Em dois anos e à custa de milhões de vidas, entre militares e civis, a URSS concluiu uma viragem radical no curso da guerra. As consequências internacionais desta viragem da guerra foram importantíssimas.
Tratar de forma isolada a guerra na Rússia é obrigatório por diversas razões históricas. O seu desfecho teve um papel determinante para o curso da guerra. Nenhuma cedência quanto a esta verdade, feita de milhões de vidas, deve ser feita perante os falsificadores da História.
Em Estalinegrado, ao fim de sangrentos combates, as tropas nazis foram cercadas, derrotadas e capitularam.
A Alemanha nazi e os seus aliados perderam 1,5 milhões de soldados e oficiais, um quarto do total das forças armadas e do material de guerra concentrado na fronteira germano-soviética.
Em Kursk deu-se o maior combate de tanques da Segunda Guerra Mundial, envolvendo das duas partes 4 milhões de combatentes. Ao fim de 50 dias de combates, as tropas nazis perderam meio milhão de homens, cerca de 1500 tanques e mais de 3700 aviões!
Em dois anos (Junho de 1941 a Agosto de 1943), e à custa de milhões de vidas, entre militares e civis, as forças armadas soviéticas concluíram a viragem radical no curso da guerra. No Inverno de 1943 e nos primeiros meses de 1944 os soviéticos libertaram todo o seu território nas mãos do agressor e atingiram as fronteiras com a Polónia, Checoslováquia e Roménia, infligindo novas e pesadas derrotas aos nazis.
As consequências internacionais desta viragem da guerra foram importantíssimas.
Entre 28 de Novembro e 1 de Dezembro de 1943 reuniu-se em Teerão a primeira das três cimeiras que foram realizadas entre a URSS, a Inglaterra e os EUA. Esta reunião decidiu, ao fim de mais de dois anos de hesitações e adiamentos por parte dos governos dos EUA e do Reino Unido, a abertura de uma segunda frente de combate contra a Alemanha nazi, na Europa Ocidental, para Maio de 1944.
Na sua mensagem de 6 de Janeiro de 1945 ao Congresso dos EUA, Franklin D. Roosevelt lembrou: «Nós não podemos esquecer-nos da heróica defesa de Moscovo, de Leninegrado e Estalinegrado, e das gigantescas proporções das operações ofensivas russas em 1943 e 1944, em consequência das quais foram aniquilados os enormes exércitos germânicos.»
Por sua vez Charles de Gaulle salientou, em Dezembro de 1944: «Os franceses sabem o que a Rússia Soviética fez por eles e sabem também que foi precisamente a Rússia soviética quem desempenhou o principal papel na sua libertação.»
Finalmente, Winston Churchill, em mensagem a Estaline, em Fevereiro de 1945, escreveu: «As futuras gerações reconhecerão a sua dívida ao Exército Vermelho sem quaisquer reservas.»
A partir da abertura da segunda frente, no Verão de 1944, com o desembarque na Normandia, a cooperação militar entre os exércitos aliados deu uma importante contribuição para a rápida derrota e capitulação da Alemanha nazi e criou novas condições para que, nos países ocupados, se desenvolvessem os respectivos movimentos de resistência que contribuíram para a libertação desses países.
Politicamente, a coligação anti-hitleriana dos estados, por um lado, viabilizou um forte pólo de atracção e unidade da opinião pública anti-nazi e, por outro, mostrou que era possível estados com regimes políticos e sociais diferentes, puderem cooperar estreitamente na luta pela paz, pela democracia e pela independência nacional de países e povos.
O dia D, a tomada de Berlim e o fim da guerra na Europa
À medida que os alemães eram obrigados a recuos sucessivos nas zonas de guerra, na Hungria e noutras regiões da Europa Central, na Itália, na Holanda e na Grécia, Hitler apressou-se na «solução final» do problema judeu, o que fez deportando massivamente judeus para Auschwitz e outros campos de morte. Já em 31 de Julho de 1941 o líder nazi Hermann Goering tinha autorizado ao general das SS Reinhard Heydrich o início das preparações necessárias para a implementação da «solução final» para a questão judaica.
