domingo, 29 de outubro de 2017

Editorial | Porque hoje é… Domingo

Era o titulo do Suplemento que o prestigiado Jornal “O Comércio do Porto” publicava aos domingos, nele eram divulgados acontecimentos históricos das localidades mais remotas deste País, cada vez mais abandono, destruído não só pelos fogos, mas, essencialmente pelos políticos que o Povo foi elegendo tendo por base promessas que conduzia os eleitores ingénuos a um Paraíso sem igual.

Naquele suplemento publiquei reportagens, fotorreportagens, documentários históricos sobre localidades votadas ao esquecimento, recuperação de entrevistas feitas em tempos idos, mas, que continuavam válidas, actuais, como se tivessem sido feitas na hora.

Fui arquivando aqueles suplementos, hoje quando fui abrir as pastas fiquei profundamente contristado: alguns exemplares ganharam humidade, não sei como, e estava estragados, sendo de todo impossível a sua recuperação.

Neles fui encontrar/recordar trabalhos jornalísticos dos meus colegas de então: o conceituado jornalista Daniel Rodrigues (meu chefe da Delegação de Aveiro, que funcionava no edifício anexo à Pastelaria Veneza nas Pontes), Brissos da Fonseca, Capitão Joaquim Duarte (o promotor da volta de ciclismo da Laticoop), Altino Pires, João Maia (departamento da publicidade), Cardoso Ferreira), Dr. Costa e Melo (colaborador), Dr. Mário Rocha, outros que a memória já não retém. Sim, os pesos pesados do jornalismo daquele tempo que Aveiro teve, nunca valorizou. Sinais dos tempos, ainda que alguns já tenham partido deste mundo, em que “Os Homens passaram a ser Contra o Homem”, como escreveu Gabriel Marcel. O mundo actual sofrer de uma doença infecciosa grave, conhecida por septicemia moral.

A sociedade está fragmentada em pedaços isolados que, não raro, são conflitantes entre si. “É o caso da incompatibilidade existente entre a Ciência, a Filosofia, a Teologia, a Economia, a Política, etc. Essa é a esquizofrenia existente no interior dos seres humanos, projectada na vida social, que divide tudo: pais e filhos, homens e mulheres, patrões e empregados, o governo e o povo, as classes sociais, etc.” segundo a Dra. Cláudia Bernhardt Pacheco, visão que subscrevo.

A humanidade toda está doente. A economia, as leis, a medicina, a psicologia, a religião, os seres humanos estão severamente enfermos.

A grande contribuição que o génio de Freud deu para o entendimento da psicopatologia foi que ele percebeu que por detrás da máscara que o ser humano usa, existe um”verdadeiro eu”, cheio de más intenções, mesmo que muitas vezes inconscientes, e que essa hipocrisia era a causa das neuroses.

Kepe, não menos genial, percebeu que o mesmo ocorre com a sociedade – por detrás das estruturas sociais, políticas e económicas, de todas as leis, que o povo tanto respeita e admira, existe uma grande doença, repleta de más intenções, inveja, desejo de poder, exploração e manipulação. Na verdade, Kepe descobriu que ao contrário do que se pensa, o homem tem que se defender das instituições, das leis e dos sistemas dominantes, pois são exactamente eles a principal causa das neuroses, psicoses, doenças e problemas humanos.

Estas leis são para garantir a todos os cidadãos os seus direitos! Palavra de político. O povo numa postura submissa e imbecil agradece. Nem sequer repara na mascara do mensageiro.

Porque hoje é… Domingo, bom Domingo para os leitores do Litoral Centro.

J. Carlos

Director

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