A Marinha Grande assinala este ano o centenário da sua restauração como concelho, que ocorreu no dia 20 de janeiro de 1917. Para assinalar este marco histórico, a Câmara Municipal realiza um conjunto de atividades que decorrem durante o ano 2017.
O arranque do programa comemorativo teve lugar no passado dia 20 de janeiro, no Edifício da Resinagem, com a apresentação do livro “A Restauração do Concelho da Marinha Grande em 1917”, da autoria de Gabriel Roldão e Luís Abreu e Sousa e edição do Município.
Este estudo histórico compila vários documentos e fotografias da época, que retratam o contexto em que se desenrolou este acontecimento, que devolveu autonomia administrativa e política à Marinha Grande, através da Lei n.º 644, publicada no Diário do Governo, no dia 20 de janeiro de 1917.
A cerimónia contou com a atuação musical de alunos do 5º ano da Escola EB 2/3 Alberto Ney Capucho que apresentaram temas populares portugueses e um em inglês cantados e tocados em flauta, para que, simbolicamente, fossem recordados junto das gerações mais novas este facto histórico e as transformações ocorridas no concelho no último século.
Na sessão de apresentação da publicação, a vice-presidente da Câmara, Cidália Ferreira, referiu que “com Luís Abreu e Gabriel Roldão vamos ouvir falar dos muitos vultos que nas palavras destes «conferiram à Marinha Grande as características que hoje tem».”
A sessão inaugural das comemorações do Centenário fez alusão às “personalidades que de alguma maneira intervieram na vida da nossa sociedade, pelas palavras de alguém que ao longo da sua vida se tem dedicado a investigar e compilar os dados constantes da brochura” e que faz parte integrante de um livro que será apresentado este ano, no âmbito do centenário”.
Cidália Ferreira agradeceu a Gabriel Roldão e Luís Abreu e Sousa por este trabalho voluntário de investigação, que permite dar a conhecer a história do concelho, “para que nós reconheçamos a nossa história e o valor de quem nos antecedeu e que aqui teve influência ou viveu, para que a Marinha seja a terra de sucesso que hoje é”.
Cem anos volvidos, a Marinha Grande é “uma terra que se posiciona no nosso país como uma das que melhor qualidade de vida tem. Uma terra que contribui para o peso positivo da economia do nosso país”, exportando “mais de 500 milhões de euros e que importa apenas 200 milhões, contribuindo para a diminuição do deficit comercial de Portugal”, salientou Cidália Ferreira.
A vice-presidente acrescentou que este é um território que “sempre soube acolher e integrar todos aqueles que ao longo dos séculos têm vindo a ser novos Marinhenses, procurando aqui melhor qualidade de vida”.
Berço da indústria vidreira, “evoluiu para os moldes e plásticos, que hoje continua a ser conhecida em todo o mundo levada pelos nossos empresários, homens empreendedores que sempre souberam elevar o nome da Marinha Grande”.
Coube a Gabriel Roldão e a Luís Abreu e Sousa a apresentação deste primeiro livro dedicado à restauração do concelho da Marinha Grande, através de referências a personalidades e à cronologia dos factos.
O concelho da Marinha Grande “foi instituído pela primeira vez por força da organização administrativa levada a cabo pelo governo da nação em 6 de novembro de 1836 e reforçada pelo decreto especial de 17 de agosto de 1837”. Esta decisão foi revogada em 17 de abril de 1838, antes da devida instalação do concelho.
“As forças vivas da Marinha Grande e a sua população manifestaram-se das mais variadas formas contra esta medida lesiva dos interesses desta vila que, na altura, representava já uma das regiões mais importantes da indústria nacional”, escrevem os autores.
Segundo recorda a publicação, “a decisão final de Restauração do Concelho da Marinha Grande ainda tardaria algum tempo, tempo demais para a paciência já esgotada do povo”.
A 8 de janeiro de 1917, o Senado aprovou o projeto de Restauração do Concelho da Marinha Grande sem discussão, através da Lei nº 644 publicada em 20 de janeiro desse ano.
No dia 16 de fevereiro de 1917, o Governo Civil de Leiria nomeou a Comissão Instaladora do Concelho da Marinha Grande formada pelos seguintes elementos:
José dos Santos Barosa - Presidente,
Joaquim Matias Sobrinho, José Simplício de Sousa Virgolino, Ilídio Duarte de Carvalho e João Gouveia Pedrosa - vogais,
Joaquim Augusto Ferreira de Morais, Joaquim Barosa, José Couceiro Neto, Raúl Tomé Féteira e Carlos Custódio Morais - sub-titulares.
A 26 de março de 1917 teve lugar a cerimónia de tomada de posse dos titulares dos cargos e a câmara municipal foi instalada no edifício do Largo D. Dinis (onde atualmente funciona o Centro de Acolhimento Girassol).
Além da edição deste livro, estão divulgados cartazes pela cidade com fotografias que dão a conhecer a Marinha Grande em 1917. O Museu Joaquim Correia tem patente a exposição “Concelho em Imagens”, que traça o retrato deste território na primeira metade do século XX e cuja inauguração ocorreu no passado dia 18 de janeiro, no âmbito das comemorações do movimento operário ocorrido a 18 de janeio de 1934.
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