Em 1944 os aliados ocidentais, que estavam em vésperas de iniciarem a sua invasão do Norte da França através do Canal da Mancha (os desembarques na Normandia foram adiados de 2 para 5 de Junho por causa do mau tempo), encontravam-se também às portas de Roma e bombardeavam os centros industriais e as fábricas de guerra dos alemães, sem lhes darem um dia de tréguas.
Na noite de dia 5, mais de mil bombardeiros britânicos atacaram as dez baterias mais importantes na zona da invasão, largando cinco mil toneladas de bombas. Nessa mesma noite mais de 3 mil navios britânicos, norte-americanos, polacos, holandeses, noruegueses, franceses e gregos, no quadro da «Operação Neptuno», começaram a atravessar o Canal da Mancha. À medida que esta grande armada se aproximava das praias da Normandia, foi lançada uma série de manobras de diversão que iam sugerindo serem outros os pontos de desembarque. Às 11h55 da noite desse mesmo dia os primeiros soldados da infantaria britânicos da 6.ª Divisão Aerotransportada, pisavam solo francês na aldeia de Bénouville, seis milhas a norte de Caen. A «Operação Overlord» começara.
Na madrugada do dia seguinte, dia 6, conhecido como Dia D, dezoito mil paraquedistas ingleses e norte-americanos foram largados na Normandia para ocuparem pontes decisivas e as linhas de comunicação alemãs. Às 6h30 dessa manhã desembarcaram, na praia de «Utah», as primeiras tropas de tanques anfíbios. Menos de uma hora depois, os primeiros soldados britânicos chegavam às praias «Bold» e «Sword», seguidos na praia «Juno» por 2400 canadianos em 76 tanques anfíbios.
À meia-noite de dia 6 já tinham desembarcado 155 mil homens das tropas aliadas.
Hitler, que desconfiava não ser este ataque a «verdadeira» segunda frente, hesitou em envolver todas as suas forças na contenção da invasão. As baixas dos aliados foram grandes, mas relativamente reduzidas para a dimensão de operação. Morreram em combate 355 canadianos e os americanos e britânicos perderam menos de mil homens neste primeiro dia de combate.
Esta invasão beneficiou de importantes acções da resistência francesa contra os ocupantes alemães. Os franco-atiradores e guerrilheiros, dirigidos essencialmente pelos comunistas, libertaram 42 cidades e centenas de povoações, contribuindo assim para que as forças desembarcadas pudessem ampliar a base de operações conquistada. Eisenhower reconheceu os méritos dos patriotas franceses, quando disse: «Em toda a França os franceses livres prestaram-nos um inestimável serviço durante a campanha. Deram mostras de particular actividade na Bretanha, mas também nos diversos sectores da frente recebemos também ajuda nas mais diversas formas. Sem a sua grande ajuda, a libertação da França e a derrota do inimigo no Oeste da Europa teriam demorado muito mais tempo e feito mais vítimas.»
Em 10 de Junho os aliados ocidentais mantinham activas cinco frentes de batalha: Normandia, Itália, Nova Guiné, Birmânia e China.
Por volta da meia-noite de 20 de Junho, mais de meio milhão de soldados aliados tinham desembarcado na Normandia.
Nas duas primeiras semanas de combate os aliados perderam 40 569 homens.
Na Grã-Bretanha, mais de 1600 tinham já morrido por efeito das bombas voadoras (um avião sem piloto com cargas explosivas que explodiam quando o aparelho embatia em algum obstáculo). Mais de seis milhões de civis londrinos foram evacuados.
Em Agosto e Setembro de 1944, o exército soviético realizou grandes ofensivas contra a ala meridional das tropas alemãs, tendo daí resultado a libertação da Moldávia soviética, da Roménia e da Bulgária. Em cooperação com os movimentos de resistência desses países, os soviéticos contribuíram para a libertação da Jugoslávia, da Bulgária, da Checoslováquia e, por fim, da Hungria, e cortaram as comunicações das tropas alemãs que conduziam à Albânia e à Grécia, obrigando o comando alemão a retirar à pressa as suas tropas destes dois países.
Depois de apoiarem a progressão das tropas aliadas desembarcadas na Normandia, os patriotas franceses tomaram nas suas mãos a causa da libertação. Apesar de deficientemente armados, mal vestidos e esfomeados, derrotaram os ocupantes e libertaram grandes centros do país. Após 6 de Junho assistiu-se a um levantamento em massa desde a Bretanha até aos Alpes, e dos Pirenéus até ao Jura.
