Suspeita na bola (e no Governo). E tempos mínimos para consultas

David Dinis, Director

Bom dia!

Trump ganhou um interlocutor na Europa. Ao telefone, Mariano Rajoy deu as boas-vindas ao Presidente da América, disponibilizando-se para intermediar conversas na "Europa, América Latina e também no Norte de África e Médio Oriente", deixando uma nota de optimismo sobre o aprofundamento do projecto europeu. O comunicado da Casa Branca é, porém, mais seco, anota o El Pais.

A decisão judicial sobre o decreto de Trump ainda vai demorar. O tribunal de recurso, em São Francisco, ouviu os argumentos a favor e contra o decreto anti-imigração, prometendo uma decisão o mais rapidamente possível. Mas será ainda passível de recurso. No Senado já se abre outra frente de combate: os senadores republicanos querem reduzir a imigração legal para metade.

Em Londres, Theresa May respirou de alívio: não terá de renegociar acordo sobre "Brexit", mesmo que o Parlamento o rejeite. Na prática, não haverá poder de veto.

Morreu o homem “que fazia os números cantar e sorrir”. Hans Rosling era quase sempre apresentado como um guru da visualização estatística ou alguém capaz de tornar os números algo divertido. Uma experiência dele com países foi um sucesso tal que acabou tomada pela Google.

Esta noite foi de futebol (lá fora): O Barcelona ficou com a Taça do Rei à mão. E o Mónaco do português Leonardo Jardim segurou o primeiro lugar.

As notícias do dia

O futebol português vive uma suspeita. A Mariana Oliveira conta que foi um alerta europeu que fez suspender as apostas no Placard, mas também que os partidos de acordo para agravar pena de corrupção passiva no desporto, que vai dar até oito anos de prisão (a ler aqui). Sendo que há um outro processo pendurado, ainda com três suspeitos em prisão domiciliária (e muitos jogadores afastados). A verdade é que as apostas desportivas geram vendas de centenas de milhões de euros, mas o quanto é um segredo ainda fechado à chave.

Agora a nossa manchete: a Ordem dos Médicos vai fixar tempos mínimos para consultas. "Há um grande abuso por parte de algumas unidades de saúde que marcam consultas com vários doentes em tempos simultâneos ou com intervalos muito curtos”, diz o novo bastonário, que hoje toma posse.

Outra novidade dali: a Ordem dos Médicos vai “estudar o potencial terapêutico” da cannabis, abrindo uma discussão que o Bloco quer apanhar na Assembleia. Já agora anote: Portugal tem duas plantações de ópio e uma de cannabis - e há mais dois projectos em espera.

Aqui vai uma polémica: uma carta secreta de António Domingues mostra o que o Governo escondeu. Afinal, havia um acordo para a não entrega de declarações de rendimentos no TC. E há muita documentação escrita a demonstrá-lo, como explica o jornal online Eco.

Na banca, dois problemas a menos: os bancos ficam de fora da solução para lesados do BES, descobriu a Rosa Soares; e o Caixabank fechou a OPA ao BPI com quase 80% do capital. No puzzle da banca, falta ainda encaixar uma peça para fechar um ciclo. E um problema contínuo: os juízes demoram 40 meses para julgar cobrança de dívidas - e o banco central mostra-se preocupado, anota o DN.

Anuncia-se um consenso improvável: no caso da descentralização, já nem é só o Governo e PSD - até o CDS vai a jogo. Aqui tem um pequeno explicador, para perceber quando vierem os jargões do costume.

Uma notícia simpática: as câmaras estão mais transparentes, com Lisboa e Porto a meio da tabela.

E algumas pouco simpáticas: uma suspeita de corrupção em Oeiras; uma ordem de despejo na Amadora; e um atraso de adaptação de espaços públicos a quem tem deficiência.

Fica ainda um alerta: as crianças dos 10 aos 15 anos consomem mais sal que os pais.

Para nos pôr a pensar 

Podemos rir de Deus? Do Holocausto? Da morte? Jesus chorou duas vezes e nunca riu? Mas no Antigo Testamento Sara ri ao saber que vai ser mãe aos 90 anos. Afinal, as religiões têm humor ou nem por isso? Como diz a Alexandra Prado Coelho, este texto podia ser uma anedota: estavam um muçulmano, uma judia, um católico e dois ateus sentados no palco de um teatro… Mas não era. Na segunda-feira, ao final da tarde, este cenário era o princípio de uma bela conversa no Teatro São Luiz, com humoristas e representantes de religiões à mesa. E começou assim: “O seu Deus é carrancudo?”. 

Este Trump acha que nos engana? A Casa Branca publicou uma lista de 78 ataques terroristas que alegadamente foram "ignorados" pela imprensa. E, só para ver até onde vão os "factos alternativos" do Presidente, o PÚBLICO pôs-se à procura das notícias que saíram sobre esses ataques. Um a um, aqui vão os links (com um agradecimento à Liliana Borges e ao Manuel Louro, para a inegável paciência).

As lições de Tzvetan Todorov, o filósofo da moral. Morreu ontem em Paris um dos mais influentes intelectuais europeus contemporâneos. Deixou-nos vasta obra, um livro por publicar. E lições como esta: “Podemos ver o totalitarismo, e a justo título, como o império do mal, mas isso não implica de todo que a democracia encarne, em todo o lado e para sempre, o reino do bem”. O Luís Miguel Queirós faz a homenagem.

Hoje acontece

• Portugal vai fazer a sua primeira emissão do ano. Tudo indica que com juros mais elevados, diz o Negócios. 
• Ficaremos a conhecer os resultados da OPA ao BPI, na certeza de que o Caixabank ficou com mais de 75% do capital. 
• O INE divulga as estatísticas do emprego, relativas ao quarto trimestre de 2016.
• E, em Londres, o Parlamento britânico dá o pontapé de saída oficial para o Brexit (here we go).

Um minuto para sorrir

Um português anda a contar histórias de amor imaginadas no Instagram. O português de 27 anos aproveita quando sai à rua para procurar casais e fotografá-los. E em vez de falar sobre a vida real das pessoas que retrata, prefere imaginar as suas histórias. Fãs não lhe faltam.

Dez alternativas ao Tinder para conhecer pessoas (interessantes, já agora). Já que falamos de histórias de amor, e como já estamos só a uma semana do dia mais romântico do ano, lembrámo-nos disto: e que tal rever as aplicações mais eficazes para conhecer pessoas? Vá, sem preconceitos - mas, sim, com as cautelas devidas.

Se um novo desodorizante disse que vai melhorar o seu QI, isso é o quê? Não, não é Impulse (até porque a marca é outra). É só mesmo uma divertida provocação a Donald Trump (ao menos que ele nos traga razões para brincar, não é?)

Chegados aqui, é hora de pôr mãos ao trabalho. Que o céu se mantenha azul, para nos dar uma alegria. Que o dia nos traga boas notícias. Nós ficaremos atento, para lhe dar todas - se confiar em nós para tão grata missão. 

Dia produtivo, diz feliz. Até já!