça".
É uma notícia desta manhã: um incêndio obrigou a suspender todos os voos do aeroporto de Roma. Não há registo de feridos.
Esta madrugada, Donald Trump ameaçou os militares que continuam a apoiar Maduro: "Não vão ter locais para se refugiarem". Já o líder venezuelano está a espalhar a versão de que a comida enviada pelos Estados Unidos é "contaminada".
O Benfica venceu ontem o Desportivo das Aves por 3-0 e, na crónica do jogo, o Bruno Roseiro escreve sobre "os adultos que jogam como miúdos para os mais novos subirem a montanha".
Além da vitória, a noite teve outra notícia para Bruno Lage: o treinador do Benfica passou a ser agenciado por Jorge Mendes.
Os nossos Especiais
Um novo livro sobre o Football Leaks revela detalhes sobre os negócios milionários, sobre as cláusulas estranhas, sobre Ronaldo e sobre o delator português Rui Pinto. O Bruno Roseiro e a Sara Antunes de Oliveira explicam o que tem de saber.
A nossa Opinião
Rui Ramos escreve "Dr. Rio, deixe o PS em paz": "Rui Rio ainda quer fazer reformas estruturais com o PS. Mas porque é que o PS haveria de se comprometer em reformas com a direita? Para dar espaço a movimentos à sua esquerda?".
José Diogo Quintela escreve "Vade Retro, Sr. Padre!":"Os padres envolvidos nos casos de abusos sexuais são uma minoria. O pior é a cobertura que lhes dá o resto da hierarquia católica. A protecção dos abusadores vê-se nas penas do Tribunal Eclesiástico".
Manuel Villaverde Cabral escreve "Mais uma remodelação…": "Com o amontoado de problemas social e financeiramente relevantes por resolver, como a saúde e a instrução públicas, ou as reformas e pensões, não serão as eleições europeias que farão muita diferença".
Diana Soller escreve "O poder mobilizador da rejeição":"Um discurso negativo, de rejeição de alguma coisa, independentemente de ser factual ou inventado, tem muito mais impacto junto das populações que um discurso positivo, construtivo ou inclusivo".
Notícias surpreendentes
Comprar um vestido é como montar um puzzle? Pode ser, sim. O Mauro Gonçalves conta a história da Hyena, uma marca portuguesa que se distingue porque cada peça pode ser adaptada aos desejos de quem a escolhe.
Vem aí mais um projeto de Frederico Lourenço. Trata-se da primeira gramática de latim publicada desde 1974. Chega a 15 de março.
Há um número crescente de pessoas a acreditarem (prepare-se) que a Terra é plana. Parece que o problema não é do sistema de ensino, mas de uns vídeos no You Tube.
Morreu George Mendonsa, o marinheiro filho de portugueses que aparece numa foto icónica em Times Square a beijar uma enfermeira no fim da II Guerra Mundial. Tinha 95 anos e sofreu uma paragem cardíaca na sequência de uma queda.
Já sabe que foi lançado o Observador Premium, o novo programa de assinaturas do Observador. Pode saber aqui tudo sobre a forma de funcionamento das subscrições.
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