A 14 de Agosto de 1944, a classe operária de Paris começou a declarar grandes greves contra os ocupantes alemães. Foi declarada a insurreição armada por todo o povo da capital, dirigida pelo Comité de Libertação de Paris.
O general Leclerc juntara-se a Charles de Gaulle e comandava então a 2.ª divisão blindada francesa, que avançou rapidamente para Paris, a partir de 23 de Agosto de 1944. Já no dia seguinte, companhias aliadas estavam nos subúrbios ocidentais da capital. Na tarde de 25 de Agosto, o general Leclerc e o coronel Rol (nome de guerra de Henry Tanguy, dirigente comunista da resistência), receberam a capitulação do general Von Choltitz, no departamento de polícia da capital francesa. Este tinha desrespeitado as ordens de Hitler de combaterem até ao fim e de destruírem Paris.
No dia 26 de Agosto de 1944, o General De Gaulle encabeçou a marcha do triunfo nos Campos Elísios (Les Champs Elysées).
No mesmo dia, atravessando o Sena pela testa da ponte de Vernon, tropas canadianas e britânicas marcharam rapidamente na direcção de Calais e Bruxelas.
As forças aliadas avançavam por todos os lados na libertação da Europa, sem dar tréguas aos alemães para se recomporem, embora ainda então Hitler continuasse a acreditar na vitória alemã.
Em Moscovo, a 13 de Outubro, Estaline comunicou a Churchill que a União Soviética entraria em guerra com o Japão, assim que a Alemanha estivesse derrotada.
Na Itália, no dia 28 de Abril de 1945, terminou o regime fascista, que tinha sido instaurado havia 23 anos. Nesse dia, na aldeia de Dongo, Mussolini foi fuzilado pelos resistentes italianos.
E, após tudo isto, tinha chegado o momento da mais importante operação estratégica da Segunda Guerra Mundial – Berlim.
A operação de Berlim começou a 16 de Abril, tendo Hitler decidido assumir pessoalmente o comando da defesa da capital no dia 23.
As tropas britânicas e americanas aproximaram-se de Berlim, a partir da frente ocidental, desde o Mar do Norte até à fronteira suíça.
A 30 de Abril as tropas soviéticas ocuparam Berlim, onde tomaram de assalto o Reichstag no qual hastearam a bandeira vermelha da vitória.
Hitler estava no seu bunker onde, tendo perdido todas as esperanças numa reviravolta na guerra, se suicidou.
Às três da tarde de 3 de Maio, as tropas nazis cessaram toda a resistência na capital.
Na noite de 8 para 9 de maio foi assinada em Berlim a Acta de Capitulação Incondicional da Alemanha. Terminava assim a guerra na Europa.
Dias antes, em 25 de Abril de 1945, quando se travavam os últimos combates, começou em São Francisco, nos EUA, uma conferência de 46 países, a Conferência das Nações Unidas, que encerrou no dia 26 de Junho desse ano com a aprovação por unanimidade da Carta das Nações Unidas (ONU).
Em 17 de Junho teve início a Conferência de Potsdam com José Estaline, Harry Truman e Winston Churchill. Truman revelou a Estaline que os EUA dispunham da bomba atómica.
Na conferência abordou-se em particular a questão alemã, tendo todos os participantes chegado a um acordo sobre os princípios que deveriam nortear a política em relação à Alemanha. Na declaração assinada por todos expressou-se a necessidade de completo desarmamento da Alemanha, da extinção do regime nazi e a reestruturação da vida política em bases democráticas. Para julgar os principais criminosos de guerra alemães foi instituído um Tribunal Militar Internacional. Decidiu-se ainda entregar à URSS a parte litoral da Prússia Oriental, inclusive a cidade de Konigsberg (depois Kaliningrado). O resto da Prússia Oriental e o território da antiga cidade livre de Dantzig (Gdansk) foram entregues à Polónia.
A fronteira ocidental da Polónia passou ao longo dos rios Oder e Neise ocidental. A conferência decidiu ainda transferir para a Alemanha a população alemã residente na Polónia, Checoslováquia e Hungria.
POR ANTÓNIO ABREU
abrilabril
Nenhum comentário:
Postar um comentário